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atenção suficiente ao futuro. Eliot Peper84 defende que líderes de negócios -em todos os níveis- deveriam ler mais ficção científica e cita muitas razões e exemplos para tal. Estendo a recomendação: líderes deveriam ler mais [ficção científica até nas] revistas [sérias] de negócios e, vez por outra, ler novidades de um quarto de século, tipo 1992, como já discutimos. Porque, certas -muitas- horas, no passado, até futuro era melhor85. Qualquer um que leu o belo, focado e futurístico texto de Peter Drucker sobre uma nova sociedade do conhecimento, em 1992, quase certamente achou que era ficção científica. Mas quem prestou mais atenção e se deixou levar pela imaginação... começou a fazer, lá atrás, muito do que as empresas estão tendo que fazer agora, apressadas e olhando pelo retrovisor. Olhar para frente -em 1992- teria sido muito mais fácil e barato. Trazer o futuro para o presente, em quase todo negócio, é sempre bem mais caro quando o futuro já está no passado, como é o caso de muitos negócios agora em relação aos produtos, serviços, processos, métodos, trabalho e pessoas. Feito antes, teria criado bases para muito mais competitividade agora. Já que não foi, ainda dá tempo pra correr atrás, se você, realmente, correr atrás. Mas não se esqueça, daqui pra frente, de ler mais ficção [científica], mesmo que seja em boas revistas de negócios.
11.1 Sem Falar em Ler História, de Sempre. A história é muito séria e relevante para ser deixada só para historiadores. Especialmente quando falamos de gente, nos negócios e agora, na transformação digital. Porque a história é sempre das pessoas, no espaçotempo, e não uma longa lista de coordenadas geográficas, seus nomes locais e dados por estranhos ao lugar e datas em que aconteceram certos eventos, lá. De mais de uma forma, Cabral ter descoberto o Brasil em 1500 é completamente irrelevante para a história de Portugal, do Brasil e do mundo. Cabral, aliás, era secundário nos Descobrimentos, assim como o Brasil e quase tudo o que aconteceu aqui até 1808. Por outro lado, os motivos pelos quais Cabral veio até aqui, as razões de Dom Manuel e Portugal, a estratégia por trás de tudo o que aconteceu entre, pelo menos, 1497 e 1515, a partir de e entre Lisboa e o Yemen86, merecem todo o estudo do mundo. Até para mostrar como líderes determinados, de um pequeníssimo e periférico país, tratado pelos seus pares como mera mercearia, formaram o primeiro grande império global. Roma, lembre, era só Europa e a costa do Mediterrâneo. Um bairro, quase, comparado com o feito luso. O que aconteceu no Portugal de Manuel, as raízes de seu antes, durante e depois, assim como a história da subida, apogeu e queda de Roma, da USSR e o que ocorre nos EUA, onde um regime liderado por um
Why Business Leaders Need to Read More Science Fiction, Peper, na HBR, bit.ly/2uyo18g. The crisis of management and the role of organizational communication, Tourish e Hargie, no Academia, em bit.ly/2g9WL88. 86 Conquerors: How Portugal Forged the First Global Empire, de Roger Crowley, nyti.ms/2vAWd04. 84 85