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No meio disso há grande mudança: a chegada dos MOOCs, ambientes de educação online, abertos, de massa. São lugares como Udemy, Coursera e Udacity, que permitem a qualquer aprendiz se engajar num curso [e diploma, também] de projetos de veículos autônomos79 sem sair de casa. A partir de um patamar mínimo de conhecimento [programação e estatística], este curso forma especialistas capazes de realizar contribuições efetivas ao projeto de um carro autônomo. Se dá pra fazer isso online... imagina o que não dá. Essas novas articulações e formas de [criar] conhecimento nas organizações deveriam levar cada um a uma profunda reflexão sobre seu conhecimento do negócio e mercado, e à busca de metas pessoais de aprendizado para ajudar a decidir quando [por exemplo] alguém deve mudar de emprego. E note que há uma diferença radical entre emprego e trabalho. Trabalho é o que eu [acho que] sei fazer [de preferência, bem]. Emprego é onde eu estou, no momento, [tentando] fazer [com outros] o que sei fazer. Assim, tipo, trabalho é, emprego está... Há tempos costumo dizer a meus alunos que, se estiverem trabalhando num lugar onde passam quinze dias sem aprender nada de novo, peçam demissão. A razão é simples: exagerando, o tempo médio no emprego é de 5 anos, umas 250 semanas, arredondando. Levando em consideração fins de semana e feriados, duas semanas -15 dias- é cerca de 1% do tempo que você vai ficar num emprego qualquer. Como a meia-vida de suas habilidades também é perto de cinco anos, isso significa que, se cada 1% de tempo que você ficar num negócio não for investido em aprender algo novo, você certamente estará se desempregando em definitivo, ali. É uma reorganização, um povo demitido, e você sem emprego pra sempre. Pense nisso.
10.3 Agregadores de Demandas por Habilidades. Mas você não estará se desempregando só do seu trabalho corrente porque, ali no futuro, seu próximo trabalho precisará de alguma habilidade ou conhecimento que você não tem ou, pior, não sabe mais como aprender. Falamos de trabalho e não de emprego porque há uma enorme diferença entre o trabalho industrial e o trabalho dentro da sociedade do conhecimento, em especial quando habilitado por plataformas digitais. Na economia digital -nesse futuro que está começando a acontecer agora- há um conjunto de princípios que estão passando a se tornar universais. Primeiro, trabalho não é a mesma coisa que emprego. Trabalho é algo que se faz para resolver problemas. E emprego é um dos tipos de conexão entre a capacidade de trabalho e um negócio que precisa dela para resolver problemas que seus clientes e consumidores –seus usuários- têm. Algo que pode vir a ser resolvido se a gente contribuir, entregando parte da nossa capacidade à organização. Ao mesmo tempo, trabalho e emprego estão se desconectando das empresas porque, na economia em rede, empresas estão se tornando plataformas80. 79 80
Esse curso está disponível em Udacity como o nanodegree em Engenharia de Carro Autônomo, no link bit.ly/2xdXZJW. Radically open: Tom Friedman on jobs, learning, and the future of work, Engelbert e Hagel, na DUP, bit.ly/2vudNag.