Ed. Agosto 2020

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Cadeia em Pauta

Cresce demanda por CPRs Modalidade digital facilitou transações, que se concentram no segmento de engorda.

Carlos Pimenta, da Edafo Pec, de SP, capta recursos por meio de CPR digital para engordar 8.000 animais em 2020 Marília Martins

A emissão de CPR (Cédula do Produtor Rural) está crescendo no País, principalmente para compra de bois magros destinados à engorda intensiva, em confinamento, pois não há necessidade de se recorrer a bancos, onde o crédito é mais caro. Conforme o site da B3, de setembro de 2019 a julho de 2020, foram emitidas 406 CPRs, 332 delas na forma de @ (2.250.135) e 70 em bois (153.465 cab). Por meio dessas cédulas, consegue-se captar dinheiro de investidores, remunerados ao final da engorda. Hoje, a B3 oferece o registro de CPR tanto em seu formato físico quanto digital. A “Lei do Agro” (de N° 13.098), publicada em abril, prevê ainda a CPR Escritural (sem necessidade de documentação física), mas sua normatização ainda está pendente. A versão digital, menos burocratizada, foi lançada em setembro de 2019 e já está atraindo investidores. O primeiro negócio foi lavrado na BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) em nome da Edafo Pec, uma empresa de investimentos, com sede em SP, dirigida pelo empresário Carlos Pimenta, que já captou R$ 9,3 milhões para engorda de bois, sendo 90% de maneira autônoma por meio de CPRs e 10% por intermédio da plataforma financeira Bloxs, mediante CICs (Contratos de Investimento Coletivo). Segundo Pimenta, a Edafo Pec emite de 10 a 15 cédulas por mês, o que exigia deslocamentos frequentes para trâmites borocráticos. Graças à versão digital, ele hoje faz isso direto de casa. A Edafo Pec emitiu cédulas digitais para confinamentos em MS, MT, GO e SP. Processo rápido Todo o processo de emissão das cédulas digitais leva no máximo 22 minutos, ante, no mínimo, 30 dias do documento físico. Na plataforma BolsaAgro CPR, da BBM, o interessado emite o título em apenas sete passos, desde que tenha os documentos digitalizados e o e-CPF, que é a assinatura eletrônica aceita legalmente 38 DBO agosto 2020

pelos cartórios, segundo o consultor da instituição, Carlos Widonsck. Após a emissão eletrônica do título, basta validá-lo, o que pode ser feito em cartórios que trabalham de forma eletrônica. Conforme explica Carlos Pimenta, na agricultura já se trabalha bastante com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), debêntures e outras ferramentas financeiras, mas, na pecuária isso ainda é raro. “Há muita oportunidade de investimento nesse setor”, diz o empresário, que captou, inicialmente, R$ 8 milhões para confinamento de 3.000 animais. Depois, fez a primeira operação na Plataforma Bloxs, no valor de R$ 1,3 milhão. Para continuar crescendo, pretende abrir novas rodadas a cada três meses, visando confinar 8.000 animais em 2020. Com o dinheiro, ele compra o gado de reposição e coloca em confinamentos, pagando uma taxa de serviço por arroba produzida, modalidade corriqueira no setor. Após o abate, comprovado em nota fiscal, é feita a remuneração dos investidores. As duas modalidades [CPR e Bloxs] são diferentes. Por ser um fundo, a Edafo Pec não pode fazer distribuição pública de CPRs, nem esforço de vendas. Já pela Bloxs a operação é pública e normatizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob a resolução ICVM 588, pela qual emite-se a CIC, que prevê a divulgação da rentabilidade da operação com todas as suas variáveis para o público-alvo, que, no caso da Edafo Pec são pessoas físicas ou jurídicas com pelo menos R$ 5.000 para investir. Na primeira oferta realizada pela empresa, considerou-se que, se a média da arroba vendida para o frigorífico ficar abaixo de R$ 195 no ano, a rentabilidade do investimento será de 8,73% ao ano. Se ficar na faixa de R$ 195 a R$ 230, irá para 12,68%. Acima de R$ 230, a rentabilidade garantida será de 16,77% ao ano. O prazo das duas modalidades de investimento (CPR autônoma e plataforma) é de 12 meses. “O imposto de renda (IR) que incide nas operações da Bloxs é de 17,5%, porque considera, o prazo de um ano e um dia. A CPR é isenta de IR”, explica Pimenta. No caso da Bloxs, opera-se apenas com frigoríficos de capital aberto (JBS, Minerva e Marfrig), com os quais são fechados contratos a termo, precificados pelo indicador Cepea/Esalq das respectivas praças dos confinamentos. “Já nas operações de CPR, podemos trabalhar com frigoríficos menores, desde que sejam consolidados regionalmente, paguem à vista e sigam parâmetros de compliance. Os confinamentos são avaliados por consultorias contratadas por nós, passando ainda pela análise de três engenheiros agrônomos e um zootecnista da Edafo Pec”, explica. n


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