Genética
Reprodução Programada chega ao 25º ano Ferramenta já identificou 686 touros jovens, 57% do universo de contratação das centrais de inseminação. dos os sumários nacionais, com mais de 200.000 filhos espalhados pelos rebanhos de Nelore do Brasil, gerando um faturamento aproximado de R$ 4 milhões em comercialização de sêmen até seu falecimento em 2010. “Quark unia diferentes características importantes como habilidade materna, crescimento, rendimento de carcaça, fertilidade e precocidade sexual”, conta Argeu Silveira, diretor técnico da ANCP, garantindo que o touro foi um ícone deste tipo de prova no País. Até o surgimento de Quark, touros provados em idade jovem ainda eram uma grande novidade no País. Depois dele vieram Ranchi Ipe Ouro (RP 1999), Big Ben da SN (RP 2001), Backup (RP 2002), Avesso da Bela (RP 2005), Rem Ricket (RP 2008), todos de grande expressão nacional.
Touros do Programa reprodução Programada têm forte presença em centrais
A genômica agilizou o processo de validação dos touros” Raysildo Lôbo, presidente da ANCP
Carolina Rodrigues
O
carol@revistadbo.com.br
teste de progênie da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), mais conhecido com RP (Reprodução Programada) comemora 25 anos neste mês de agosto, com resultados muito expressivos. Criado em 1995, pela equipe do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), o RP tem por objetivo identificar e testar material genético superior. Em seus 25 anos de existência, identificou 686 reprodutores jovens, que produziram mais de 500.000 progênies somente na base de dados do programa. Para Raysildo Lôbo, presidente da ANCP, o impacto do teste no melhoramento genético da raça Nelore é grande. Dados da entidade revelam que, de 1995 a 2004, dos 1.000 touros contratados por centrais, 589 foram identificados pelo RP ou são descendentes desses animais, ou seja, 57% das contratações. “Foram reprodutores que contribuíram de forma efetiva para a evolução do rebanho nacional e isso mostra que o programa atingiu o objetivo proposto há 25 anos”, diz Lôbo. Um exemplo de touro melhorador identificado pelo RP é Quark Col, originário do plantel da Colonial Agropecuária, de Janaúba, norte de Minas Gerais, que foi identificado no teste de progênie de 1997. O animal, um dos primeiros a compor a bateria de reprodutores avaliados da Alta Genetics, tornou-se líder em to-
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Quebra de paradigma Embora o Programa Reprodução Programada tenha nascido efetivamente na década de 1990, o primeiro teste de progênie da raça Nelore foi promovido em 1978 pelo Departamento de genética da USP, de Ribeirão Preto, SP, a partir de um acordo com a ANCP. Naquela época, explica Raysildo Lôbo, não se falava em usar touros jovens nas fazendas. Isso era visto como uma estratégia muito arriscada pelos selecionadores. Dados de 1994 indicam que os touros jovens representam somente 10% do sêmen empregado nas propriedades rurais, mas esse cenário mudou à medida em que os testes de progênie se consolidaram como ferramenta de identificação de animais superiores. Um grande avanço, segundo Raysildo Lôbo, foi a inclusão da genômica no processo há cinco anos, o que permitiu um aumento de 50% na acurácia das avaliações, dando maior confiabilidade ao material genético de touros jovens no País. Até 2015, os animais eram selecionados por um filtro de alta pressão genética, composto por um índice com diferentes características de interesse econômico, que precisava ser “validado” após o nascimento das progênies para aumentar a acurácia dos dados e direcionar a escolha desses touros. A genômica, entretanto, permitiu aumentar em 50% a confiabilidade dessas informações, possibilitando, ainda, reduzir o tempo do teste em um ano. “Ou seja, foi uma espécie de certificação genética para o uso dos tourinhos ainda não provados”, diz Raysildo, acrescentando que, hoje, as doses de sêmen dos touros indicados ao program esgotam rapidamente, um forte indicativo de boa aceitação dessa ferramenta pelo mercado.