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muda muito mais do que o título do posto de cada um no trabalho. Se é que o posto de trabalho ainda existirá no novo arranjo produtivo. Isso tem conseqüências não triviais para as organizações e suas articulações internas e externas. Sem falar no ambiente e condições que devem existir para que nós funcionemos como agentes -de conhecimento- nessas organizações. A sociedade do conhecimento tem suas próprias demandas.
10.1 Seis Demandas da Sociedade do Conhecimento. Se eu disser que a maioria dos negócios está 25 anos atrasada no entendimento do que é uma organização na era do conhecimento parecerá exagero. Só que não. Ninguém era obrigado a ler Drucker em 1992, mas de lá pra cá muito líder que não leu [e outros tantos leram e não entenderam] até hoje. Há um quarto de século, Drucker já dizia que as demandas nas, das e para as empresas, na sociedade do conhecimento, seriam seis75. A primeira é descobrir qual é a informação essencial para que as pessoas, nas organizações, realizem suas tarefas e atinjam seus objetivos. A esta altura do campeonato, menos de 20% das pessoas de TICs, nas empresas, acha que está endereçando apropriadamente os problemas que agregam mais valor ao negócio. Esse cenário, de excesso [relativo] de dados e, ao mesmo tempo, de escassez de informação para tomada de decisões não foi antecipado por Drucker, nem ninguém mais, há 20 ou 30 anos, porque era óbvio, lá, que isso seria resolvido na sociedade e economia do conhecimento. Na maioria das empresas, ainda estamos muito longe disso. Mas a organização só vai entender e, ao mesmo, atender a demanda dos seus clientes quando o fluxo de informação no negócio estiver sendo entendido em tempo real ou quase. E isso não é uma opção. Do ponto de vista de um negócio sendo criado do zero, hoje, o problema de partida é... quem são as pessoasa a atender? Como elas agem? O que elas querem? Como formarão um mercado? Quem é a competição e quais são as regras do espaço regulatório existente e sendo criado? O que pode vir a ser feito depois? E como essas e outras preocupações serão traduzidas em conhecimento que [de mais de uma forma] criará o negócio? Ao mesmo tempo -e esse é o segundo ponto- o que as pessoas e a organização em si têm que abandonar? Não só em termos de informação, porque sempre haverá mais informação do que capacidade de processá-la. O que é preciso abandonar em termos de conhecimento, redes, estruturas, produtos e serviços que já existem? Que alianças, duramente construídas no passado, devem ser abandonadas, juntamente com que regras do espaço regulatório? Isso não quer dizer que vamos descumprir a lei, mas que é preciso mudar leis e espaços regulatórios, para que seja possível fazer coisas que achamos absolutamente essenciais. Em 1954 Drucker já defendia o terceiro ponto, recomendando que todo o poder nas organizações tem que ir para as bordas, para resolver os problemas associados aos dois pontos anteriores. Pessoas e grupos inteiros
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What Peter Drucker Knew About 2020, Wartzman, na HBR, bit.ly/2fDdZKA.