Ed. Agosto 2020

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Nutricionistas traçam novo “retrato” do cocho brasileiro Levantamento da Unesp de Dracena registra evolução tecnológica nos confinamentos, com maior uso de grãos, volumosos e coprodutos de melhor qualidade e manejo mais preciso.

Mais de 33% dos nutricionistas entrevistados já trabalham com dietas contendo entre 66% e 80% de grãos

O

Moacir José

s confinamentos brasileiros continuam avançando no emprego de tecnologias para máximo desempenho, como as dietas de alto concentrado, forragem de melhor qualidade e gerenciamento adequado do trato. Essas são algumas das principais conclusões do quarto levantamento “Práticas nutricionais dos confinamentos brasileiros”, conduzido pelo zootecnista Danilo Domingues Millen, professor associado da Faculdade de Ciências Agrárias da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus de Dracena, noroeste do Estado. O levantamento, realizado entre novembro de 2019 e janeiro de 2020, contou com a colaboração do também zootecnista Antônio Marcos Silvestre, doutorando pela Unesp-Botucatu. Os dados foram levantados por meio de questionários com 96 perguntas, respondidas por 36 nutricionistas, que acompanharam 4,671 milhões de animais, cerca de 90% do total estimado para o País em 2019. A maioria dos nutricionistas ouvidos atende confinamento pequenos, que alojam entre 1.000 e 5.000 cabeças (52,8% das respostas), percentual semelhante ao do levantamento anterior, feito em 2017 e publicado em 2018. Em seguida vêm os projetos médios, com 5.001 a 10.000 cabeças (19,4%) e os grandes, que engordam entre 10.001 e 20.000 cabeças (11,1%). Pela primeira vez, contudo, foram relatados confinamentos com mais de 20.000

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animais (5,6%) e projetos com menos de 1.000 cabeças (11,1%), como mostra o gráfico da página ao lado. O perfil do gado confinado não se alterou muito em relação aos levantamentos anteriores: 85,8% dos clientes dos nutricionstas entrevistados disseram que confinam Nelore e 52,7% deles também engordam cruzados (todos os tipos incluídos). O peso de entrada dos animais nos confinamentos praticamente não mudou desde 2009. Os machos inteiros, por exemplo continuam ingressando nas instalações com 372-376 kg. Já o peso de saída apresentou aumento expressivo, independentemente da categoria. No levantamento de 2009, os bois inteiros íam para o frigorífico com média de 500,9 kg, hoje vão com 555,8 kg, um aumento de 10,9% (veja gráfico). Como se conseguiu isso? Com mais dias de cocho, que, no caso dos machos inteiros, passou de 83,6 dias, em 2009, para 106,8 dias, em média, no levantamento publicado em 2020. Mais grãos no cocho Para produzir animais mais pesados, além de confinar os bovinos por mais tempo, foi preciso incluir mais grãos na dieta, fenômeno já registrado em anos anteriores. No gráfico da página ao lado, é possível ver que metade dos nutricionistas (50%) adota dietas com 51%-55% de grãos, mas aumentou bastante o percentual dos que estão trabalhando com 66% a 80% desses ingredientes – era de 6,5% em 2009, e hoje é de 33,3%. Além disso, 5,6% dos nutricionistas já estão adotando dietas com mais de 80% de grãos. O milho moído fino continua sendo a preferência dos entrevistados (44,4%) mas cresce o uso da silagem de milho úmido, que passou de 3%, em 2014, para 18,89%, em 2020. Millen ressalva, porém, que ainda estamos aquém do que se poderia chegar. “Nos EUA, 90% dos confinamentos utilizam grão úmido ou floculado”, compara. De qualquer forma, esta fonte energética já é a segunda opção dos nutricionistas brasileiros, o que constitui um grande avanço, na opinião do professor da Unesp-Dracena. Aumentar o percentual de grãos na dieta significa aumentar o percentual de concentrado (que inclui também coprodutos, farelos, núcleo). Em 2009, apenas 19,4% dos entrevistados diziam usar 81% a 90% de concentra-


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