Em contrapartida ao recorde nos números de conflitos registrados em 2020, também a CPT registrou o maior número de manifestações de luta (1.348), incluindo ações de solidariedade, especialmente doações de alimentos realizadas pelos movimentos sociais do campo e entidades populares. Essas ações foram fundamentais para aliviar a fome de milhares de famílias do campo e da cidade, agravada pela pandemia.
A coletividade dá sentido à esperança nas áreas rurais Andréia Aparecida Silvério dos Santos1
O caderno Conflitos no Campo Brasil 2020, publicado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em 31 de maio de 2021, revelou aquele como o ano com o maior número de conflitos registrado desde 1985, quando a CPT iniciou a sistematização e publicação desses dados. Foram 2.054 conflitos envolvendo 914.144 pessoas. São trabalhadores e trabalhadoras rurais, ribeirinhos, indígenas, geraizeiros, comunidades de fundo e fecho de pasto; homens, mulheres, crianças, idosos, vítimas dos mais diversos tipos de violência: ameaças de despejos, expulsões ilegais, agressões físicas, invasão aos territórios e até mesmo assassinatos. Cresce, sobretudo, a violência institucional praticada contra os povos do campo e o meio ambiente, da qual é protagonista o governo federal. 1
Andréia Aparecida Silvério dos Santos é advogada. Mestra em dinâmicas territoriais e sociedade na Amazônia pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Faz parte da coordenação executiva nacional da Comissão Pastoral da Terra.
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