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10. Empresas Competem por Pessoas. E por Diversidade. Organizações contemporâneas estão competindo pelo único recurso que realmente importa: pessoas. Gente qualificada para resolver problemas, no mercado e na competição entre empresas. Em verdade, um pouco mais do que isso: competem por pessoas capazes de identificar e criar novos problemas nos quais os negócios vão competir. É preciso capturar o problema para o negócio e trazer, junto com ele, um universo de empresas e outras organizações e suas compatências. E isso tem implicações não triviais, que nos levarão a competir por qualificação e diversidade, nossas bases futuras para entender o mercado e competir, nele ou noutro. Competir por diversidade não é competir por brancos, negros ou índios. Asiáticos ou latinos. Engenheiros, administradores, designers, economistas, artistas, advogados, sociólogos, educadores e tudo mais. É competir por sapiens. Competir por pessoas que tiveram uma educação acima da média e que querem aprender ainda mais. E que querem se engajar e se comprometer com nossa organização. Competimos por energia criativa e capacidade de entendimento, planejamento e execução. E alegria, satisfação, no fazer, no dia-a-dia. Vivemos na sociedade do conhecimento. Os produtos, serviços e plataformas das empresas são criados a partir de conhecimento. São o resultado de conhecimento tornado execução por quem dedica seu espaço-tempo a criar artefatos. Em 1992, Peter Drucker escreveu um artigo73 na Harvard Business Review dizendo que a cada alguns séculos as sociedades passam por transformações radicais. Mais ou menos de repente, se instala uma nova forma de pensar, criar, de gerar e capturar valor. Segundo Drucker, décadas depois dessa nova forma se instalar, sociedades inteiras começam a mudar. Mais ou menos de repente, mudam de vez, de tal forma que a maioria das pessoas não percebe. Mas a mudança vinha se instalando, se preparando, há décadas. Cinco décadas é o tempo dessa mudança para Drucker e, de 1992 ele via que entre 2010 e 2020 nós estaríamos entrando na verdadeira sociedade de conhecimento. Esta, ao mesmo tempo, seria a sociedade das organizações, todas elas, de todos tipos e tamanhos, dedicadas a conhecimento, com propósito e função, cada uma, de integrar conhecimento nas tarefas em que realizam, por mais simples que possam ser. Seja nas organizações de negócios, terceiro setor, governo ou, simplesmente, grupos no Facebook. Drucker, em 195974, já identificava mudanças dramáticas na economia. A produção baseada na força física já havia perdido centralidade para cérebros, que desenhavam artefatos cada vez mais complexos para o mercado e sistemas cada vez mais sofisticados para sua produção. A partir do fim da segunda guerra mundial, Drucker aponta um agente de mudança, o trabalhador do conhecimento, que seria um sinalizador para a sociedade do conhecimento. Uma faísca que, de súbito, conecta o universo ao se redor e cria uma nova forma de fazer as coisas. De fazer tudo, agora baseado em dados, informação, conhecimento e aprendizado, todos contínuos.
73
The New Society of Organizations, Drucker, na HBR, bit.ly/2fjnxNB.
74
The Landmarks of Tomorrow, Drucker, 204pp., 1959.