Comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e camponesas se organizam para garantir seu direito coletivo à terra e aos seus territórios, construindo solidariedade internacional para que empresas financeiras devolvam as áreas griladas e paguem indenizações por danos sociais e ambientais causados pela especulação com terras e pela expansão do agronegócio.
Empresas internacionais especulam com terras e estimulam monocultivos no Brasil Maria Luisa Mendonça 1
A expansão territorial de monocultivos no Brasil é estimulada por agentes financeiros, principalmente fundos de pensão e de investimentos internacionais que se associam ao agronegócio. Não há contradição entre os interesses das empresas financeiras internacionais e da oligarquia latifundista local. Ao contrário, o conhecido mecanismo de grilagem de terras é utilizado em “novas” fronteiras agrícolas para facilitar a atuação de agentes internacionais no mercado local de terras. As oligarquias rurais buscam também modificar a legislação brasileira para facilitar a grilagem de terras, como no caso do Projeto de Lei 2.633/20, que busca permitir a regularização de terras griladas através de autodeclaração, sem fiscalização ou vistoria, para imóveis de até seis módulos fiscais, que podem chegar a 660 hectares. 1
Maria Luisa Mendonça é doutora em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), codiretora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos (www.social.org.br) e pesquisadora visitante no Center for Place, Culture and Politics, CUNY Graduate Center.
Relatorio 2021.indd 55
02/12/2021 15:46:59