O exemplo das lutas dos povos awê-xavante, guarani e kaiowá de Guyraroká – que simbolizam as lutas travadas por praticamente todos os povos originários do Brasil que buscam o reconhecimento de seus direitos territoriais – é mais do que simbólico. A resiliência, expressa numa inexplicável confiança na vitória, é como se fossem tochas acesas em uma noite escura.
“Quanto mais duros os tempos, maior deve ser a nossa esperança” Gilberto Vieira dos Santos 1
A frase no título deste artigo nos foi lançada como um desafio e alento pelo bispo católico Pedro Casaldáliga, conhecido por sua luta na defesa dos direitos humanos, sobretudo daqueles afetados pelo latifúndio na região Nordeste do estado de Mato Grosso, onde assumiu como bispo em 1971. Sua primeira manifestação como bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, a Carta Pastoral intitulada “Uma Igreja na Amazônia, em conflito com o latifúndio e a marginalização social” é considerada uma das primeiras denúncias contra a escravidão contemporânea. Em tempos tão duros, quando a junção de negacionismo, manifestações escancaradas de racismo, misoginia, homofobia e tantas outras expressões que nos distanciam da humanidade, como alimentar a esperança? Como manter viva a esperança de tempos melhores quando o mandatário do Executivo federal é a expressão de tudo o que vai na contramão dos direitos humanos e no ainda adolescente estado democrático de direito que construímos duramente no país? 1
Gilberto Vieira dos Santos é coordenador do Conselho Indigenista Missionário – Regional Mato Grosso.
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