POLARIS

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ANO 1 | JUNHO 2023 | N ° 01 | R$ 36,00

Bem-Vindo a Polaris :)

Deixa eu te contar uma coisa, você conhece a cidade de São Paulo? Mano pensa numa coisa louca, muita gente vivendo em seu próprio mundo, atravessando a cidade todos os dias, saindo dos seus próprios polos e cara, muito maluco.

Mas meu não sinta medo de explorar a nossa cidade! Com a Polaris do seu lado tudo fica mais fácil. Juntos a você iremos dar um rolê pelas largas ruas de São Paulo e conhecer mais a fundo o que cada bairro da nossa cidade da chuva pode oferecer. Olha, achamos melhor nós irmos de metrô, é rapidinho! só vai demorar meia hora. Iremos abrir os seus olhos sobre o que São Paulo, como cidade, tem a oferecer. Nós somos mais que um guia divertido, somos a fun guide. Cada edição da revista, teremos enfoque em uma zona específica de São Paulo. Posso te levar para um restaurante, e depois podemos fazermos comprinhas, até um cineminha quem sabe? importante é nos conhecermos melhor. Somos uma revista que atua a fim de levar nossos leitores a conhecer São Paulo, sem medo de enfrentar os tabus que circulam a cidade. Iremos oferecer ótimas recomendações para novas experiências e por caminhos seguros, só que de uma maneira mais livre, leve e solta.

GABI

Curso de graduação em Design

DSGC-2023/1

Projeto Integrado do 3 semestre

PROJETO III

Marise de Chirico

Produção Gráfica

Leopoldo Leal

Cor, percepção e tendências

Paula Csilag

Marketing Estratégico

Ana Cristina Duque Estrada

Finanças Aplicadas de Mercado

Alexandre Ripamonti

Ergonomia

Auresnede Pires

Matheus Passaro

Infográfico

Marcelo Plieger

Projeto editorial e gráfico

Gabriela Vigiani Pimenta

João Manoel Gonçalez

Manoela Neves Nannini

Valentinas Nussbaumer De Abreu

JOHN VAVA

LELA

Você está aqui

Entrevista 6

São Paulo

Vivendo e Aprendendo

Como usar trêm e metrô em sp 12

A má alimentação nas estações de sp 18

Sampa

Como viajar gastando pouco em sp 24

As vantagens de morar em sp 30

Orguhos e Afins

A maior parada lgbtq+ está em sp 44

Geek 36

Arte 38

Recomendando 40

12 18 24

30 44 54

Como é

O que fazer no bairro da Liberdade 54

História

História dos negros naLiberdade 60

Atualizando

O professor Pikachu na Liberdade 66

Belle Belinha, sensação da Liberdade 72

Arquitetura

Arquitetura asiática na liberdade 78

Cultura

Talento da arte urbana na liberdade 94

Agenda 86

Restaurante 88

Compras 90

Colunas 100

60 66 72 78 90
Liberdade

A influência japonesa no Brasil

Nessa entrevista com o embaixador e presidente honorário da Japan House, Rubens Ricupero, temos uma ideia aprofundada sobre questões econômicas e culturais sobre o Japão, trazendo uma visão ampliada sobre a Japan House

Rubens Ricupero tem muitas histórias para contar. Dono de um vasto currículo, Ricupero foi ministro da Fazenda e embaixador do Brasil nos Estados Unidos, entre outros cargos importantes. É professor da faap e também presidente honorário da Japan House São Paulo. Sempre solícito, ele encontrou um tempo para receber a equipe da Polaris e dar a sua visão sobre a cultura e a influência japonesa no Brasil. Por que há tanta sintonia entre brasileiros e japoneses? Para entender é só ler, a seguir, os principais tópicos de seu depoimento.

Na sua percepção, como é o elo entre o Brasil e o Japão?

“O cotidiano brasileiro foi dominado tempos atrás pelos Jogos Olímpicos, que permitiram ressaltar um traço de união entre o Brasil e o Japão. Um jornalista americano que estava presente escreveu que, para ele, a popularidade do Japão no Brasil era um mistério incompreensível. Evidentemente, ele desconhecia o fato de que a comunidade japonesa é muito grande no Brasil, a maior fora do Japão, e que há uma simpatia enorme entre as duas Nações, sem ressentimentos históricos como os gerados pela Segunda Guerra Mundial.”

“As memórias que nós temos do Japão e dos japoneses são positivas, sempre foram. Eu, por exemplo, que nasci em São Paulo, posso dar meu testemunho. Tenho quase 80

Rubens Ricupero para a revista Polaris, 2023

Cine Nippon, fundado em 1959, na Rua Santa Luzia

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rubensricupero.com

anos. Desde que eu era criança, quando se falava dos japoneses na minha casa era sempre de uma forma elogiosa, trabalhadores, sérios, disciplinados, que tinham introduzido no Brasil boa parte das hortaliças, das verduras, das frutas. E que antes dos japoneses não havia grande variedade de frutas, só algumas tropicais. E que tinha sido a pequena agricultura japonesa – e há esse lado bom social – que havia trazido todas essas inovações e aclimatizado no Brasil muita coisa”.

Sabemos que você irá lançar seu livro em breve, como está sendo o processo e desenvolvimento?

“Estou escrevendo sobre a contribuição da Diplomacia na construção do Brasil. Quando comecei o capítulo das cooperações internacionais que o Brasil recebeu nos anos 1970, na época do general Ernesto Geisel, afirmei que o projeto de cooperação de maior êxito que o Brasil jamais teve foi com a jica – a Japan International Cooperation Agency. No começo dos anos 70, a jica assinou um convênio com o Brasil para desenvolver a agricultura, basicamente a soja, na região do Cerrado. Pouca gente sabe que grande parte desse êxito que nós temos hoje na agricultura nasceu desse projeto.”

O que você pode dizer sobre a criatividade japonesa e a forma que ela se estabelece no Brasil?

“A cultura japonesa é muito criativa. Quando eu era adolescente, no começo dos anos 50, em São Paulo lançava-se de três a quatro filmes japoneses semanalmente. Isso ocorria no Centro e na área da Liberdade, atrás da praça João Mendes. Eu ia lá, gostava muito, lia as críticas. Havia até mesmo críticos especializados em cinema japonês. Eu tinha um amigo que era fascinado pela cultura japonesa e queria aprender a esgrima que eles fazem no Japão, o Kendo. Ele foi a uma escola. Ia todos os dias e fica-

va olhando. Ninguém perguntava nada. Só depois de ele ter revelado persistência, de ter ido lá umas 15 vezes seguidas, foi que alguém se dirigiu a ele e disse que tinha notado o seu interesse. Foi quando ele começou a aprender, porque eles tinham esse sistema de testar as pessoas para evitar o fogo de palha, que faz todo mundo perder tempo.

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japanhousesp

No começo do aprendizado do Kendo, eles nem te dão a arma. São exercícios manuais. Depois, dão uma arma de madeira. É muito gradual. É preciso ter perseverança e conhecer esses meandros de uma cultura diferente.”

Sabemos como hoje em dia é difícil os jovens se interessarem por diferentes conteúdos. Você acredita que essa cultura possa trazer uma nova abordagem nesse aspecto?

“O maior desafio que existe hoje em dia é conseguir tocar nos corações e nas mentes dos jovens. Nos anos 70, eu fui diretor da divisão de cultura do Itamaraty e tive experiência com promoção de eventos. Não é tão difícil atingir pessoas maduras, que gostam de ler, ver filmes, com seus 40, 50 anos. Mas é diferente com gente muito jovem, que vive em um mundo próprio, com uma linguagem própria e tecnológica. O Japão é um dos raríssimos países que consegue atingir adolescentes do mundo inteiro. Vou dar um exemplo. A minha neta mais velha, de 16 anos, tem como principal interesse os mangás. Há anos, ela os coleciona e tem uma biblioteca enorme. Até convenceu a minha filha e o marido a levá-la ao Japão por causa dos quadrinhos. Mas se tentarmos apresentá-la a algo mais convencional, como museus europeus, ela não se interessa. Não é que não tenha cultura, mas ela está nesse comprimento de onda, ela e milhares de jovens. Alguns gostam dos mangás, outros de videogames, como mostra a loucura da febre do Pokémon Go.”

Você acredita que os mangás podem influenciar a cultura em países como o Brasil?

“O Japão pertence a uma categoria muito rarefeita de países: esses que são dream factories, as fábricas de sonhos. Os Estados Unidos têm sido há quase cem anos, através de Hollywood e da televisão, a grande fábrica de sonhos do mundo. Nós todos crescemos assistindo filmes americanos.

Os americanos inventaram esses repositórios de ideias, sonhos e valores, o que a diplomacia chama hoje de soft power, o poder da cultura no sentido mais amplo da palavra. Você se identifica com um país porque desde criança está acostumado com suas histórias. A Inglaterra se apoderou do rock americano, com bandas como Beatles e Rolling Stones. Já o Japão foi capaz de criar toda uma linguagem com os mangás, reinventando os quadrinhos com ideias e estilo próprios. Os japoneses têm esse poder de criar soft power e de atingir a juventude. Vejo na Japan House uma oportunidade de mostrar aos jovens que o Japão é uma terra para eles também; tem aquele lado extraordinário da cultura do passado, da arte tradicional, do teatro Nô, mas também inventa as novas linguagens do futuro e consegue se comunicar de uma forma direta e imediata. Acho que é isso que pode fazer da iniciativa a primeira dessas fundações que seja um sucesso entre os jovens, incentivando-os.”

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Vejo na Japan House uma oportunidade de mostrar aos jovens que o Japão é uma terra para eles também

Você comentou sobre o desenvolvimento do Japão em diversos quesitos. Você acha que o país possa servir de modelo para o Brasil?

“O Brasil precisa compreender que o Japão real é um país ecológico, que conseguiu eliminar a miséria, que tem uma sociedade pós-industrial. O Japão atual é o que o Brasil precisa ser para superar os seus problemas em termos de inovação, excelência, rigor no controle de qualidade de produtos. Por isso acredito que a Japan House é mais do que um ponto de contato; é um pedaço do Japão, um lugar para se viver esse Japão dos dias de hoje, explorar e descobrir sobre uma cultura que tem tanto para nos ensinar.”

Na sua visão, quais são as influências e experiências adquiridas ao visitar a Japan House?

“A Japan House deve ser uma porta de entrada para o Japão de hoje, um pedaço do Japão no coração de São Paulo. Assim, alguém que sai da avenida Paulista e entra nesse espaço deve sentir que deixa uma realidade para ingressar em outra – uma realidade humana e cultural singulares. É claro que há fatores óbvios que diferenciam os dois lugares, como a tradição, a cultura, a arte e a tecnologia avançada, mas é mais do que isso. O Japão tem uma maneira própria de viver, de encarar a vida. E a Japan House deve mostrar ao brasileiro e a qualquer visitante essa forma peculiar de ser, de gesticular, de sentar-se para uma refeição. É uma maneira de reaprender a viver. A Japan House tem que apresentar isso na sua atmosfera, permitir que os visitantes sintam como é estar no Japão, qual é a sensação de viver dentro de uma casa japonesa, com suas divisórias leves e seus ambientes flexíveis, com mais espaço e recolhimento. Tudo deve estar presente na Japan House como se fosse a própria essência do viver japonês. Portanto, o sentido da Japan House é de ser e manter essa parcela do Japão viva no coração da cidade de São Paulo.”

Criada pelo governo japonês, a Japan House está localizada em apenas três cidades, entre elas Londres, Los Angeles e São Paulo

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artsandculture

COMO USAR TREM E METRÔ EM SP

São Paulo possui diversas opções e meios de transportes, permitindo uma locomoção muito prática, apesar de confuso, é necessário aprender a se locomover por GUTA C. ilustração MARK MADRE fotos VICTOR PONCIONI

Ainda que seja uma cidade gigantesca, o sistema de trens e metrô de São Paulo é pequeno se comparado a grandes metrópoles do mundo. Mesmo assim, para o visitante e muitos moradores, as linhas de metrô e trens existentes já ajudam muito a visitar grandes atrações da cidade, fugindo do trânsito caótico da capital.

Saber como se locomover em São Paulo é fundamental na hora de elaborar um bom roteiro. Por se tratar da maior cidade do Brasil, com enormes percursos e congestionamentos, além de muitos pontos turísticos espalhados por sua extensão, conhecer os horários e os meios de transporte disponíveis faz toda a diferença no melhor aproveitamento do seu tempo.

Atualmente, existem 5 linhas de metrô em São Paulo e 6 de trens. Para o viajante, o mais comum vai ser usar o metrô, mas dependendo, especialmente para ir aos bairros da zona Sul da cidade (como Vila Olímpia, Berrini, Morumbi e Interlagos), o trem pode ser também uma boa opção.

Confira abaixo todas as dicas para usar o metrô e trem em São Paulo, para conhecer e se deslocar pela cidade. Assim, vai facilitar sua compreensão de como eles funcionam e você poderá escolher qual a melhor opção levando em conta o seu tipo de viajante: aquele que quer economizar, o que quer poupar tempo no transporte, o que não quer pensar muito em como se locomover e até ao que não se importa em gastar um pouco mais para se locomover.

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VIVENDO E APRENDENDO

Metrô de São Paulo: Principais linhas

São 5 linhas de metrô em São Paulo, das quais 2 são os grandes eixos da malha, atravessando a cidade de norte a sul, leste a oeste. São elas:

Linha Vermelha (Leste – Oeste): A linha vermelha do metrô dá acesso a Arena Corinthians e possui também outras estações com acesso para locais turísticos no centro da cidade, como Anhangabaú (onde fica o Teatro Municipal) e República (onde ficam os edifícios Copan e Terraço Itália). No seu outro extremo, a estação Barra Funda é um terminal de ônibus para diversas cidades, além de ser base para conhecer a atração Memorial da América Latina. Faz conexão com a linha Azul, na estação Sé, e linha Amarela, na estação República.

Linha Azul (Norte – Sul): Possui diversas estações de interesse turístico, desde a Portuguesa – Tietê, o maior terminal rodoviário da América Latina, São Bento (com a 25 de Março e mirante do Edifício Martinelli), Bairro da Liberdade, Paraíso/Ana Rosa, Vila Mariana (bares e opções de hospedagem) e terminal rodoviário Jabaquara.

Linha Verde (Eixo Avenida Paulista) :Um dos principais eixos de hospedagem e de atrações, acompanha toda a Avenida Paulista até chegar no começo do bairro da Vila Madalena. Aqui tem acesso também a Rua Augusta, uma das mais animadas na noite paulistana.

A Estação Sé é a central de São Paulo e a mais movimentada da capital paulista

A Estação da Luz é considerada uma das principais estações ferroviárias de sp

Linha Amarela: Uma das novas linhas de metrô de São Paulo, é uma boa forma de cortar caminho da Avenida Paulista até o centro da cidade. Na estação Pinheiros é possível fazer conexão gratuita com a Linha de trem Esmeralda. Já descendo na estação São Paulo – Morumbi, se chega facilmente ao estádio do mesmo nome.

Linha Lilás: A Linha Lilás do metrô possui estações que interligam a zona sul da cidade. Bairros de interesse turístico como Moema e Vila Mariana, agora possuem estações de metrô nessa linha. Ela se conecta a linha Azul do metrô e também Esmeralda da cptm.

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Ambos os sistemas de trem e metrô são seguros, mas de qualquer forma, atenção aos pertences

Trem de São Paulo: Principais linhas

Em relação ao trem de São Paulo, a linha mais comum a ser usada pelos turistas é a Linha 9 – Esmeralda, ligando a Linha Amarela do metrô e bairros mais ao extremo sul da cidade, geralmente mais comerciais.

A casa de shows, Unimed Hall uma das maiores da cidade, pode ser acessada também pelo trem, pela estação Santo Amaro, bem como o Autódromo de Interlagos (estação Autódromo), onde ocorre a corrida de f1 e festivais como o Lollapalooza. Existe também uma linha turística, chamada de “Expresso Turístico” da cptm que vai até Paranapiacaba.

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VIVENDO E APRENDENDO

Outra importante nova linha de trem em São Paulo é a Linha 13 – Jade, que vai até o Aeroporto de Guarulhos. Já no extremo leste da cidade, a linha Linha 11 – Coral, também permite chegar até o estádio do Corinthians, em Itaquera. Para ir para a região no entorno de São Paulo, incluindo o abc Paulista (São Caetano e Santo André, por exemplo), a linha a ser usada é a 10 – Turquesa.

Bilhetes e valores para trem e metrô de São Paulo

O valor da passagem é hoje de R$ 4,40 (valor atualizado de 2023). Cada vez que você entrar em alguma estação, de trem ou metrô, deverá pagar esse valor. Em todas as estações você encontra bilheterias, com atendimento presencial ou totens para compra individual.

Moradores da cidade usam geralmente um cartão chamado de “Bilhete Único”, no qual é possível carregar diversas passagens de uma vez só, além de poder usá-lo também nos ônibus da cidade.

Para o visitante que vai passar pouco tempo em São Paulo (menos uma semana), a compra do Bilhete Único não vale a pena, então considere comprar somente bilhetes individuais.

Atualmente o bilhete individual é um Qr Code e não mais um bilhete magnético. Você pode comprá-lo diretamente nas bilheterias das estações ou através da Plataforma Top, aplicativo oficial do Governo de São Paulo.

É possível baixar nas plataformas Android ou ios e comprar o bilhete diretamente com cartão de crédito. Ai é só usar o Qr Code gerado e passar seu celular nas catracas de trem, metrô e até linhas de ônibus da região metropolitana.

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Lembrando que crianças até 6 anos, bem como idosos (com 65 anos ou mais) não pagam a passagem. Para entrar nas plataformas, devem mostrar um documento para algum funcionário do metrô para que esse possa liberar a sua entrada.

Segurança

Ambos os sistemas de trem e metrô são limpos e seguros, mas de qualquer forma, atenção aos pertences sempre, andando com mochilas e bolsas na frente do corpo. Fique sempre atento também ao usar o celular dentro das estações, plataformas e escadas rolantes. Grande parte das estações também possuem pontos de táxis e ônibus nas suas saídas, o que facilita a vida do turista. De qualquer forma, tenha sempre em seu celular um aplicativo de mobilidade instalado para usar em todo caso, especialmente para voltar de algum lugar de madrugada.

Mapas e aplicativos

O Metrô de São Paulo possui um aplicativo específico e oficial, no qual é possível ver um mapa atualizado de todo o sistema, fazer o itinerário de como chegar ao seu destino e saber sobre o funcionamento das estações.

A cptm também possui seu aplicativo próprio para o sistema de trens. De toda forma, outros aplicativos como Google Maps, também podem ajudar a visualizar melhor os caminhos e estações.

Ainda que esteja longe de ideal, o sistema de trens e metrô de São

Paulo é mesmo a melhor forma do viajante passear por conta própria pela cidade, de forma rápida e econômica.

A Estação da Sé faz a integração da Linha 1-Azul com a Linha 3-Vermelha, inaugurada em fevereiro de 1978

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A MÁ ALIMENTAÇÃO NAS ESTAÇÕES DE SP

Hambúrgueres, cachorros-quentes, salgados, refrigerantes, bolachas e balas. De forma geral, essas são as opções disponíveis para quem se alimenta no metrô por GUILHERME GAMA fotos VICTOR MATIOLI

Énecessário que se tenha um olhar da saúde pública sobre esses espaços para que seja possível a implementação de políticas de promoção da alimentação saudável”, diz pesquisadora Jessica Vaz Franco. Nas estações do Metrô em São Paulo, por onde passam 5 milhões de pessoas por dia, é comum encontrar serviços de alimentação para os passageiros, que veem no trajeto ao trabalho ou à faculdade a oportunidade de se alimentar. Um estudo da Faculdade de Saúde Pública (fsp) da usp analisou 66 pontos comerciais em 19 estações do Metrô para entender como esse ambiente alimentar pode interferir na alimentação e, portanto, na saúde da população.

Os dados apontam que a grande disponibilidade e o baixo custo dos alimentos e bebidas ultraprocessados (de alta caloria e baixo valor nutricional), em comparação com alimentos in natura ou minimamente processados, podem limitar a autonomia dos usuários do transporte que buscam escolhas saudáveis, o que diverge com a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (san), preconizada pela Constituição.

“Para mudar esse cenário, é necessário que se tenha um olhar da saúde pública sob esses espaços para que seja possível a implementação de políticas públicas que auxiliem na promoção da alimentação saudável”, afirma ao Jornal da usp a nutricionista Jessica Vaz Franco, doutoranda pela fsp e uma das autoras do estudo.

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VIVENDO E APRENDENDO

O que se come no Metrô de São Paulo?

As pesquisadoras adentraram o interior das estações do Metrô consideradas mais movimentadas de São Paulo e administradas exclusivamente pelo governo estadual. Por um sistema de checklist, foram analisados quiosques, lanchonetes, lojas e vending machines para quantificar, identificar e caracterizar os alimentos disponíveis, segundo seus atributos, como grau de processamento, preço, variedade (de marca, tipo de embalagem, volume, peso), localização, entre outras métricas.

Assim, foi possível descrever o ambiente alimentar das estações. Vale destacar que a coleta foi feita em 2017, quando a linha Lilás ainda era estritamente de administração pública.

Os dados mostraram um cenário com alta oferta de alimentos não saudáveis em comparação com os saudáveis. Refrigerantes, por exemplo, foram encontrados em todas as estações, em uma média de oito tipos por estabelecimento, chegando a até 24 variedades do produto em um único comércio. A única opção de bebida saudável era água mineral, presente em todas as estações estudadas, exceto na Tucuruvi, e suco natural da fruta, este encontrado apenas na estação Brás. Para além de bebidas, em grande parte das observações, a água era o único produto saudável disponível para compra.

Nas estações de metrô é comum encontrar quiosques para os passageiros, que encontram uma oportunidade de se alimentar

O salgadinho de pacote ou biscoito salgado sem recheio, o bombom e o chocolate em barra e o refrigerante estavam disponíveis em mais da metade dos pontos comerciais (51,5%, 53% e 60,6 %, respectivamente), conforme o estudo. Eles são, na verdade, misturas de produtos industriais e pouco ou nada têm de alimento; são classificados como ultraprocessados, segundo a classificação alimentar denominada nova, que descreve os alimentos por grau de processamento industrial.

“A alta exposição de ultraprocessados nas estações do Metrô não possibilita que os usuários diários desse transporte tenham a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável assegurada e a alta quantidade de propagandas em relação a esses alimentos compromete também a autonomia de escolha”

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Alta popularidade e baixos preços, os alimentos fastfood são os escolhidos entre o público

Enquanto isso, frutas, que são alimentos in natura (com alto valor nutricional), só foram vistas nas estações Brás e Tatuapé e em apenas 10% das lanchonetes e 4,8% das vending machines nessas estações.

As hortaliças, que também fazem parte desse grupo, estavam disponíveis apenas como parte de preparações de sanduíches, que foram considerados alimentos não saudáveis, presentes em 70% das lanchonetes, 66,7% das cafeterias e 9,5% das vending machines das estações Sé, Luz, Tatuapé, Brás e República. O artigo informa que não foram encontradas informações nutricionais em nenhum dos 66 pontos comerciais.

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VIVENDO E APRENDENDO

Além da alta oferta, os alimentos com maior grau de processamentos também eram mais acessíveis pelos baixos preços, como balas comercializadas por R$ 0,10; biscoitos doces recheados por R$ 0,75 e refrigerantes por R$ 2,00. Com R$ 5,00 um passageiro com fome a caminho de casa pode escolher entre uma ampla opção de alimentos não saudáveis e, talvez com sorte, pode ter a opção de consumir uma garrafa d’água e uma maçã por exemplo.

“A alta exposição de ultraprocessados nas estações do Metrô não possibilita que os usuários diários desse transporte tenham a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável assegurada e a alta quantidade de propagandas em relação a esses alimentos compromete também a autonomia de escolha”, afirma a autora da pesquisa.

Pesquisa

O estudo usou o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social para caracterizar as áreas geográficas das localidades de cada estação e relacioná-las com aspectos de vulnerabilidade social. Porém, não houve diferença entre os marcadores de alimentos saudáveis e não saudáveis pelo território.

O destaque foi apenas do grupo de estações com baixíssima vulnerabilidade (Ana Rosa, Barra Funda, Consolação, Paraíso, Vila Madalena, Adolfo Pinheiro e Santo Amaro) que apresentou apenas um tipo de alimento saudável: água mineral.

De acordo com a pesquisadora, não há controle do que será vendido em cada um dos pontos comerciais; as questões de alimentação não são levadas em conta nos critérios de concessão, e fica a cargo do comerciante decidir os produtos ofertados. Pelos baixos preços, menor perecibilidade e popularidade entre o público, os alimentos ultraprocessados são os escolhidos para compor as vitrines.

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“Com esses dados, é interessante que o poder público pense formulações de intervenções, para mudar esse cenário através de políticas públicas, vendo a saúde pública também no contexto dos transportes públicos”, completa.

Atualmente, em sua pesquisa de doutorado, Jessica dá continuidade à pesquisa e busca identificar e analisar as ideias sobre possíveis intervenções regulatórias direcionadas ao ambiente alimentar das estações do Metrô da cidade de São Paulo. Isso através dos usuários, de representantes de organizações da sociedade civil e de representantes do governo estadual de São Paulo.

Direito e acesso

“A oferta de alimentos no Metrô é um serviço secundário, onde o primário é o transporte. Mas uma vez que há essa proposta alimentar, que seja de uma maneira segura e que garanta também os direitos e respeite a autonomia dos usuários. Trata-se de um espaço público, administrado pelo governo do Estado de São Paulo, o que amplia a importância do estudo.”

A Emenda Constitucional nº 64 inclui a alimentação como um direito social, contido no artigo 6º da Constituição Federal de 1988; esse direito é garantido pela Segurança Alimentar e Nutricional (san), de acordo com a Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Na prática, a pesquisadora explica que o Estado não tem apenas a responsabilidade de promover acesso à alimentação, mas acesso à alimentação de qualidade para a população. Quando se pensa na promoção de saúde pública, estão os impactos dos ambientes alimentares na alimentação, ao passo que o consumo de alimentos acontece também fora das residências: em outros espaços do cotidiano – inclusive no caminho até esses destinos.

“A oferta de alimentos no Metrô é um serviço secundário, onde o primário é o transporte. Mas uma vez que há essa proposta alimentar, que seja de uma maneira segura e que garanta também os direitos e respeite a autonomia dos usuários”, afirma Jessica. Ela destaca que se trata de um espaço público, administrado pelo governo do Estado de São Paulo, o que amplia a importância do estudo.

Grande disponibilidade e o baixo custo dos alimentos e bebidas ultraprocessados, limitam a busca de escolhas saudáveis para o público

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COMO VIAJAR GASTANDO POUCO EM SP

Está curto em dinheiro? Entenda qual é o jeito mais fácil de visitar a capital paulista sem gastar muito, fazendo planejamentos e roteiros por AMANDA FERRUCCI foto GABRIELA DIAS

Se você é do tipo que ama viajar, mas desanima só de pensar que vai gastar o que não tem, trazemos notícias (e das boas): dá para viajar o mundo com pouco dinheiro! Muita gente acha que viagem é sinônimo de gastar muito e, por isso, deixa de realizar um grande sonho antes mesmo de pesquisar sobre o destino desejado. É importante dizer que não há segredo de como viajar com pouco dinheiro, basta um bom planejamento e seguir dicas importantes que vão fazer com que qualquer destino caiba no seu orçamento. É justamente por conta da quantidade absurda de atrações que, muitas vezes, os turistas acabam se perdendo na metrópole mais populosa do continente americano. Não estamos falando apenas de se perder nas ruas dessa cidade gigante, mas na escolha das atrações que serão visitadas e do roteiro que será feito. Em São Paulo capital não tem alta ou baixa temporada, nem mudanças grandes nos preços, pois funciona como cidade de negócios e não depende somente do turismo. Inclusive, aqui é muito interessante para fazer compras. Claro que é sempre bom se planejar com antecedência para aproveitar os melhores preços. Então, se você sempre quis saber como economizar na viagem mas não faz ideia de por onde começar, não sabe se vai dar certo, ou precisa de algumas dicas vem com a gente neste artigo e já se prepare para colocar o pé na estrada e reformular seu pensamento sobre viagens!

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Existem vários aeroportos na área, sendo os principais Aeroporto de Congonhas e Aeroporto de Guarulhos

Pela cidade existem várias ciclofaixas, uma delas sendo no Viaduto do Chá

Se planeje e faça muita pesquisa

Os melhores amigos do viajante com baixo orçamento são um bom planejamento e uma pesquisa bem feita sobre o destino desejado. Ao se planejar com antecedência, você consegue ter mais previsibilidade e otimizar o uso da grana que você vai gastar.

As etapas de um planejamento de viagem farão toda a diferença, sobretudo na sua conta bancária. É importante seguir cada uma delas para evitar surpresas desagradáveis e reduzir as chances de gastos desnecessários. Veja a seguir o que considerar para viajar com pouco dinheiro:

Pesquisa

Assim que despertar o desejo de conhecer determinados lugares, comece a buscar informações sobre eles. O ideal é criar uma pasta na nuvem e, sempre que encontrar novidades, adicionar nela. Esse hábito vai te ajudar a ter acesso a dicas, opções de passeios, locais para alimentação, hospedagem. Assim, quando aparecer oportunidade de passagens aéreas baratas para o destino, você já terá meio caminho andado.

Defina a duração da viagem

Quantos dias você pretende dedicar à sua viagem? A resposta está diretamente ligada aos gastos com passeios, alimentação e hospedagem. Lembre-se de contar o tempo que será usado durante o voo e traslado. O ideal é sempre incluir 1 ou 2 dias a mais para esse transporte. Com isso, você aproveita melhor cada passeio e não volta pra casa com aquela sensação de que não conheceu e visitou tudo o que queria.

Foco na baixa temporada

Se você quer viajar com pouco dinheiro ou economizando, fuja da alta temporada! Datas comerciais, férias escolares e feriados locais costumam encarecer tudo em qualquer destino, e isso pesa bastante no bolso do viajante com pouco dinheiro. Sempre que possível, tente viajar no período de baixa temporada. Pesquise qual é essa época no destino que você quer visitar antes de comprar sua passagem.

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As etapas de um planejamento de uma viagem fará toda a diferença, sobretudo na sua conta bancária
@divulgção

No Brasil, por exemplo, os meses de julho, dezembro e janeiro são de alta estação. O clima de São Paulo é considerado tropical úmido e as estações não são tão marcadas como em outras regiões do Brasil. No inverno podemos ter dias muito quentes e no verão podemos ter dias frescos. A temperatura durante o ano pode variar entre 15°C e 36°C e poucas vezes ela muda bruscamente, como com passagens de frente fria que podem fazer a temperatura cair mais de 10 graus de um dia para o outro. Então dá para vir em qualquer época do ano. Já na Europa, é mais comum entre junho e setembro, durante o verão no hemisfério norte. Isso quer dizer que, nos casos mencionados, o valor da hospedagem, alimentação e passeios pode ser maior.

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@divulgção

Troque o táxi por outros meios de transporte

A melhor maneira de conhecer um novo destino é a pé. Além de ter mais liberdade para fazer os percursos que quiser e conhecer a cidade de um jeito único, você ainda economiza uma boa grana! Caso não esteja muito a fim de andar, ainda há opções mais econômicas do que um táxi. Algumas cidades oferecem aluguel de bicicletas por preços módicos, por exemplo. Outra maneira de economizar é pedir um Uber. O transporte público também pode ser uma mão na roda. Ele é mais em conta que um táxi e muitas cidades oferecem cartões de transporte que deixam os trajetos ainda mais baratos.

Aproveite os passeios gratuitos e de baixo custo

Cuidado para não cair em cilada na hora de planejar seu itinerário! Quando procuramos apenas as atrações turísticas mais famosas, a chance de se meter em uma fria aumenta, já que os locais costumam cobrar muito mais caro neste tipo de passeio. A boa notícia é que mesmo os locais mais badalados podem ter períodos do ano que são mais baratos ou até mesmo um dia de visitação gratuita. Alguns lugares também oferecem descontos e gratuidade para estudantes ou menores de idade. Além dos museus e galerias, pesquise também se há parques e outros espaços públicos de acesso livre. Programe-se para fazer os passeios a esses locais. Uma boa dica de como viajar com pouco dinheiro é sempre perguntar para os moradores da cidade quais são as recomendações deles.

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@divulgção

Atenção na hora de comer

Comer a comida local é sempre uma delícia, mas dá para economizar bastante na alimentação com algumas dicas. A primeira é preparar suas próprias refeições. Vá a algum mercado e compre os mantimentos para fazer o café da manhã ou jantar na hospedagem. Você também pode comprar alimentos para fazer lanches e snacks para comer enquanto bate perna pela cidade. É claro que você não precisa fazer todas suas refeições assim, afinal, saborear a culinária local faz parte da experiência da viagem. A dica é reservar momentos especiais para gastar um pouco a mais num restaurante bacana e economizar em outros momentos. Equilíbrio é tudo, né? E por falar em gastronomia local, outra dica é procurar nos mercados, padarias e lanchonetes aqueles produtos que são mais em conta naquela região. Esses pratos e ingredientes costumam ser mais baratos, assim você explora a comida do lugar e ainda economiza.

Passe mais tempo em cada lugar

Quanto mais cidades ou países diferentes você visitar, mais cara vai ficar sua viagem. Isso acontece porque você terá mais gastos com deslocamento –seja em uma passagem aérea ou então no trajeto entre o aeroporto até o seu ponto de hospedagem. Por isso, tente ficar mais tempo em um lugar só. Além de economizar uma boa grana, você também terá mais tempo para explorar aquela cidade com mais atenção, conhecendo lugares que você não conheceria em uma viagem mais curta.

Diversas atrações que ficam com exposições gratuitas em algum dia específico da semana, no Museu do Futebol são nas terças

O Mirante Sesc Paulista fica no 17° andar do seu prédio, é possível apreciar uma vista da Avenida Paulista

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@divulgção

AS VANTAGENS DE MORAR EM SP

Como morar com qualidade na capital paulista, contando com dicas de atrações de lazer e cultura, e os principais hábitos paulistanos

por AMANDA NOVENTA ilustrações CARLA CAFFÉ

Afinal, como é morar em São Paulo? Fala sério! Uma das maiores cidades do mundo deve oferecer de tudo um pouco, né não?! É até difícil encontrar um brasileiro que não conheça ou, pelo menos, tenha vontade de conhecer a terra da garoa (que nem tem mais essa garoa toda). São Paulo abriga todos os tipos de moradores com os mais variados sentimentos em relação a ela. Há aqueles que a amam, que a odeiam, que precisam dela.

Sampa, que na verdade é um apelido mais usado por quem não é daqui, é o destino de uma galera que sonha em mudar de vida, seja profissionalmente ou na vida acadêmica sem falar que aqui tem tudo o que qualquer metrópole no mundo pode oferecer, até mesmo a poluição (rindo de nervoso).

Além disso, a cidade oferece diversas opções de lazer e cultura, por isso, ao longo dos anos, sp se tornou a porta de entrada pra grandes eventos na América Latina: Fashion Week, Fórmula 1, futebol, shows e exposições das maiores estrelas da música e da arte, como o Lollapalooza, Primavera Sound, Villa Mix, enfim, aqui tem de tudo um pouco, dividido em na cidade.

Já deu para ver o porquê de sp ser o destino de muitas pessoas que decidem mudar de cidade, estado e até mesmo de país. Ficou curioso pra saber mais? Então se liga no guia que a gente preparou para você que pretende vir morar em São Paulo ou visitá-la. Continua aí pra descobrir atrações e hábitos de paulistanos!

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Quais as vantagens de morar em SP?

Mano (já se acostuma com o jeitinho de falar), São Paulo é uma cidade enorme, cheia de movimento o dia inteiro. A megalópole assusta quem conhece pela primeira vez, justamente por todo esse movimento constante e frenético do dia a dia. A cidade acolhe todos aqueles que decidiram fazer dela o seu lar, por isso você encontra todos os sotaques possíveis dentro de sp. As vantagens de morar em São Paulo são muitas e fazem toda a diferença na hora de decidir se mudar. Seja o comércio a qualquer hora, a variedade de produtos e serviços, lazer e cultura, gastronomia, educação, negócios, enfim, são diversos pontos que vão te fazer amar SP. Mas nós separamos alguns bem importantes pra te ajudar a conhecer um pouquinho melhor a cidade que, em breve, vai chamar de terra natal (só que por escolha).

Atrações

para o lazer

Morar em São Paulo significa conviver diariamente com as diversas opções de lazer que a cidade oferece. Alguns, inclusive, podem alterar a sua rotina, como a volta para casa e até a ida pro trabalho. São Paulo possui atividades de lazer que encantam qualquer um, de paulistanos, a novos paulistanos e turistas. Não importa qual a sua tribo, aqui tem opção pra tudo! Curte um esporte ao ar livre, caminhadas e trilhas? Sem problema, aproveite as trilhas que cortam a mata atlântica dentro de São Paulo ou as ciclovias espalhadas pela cidade.

Acredite, morar em aqui é dividir espaço com a modernidade e a natureza. Gosta mais de um passeio alternativo no domingo ou feriado pra andar de bike? Opa! Sabia que a Avenida Paulista fecha todos os domingos pra atividades esportivas e culturais? Inclusive, temos várias ciclovias espalhadas pela cidade, você pode morar perto de alguma e até ir trabalhar ou estudar de bicicleta. Fala se não é uma cidade incrível para morar?

Se você gosta de aproveitar o que a vida noturna pode oferecer, relaxa, porque é o lar de diferentes festas, baladas, casas noturnas de todo estilo e pra todo público. Uma visitinha à Rua Augusta vai te mostrar que de balada o paulistano entende bem. Principalmente se você estiver morando próximo a uma estação de metrô, afinal, as melhores opções de lazer à noite, geralmente ficam perto das estações.

32 • polaris SAMPA
Carla Caffé é arquiteta e diretora de arte brasileira, trabalhou em filmes como Central do Brasil e Era o Hotel Cambridge
Morar em Sampa significa ter diariamente várias opções de lazer

Agora, se a sua vibe é mais curtir um shopping, fazer compras ou assistir um bom filme no cinema, pode ter certeza que São Paulo não vai te decepcionar, muito pelo contrário. Tem shopping pra todos os tipos de experiência e gostos. Se tem uma coisa que paulistano faz, é ir pro shopping. E cinemas temos de monte: dos de grandes franquias, que passam os filmes mais populares do momento em várias salas, até cinemas de rua que passam filmes mais alternativos e cult. Se você vai morar em São Paulo e seu estilo é mais cultural, se liga no próximo tópico.

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Atrações culturais

São Paulo é uma cidade multicultural e cheia de diversidade, não existe um único perfil de pessoa que não encontraria opção de cultura por aqui. Afinal, é possível encontrar museus, ruas e centros históricos, festas tradicionais, galerias de arte, música, dança, teatro e muitas outras opções. Quem vive no centro da cidade, por exemplo, convive frequentemente com mostras ao livre de peças teatrais, pocket shows e exposições cheias de criatividade. Além disso, existem eventos culturais que ocorrem apenas na cidade de São Paulo como a Virada Cultura e o sp na Rua, além é claro, do carnaval e shows, mostras de artes e outras festas tradicionais.

Principal centro metropolitano e econômico do país

Outra vantagem muito procurada por novos moradores de SP é o fato de a cidade ser o maior centro metropolitano e econômico do país.

Esse é um dos grandes motivos de ter sempre um novo morador chegando por aqui, afinal, existem oportunidades que só podem ser aproveitadas por quem mora na cidade. Além disso, São Paulo é o lar de grandes empresas nacionais, internacionais e de novas startups que estão sempre surgindo, renovando o dinamismo e a potência da economia da cidade. Estas empresas dão oportunidade pra diversos perfis de profissionais e garantem que o mercado de trabalho oferecido por aqui proporciona um grande mundo de possibilidades. É por isso que morar em São Paulo traz uma excelente chance de conseguir o emprego dos sonhos e buscar uma qualidade de vida melhor.

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Os principais hábitos dos paulistanos São Paulo é a maior cidade do Brasil e um centro de muitas oportunidades. Por isso, os paulistanos têm um modo muito particular de viver. Se você ainda não esteve na cidade, vai poder se preparar para os hábitos dos paulistanos e se você já esteve, vai poder matar a saudade dessa microcultura. Veja abaixo 11 dos principais hábitos dos paulistanos.

Pegar o metrô lotado toda a manhã e toda a noite para ir e voltar do trabalho. Quem trabalha em São Paulo em poucos casos vai morar perto do trabalho, por isso a melhor solução é usar o metrô. Mesmo sendo um metrô com poucas linhas e ineficiente para a quantidade de passageiros diários, ele é a ainda a melhor solução para acessar os principais centros comerciais da cidade, como por exemplo a região da Av. Paulista, a qual é o coração da cidade.

Vestir roupas práticas, confortáveis e para o dia a dia corrido. Quem anda de metrô, de ônibus e a pé em São Paulo busca praticidade e conforto, pois lá a vida é corrida e não dá para perder tempo, eles gostam de se vestir bem com marcas alternativas e mais básicas.

Adorar passear no sesc, seja depois do trabalho ou durante o final da semana. O sesc é um centro cultural que pode ser encontrado em diversos bairros de São Paulo. Um lugar para aproveitar o tempo livre com cultura e atividades recreativas. Lá tem musicais variados, peças de teatros, exposições de artes, exibições de filmes, aulas das mais variadas habilidades tanto físicas como mentais, biblioteca e restaurantes.

São pinturas que exploram a caligrafia e o desenho para convocar uma memória e a identidade do território urbano

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Exposição celebra as obras de Picasso em São Paulo

Imagine poder ver detalhes da famosa tela Guernica bem de perto e explorar a partir de diversos ângulos a obra mais famosa de Pablo Picasso, gênio do cubismo? Imagine poder acompanhar a evolução, fase, do maior artista plástico do século XX? Imagine poder entrar na mente do pioneiro da arte moderna? ]

Pois então, conheça a nova exposição imersiva única, que acaba de desembarcar no Brasil: Imagine Picasso. A mostra fica em cartaz em São Paulo, de 09 de março a 18 de junho, no Morumbi Shopping, depois de passar por Lyon (França), Quebec e Vancouver (Canadá), Atlanta e San Francisco (EUA) e Madri (Espanha), com sucesso de público por onde passou.

Criada por Annabelle Mauger e Julien Baron, em colaboração com a historiadora de arte Androula Michaël e com o arquiteto Rudy Ricciotti – vencedor do Grand Prix National d’Architecture, da França –, amostra marca os 50 anos da morte do artista espanhol.

Pioneiro na projeção de suas próprias obras, Pablo Picasso autorizou a projeção audiovisual de suas pinturas em Les Halles Baltard, na França, em 1971 Como disse seu biógrafo Pierre Cabanne em Le siècle de Picasso (1979): “Uma mostra notável, em que as obras de Picasso foram exibidas uma após a outra em 10 telas em semicírculo, para um público cativo”. As crianças ficaram encantadas e mostraram sua alegria com aquele caleidoscópio selvagem e bizarro”. Os detalhes surgem livres das limitações tradicionais e o efeito geral oferece um novo olhar sobre a obra.

ARTE 36 • polaris
Pablo Picasso é um dos maiores nomes da História da Arte mundial. E para celebras a sua arte, São Paulo recebe suas obras para fazer uma exposição imersiva. @DanielKen Pablo Picasso, pintou a obra “Galo em 1938. Como principal função. Seu título original é Le Coq

Confirmados: o que sabemos da Comic Con 2023?

A CCXP chega a sua 10ª edição no segundo semestre de 2023. O evento de cultura pop é baseado nos moldes da San Diego Comic-Con e cobre as principais áreas do entretenimento, como filmes, séries, videogames e histórias em quadrinhos.

Acontece entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro de 2023 na São Paulo Expo, localizada na Rodovia dos Imigrantes, no bairro Vila Água Funda.

No Palco Thunder, O principal do evento, tem dois nomes confirmados. Tyler Hoechlin, o Superman da série “Superman & Lois”, subirá no Palco Thunder nos dias 2 e 3 de dezembro — ele também participará de sessão de fotos om fãs.

Já Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden, participará de um painel no dia 30 de novembro para falar sobre a carreira, seu processo criativo e sua íntima relação com a cultura pop. No Artists’ Valley by BIS, estão confirmados nomes em ascensão: Joshua Cassara, Eduardo Risso e, em parceria com a Skript Editoria, o artista senegalês Juni Ba

As vendas do primeiro lote começaram hoje, dia 6 de Março, por meio do site Mundo Tickes. Os valores são primeiro lote, ficam em torno de R$ 320,00 ficam em torno de e valem apenas até o dia 30 de abril, segundo a organização.

Ingressos vão custar a partir de R$ 160. Esse é o valor da meia entrada para a quinta-feira. O custo da meia sobe para R$ 180 na sexta-feira, é de R$ 240 no sábado e domingo.

38 • polaris GEEK
Ano passado contamos com as presenças ilustres de Keanu Reeves, Jenna Ortega, Paul Rudd e Pedro Pascal, nos palcos da Comic Con. E quem será que vem este ano? @RafaelWatakama

Comi Con vem reunindo Geeks que se interessam nos universos cinematográficos de seus seriados e filmes preferidos.

Filmes em São Paulo

CARANDIRU

Drama/Crime

Um dos filmes mais sangrentos do cinema nacional e também um clássico dele, conta a história de um médico sanitarista que trabalha no Carandiru, presenciando a violência agravada pela superlotação e a precariedade da prisão. Retrata o Massacre do Carandiru, episódio na antiga Casa de Detenção de São Paulo, que ficou conhecido em todo o país.

Classificação 16 anos Estreou em 11/04/2003

Onde assistir Globoplay, Netflix, Amazon Prime Video

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA por Fernando Meirelles

Thriller/Drama

Baseado no romance de José Saramago, conta sobre uma inexplicável epidemia de cegueira, em que as pessoas passam a ver apenas uma superfície leitosa. O filme conta com a participação de artistas de Hollywood, como Mark Ruffalo e Julianne More e mostra vários pontos de sp, como o Minhocão, Avenida Paulista, Viaduto do Chá e a Ponte Estaiada.

Classificação 16 anos

Estreou em 12/09/2008

Onde assistir Amazon Prime Video

AS MELHORES COISAS DO MUNDO por Laís

Drama/Comédia

A diretora do filme é conhecida por mostrar nas telas as ruas de São Paulo, que foge mais uma vez do “Brasil para exportação”. Nesse filme, adolescentes da classe média paulistana passam por momentos de diversão e também sérios, comuns nessa fase da vida. Diversos bairros e ruas da Zona Oeste aparecem nas cenas, como a Praça do Pôr-do-sol.

Classificação 14 anos Estreou em 08/04/2010

Onde assistir Globoplay, Amazon Prime Video

RECOMENDANDO 40 • polaris
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Livros em São Paulo

BRÁS, BEXIGA E A BARRA FUNDA por

Antônio de Alcântara Machado

Ficção

Clássico da literatura nacional, reúne contos que retratam o cotidiano, a cultura e o linguajar das famílias italianas em São Paulo, no começo do século xx. Nessa época, a cidade passou a receber muitos imigrantes, que se hospedavam em bairros proletários como Brás, Bexiga e Barra Funda, retratados no livro.

Publicado em 20/08/2013

N° de páginas 112

Valor estimado R$30,00

O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO por Bernardo Carvalho

Ficção/Romance

Se passa no bairro da Liberdade e em um pavilhão japonês do Paraíso. Setsuko, dona de um restaurante japonês, passa a narrar uma trama ligada à Segunda Guerra Mundial, que mostra uma das facetas mais terríveis da história, tanto do Japão, quanto no Brasil. Um romance sem fronteiras, que une a Osaka antiga à São Paulo de hoje, e à Tóquio do século XXI.

Publicado em 05/03/2007

N° de páginas 168

Valor estimado R$50,00

CAPÃO PECADO

Ficção

Rael é um adolescente que quer sair do meio violênto onde cresceu, mas seu destino está prestes a mudar quando ele se apaixona pela namorada de um amigo. Neste livro, o autor mostra os códigos e cotidiano de Capão Redondo, região na periferia de São Paulo. Marco da literatura marginal, referência da luta por uma voz que sempre fala, mas nunca é ouvida.

Publicado em 04/12/2000

N° de páginas 144

Valor estimado R$30,00

polaris • 41
por Ferréz
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Séries em São Paulo

SENSE8 por Lana Wachowski; James McTeigue

Ficção científica

Foi a primeira grande gravação da Netflix na cidade. No episódio final, onde os personagens vêm ao Brasil, somos introduzidos com uma vista da Ponte Estaiada, ponto turístico de sp. Outras cenas do episódio se passam na Parada do Orgulho lgbt, que acontece anualmente na Avenida Paulista, na qual o personagem principal se destaca por fazer um discurso.

Classificação 18 anoss

Estreou em 05/06/2015

Onde assistir Netflix

SINTONIA por KondZilla; Johnny Araújo

Drama

Dirigida por KondZilla, diretor de videoclipes de funk, a série conta a história de três jovens moradores da mesma favela em São Paulo, que correm atrás de seus sonhos. Mostra através da religião, tráfico e música a vida nas comunidades, apresentando a dinâmica das organizações criminosas nas periferias dos centros urbanos.

Classificação 16 anos

Estreou em 09/08/2019

Onde assistir Netflix

3% por César Charlone; Daina Giannecchini

Ficção Científica

A primeira série brasileira da Netflix, conta sobre um futuro onde a elite vive no conforto do Maralto, em que os jovens de 20 anos passam por um processo seletivo para viver lá, mas só 3% serão aprovados. As cenas foram filmadas na Arena Corinthians, por conta do design futurista do prédio, que combina com o futuro pós-apocalíptico da trama.

Classificação 16 anos

Estreou em 25/11/2016

Onde assistir Netflix

RECOMENDANDO 42 • polaris
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Black Mirror em São Paulo

Anthony Mackie protagoniza trama sobre o poder de libertação da tecnologia, enquanto explora variados cenários da capital paulista

Para os brasileiros, especialmente os paulistanos, o primeiro episódio da quinta temporada de Black Mirror trouxe um algo em particular. Quem é familiarizado com a metrópole paulistana reconhecerá com grande facilidade cenários turísticos, como a Avenida Paulista, detalhes charmosos como os arabescos do Viaduto Santa Ifigênia e a força opressora do horizonte de arranha-céus, observados a partir do topo do edifício Copan. São Paulo, contudo, não é tratada como se fosse óbvia que estão na capital – a cidade do episódio nomeado de Striking Vipers não é revelada – mas ela tem mostra muitos pontos de forma indireta e paralelamente à história contada no episódio.

A trama começa com três amigos curtindo uma balada (na The Year, uma casa noturna localizada na Vila Leopoldina). Danny (Anthony Mackie), Theo (Nicole Beharie) e Karl (Yahya Abdul-Mateen II) moram juntos em um imóvel de aparência simplória, onde os dois rapazes dividem o gosto por videogames. Um salto no tempo mostra Danny e Theo vivendo em uma ampla residência com quintal onde o filho do casal brinca. Karl se tornou um solteirão dono de um luxuoso apartamento (na Avenida Paulista), que frequenta restaurantes caros com jovens de pouca bagagem cultural. Eles se reencontram no aniversário de Danny, que ganha de Karl um jogo de realidade virtual, o Striking Vipers, o qual dá título para o episódio. Quando entram no aparelho, a relação de ambos se transforma, afetando, aos poucos, a vida fora do mundo virtual.

Classificação 18 anos

Estreou em 05/06/2019

Onde assistir Netflix

Striking Vipers é sensível e melancólico até ganhar dimensões explosivas no revelar de desejos camuflados pelo tempo e por contratos sociais. A tecnologia, tão vilanesca na série, se torna agora espaço de libertação. Enquanto ao fundo, a selva de pedra paulistana e sua vida noturna ressaltam a dureza da realidade. Por isso é tão simbólica a última cena do episódio, quando os cenários irrealistas do jogo de videogame dão lugar ao heliponto do Copan, derrubando assim as barreiras que dividem os acontecimentos do mundo real do que é vivido no mundo virtual.

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A MAIOR PARADA LGBTQ+ ESTÁ EM SÃO PAULO

Primeiro megaevento após período de restrições da pandemia atraiu o dobro de turistas da última edição em 2019 e deu força para a retomada econômica

por LUIZA ANDRADE fotos IWI ONODERA

A26ª Parada do Orgulho lgbt+ de São Paulo coloriu mais uma vez a avenida Paulista, neste domingo (19), quando uma multidão com milhões de pessoas passou pela avenida, segundo a Associação da Parada do Orgulho lgbt de São Paulo, entidade organizadora do evento. A festa, que contou com 19 trios elétricos e a participação das cantoras Pabllo Vittar, Luiza Sonza, Ludmilla, Jojo Todynho e Gretchen, entre outras, foi além das expectativas sem nenhum registro de incidente grave durante sua realização e recorde de participação de turistas.

“A parada lgbt+ de São Paulo não é somente a maior manifestação da comunidade, ela traz benefícios que vão muito além do segmento do orgulho. Seu impacto na economia, na geração de empregos e na imagem positiva para a cidade são inestimáveis, principalmente neste momento de retorno após dois anos de pandemia. Voltamos com milhões de pessoas unidas para defender a democracia, o feminismo, a equidade, a inclusão e o voto com orgulho”, declarou o presidente da Associação, Cláudia Garcia.

O evento em São Paulo, considerado o maior do gênero no mundo, este ano, surpreendeu os organizadores por três motivos: a porcentagem de turistas passou de 40% do total de participantes, um clima de tranquilidade redução no número de ocorrências policiais, e a grande movimentação econômica com a rede de hotéis da cidade registrando 80% de ocupação.

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De um confronto entre policiais e manifestantes nos Estados Unidos, em junho de 1969 surgiu a data do Dia Internacional do Orgulho

A parcela de turistas que vieram do interior e de outros estados ultrapassou 28% do total de pessoas na avenida, mais do que o dobro da edição anterior. Os números foram revelados pela pesquisa Perfil e Satisfação de Público Parada lgbt+ 2022 realizada pelo Observatório do Turismo da cidade de São Paulo, que ouviu 1.223pessoas no dia do evento.

De 24 anos para cá, a Parada passou de 2 mil pessoas para a expressiva marca de mais de 4 milhões de participantes na Avenida Paulista, segundo a diretoria da Associação da Parada do Orgulho lgbt. Entre eles, se destacam não só participantes brasileiros, mas também de todo o mundo.

No início, nossa Parada reunia um número bem menor de participantes nas ruas, tendo levado em suas primeiras edições 2, 20 mil até chegar em seu auge de público, com mais de 4 milhões de participantes em 2019, que entrou para a história do evento como a maior parada do mundo.

E, como consequência do seu impacto, o evento de 2019 em comemoração aos 50 anos da revolta de Stonewall foi responsável por contribuir com mais de 400 milhões de reais para a cidade de São Paulo.

“Os resultados da pesquisa indicam uma tendência de aumento na demanda pela cidade, o que ultrapassa a simples questão econômica. É um sinalizador de impacto social, na geração de emprego e renda”, explica o secretário municipal de Turismo, Rodolfo Marinho.

Desfilaram pelas ruas, a partir da Avenida Paulista até a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, 19 trios elétricos com a participação de artistas financiados por empresas que possuem políticas de inclusão e diversidade.

“São Paulo mostrou no domingo porque é uma das grandes capitais mundiais da diversidade com uma festa grandiosa que é também um protesto contra a intolerância e sem nenhum episódio de violência”, afirma o coordenador de Políticas para lgbt da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (smdhc), Cássio Rodrigo. “A cidade mostrou também que está pronta para realizar grandes eventos, após este período mais grave da Covid”, completa Cassio.

ORGULHO E AFINS 46 • polaris
Uma grande festa que é também um protesto contra a intolerância e sem nenhum episódio de violência

Como ocorre em todas as oportunidades, a Prefeitura de São Paulo prestou o apoio por meio de várias secretarias, ao principal evento do calendário turístico da cidade. Este ano, a smdhc divulgou o evento por intermédio de suas redes sociais e desenvolveu a campanha, “O tempo não para, cada vez mais inclusiva, diversa e colorida”, com um vídeo de um minuto de duração, que reforça a importância da evolução social e do respeito à diversidade, entre outras iniciativas como a participação das unidades móveis lgbt durante todo o mês dedicado ao Orgulho lgbt+, apresentando serviços como apoio jurídico, psicológico e social.

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Com a parceira do Metrô de São Paulo e concessionárias, a campanha divulgou vídeos e mensagens incentivando o uso do serviço sp156 para denúncias contra a lgbtfobia. As estações foram decoradas com motivos alusivos ao orgulho lgbt+ , como a Estação Luz, que adesivou as suas escadas rolantes com as cores do arco-íris.

Por meio da smdhc, a Prefeitura de São Paulo desenvolve diversas iniciativas na cidade de São Paulo, visando garantir e dar mais oportunidades à população lgbt+. Uma dessas iniciativas, o programa trans cidadania, beneficia travestis, mulheres transsexuais e homens trans, que enfrentam diariamente o preconceito e a violência, além da falta de oportunidade devido a exclusão. Por sua amplitude, importância e alcance, o programa ganhou renome internacional, e em julho de 2022 o número de vagas será ampliado de 510 para 660, com a incorporação de 150 vagas, o equivalente a um acréscimo de cerca de 300% nos últimos três anos.

O trans cidadania oferece ao participante uma bolsa de estudos no valor de R$ 1.272,60 e tem como condição o prosseguimento dos estudos. Durante os seus seis meses de duração e carga horária diária de seis horas, o programa proporciona oficinas, cursos de qualificação e intermediação com empresas e instituições visando a empregabilidade.

A smdhc mantém uma rede de apoio com cinco Centros de Cidadania lgbt, em todas as regiões da cidade. No mês passado, realizou o lançamento oficial do Cadastro Municipal lgbt+ , iniciativa para ampliar os dados disponíveis sobre a comunidade na capital. As informações que são coletadas, como termos econômicos, sociais, educacionais e etários, serão amplamente utilizadas para a implementação e aprimoramento das políticas públicas direcionadas para este público.

ORGULHO E AFINS 48 • polaris

Quem não tem acesso à internet, pode fazer seu cadastro em qualquer Unidade Móvel de Cidadania lgbt, nos Centros de Cidadania lgbt ou ainda nas 17 unidades do Teia, rede de coworkings públicos ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (smde). Além disso, a capital paulista também conta com o Programa Respeito Tem Nome, gerido pela Coordenação de Políticas lgbti da smdhc, com vistas a proporcionar o registro gratuito do nome social por meio da retificação do nome, pronome e gênero na documentação. No mês passado, foram entregues os primeiros documentos retificados às beneficiárias, representando uma grande conquista para a cidadania.

Agora, como denunciar? Desde agosto de 2021, o serviço municipal sp156 atende denúncias de lgbti fobia tanto nos canais digitais como por telefone, e a equipe teve um treinamento de sensibilização para realizar esses atendimentos. Não há pré-requisitos ou a necessidade de qualquer documentação oficial, como um boletim de ocorrência, para denunciar. Serão solicitadas informações sobre o ato ou situação que se quer reportar, como quando e onde ocorreu, quem praticou a ação e o que aconteceu.

Veja aqui um passo a passo de como fazer uma denúncia.

O Portal sp 156 fortalece a rede de atendimento já disponível por meio dos equipamentos da smdhc, que seguem recebendo denúncias e acolhendo vítimas. A rede é formada por quatro cclgbti+ e um Centro de Referência e Defesa da Diversidade (crdd), que desenvolvem ações permanentes de combate à homofobia e respeito à diversidade sexual, atuando nos eixos de Defesa dos Direitos Humanos e na Promoção da Cidadania lgbti. Além das sedes fixas, quatro Unidades Móveis de Cidadania lgbti percorrem São Paulo.

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A Parada do Orgulho lgbt de São Paulo é considerada a maior do mundo reunindo 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista

Pela Liberdade

Ruas mais frequentadas do Bairro Liberdade

Mostrando somente os lugares mais frenquentados na Liberdade

Lojas dentro do Shopping SoGo Plaza

: O melhor lugar para os verdadeiros geeks

Jarina Kpop

Artigos de Kpop, como camisetas, álbuns e lightsticks;

Contato: (11) 95481-4850

Instagram: @jarinakpop

Jady Modas 12

Roupas de Kpop e anime, plushies, chaveiros, álbunse chapéus;

Contato: (11) 97736-6963

Instagram: @jadymodas12

Team Geek

Artigos de anime, camisetas, canecas e action figures;

Contato: (11) 96026-0876

Instagram: @loja_teamgeek

Koala Pop

Roupas geeks de anime,cosplays, itens de kpop e desenhos;

Contato: (11) 97350-7082

Instagram: @lojakoalapop

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Marukai Sogo Plaza Shopping Jardim Oriental Liberdade POZ-E Dance Studio Kisetsu We Coffee Igloo Yakissoba Livraria Fonomag Miniso Ikesaki Cosméticos Deigo 89ºC Coffee Station Korea Mart Eat Asia Praça da Liberdade Feira da Liberdade Japão - Liberdade O Boticário Café Sol Maruso
R. dos Estudantes R. Galvão Bueno Praça Almeida Júnior R. da Glória Av. da Liberdade R. dos A itos
Complexo Viário Evaristo Comolatti

Horários de funcionamento Lugares que serão citados na revista e também algumas indicações

Movimentação da Estação

Kisetsu 89°C

We Coffe

Café Sol

Marukai

Igloo

Miniso

Livraria Fonomag

POZ-E Dance

Sogo Plaza

Koala Pop

Jarina Kpop

Jady Modas

Team Geek

O Boticário

Ikesaki

O metrô é uma das principais formas de chegar na Liberdade, por ser localizado bem na áre principal. Portanto, é importante levar em conta os horários mais cheios ao ir visitar a região. Durante os dias úteis, o movimento é bem tranquilo, levemente maior das 14 às 16h. Sábado é o dia mais cheio, com uma movimentação alta à tarde e ainda maior das 18h até às 22h. Nos domingos é um puco menos movimentado, mas a estação fica mais cheia das 13h até as 15h aproximadamente.

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Entreterimento/Lojas Alimentação Volume de pessoas por mil 00h 22h 20h 18h 16h 14h 12h D S T Q Q S S Korea Mart Maruso Deigo
Yakissoba Metrô 6h 12h 18h 24h Feira da Liberdade Eat Asia
Coffee

O QUE FAZER NO BAIRRO DA LIBERDADE

Conheça o bairro Liberdade e o que ele pode proporcionar de atividades culturais, gastronômicas e as comprinhas!

por DIEGO SEGOBIA BOCCI ilustração LAURA BARRICHELLO

Tão confiável quanto escutar conselho de mãe é encontrar dicas da Polaris! O bairro da Liberdade é uma atração e tanto em São Paulo. Conhecida por ser a casa dos imigrantes japoneses, a região mantém os costumes e tradições asiáticas – incluindo chineses e coreanos em um mix cultural, gastronômico e arquitetônico.

Lá você vai encontrar feiras, mercados, lojas e restaurantes, todos com itens da cultura oriental, e artigos diversos. Para conhecer um pedacinho do Japão no Brasil, reserve ao menos uma tarde no seu roteiro por São Paulo.

O bairro tem várias características do Japão, como os típicos postes vermelhos nas ruas, comércios com informativos escritos em japonês, além de lojinhas e supermercados que vendem artigos típicos do país a valores mais acessíveis. Isso para não mencionar a Feira de Arte, Artesanato e Cultura, que agita o bairro todos os sábados e domingos.

Além da tranquilidade de se morar na Liberdade, o local é turístico, já que muita gente que visita São Paulo gosta de passar por lá para comprar uma lembrança para os amigos ou degustar um prato típico nos rodízios japoneses, izakayas ou temakerias. No meio do bairro ainda existe o Jardim Oriental, com uma reprodução de jardins japoneses e várias barracas de lembrancinhas.

Para te ajudar nesse programa, montamos um pequeno guia para você saber o que fazer no bairro da Liberdade, como chegar, onde comer, onde se hospedar e o que visitar no bairro.

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e oriental

Com uma decoração bem peculiar (até os semáforos remetem ao Japão), o portal Torii marca o início do bairro. É na Rua Galvão Bueno que está a maioria das atrações e pontos de interesse. É possível conhecer o Bairro da Liberdade todo a pé. E se preferir, contrate esse tour guiado pela Liberdade + Museu da Imigração Japonesa, com duração de 3horas.

Conhecer a cultura japonesa

O Museu Histórico da Imigração Japonesa é o melhor lugar para conhecer um pouco da cultura oriental. O museu fica no prédio Bunkyo e tem quase 100 mil peças, entre elas fotos, documentos, roupas, objetos e vídeos que contam um pouco sobre a chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil. As salas também retratam como era a vida desses imigrantes e como se estabeleceram na nova pátria. Há ainda algumas exposições temporárias no prédio. O Museu da Imigração funciona de terça a domingo, das 13h30 às 17h. A entrada custa R$16 a inteira e R$8 a meia-entrada (fev./2022).

Visitar o Jardim Oriental

O Jardim Oriental é uma espécie de refúgio em meio ao tumulto do centro de São Paulo. Com um paisagismo simples, o espaço é cheio de plantas, flores e um lago cheinho de carpas, os peixes que são ícones da cultura oriental e, dizem, trazem boa sorte. Ideal para relaxar e carregar as energias para o passeio. O Jardim funciona todos os dias, das 10h às 16h, com entrada gratuita.

Cerca de 1,8 milhão de brasileiros de origem japonesa vivem no Brasil e cerca de 60% vivem no estado de São Paulo

Provar comidas orientais

Quem gosta de gastronomia asiática vai se dar bem no Bairro da Liberdade. Liberdade é um paraíso gastronômico para quem é fã de culinária japonesa e oriental. Ao longo do bairro, é possível encontrar vários restaurantes, mercados e mercearias que vendem todo tipo de iguaria. Isso inclui desde comidas que foram adicionadas ao menu brasileiro como temakis e gyoza até itens curiosos como o refrigerante de melancia e biscoitos de batata doce. É também no bairro da Liberdade que você pode se planejar para ver alguns festivais incríveis que celebram a cultura japonesa, além de feiras que acontecem todo fim de semana – ou aconteciam antes da pandemia. Agora é preciso consultar as restrições da capital paulista ao longo de cada nova semana.

COMO É? 56 • polaris
Liberdade é um bairro de paraísos gastronômicos para quem é fã de culinária japonesa
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Você também pode conhecer o Museu Histórico da Imigração Japonesa, o maior sobre o tema, que tem quase 100.000 itens preservados que contam a história das relações Brasil –Japão e daqueles que participaram dela ao longo das décadas. Quem gosta de gastronomia asiática vai se dar bem no Bairro da Liberdade. Os diversos bares e restaurantes da região servem de tudo um pouco: alguns têm cardápio exclusivo de comida japonesa, outros também oferecem pratos típicos da China, Tailândia e Coreia. Se a ideia é um lanche rápido, o 89°C Coffee Station é especialista no assunto. Lá você vai encontrar, além de chás e cafés especiais, uma série de quitutes nipônicos, como o Karê Pan, uma espécie de pão frito com recheio de curry que é uma delícia.

Entrar em um verdadeiro boteco japonês

Se o clima é de boteco (os izakayas, botecos típicos japoneses), não deixe de conhecer o Izakayada, um boteco japonês raiz que tem no cardápio várias porções pouco comuns por aqui, além de uma decoração kitsch, cheia de bonecos e brinquedos de heróis.

Outras opções de boteco são o clássico Izakaya Issa – bar tradicional japonês e com um ambiente aconchegante – o Kubura – famoso pelos petiscos grelhados – e o pequenino Kintaro. Todos ficam próximos ao Metrô Liberdade, mas conforme for adentrando o bairro, você vai encontrar várias opções de ótimos restaurantes, lanchonetes e bares.

COMO É? 58 • polaris
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Descobrir os mercados japoneses da Liberdade

Quem gosta de culinária asiática ou tem curiosidade de experimentar os snacks, sucos, refrigerantes e doces japoneses, vai adorar ser perder pelos corredores dos mercados da Liberdade. São vários espalhados pelas ruas, mas vamos te indicar três: o Marukai, que tem vários doces, biscoitos, ingredientes para fazer sushi, bebidas, temperos e utensílios de jantar. O famoso Casa Bueno, com tem produtos asiáticos clássicos e chás chineses que são um diferencial. E o Empório Azuki, que tem de tudo um pouco, inclusive especiarias tailandesas, produtos orgânicos e até pimentas mexicanas. Nós provamos biscoitos e bebidas japonesas compradas nos mercados.

Liberdade: lojas de produtos genuinamente japoneses

São tantas lojas de produtos importados na Liberdade que é até difícil escolher em qual delas entrar. Se está à procura de itens de decoração e presentes, vá até a Himeya, Omiyague ou à Tenman-Ya (esta última é especializada em porcelanas) que vai encontrar de tudo um pouco. Quem gosta de maquiagem e cosméticos, vai se encontrar nas lojas Loretta Farm e Ikesaki. Outro lugar imperdível é a Livraria Sol, que tem todo tipo de literatura japonesa, do tradicional ao pop.

Conhecida por abrigar japoneses, também existe uma grande concentração de chineses e coreanos, o que caracteriza o bairro oriental

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HISTÓRIA DOS NEGROS

NO BAIRRO DA LIBERDADE

Movimento luta para construção de memorial em terreno que foi descoberto ossada e onde seria construído um centro comercial

por GUILHERME SOARES DIAS ilustrações MARÍLIA MARZ

No dia 20 de setembro de 1821 o soldado Francisco José das Chagas seria enforcado no Largo da Forca, onde pessoas que tinham cometido crimes eram condenadas à morte no local que hoje fica a Praça da Liberdade, no bairro de mesmo nome em São Paulo. O crime de Chaguinhas, como o soldado ficou conhecido, tinha sido o de liderar uma revolta em Santos contra o não recebimento dos salários. Ele era um homem negro que integrava o serviço militar, assim como outros alforriados no século 19. O que não se esperava era que a corda em que seria enforcado arrebentaria três vezes, fazendo com que a população que assistia ao ato começasse a gritar: “liberdade”.

Chaguinhas não foi perdoado e foi morto a pauladas. Mas ganhou fama de santo popular e o corpo foi levado para a Capela dos Aflitos, erguida em 1779, que pertencia ao Cemitério dos Aflitos, onde eram enterrados negros, indígenas e os enforcados. No local, em que foi enforcado, as pessoas começaram a acender velas e surgiu a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados em 1853. Já a Capela dos Aflitos passou a receber, desde então, devotos que iam pedir milagres, colocando papéis em uma porta de madeira e batendo nela três vezes, número de arrebentamentos da corda.

Apesar de essa história ser pouco conhecida, vem daí o nome do bairro. Existeum projeto de construir um memorial que conte sobre a presença dos negros na Liberdade.

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O local destinado a reavivar essa história é no terreno em que estava sendo construído um centro comercial, na Rua Galvão Bueno, 48, nos fundos da capela, e onde foram encontrados nove esqueletos em dezembro de 2018. Desde então, a obra está parada e um projeto de lei tenta transformar a área como de interesse público, para que haja desapropriação e construção do espaço.

Política

O projeto do vereador Reis (pt) foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (ccj) e deve ser votado no plenário até o fim do ano. O Departamento de Patrimônio Histórico (dph), da Prefeitura de São Paulo, informou durante o evento “Patrimônio em debate” que tem intenção de desapropriar a área e restaurar a capela, além de criar o Centro de Referência da Memória Negra Paulistana, como proposto em audiência pública na Câmara Municipal em 17 de dezembro de 2018. Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura informa que a resolução 25/2018 estabelece a proteção arqueológica no entorno da Capela dos Aflitos.

“As ossadas chamaram a atenção dos grupos de cultura negra que atuam na região e reivindicam a presença de outras narrativas no bairro da Liberdade. Diante dos achados arqueológicos e da reivindicação, o dph apoia e estuda a implantação do centro de memória”.

Além de abrigar a forca e o Cemitério dos Aflitos, a Liberdade era palco, nos séculos 18 e 19, do Pelourinho, poste em que os escravizados eram castigados, além de receber as primeiras residências das pessoas negras alforriadas. Só no começo do século 20 começaria a ser ocupado pelos japoneses, recém-chegados em São Paulo. Esse foi um dos processos de gentrificação da cidade, que expulsou os negros que moravam naquela que foi uma das primeiras periferias paulistanas. Na década de 70, as luminárias japonesas passaram a adornar o bairro, que foi atraindo cada vez mais comércios, turismo e eventos ligados à cultura nipônica. De 2010 para cá, as migrações chinesa e coreana cresceram no bairro.

HISTÓRIA 62 • polaris
Ali vivem outros povos, não são apenas japoneses, mas também coreanos, chineses e migrantes de origem africana
Marília Marz é formada em arquitetura e trabalha como ilustradora e quadrinista. Em maioria, seus trabalhos englogam críticas sociais

Processo

Mas, em julho de 2018, a Prefeitura de São Paulo mudou o nome da estação de metrô e da praça para Japão-Liberdade, numa ação patrocinada pela loja Ikesaki. Até hoje, Chaguinhas não tem um busto ou uma placa contando essa história na praça principal do bairro. Durante a Jornada do Patrimônio 2019, evento da Prefeitura de São Paulo de valorização da memória da cidade, uma placa foi colocada na saída do metrô Liberdade sinalizando que ali funcionava o Largo da Forca.

O escritor e jornalista Abílio Ferreira, que é articulador do movimento de preservação do Sítio Arqueológico dos Aflitos, lembra que a comunidade negra está em uma disputa que começa com a mudança do nome da estação do metrô. “Há uma tentativa de manter a hegemonia japonesa no bairro da Liberdade”, diz, ressaltando a importância de ter um memorial que conte sobre a história negra no local.

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O centro de memória seria na área em que há construção de uma galeria comercial, terreno que pertence ao empresário chinês Ko Chia Chi. No local, havia uma outra construção que foi demolida irregularmente, uma vez que tinha apenas um alvará para a reforma do prédio. Houve paralisação das obras e foram realizadas pesquisas arqueológicas a pedido do Centro de Arqueologia do dph. A supervisora do órgão, Paula Nishida, lembra que o terreno foi registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (iphan) e o dph apresentou um parecer para a desapropriação da área.

Relatos

Paula, que é neta de japoneses, afirma que o sítio potencializa as outras narrativas do bairro que estavam enterradas e afirma que os projetos urbanísticos de revitalização do Beco dos Aflitos e do memorial ainda não têm verbas definidas pela prefeitura. “Nós contribuímos para o estudo de tombamento. É preciso definir o que será feito depois”, afirma. Ela lembra que o projeto de construir um memorial da história negra não é estimular conflitos, como houve com a mudança do nome da estação Liberdade, mas “mediar para que todos os atores tenham o mesmo espaço na história do bairro”, afirma.

HISTÓRIA 64 • polaris

O advogado Renato Igarachi, que é nissei (filho de japoneses) e fez parte de instituições nipônicas, foi uma das vozes da comunidade contra a mudança de nome da estação de metrô. Em 26 de julho de 2018, ele fez um post no Facebook que viralizou afirmando que não concordava com a delimitação de território por critério étnico. “Ali vivem outros povos. Não apenas japoneses, mas também coreanos, chineses e migrantes de origem africana. A mudança de nome consolida esse apagamento histórico”.Para ele, a comunidade japonesa precisa ouvir sobre o que o movimento negro tem a dizer sobre a história do bairro.

A Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa informou que desconhecia o projeto de memorial da história negra, mas não quis comentar sobre a proposta. Já a Associação Cultural e Assistencial da Liberdade “Bunka Fukushi Kyôkai”. A artesã Eliz Alves, representante da União dos Amigos da Capela dos Aflitos (Unamca), afirma que desde 2018 o coletivo do qual faz parte, integrado por devotos e frequentadores da capela, atua na tentativa de restauro do local, que é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephat). “A capela faz parte da história da cidade. Era um local de refúgio para as classes menos privilegiadas”.

Marília Marz realizou seu tcc com a história “Indivisível” narrativa sobre a cultura negra e leste asiática no bairro da Liberdade

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O PROFESSOR PIKACHU NA LIBERDADE

Renato Sousa trabalha até doze horas por dia, relata ter sofrido agressões e humilhações, mas também vive alegrias com o ofício: “Já consegui tirar 9000 reais” por SÉRGIO QUINTELLA ilustração JAKE BING fotos GISELLE AESPA

Tradicional reduto oriental paulistano, o bairro da Liberdade, no centro, recebe diariamente milhares de pessoas que buscam por alimentos, roupas, acessórios, objetos de decoração, quadrinhos e itens para cozinha. São centenas de mercadinhos, lojas especializadas em personagens japoneses, galerias, ambulantes e bancas. Desde julho do ano passado, se juntou à paisagem, às vezes caótica, de tanto movimento, um sorridente boneco inflável de 2,1metros de altura que faz a alegria da criançada, de jovens e (por que não?) de adultos. Normalmente presente em camisetas, bonés, broches, bandanas, livros e mais recentemente no celular, o elétrico Pikachu é um dos favoritos da turma dos animes, como são chamadas as produções animadas japonesas. Não é incomum ver pessoas fantasiadas com figuras orientais por lá, mas nenhuma delas têm feito tanto sucesso no pedaço quanto o Pikachu de “carne e osso” que dá expediente aos fins de semana no Viaduto Cidade de Osaka, bem em cima da Ligação Leste-Oeste, uma das mais movimentadas da cidade.

Vestido pelo professor de inglês Renato Sousa, de 49 anos, o Pikachu inflável da Liberdade dança, pula, abre os braços para dar um grande abraço, tira fotos e está sempre com um sorriso no rosto. Com exceção desse último gesto, que está estampado na fantasia, os outros movimentos são todos feitos por Renato, que nem sempre vive situações para expressar alegria, tendo momentos difíceis em sua vida.

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“Uma vez um pai estava de mãos dadas com uma menina que devia ter uns 5 anos. Quando ela viu o Pikachu, começou a gritar de felicidade, mas o homem a repreendeu e disse para ela não chegar perto de mim. Em questão de segundos ela conseguiu se soltar e veio me abraçar. Depois disso me falou: ‘Pikachu, você não quer ser meu pai?’. Pelo momento, pela circunstância, fiquei num estado de dormência. Vi uma criança sofrendo. E o pai atropelando a situação de forma grosseira. Ela fugiu, me abraçou e falou. Aquilo me desmontou. Continuei tirando fotos, mas chorei”, conta.

Se no episódio com a menina a questão emocional ficou abalada, em outros casos sua integridade física foi posta em risco. “Já fui agredido três vezes e espetado em duas situações. Sim, espetado por alguém que queria rasgar a roupa. E às vezes a pessoa passa com o cigarro aceso para tentar estragar a fantasia. Também já fui chutado nas costas por alguém que luta capoeira. Foi um golpe. A alegação é sempre que a pessoa não sabia que tinha gente lá dentro. Mas ninguém vai lá e chuta um boneco inflável do posto. Ou chuta?”.

Mas humilhações e agressões são exceções. Na maior parte do tempo, as demonstrações de carinho vêm de onde ele menos espera, como as de motoristas e motociclistas que passam pela Ligação Leste-Oeste e buzinam (e gritam) para o feliz e sorridente personagem. Seu trabalho também foi reconhecido por quem trabalha no pedaço. “No fim do ano, alguns comerciantes vieram me agradecer, me deram panetone, dinheiro, em reconhecimento. Um deles me falou que passou a vender mais Pokémons depois que comecei a trabalhar por ali.”

Como todo trabalho artístico de rua, o de Renato também depende exclusivamente da boa vontade de quem recebe o abraço, o sorriso ou a pose para a foto. Há um mês, ele criou um Pix (cuja chave é pikachudaliberdade@gmail.com) para ser um atrativo a mais para quem passa, mas nesse caso ainda não funcionou como ele queria. “Eu tenho um custo para estar lá. Eu sempre falo da importância da contribuição. Com o Pix, tem gente que está mentindo e fingindo que está digitando. Chega a ser constrangedor. Não quero estar lá cobrando pessoas. Tem trabalho, custo. Vejo artistas internacionais que são mais linha-dura. Eles surtam. Eu não vou surtar.”

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Pikachu é pertencente à franquia de mídia Pokémon da Nintendo. Ele apareceu no Japão em 1996, criado por Satoshi Tajiri
O carinho vêm de onde ele menos espera, como por parte de motoristas e motociclistas

Por dia, na baixa temporada, ele chega a arrecadar de 80 a 90 reais. No fim do ano passado, traçou uma meta de trabalho diário, de segunda a segunda, e os resultados foram surpreendentes. “Sou disciplinado com metas. Tinha dia que eu estava com dor, mas não tinha atingido a meta de 300 reais. Sempre trabalhei com metas. Sempre fui obcecado por compromissos. Consegui tirar 9000 reais.”

Quando o “dono” do Pikachu da Liberdade diz que tem um custo para estar lá, ele se refere a transporte e alimentação e à fantasia, que sai por 310 reais e é fabricada na China. Fora isso, há um pequeno motor que fica instalado na sua perna e é responsável por inflar o boneco. Apesar do valor baixo, de cerca de 25 reais, o equipamento não é encontrado facilmente por aqui e também é encomendado no exterior. Sua duração, em média de dois meses, obriga Sousa a adquirir algumas unidades para ter um estoque.

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Nascido em Guarulhos e atualmente morando em Osasco, Renato Sousa é solteiro, não tem filhos e vê um prazo de validade para o bichinho elétrico amarelo nas ruas do centro. “No máximo mais um ano, pois tenho outros projetos em mente: Robô Gigante e Fantomas”, diz, referindo-se a dois personagens de animes antigos do Japão. Mais famoso ainda, o Ultraseven, que começou a ser produzido nos anos 60 e se tornou uma das maiores séries desse segmento no país oriental, também faz parte de seus novos velhos planos. Ele já desfila pelas vias da Liberdade com a fantasia de seu herói favorito desde 2017 (a introdução no mundo de cosplay começou bem antes, em 1994, com uma roupa feita de pano). “Quis resgatar esse passado. Olhei para o lado, para as minhas coleções e quis colocar para fora o meu espírito nostálgico. Nostalgia é um elemento emocional muito grande.”

A troca de Ultraseven por Pikachu foi ocasionada pela alta exposição que o primeiro provocava. “Eu ficava mais exposto por causa da pandemia e preferi o Pikachu para ficar mais protegido. Uso duas máscaras por baixo da fantasia.” A mudança de personagem que faz muito mais sucesso com o público do que o anterior não fez e não fará Renato esquecer sua origem.

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“Eu me identifico muito com o Ultraseven desde criança. Foi uma espécie de conforto materno e paterno. Naquilo que não consegui de referência em família eu me identifiquei com ele. Isso também aconteceu com muitas pessoas com quem converso, seja com Ultraseven, seja com outros mais novos, como Jaspion e Spectroman”, diz, emocionado. “São temas de maturidade, de desenvolvimento e caráter. Eles falavam de problemas atuais, ecológicos, políticos, de identidade moral. Tudo estava escondido lá por décadas. O Ultraseven sempre foi a minha válvula de escape. Aquele pai que eu não tive, aquele herói, altruísta, que sacrifica a própria vida para salvar os outros.”

Enquanto não se decide sobre seu futuro como cosplayer (pessoas que se transformam em personagens), Renato Sousa continua com aulas particulares de inglês (nunca parou de lecionar) e tem planos para desengavetar um projeto que parou no tempo. Por onze anos ele foi gerente de uma videolocadora e pretende voltar a trabalhar nesse segmento, também do século passado, assim como seu personagem de cabeceira. Com cerca de 20.000 filmes em casa, nos formatos vhs e dvd, quer abrir um espaço não para competir com o streaming, claro, mas para ser usado como área de convívio, com café e mesas para reunião. “O pai vai poder mostrar para o filho como funcionava um videocassete e um dvd. Podemos unir tecnologia aos sistemas antigos.” Tomara que não seja o pai que proibiu a menininha de abraçar o amável Pokémon.

Em japonês ‘Pika’ é uma onomatopeia de eletricidade, ‘chu’ o barulho feito por ratos, Pikachu é, literalmente, rato elétrico Sousa está vestido de Ultraseven, da franquia Ultraman, e produzido pela Tsuburaya Productions

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BELLE BELINHA, SENSAÇÃO DA LIBERDADE

A jovem que ficou famosa nas redes sociais por mostrar com muito humor e atitude o que as noites da capital paulista tem à oferecer! por VICTÓRIA VIEIRA fotos VALÉRIA ALMEIDA

Os “rolês” pelos bairros da “Liba”, em São Paulo, têm se tornado cada vez mais famosos graças a uma nova personalidade da internet, Belle Belinha. Se você é um usuário frequente do Twitter vai saber de quem estamos falando. Famosa por mostrar seus vídeos nas noitadas pelas ruas da capital, a jovem (que não revela sua idade por uma questão de marketing) viralizou nas redes sociais chegando a ganhar um convite para participar do clipe “Cachorrinhas” da cantora Luísa Sonza.

Rainha da “Liba” viralizou nas redes sociais ao gravar vídeos ao lado de amigos curtindo a noitada no bairro da Liberdade, região central de São Paulo. Carinhosamente apelidado de “Liba”, o bairro, que é conhecido por ser a casa dos imigrantes japoneses, virou palco das aventuras da jovem de cabelos coloridos. Ela é considerada a “rainha da Liba” por exaltar o local e arrastar uma multidão de fãs por onde passa.

Isabelle Souza, morava com a vó em Formiga, cidade em Minas Gerais, mas se mudou para o estado paulista e para a capital juntamente com a mãe. A menina conta que a ajudava em sua loja no Brás, logo depois começou a trabalhar com telemarketing. Entretanto, Belle largou o serviço e decidiu conciliar a renda financeira ao seu estilo de vida: produzir conteúdo na internet juntamente com a escola. Várias marcas famosas chamaram a garota para vender produtos, aproveitando a alta popularidade de sua imagem após vários de seus vídeos viralizarem.

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A fama da nova personalidade da web veio através de vídeos do TikTok. O primeiro vídeo que chamou atenção foi no início da pandemia, quando ela saiu para uma festa furando a quarentena.

“Um dos meus primeiros vídeos foi uma saída durante a pandemia. O que fez sucesso não foi o rolê em si, mas sim o fato de eu ter furado a quarentena. Fui cancelada”, informou em entrevista exclusiva ao portal R7. Depois desse período, o resto é história. Isabella começou a compartilhar vídeos dos seus rolês na “Liba”, conhecido como bairro Liberdade na região central de São Paulo. O local agora é frequentando por jovens de cabelo colorido e roupas escuras. Com alto número de visualizações, a garota é conhecida como “a rainha da Liba”.

“Quando chego no rolê hoje em dia, as pessoas fazem montinho para falar comigo ou tirar foto”, disse. “Pegam estrada para ir à Liberdade conhecer a Belle Belinha, eu me tornei uma referência para as pessoas que têm o mesmo estilo que eu.”

Bordões

“Eu Hablo mesmo”, “Que Sabor”, “Cadê o banheiro dos não binários?” (Pessoas que não se identificam nem com o gênero feminino nem com o gênero masculino) e “Que marmota é essa?” são alguns dos bordões de Belinha, em que os internautas das redes sociais utilizam como nunca. Tudo começou quando a jovem apareceu perambulando pelo shopping, com uma expressão questionadora: “Cadê o banheiro dos não binários?”.

O vídeo recebeu diversas visualizações, chamando a atenção de Luísa Sonza, que imitou o momento junto com ela na gravação do clipe “Cachorrinhas”. “Ficamos gravando o clipe a noite e madrugada inteiras e não tinha conseguido falar com ela ainda”, afirmou.

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Considerada a “rainha da Liba” por exaltar o local e arrastar uma multidão de fãs por onde passa
Belle Belinha fez um marco no humor adolescente com suas frases icônicas e atitude espalhafatosa
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Apenas após o fim das gravações ela conseguiu realizar o sonho de conversar com Luísa. “Estavam todos muito cansados, mas ela foi muito simpática e disse um dos meus bordões, foi quando eu pensei: ‘Ela me conhece’. Foi o melhor abraço e um dos melhores dias da minha vida”, relatou. A diva do pop já havia a notado antes, quando Belle viralizou dançando “Anaconda”, hit de Sonza, em um dos rolês bem ao lado de uma lixeira.

Neusa?

Ainda existe pessoas que narram a história de que Belle Belinha atende pelo nome de Neusa. Porém, essa informação é falsa. A menina explica que Neusa é o nome da mãe do seu melhor e só o utiliza para receber pagamentos e dinheiro enviado pelos fãs no Pix.

“Muita gente me acusa de ser golpista por causa da história da Neusa. Mas minha conta secundária se chama Neusa, Neusinha. Me apropriei disso e sempre tento transformar em algo humorístico”, esclareceu. “Fiquei com medo de dar o meu Pix porque eles podem usar meu CPF para encontrar dados de outras coisas, como o meu endereço. Como eu já fui ameaçada de morte, me resguardo. Neusa é o nome da mãe do meu melhor amigo, que recebe o dinheiro e depois repassa para mim”, afirmou.

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A jovem conta que recebe muitos ataques na internet. Em um dos episódios, ela desencadeou traumas pois alguém mais velho, se passando por fã lhe pediu uma foto. Segundos depois, o menino aproximou o rosto e xingou Belle de puta e vagabunda. “Desde esse caso, tenho medo de interagir com todo mundo, como eu fazia antes. Desde que eu viralizei, o rolê da Liba nunca mais vai ser o mesmo”, desabafou. Ela ainda acrescenta que não está fazendo nada de errado, além de ser somente um adolescente livre e feliz que merece respeito.

“Sou apenas uma adolescente curtindo o máximo e sendo feliz!! Queria que todos vocês um dia sentissem o mesmo sentimento que eu sinto quase sempre que é ‘felicidade e alegria’ acho que por isso eu consigo lidar com o hate até que de um jeito bom, porque, sério? Tem dias que tem coisas que machucam sabe?!”, revelou.

Apesar de toda polêmica, rolês e diversão, Belle Belinha não têm limites nos sonhos. Ela ainda está cursando o ensino médio, mas pretende lançar futuros projetos no mundo da música e não vê a hora de poder fazer o que ela mais tem interesse: ser atriz. “Me inspiro muito na própria Luísa Sonza, além de Larissa Manoela e da Kéfera Buchmann. Penso em estudar para ser atriz. Sou apaixonada pelo mundo da televisão”, confessou.

Em suas postagens a influencer sempre exalta a facilidade do uso de metrô para chegar na Liberdade

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A ARQUITETURA ASIÁTICA NA LIBERDADE

Como os imigrantes japoneses influenciaram na arquitetura do Bairro Liberdade, desde construções históricas até prédios modernos por RAFAEL CORPODATTO fotos MANECO MAGNESIO

Imigrantes estão na região desde 1912 e transformaram o bairro em um pedacinho do continente, bem no meio da capital paulista localizado no centro de São Paulo, o bairro da Liberdade é um dos mais visitados da cidade, especialmente, por conta de suas lojas e restaurantes orientais, além de construções típicas do continente asiático. No início de sua construção, o bairro era bastante habitado por imigrantes portugueses e italianos, mas, em 1912, chegaram por lá os primeiros japoneses, que vieram em busca de oportunidades.

De lá pra cá, chineses e coreanos também começaram a habitar o bairro, deixando a região cada vez mais a cara de seus países de origem. Um dos aspectos que, definitivamente, foi influenciado é arquitetura. Muitos comércios têm fachadas escritas em chinês e japonês, que, misturadas às características de construção tipicamente orientais, ressaltam o estilo e fazem com que quem visita o bairro realmente se sinta um como se estivesse em um pedacinho da Ásia.

Tradição e modernidade andam juntas, os imigrantes, inicialmente, ocuparam as habitações deixadas pelos antecessores do próprio bairro, mas logo começaram a construir suas próprias casas e comércios, com a marcante estética arquitetônica japonesa, a qual o tradicionalismo que foi séculos sendo construído se junta a modernidade que se evolui com o passar dos anos.

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Na arquitetura japonesa tradicional grande parte das obras são feitas de madeira, que proporciona um conforto térmico

A combinação dessas construções com os arranha-céus, e as largas avenidas do centro da capital paulista, cria um contraste muito interessante, que faz da Liberdade um local único, onde é possível tirar fotos icônicas. Não é à toa que todo turista faz pelo menos uma selfie por lá.

O design japonês está por toda parte. Às vezes, apenas em pequenos detalhes da fachada de prédios e lojas, outras, em um prédio inteiro construído em estilo oriental. A beleza dos telhados de estilos variados, comuns na Ásia, é um dos charmes particulares do bairro.

Uma curiosidade é que os telhados de beirais servem para diminuir a incidência de raios solares e ajudam a melhorar a ventilação, já que o verão japonês é bastante abafado. Como os verões em São Paulo também podem ser bem quentes, além de estilosas, as construções com esse tipo de telhado são mais fresquinhas nessa época.

Em vários locais do bairro, predominam as marcas do Art Nouveau, um estilo internacional de arquitetura, que começou na Europa, mas foi bastante influenciado pela perspectiva plana e as cores fortes das impressões japonesas em madeira. Assim, também se tornou muito popular em vários países da Ásia.

Um dos locais mais influenciados pelo estilo é a rua Galvão Bueno, onde também foram instaladas lanternas suzurantõ, tradicionais do Japão. Os inconfundíveis postes vermelhos são sucessos entre os turistas e uma das características mais marcantes do bairro.

Karaokês são presenças marcantes

Com os anos, a cultura asiática também foi se fazendo muito presente no bairro. O número de karaokês, por exemplo, é crescente. Muito populares na Ásia, eles também fazem cada vez mais sucesso entre os paulistanos e os turistas que visitam a cidade.

ARQUITETURA 80 • polaris
A arquitetura feita pelos imigrantes foi concebida através de uma técnica híbrida
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Por fora, eles parecem bares normais ou, às vezes, são apenas uma portinha. Mas, por dentro, a maioria desses ambientes traz muitos elementos do design e da arquitetura japonesa, como colunas e cores naturais, que contrastam com os arranjos coloridos da decoração.

Jardim Oriental é um charme à parte Bem no meio de uma das ruas mais turísticas da Liberdade, há um pequeno parque, com características dos parques asiáticos, que ajuda quem o visita a se sentir mesmo em outro país: O Jardim Oriental. Com plantas e paisagismo típicos do Japão e um largo artificial, o local consegue transmitir um pouco da tranquilidade oriental, no meio do caos de São Paulo. De modo geral, pode-se afirmar que a arquitetura desenvolvida pelos imigrantes foi concebida através de uma técnica híbrida que nasceu a partir dos materiais encontrados em cada região e o ajuste às condições climáticas locais, todas essas questões adaptadas ao domínio técnico dos japoneses. O desafio de superar os limites de uma natureza desconhecida se concretizou na paisagem produzida pelo imigrante, foi uma tarefa árdua, mas necessária.

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ARQUITETURA

É evidente a construção identitária formada ao longo do tempo através dos elementos construtivos citados uma vez que adquirem significados próximos de memória cultural dos imigrantes japoneses. Em contrapartida, simultaneamente, a estética nipônica acabou sendo limitada a um mero componente decorativo ao estabelecer, por exemplo, um paralelo com o bairro da Liberdade SP, conhecido como bairro oriental pelo fato de parte de sua formação histórico-social estar atrelada a intensa ocupação de imigrantes de origem asiática.

A Liberdade passou a ser vista como o ponto ideal para abrigar a Little Tokyo ou a Chinatown brasileiras através da reprodução de um Oriente que pouco tivesse a ver com aquele construído pelos imigrantes e descendentes. Sem o comprometimento com a tradição cultural local, mas desfrutando de sua autenticidade, a orientalização no bairro da Liberdade pelo processo de reprodução e replicação de um oriente fake se consolida cada vez mais na cidade de São Paulo.

A arquitetura contemporânea japonesa usa o estilo high tech, criativa nos cortes e integração entre os ambientes internos e externos

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Eventos de Junho

Alguns dos eventos que vão ocorrer nas ruas do bairro da Liberdade em Junho

Festa Junina Vegana

Domingo

12:00 – 20:00

R. Taguá, 304

Garage

Musicaliando Sábado

21:00

4 10

Casa de Portugal

Av. da Liberdade, 602

15

Show de Hipnose Cômica

Sábado

22:45

Teatro Santo Agostinho

AGENDA 86• polaris
@DanielaAbreu
@FeniBurnie @AndréDeMoraes

21:30 – 23:30

Teatro Caritas

R. Pedro Paulino dos Jardim

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Nil Agra - Sem Controle Sexta
de
Sábado 20:30
Sábado 13:00
Magico
Oz
Av. da Liberdade, 602 Bunka Matsuri
Edifício Bunkyo - R. São Joaquim, 381
@AlndreaCardoso @BeatrizVigiani @AlexandreMagnani

Restaurantes pela Liberdade

Melhores restaurantes na Liberdade, em parceria com o aplicativo TripAdvisor. Aqui você também encontra comentários sobre os lugares, para ajudar em sua escolha

ASKA

“Experiência boa!”

Lugar lindo, bem decorado, limpeza e protocolos impecáveis, atendimento rápido, cordial, educado, eficiente. Porções generosas, a um preço acessível. Pedi um lámen shoyu de carne e uma porção de gyoza. A porção do lámen realmente é bem servida.

Endereço Rua Galvão Bueno 466

Horário 11:30 – 21:00

TANKA

“Muito bom”

Um restaurante com comida asiática self service. Entregou muito, foi como eu realmente esperava, comida boa, possibilidade de experimentar pratos novos à vontade, tudo delicioso. Recomendo super e quando voltar a São Paulo, será ponto batido.

Endereço Kyoto Hotel – Praça da Liberdade, 149

Horário 11:30 – 21:00

LAMEN KAZU

“Saborosíssimo!”

Os pequenos restaurantes da Liberdade são simples e deliciosos! Neste restaurante eles apresentam lámens variados e foi um dos mais gostosos que comi! Atendimento rápido, preço bom para uma refeição bem servida! Vale a pena conhecer!

Endereço R. Thomaz Gonzaga, 87 Horário 11:00 – 22:30

RESTAURANTES 88 • polaris
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ESPAÇO KAZU

“Uma Delícia!”

O espaço superior do Restaurante Kazu é uma padaria com excelentes opções de quitutes e bebidas quentes. Os doces são lindos e deliciosos. Experimentei o bolo de macha e o choux cream e é realmente muito bom.

Endereço R. Thomaz Gonzaga, 84/90 Horário 11:00 – 22:30

SPOONFUL

“Uma boa experiência”

Sorvete do tipo raspadinha, comum nas comunidades coreanas e taiwanesas, que pode ser de leite ou outros sabores. Pode escolher a gosto ou algumas opções que eles sugerem. Vale a experiência se você topa aprender sobre novos sabores e texturas.

Endereço R. Thomaz Gonzaga, 45G Horário 11:00 – 22:30

MOMO LAMEN HOUSE

“Saboroso, original e simpático”

Pedimos um udon com tempurá de camarão, um lámen com frango frito e uma porção de guioza. Os pratos vieram bem servidos e muito saborosos! A simpatia do atendimento foi um ingrediente especial. Voltaremos com certeza!

Endereço R. dos Estudantes, 34 Horário 11:00 – 20:00

polaris • 89

Restaurante temático da Hello Kitty

Venha conhecer um dos melhores restaurantes temáticos presentes no bairro da Liberdade. Apresentandojunto uma deliciosa doceria

Aberto em 2020, o restaurante da Hello Kitty em São Paulo já vem ganhando fãs na cidade por esbanjar fofura dos ambientes ao cardápio. O empreendimento faz parte das comemorações pelo aniversário de 45 anos da personagem, licenciada pela Sanrio. O espaço ocupa o último andar do espaço gastronômico Eat Asia e o objetivo, de acordo com a empresa, é trazer experiências parecidas com que as que existem no Japão.

O restaurante da Hello Kitty se chama Eat Asia, inspirado pelas vilas asiáticas, que obteve licença da marca para transformar as instalações em um local temático. São duas unidades, sendo uma delas totalmente dedicada à personagem, na rua Thomaz Gonzaga, 61.

Com cardápio de docinhos com rostinhos da gatinha japonesa, hamburgueres, e outras refeições orientais, além de produtos personalizados como a tiara com o emblemático laço vermelho da personagem, caneca, avental, sacola e boné.

O pedido deve ser feito logo na entrada da lanchonete, onde um cartaz exibe as opções de menu tradicional, com pratos oriundos do Japão, China, Índia e Tailândia. Tem porções de gyoza, yakissoba, katsudon, karê e salmão teriyaki, além de temakis, pokes e hot rolls. Já o prato principal é um hambúrguer de carne de wagyu com ilustração da Hello Kitty no pão de brioche. Acompanham cheddar, bacon, sunomono e maionese. O preço vai de R$ 15,90 a R$ 31,90, de acordo com o número de carnes. O último andar da loja conta com uma modesta confeitaria. Uma vez que a Liberdade é o ‘berço’ da cultura japonesa em São Paulo”, afirma.

RESTAURANTES 90 • polaris
• polaris
@Felipedasilva

Criada em 1974, Hello Kitty vem juntando gerações em todo o mundo por promover felicidade e incentivar a amizade entre as pessoas.

O que encontrar na Liberdade?

Bateu uma vontade de experimentar comidas novas? Você pode encontrar todos esses produtos na Korea Mart, loja de produtos coreanos na R. dos Estudantes, 41

POCKY

Deliciosos palitinhos de biscoitos cobertos por chocolate, morango entre muitos outros. Os Pockys, da marca Glico possuem o equilíbrio perfeito de alta qualidade, cremoso chocolate e a crocância dos biscoitos, essa combinação garante o seu sabor irresistível. Esse snack te levará ao paraíso! Experimente!

R$ 11,90

KOALA MARCH

Os biscoitos Koala March são os produtos mais conhecidos da marca Lotte, é sensação no Japão. É quase impossível comprar doces japoneses e não querer levar um Koala para casa. Além do formato divertido de coala em diversas expressões e roupinhas fofas, o biscoito é leve e crocante e o recheio é delicioso.

R$ 7,99

REFRIGERANTE DE MELÃO

Nutrition Taste é uma marca de refrigerantes conhecida pelos seus sabores exóticos. Esse refrigerante de melão é uma deliciosa bebida refrescante, ideal para tomar bem gelado. É super docinho e deixa um gosto delicioso na boca. Excelente para acompanhar os melhores momentos do seu dia e perfeito para os amantes de melão!

R$ 12,90

COMPRINHAS 92 • polaris
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SORVETE MELONA

Os clássicos sorvetes Melona são a combinação perfeita da fruta com a cremosidade do leite, nos sabores melão, morango, manga e banana. O maior diferencial está na cremosidade e no aroma intensos dos picolés e sorvetes da marca. Ideal para os dias de calor, o sorvete traz a refrescância perfeita para o seu dia!

R$ 11,90

SALGADINHO DE BATATA

O salgadinho Potato Snack possui um delicioso sabor de batata em palito. Crocante e sequinho, é o aperitivo ideal para lanches e para servir como acompanhamento de chá verde ou bebidas alcóolicas. Também conhecido pela sua embalagem fofa e por ser leve e saboroso. Não deixe de experimentar!

R$ 10,99

SORVETE SMOTI

O moti de sorvete da Smoti consiste em uma fina camada de arroz glutinoso, um doce típico japonês chamado moti, envolvendo uma bola de sorvete artesanal, encontrado nos sabores matcha, chocolate belga, doce de leite, morango ou coco. É a escolha perfeita para uma sobremesa prática e saborosa.

R$ 8,50

polaris • 93

TALENTO DA ARTE URBANA NA LIBERDADE

Uma caracteristica muito interessante em vários bairros são as artes de rua, e na liberdade é uma questão que passa quase despercebido por TIAGO UEHARA fotos JOÃO MOREIRA

Andar na Liberdade pode ser uma experiência única, com sua mistura de centro comercial, gastronômico e de entretenimento. Assim como todos os bairros de São Paulo, possui sua característica e uma identidade forte. E uma das mais interessantes e que praticamente passa invisível por milhares de pessoas são os grafites espalhados pela região.

As artes urbanas estão espalhadas por todo o bairro, porém, quase ninguém consegue descrever sequer uma ou duas, das dezenas que estão à vista. Mas é compreensível: com tantas lojas, cores e aromas, os grafites apenas compõem o cenário, ficando, quase sempre, em segundo plano.

Nos últimos tempos, um grande lambe-lambe do diretor Akira Kurosawa na rua Galvão Bueno tem feito grande sucesso, com diversas pessoas de todos os cantos da cidade posando em frente à arte para selfies. Mostrando o perfil do rosto do icônico diretor de cinema, o desenho é acompanhado pelos “setes samurais”, a obra mais consagrada da carreira. O interessante, contudo, é a composição do “painel” que o desenho está inserido: Kurosawa é ladeado pelo personagem Patolino e por um rapper, no que, talvez, seja a representatividade da diversidade e a “mistura” que tornou a própria Liberdade única, da maneira em que a vemos hoje. Mais longe de ser um bairro japonês ou oriental e mais próximo de um polo que abraça todos os tipos de estilos e cores.

polaris • 95

Esse tipo de expressão artística surgiu nos Estados Unidos na década de 70, e tem um caráter dinâmico e passageiro.

Yuri Ezreal é um dos artistas que contribui com a arte urbana no bairro. Fez um grafite na banca de Osmar e dona Ieda, que fica na esquina da rua da Glória com a dos Estudantes, exibindo uma mulher rosa com cabelo azul. Como uma musa, a arte colore o ambiente ao redor e a rua comercial. O artista mudou-se do Rio para o bairro paulistano durante o período crítico da pandemia, em busca de oportunidades profissionais. Para ele – que é apaixonado pela cultura oriental – deixar um grafite é uma forma de “retribuição” para o bairro que o acolheu. “Trazer o colorido transforma o ambiente e revitaliza o espaço”, justiça o grafiteiro, com orgulho.

Quem também deixou a sua marca na Liberdade é a artista Mariana Mats. Moradora do bairro, em seu desenho colorido de rosto feminino é possível verificar mais de dois olhos, uma marca do seu estilo artístico, mas sem perder a delicadeza ou causar estranhamento aos olhos. Quando perguntada sobre isso (seu conceito artístico), a artista diz que “temos que estar sempre atentos a olhar tudo ao nosso redor”. Para ela, grafitar é “levar o meu trabalho para todos”. “A rua é muito democrática”, explica, e diz que a importância da sua arte se define em “rua, vivências, cores e uma galeria a céu aberto”.

Mesmo com tanta coisa para se fazer no bairro, o colorido dos desenhos dá um charme a mais ao bairro. Os grafites são, portanto, uma bela atração do bairro, pois a arte dá uma nova vida ao ambiente. Aliadas ao potencial turístico e comercial, as artes urbanas despertam interesse, “tira o tom cinza”, como explica o próprio Yuri Ezreal e da mais graça e leveza no agito das ruas no cotidiano.

CULTURA 96 • polaris 96 • polaris
Deixar um grafite é uma forma de “retribuição” para o bairro que o acolheu
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No início, essa era uma arte marginalizada e de certa forma ainda sofre preconceitos nos dias de hoje, dependendo do local onde é produzida e do indivíduo que a realiza, sendo mais reprimida entre a população negra e pobre. Entretanto, alguns artistas conseguiram uma posição de destaque no mercado da arte

CULTURA 98 • polaris polaris

A arte urbana propõe justamente sair dos lugares ditos “consagrados”, aqueles destinados a exposições e apresentações artísticas, como os teatros, cinemas, bibliotecas e museus para evidenciar a arte cotidiana, espalhada pelas ruas

polaris • 99

Por que transformar São Paulo em uma cidade-esponja

A resposta vem do exemplo de diversas metrópoles chinesas, americanas e europeias, que estão adotando este conceito inovador por CRIS

Mais um verão. E outra vez as grandes cidades brasileiras, como São Paulo, sofrem com a tragédia anunciada das chuvas. Para além de jogar a culpa de tantos transtornos e mortes provocados por alagamentos e inundações no efeito das mudanças climáticas, é preciso nos debruçarmos sobre os problemas estruturais das nossas metrópoles – transformadas em verdadeiras selvas de pedra – e, a partir deles, pensarmos em formas criativas e de baixo custo capazes de, se não resolvê-los de vez, ao menos minimizá-los. Tomando São Paulo como exemplo, temos uma cidade construída em uma região fluvialmente rica e que, ao se desenvolver, priorizou as construções em concreto – negligenciando a conservação de áreas verdes – e a canalização e soterramento de rios, com um sistema de escoamento de água baseado em galerias. Com isso, hoje a maior parte do solo está impermeabilizado e não consegue absorver a água da chuva em grande quantidade. Da mesma forma, nosso sistema de galerias pluviais, obsoleto.

Para enfrentar ou evitar catástrofes, urbanistas têm rejeitado soluções tradicionais – baseadas em bocas de lobo e encanamentos – em favor de novas formas de garantir a drenagem da água.  E as cidades-esponjas nos mostram vários exemplos disso.

De acordo com o urbanista Anderson Kazuo Nakano, cerca de 30% a 40% da água da chuva que atinge o centro expandido de São Paulo se infiltra no solo. O restante escorre para os rios Pinheiros, Tietê, Tamanduateí e Aricanduva, provocando os transbordamentos. O ideal, segundo ele, seria que 50% desse volume fosse absorvido pelo solo e os outros 25% fossem retidos por mais tempo.

100 • polaris COLUNAS
CRIS MONTEIRO Pós-graduada em Finanças pelo IBMEC. E vereadora por São Paulo pelo NOVO.

Acabou a paciência: MP não vai mais negociar com a ViaMobilidade

De Olho no Poder, após um problema dentro de um alinha do trem urbano, o Ministério Público, cobfessa que vai para de negociar com a Viamobilidade por

Após mais um descarrilamento em uma linha de trem urbano gerida pela ViaMobilidade nesta semana, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) garantiu que não vai mais negociar com a concessionária e que agora buscará apenas medidas judiciais. “Todas as negociações foram encerradas, não vamos assinar acordo com a ViaMobilidade e tomaremos as medidas administrativas e judiciais cabíveis”, Ele investiga a concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda desde o ano passado, e encontrou uama série de irregularidades além dos cinco descarrilamentos desde então. A expectativa é que peçam pela extinção do contrato entre a concessionária e o Governo de SP. Em fevereiro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) subiu o tom contra o MPSP, para defender a manutenção do acordo: o Ministério Público paulista afirmou que estava apenas cumprindo suas “missões constitucionais”.

O vereador Arselino Tatto (PT) entrou Com um pedido de CPI nesta semana para apurar possíveis irregularidades nos contratos que  empresas de limpeza urbana mantêm com a Prefeitura de São Paulo. O vereador – que batizou a iniciativa de “CPI do Lixo” – disse que a falta de ações preventivas contribuiu para enchentes e alagamentos nas fortes chuvas que atingiram a capital paulista em março. “É inadmissível que a prefeitura gaste tanto dinheiro com zeladoria e o lixo continue espalhado por todas as vias da cidade”, afirmouNeste fim de semana, o gestor Giovanni Mockus pode entrar oficialmente na disputa pela presidência nacional da Rede Sustentabilidade. Ele, que é presidente  paulista da sigla, disputaria a chapa nacional com a ex-senadora Heloísa Helena.

polaris • 101
BRUNO HOFFMANN Repórter e redator de veículos impressos e online; editor de revistas CPI do Lixo

São Paulo deveria dizer não à privacidade do medo

Resolução da Prefeitura de São Paulo de gradear partes da Praça da Sé em prol de uma maior segurança. Cidadãos precisam estar tranquilos com o dia a dia da cidade por GUILHERME

A Prefeitura da cidade de São Paulo resolveu gradear várias partes da Praça da Sé, decisão essa que o professor Guilherme Wisnik considera preocupante, “levando em conta que isso expressa uma espécie de característica tácita ou intrínseca da sociedade brasileira, que é o patrimonialismo, isto é, a tendência a tratar os assuntos públicos como se eles fossem privados, que é uma tradição da nossa política. E, no caso do espaço público, essa característica cultural, histórica leva a uma certa desidentificação da nossa sociedade com a esfera pública, o que faz com que os espaços públicos terminem quase sempre gradeados”, observa ele, acrescentando que aquilo que devia ser de todos acaba sendo de poucos.

Por outro lado, é claro que existem exemplos que vão na contramão do que a Prefeitura paulistana pretende fazer. Wisnik cita o exemplo da cidade colombiana de Medellín, muito ligada, no passado, a um histórico de violência e ao tráfico de drogas. “Medellín resolveu adotar uma política de qualificação do espaço público por meio de equipamentos como bibliotecas, como mais iluminação, isto é, adotando aqueles espaços de uso, trazendo as pessoas para o espaço público ao invés de expulsá-las.”

Isso, segundo Wisnik, teve resultados muito satisfatórios, na medida em que se conseguiu reverter a situação de Medellín. De um lugar muito inseguro e violento, se transformou numa das cidades-modelo no mundo emergente, “do ponto de vista dessa incorporação de outras populações e da transformação do espaço público no lugar de uso cotidiano, onde a presença do coletivo se afirma contra o medo; então, é isso que São Paulo deveria mirar com vistas a uma administração pública.

103 • polaris COLUNAS
GUILHERME WISNIK Professor, crítico e curador. E Vice-Diretor da FAUUSP

Polarização, silêncio e escuta: a era da reatividade

Livro da jornalista Petria Chaves retrata as consequências de não saber silenciar. O resultado da sua pesquisa chega a ser assustador

Sento em frente ao notebook para escrever este texto e um barulho ensurdecedor embaralha ideias que, até então, pareciam tão claras. O ruído que me incomoda não vem de fora. Faz silêncio em casa. A manhã está fresca, o céu, azul, e as crianças brincando no playground abaixo da minha janela estão concentradas. A zoada que me leva a voltar mil vezes ao primeiro parágrafo está dentro de mim. Ela grita que tenho de finalizar esta coluna na próxima hora; secar os cabelos; pensar no almoço; me preparar para uma reunião; fazer compras; mandar e-mails; responder mensagens de WhatsApp; terminar de ler um livro; começar outro; fazer um post no Instagram; outro no LinkedIn; me atualizar das notícias; convidar as amigas para um vinho. Grita para eu fazer tudo isso agora e o efeito é paralisante.

Retomo o fio da meada e me lembro que “silenciar é sabedoria”, tema que não me sai da cabeça desde que li “Escute teu silêncio - Como a arte da escuta nos torna melhores profissionais, pais mais presentes e pessoas mais interessantes” (ed. Planeta), recém-lançado livro da jornalista Petria Chaves. Em entrevistas com psicoterapeutas, filósofas/os, psicanalistas, psicólogas/os, neurocientistas, lideranças religiosas, entre outras e outros profissionais, Petria trata das múltiplas consequências que a falta da escuta e do silêncio imprimem em nossa sociedade, e o resultado é assustador. “O espírito da nossa época é de uma desenfreada ansiedade, o que gera um constante mal-estar”, escreve a jornalista.

Mal-estar esse que se traduz numa reatividade do próprio corpo, como descreve Petria. É por isso que aquela mensagem incômoda de um chefe, colega de trabalho.

polaris • 104

O sufocante ar cinza

As árvores gostam de se esconder das fumaças

As nuvens não permitem que o sol se espalhe

Na Minha cabeça encontram-se falhas

No meio das ruas de uma cidade parada

Buzinas, carros, faróis e confusão

Chega a me deixar sem expressão

O cinza já agrega na minha visão

O deserto de arranha céus

Sufoca o verde da esperança

Já não pode se chegar ao céu

E se embelezar na ciranda

As folhas secas caem

Sem mais o sabor da brisa

Tudo já não era como antes

A cidade já é cinza

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Polarização, silêncio e escuta: a era da reatividade

1min
page 105

São Paulo deveria dizer não à privacidade do medo

1min
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Acabou a paciência: MP não vai mais negociar com a ViaMobilidade

1min
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Por que transformar São Paulo em uma cidade-esponja

1min
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TALENTO DA ARTE URBANA NA LIBERDADE

2min
pages 96-101

O que encontrar na Liberdade?

1min
pages 94-95

Restaurante temático da Hello Kitty

1min
pages 92-93

Restaurantes pela Liberdade

1min
pages 90-91

A ARQUITETURA ASIÁTICA NA LIBERDADE

3min
pages 80-87

BELLE BELINHA, SENSAÇÃO DA LIBERDADE

4min
pages 74-79

O PROFESSOR PIKACHU NA LIBERDADE

5min
pages 68-73

HISTÓRIA DOS NEGROS

4min
pages 62-67

O QUE FAZER NO BAIRRO DA LIBERDADE

4min
pages 56-61

A MAIOR PARADA LGBTQ+ ESTÁ EM SÃO PAULO

5min
pages 46-53

Black Mirror em São Paulo

1min
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Séries em São Paulo

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Livros em São Paulo

0
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Filmes em São Paulo

0
page 42

Confirmados: o que sabemos da Comic Con 2023?

1min
pages 40-41

Exposição celebra as obras de Picasso em São Paulo

1min
pages 38-39

AS VANTAGENS DE MORAR EM SP

5min
pages 32-37

COMO VIAJAR GASTANDO POUCO EM SP

5min
pages 26-31

VIVENDO E APRENDENDO

2min
pages 24-25

VIVENDO E APRENDENDO

1min
pages 22-23

A MÁ ALIMENTAÇÃO NAS ESTAÇÕES DE SP

1min
pages 20-21

VIVENDO E APRENDENDO

2min
pages 18-19

VIVENDO E APRENDENDO

1min
pages 16-17

COMO USAR TREM E METRÔ EM SP

1min
pages 14-15

A influência japonesa no Brasil

6min
pages 10-13

Bem-Vindo a Polaris :)

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A influência japonesa no Brasil

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