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A cada ano, cerca de 703 mil pessoas acabam com a própria vida e muitas mais tentam fazê-lo, dizem os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Todos os casos são uma tragédia que afecta famílias, comunidades e países e têm efeitos duradouros. O suicídio é um grave problema de saúde pública.
A ligação entre suicídio e a saúde mental está bem documentada. Em 2019, uma em cada oito pessoas no mundo, o equivalente a 970 milhões de pessoas, sofria de um transtorno mental. O estigma dissuade muitas de procurar ajuda.
Todos conhecemos a antiga máxima latina menssanaincorporsano (mente sã em corpo são), hoje comummente utilizada para ilustrar que um corpo são sustenta uma mente sã e vice-versa. Saúde mental e saúde física são, de facto, duas vertentes fundamentais e indissociáveis do conceito de vida saudável.
Chamar a atenção para a importância de se cuidar da saúde mental é o objectivo do Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de Outubro. Mas este deve ser um objectivo de todos os dias, já que a saúde mental pode efectivamente afectar todos os espectros da vida pessoal e, também, profissional. Segundo os dados da OMS e da Organização Internacional do Trabalho, anualmente, perdem-se cerca de dois mil milhões de dias de trabalho devido à depressão e à ansiedade.
Com a pandemia, houve um aumento dos problemas do foro psicológico, nomeadamente, de ansiedade, depressão, “burnout” e stress pós-traumático, entre outros. Face a este contexto, é de extrema importância implementar acções no dia-a-dia que permitam cuidar da saúde mental e auxiliar o corpo a alcançar o bem-estar total. E é na prevenção, mediante intervenções oportunas, que nos podemos apoiar para encontrar o equilíbrio desejado.
Não restem quaisquer dúvidas: não há saúde sem saúde mental, base do bem-estar geral.
Covid-19 deixa de ser emergência de saúde global
Desigualdades e o tratamento da asma 10
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99% da população mundial respira ar poluído
Ecoangola enumera as maiores ameaças à biodiversidade em Angola
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Pandemia aumenta casos de depressão e ansiedade
Dr. Rui Pires aborda a questão da saúde mental na população penal angolana e das estruturas de apoio nesse domínio
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Entrevista: A missão e objectivos da Fundação Ana Carolina pela voz da sua directora
42 Benefícios da meditação
Dr. Manuel Leite Cruzeiro destaca a importância da neuropediatria 38 46
Australpharma Partner Day reúne mais de 80 profissionais de saúde
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Dr. Djalme Fonseca assinala o Dia Mundial da Saúde Ocular
Dra. Zola João comenta a missão e os desafios da actividade farmacêutica
Análise: Inclusão é Força é o mote do Dia Mundial para a Consciencialização sobre o Albinismo
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A COVID-19 JÁ NÃO É UMA EMERGÊNCIA DE SAÚDE GLOBAL, DECRETOU A 5 DE MAIO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1.121 DIAS DEPOIS DE TER TOMADO CONHECIMENTO DE UM CONJUNTO DE CASOS DE PNEUMONIA DE CAUSA DESCONHECIDA EM WUHAN, NA CHINA. FORAM MAIS DE 765 MILHÕES OS CASOS CONFIRMADOS, DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA, E QUASE SETE MILHÕES DE PESSOAS MORRERAM.
OComité de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) discutiu a pandemia, na sua 15.ª reunião sobre a Covid-19, e o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus concordou que a declaração de emergência de saúde pública de preocupação internacional, ou PHEIC, deveria acabar. “Há mais de um ano que a pandemia tem estado numa tendência decrescente, com o aumento da imunidade populacional devido à vacinação e à infecção, a mortalidade a cair e a pressão sobre os sistemas de saúde a diminuir”, indicou o director geral da OMS. “Esta tendência permitiu que a maioria dos países voltasse à vida como a conhecíamos antes da Covid-19”
“A COVID-19 EXPÔS E EXACERBOU AS LINHAS DE FRACTURA POLÍTICA, DENTRO E ENTRE AS NAÇÕES. CORROEU A CONFIANÇA
ENTRE PESSOAS, GOVERNOS E INSTITUIÇÕES, ALIMENTADA POR UMA TORRENTE DE DESINFORMAÇÃO. E PÔS A NU AS DESIGUALDADES GRITANTES DO NOSSO MUNDO, SENDO AS COMUNIDADES MAIS POBRES E VULNERÁVEIS AS MAIS ATINGIDAS E AS ÚLTIMAS A TEREM ACESSO A VACINAS E OUTRAS FERRAMENTAS”
Fim do modo de crise
A organização declarou o surto de coronavírus como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional em Janeiro de 2020, cerca de seis semanas antes de caracterizá-lo como uma pandemia. Esta declaração cria um acordo entre os países para cumprirem as recomendações da OMS na gestão da emergência. Cada país, por sua vez, declara a sua própria emergência de saúde pública, declarações que têm peso legal. “Há 1.221 dias, a Organização Mundial da Saúde tomou conhecimento de um conjunto de casos de pneumonia de causa desconhecida em Wuhan, na China. No dia 30 de Janeiro de 2020, a conselho de um comité de emergência convocado ao abrigo do Regulamento Sanitário Internacional, declarei uma emergência de saúde pública de preocupação internacional devido ao surto global de Covid-19, o mais alto nível de alarme ao abrigo do direito internacional. Naquela época, fora da China, havia menos de 100 casos relatados e nenhuma morte reportada. Nos três anos desde então, a Covid-19 virou o nosso mundo de cabeça para baixo. Quase sete milhões de mortes foram relatadas à OMS, mas sabemos que o número é várias vezes maior – pelo menos, 20 milhões. Os sistemas de saúde foram gravemente perturbados, com milhões de pessoas a perderem serviços de saúde
essenciais, incluindo vacinas que salvam as vidas das crianças”, disse no seu discurso o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus. Mas a Covid-19 tem sido muito mais do que uma crise sanitária. “Causou graves perturbações económicas, apagando biliões do PIB, perturbando as viagens e o comércio, encerrando empresas e mergulhando milhões na pobreza. Causou graves convulsões sociais, com fronteiras fechadas, circulação restringida, escolas encerradas e milhões de pessoas a viver na solidão, isolamento, ansiedade e depressão. A Covid-19 expôs e exacerbou as linhas de fractura política, dentro e entre as nações. Corroeu a confiança entre pessoas, governos e instituições, alimentada por uma torrente de desinformação. E pôs a nu as desigualdades gritantes do nosso mundo, sendo as comunidades mais pobres e vulneráveis as mais atingidas e as últimas a terem acesso a vacinas e outras ferramentas”, prosseguiu. Por todos estes motivos, não obstante o fim da situação de emergência de saúde global, tal não significa que tudo tenha terminado. O director geral da OMS relembrou que, na semana que antecedeu a declaração do fim de emergência pública, a Covid-19 ceifou uma vida a cada três minutos – “e essas são apenas as mortes que conhecemos”. Milhares de pessoas em todo o mundo continuam internadas em unidades de cuidados intensivos e outros milhões vivem com os efeitos debilitantes da condição pós-Covid-19. O vírus continua a mutar e permanece o risco de surgirem novas variantes que causem novos picos de casos e mortes. “A pior coisa que qualquer país poderia fazer agora era usar esta notícia como motivo para baixar a guarda, desmantelar os sistemas que construiu ou enviar a mensagem ao seu povo de que a Covid-19 não é motivo de preocupação. O que esta notícia significa é que é hora dos países passarem do modo de emergência para a gestão
da Covid-19 ao lado de outras doenças infecciosas”, sublinhou o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus. Também a Dra. Maria Van Kerkhove, líder técnica de Covid-19 da OMS e chefe do seu programa sobre doenças emergentes, sustentou que a doença “veio para ficar” e que o coronavírus que a causa não vai desaparecer tão cedo. “Embora não estejamos no modo de crise, não podemos baixar a guarda. Epidemiologicamente, este vírus vai continuar a causar ondas. O que esperamos é ter as ferramentas para garantir que as ondas futuras não resultem em doenças mais graves, não resultem em vagas de mortes”
Futuro
Foram mais de 765 milhões os casos confirmados de Covid-19, desde o início da pandemia, segundo os dados da OMS. Quase sete milhões de pessoas morreram. A Europa teve o maior número de casos confirmados, mas as Américas registaram o maior número de mortes.
Os casos atingiram o pico em Dezembro de 2022, quando a variante Ómicron varreu o globo, atingindo a região do Pacífico Ocidental de forma particularmente severa. Mas as campanhas de vacinação permitiram que o número de mortes não escalasse. Globalmente, foram administradas 13,3 mil milhões de doses de vacinas. Actualmente, os casos e mortes por Covid-19 são os mais baixos em três anos.
O director geral da OMS indicou, contudo, que, se necessário, não hesitará em convocar outra reunião do comité de emergência e declarar novamente uma emergência de saúde global, se houver um aumento significativo de casos ou mortes por Covid-19 no futuro. “A Covid-19 deixou e continua a deixar cicatrizes profundas no nosso mundo. Essas cicatrizes devem servir como um lembrete permanente do potencial de surgimento de novos vírus com consequências devastadoras”, sublinhou. “Uma das maiores tragédias da Covid-19 é que não precisava ser assim. Temos as ferramentas e tecnologias para nos prepararmos melhor para as pandemias, detectá-las mais cedo, responder mais rapidamente e mitigar o seu impacto. Mas, globalmente, a falta de coordenação, a falta de equidade e a falta de solidariedade fizeram com que essas ferramentas não fossem usadas da forma mais eficaz possível. Perderam-se vidas que não deveriam ter sido perdidas. Devemos prometer a nós mesmos e aos nossos filhos e netos que nunca mais cometeremos esses erros. É disso que trata o acordo sobre a pandemia e as alterações ao Regulamento Sanitário Internacional que os países estão agora a negociar – um compromisso para com as gerações futuras de que não voltaremos ao antigo ciclo de pânico e negligência que deixou o nosso mundo vulnerável, mas avançaremos com um compromisso partilhado para enfrentar ameaças partilhadas com uma resposta partilhada”
EM 1948, AS NAÇÕES DO MUNDO UNIRAM-SE NO RESCALDO DA II GUERRA MUNDIAL PARA SE COMPROMETEREM A TRABALHAR EM CONJUNTO PARA UM MUNDO MAIS SAUDÁVEL, RECONHECENDO QUE AS DOENÇAS NÃO TÊM EM CONTA AS LINHAS QUE OS SERES HUMANOS TRAÇAM NOS MAPAS. E ASSIM FOI FORJADA A CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. TRÊS QUARTOS DE SÉCULO DEPOIS, AS NAÇÕES ESTÃO MAIS UMA VEZ A UNIR-SE PARA FORJAR UM ACORDO QUE GARANTA QUE NÃO SE VOLTARÃO A REPETIR OS MESMOS ERROS COMETIDOS AQUANDO DA PANDEMIA DE COVID-19.
Para ajudar os países a melhor se prepararem para futuras pandemias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma nova iniciativa que fornece orientações sobre o planeamento abrangente necessário para responder a qualquer patógeno respiratório, como a gripe ou o coronavírus. A nova iniciativa de Preparação e Resiliência para Ameaças Emergentes (PRET) apresenta as mais recentes ferramentas e abordagens para aprendizagem partilhada e acção colectiva consagradas durante a pandemia de Covid-19 e outras emergências recentes de saúde pública. No âmbito da iniciativa, a OMS utilizará uma abordagem de transmissão para orientar os países no planeamento de pandemias, uma vez que muitos dos meios e capacidades são comuns a grupos patogénicos. A iniciativa PRET responde ao apelo à orientação técnica e ao apoio para promover e reforçar a preparação e a resposta integradas, tal como delineado nas resoluções da Assembleia Mundial da Saúde.
A pandemia de Covid-19 e outras emergências sanitárias mostraram que os países precisam de estar operacionalmente preparados para responder às ameaças de doenças infecciosas, com planos adaptados e melhor coordenação e colaboração com outros sectores, como a agricultura. “As actividades de preparação, prevenção e resposta não devem ser responsabilidade exclusiva do sector da saúde”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “Assim como as emergências de saúde afectam muitos sectores, os nossos esforços de preparação e resposta também devem abranger vários sectores, disciplinas e agentes patogénicos. Também é fundamental que o envolvimento da comunidade e a equidade estejam no centro dos nossos esforços, especialmente para as populações marginalizadas e em maior risco”
PRET
A iniciativa PRET é uma evolução na abordagem da OMS à preparação para pandemias, através da aplicação de uma abordagem de transmissão, em vez de uma abordagem específica da doença. Não obstante, a OMS continuará a desenvolver e a divulgar orientações específicas para cada doença, conforme necessário.
Antes da pandemia de Covid-19, 92 (47%) Estados-membros referiam ter planos de preparação para a pandemia de agentes patogénicos respiratórios (gripe). Muitos Estadosmembros adaptaram estes planos para apoiar a sua resposta à Covid-19. Ao longo da pandemia, outros Estados-membros desenvolveram ou actualizaram os seus planos, com 176 (91%) a reportarem ter um plano de resposta à pandemia de Covid-19, em 2021. A OMS estabeleceu, agora, metas globais para que os Estados-membros desenvolvam ou actualizem os seus planos para uma pandemia de agentes patogénicos respiratórios.
O primeiro módulo da iniciativa PRET centra-se nos agentes patogénicos respiratórios, como a gripe, os coronavírus e o vírus sincicial respiratório. Dada a pandemia de Covid-19 e a ameaça potencial da gripe aviária, este módulo permitirá aos países reverem, testarem e actualizarem criticamente as suas medidas de planeamento para pandemias de doenças respiratórias, com vista a disporem de meios e capacidades funcionais.
Está em curso um processo para identificar o próximo grupo de agentes patogénicos, como as arboviroses, a abordar no âmbito desta iniciativa. Seguir-se-ão as prioridades definidas nas 10 propostas destinadas a reforçar a arquitectura global em matéria de preparação, resposta e resiliência a emergências sanitárias.
A iniciativa PRET marca o início de uma nova era para a preparação para pandemias e representa uma evolução das principais actividades da OMS para apoiar todos os seus Estados-membros no reforço das capacidades e meios de preparação, prevenção e resposta a emergências sanitárias. A iniciativa pode também servir para implementar os objectivos e as disposições do acordo sobre as pandemias que está actualmente a ser negociado pelos Estados-membros da OMS, para adopção pela Assembleia Mundial da Saúde a realizar em Maio de 2024.
A 5 DE MAIO ASSINALOU-SE O DIA MUNDIAL DA HIGIENE DAS MÃOS, PARA AUMENTAR A CONSCIENCIALIZAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DESTA PRÁTICA QUE SALVA MILHÕES DE VIDAS, TODOS OS ANOS. ESTE É UM MOMENTO CRÍTICO, EM QUE OS PAÍSES DE TODO O MUNDO PRECISAM DE ACELERAR A IMPLEMENTAÇÃO DAS LIÇÕES DA PANDEMIA, ONDE SE INCLUI A HIGIENE DAS MÃOS, PARA FECHAR AS LACUNAS NA PREVENÇÃO E CONTROLO DAS INFECÇÕES.
A campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) para assinalar o Dia Mundial da Higiene das Mãos de 2023, comemorado no passado dia 5 de Maio, pôs em foco as organizações da sociedade civil. “Impulsionadas pela sua paixão, valores e fortes agendas de justiça social, e muitas vezes em estreita proximidade com as comunidades que servem, as organizações da sociedade civil podem liderar e acelerar a mudança, a nível local, nacional e internacional”, sustenta a OMS.
Nesse sentido, apela-se a todas as organizações da sociedade civil e outras organizações parceiras para se envolverem na campanha “SAVE LIFES – Clean Your Hands” e acelerarem
o progresso na consecução de uma higiene eficaz das mãos, sobretudo, nos locais de prestação de cuidados de saúde.
Campanha
Todos os anos, a campanha visa progredir no objectivo de manter um perfil global sobre a importância da higiene das mãos nos cuidados de saúde e reunir as pessoas no apoio à melhoria da higiene das mãos, a nível global.
A OMS apela a todos para que se inspirem no movimento global para alcançar a cobertura universal de saúde, ou seja, alcançar uma melhor saúde e bem-estar para todas as pessoas em todas as idades, incluindo protecção contra riscos financeiros, acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos. A prevenção e o controlo de infecções, incluindo a higiene das mãos, são fundamentais para alcançar a cobertura universal de saúde, uma vez
que se trata de uma abordagem prática e baseada em dados concretos, com impacto demonstrado na qualidade dos cuidados e na segurança dos doentes em todos os níveis do sistema de saúde.
De acordo com o Banco Mundial, a promoção da higiene é a acção de saúde mais eficaz, em termos de custos, para reduzir as doenças. No Dia da Higiene das Mãos, a OMS incentiva os profissionais de saúde, os pacientes e o público em geral a promover e praticar bons hábitos de higiene das mãos para prevenir a propagação de infecções. Isso inclui lavar as mãos regularmente, usar desinfectantes para as mãos à base de álcool, evitar tocar o rosto com as mãos não lavadas e cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ou cotovelo ao tossir ou espirrar. As mãos estão expostas a um milhão de germes diariamente, que podem facilmente entrar no corpo através de alimentos e bebidas. A higiene das mãos pode prevenir aproximadamente 30% das doenças diarreicas e aproximadamente 20% das infecções respiratórias. Os antibióticos são frequentemente prescritos com demasiada frequência para estes problemas de saúde, pelo que minimizar o número dessas infecções, lavando as mãos com frequência, ajuda a evitar o uso excessivo de antibióticos. A lavagem das mãos também pode evitar que as pessoas adoeçam com germes resistentes aos antibióticos e difíceis de tratar.
A ASMA É UMA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DNTS), AFECTANDO CRIANÇAS E ADULTOS. A INFLAMAÇÃO E O ESTREITAMENTO DAS VIAS AÉREAS FINAS NOS PULMÕES CAUSAM SINTOMAS DE ASMA, QUE PODEM APRESENTAR-SE SOB A FORMA DE TOSSE, PIEIRA, FALTA DE AR E APERTO NO PEITO. OS DADOS MAIS RECENTES DISPONÍVEIS, RELATIVOS A 2019, INDICAM QUE ESTA CONDIÇÃO AFECTOU CERCA DE 262 MILHÕES DE PESSOAS E CAUSOU 461 MIL MORTES EM TODO O MUNDO. MAS A MAIORIA DAS MORTES RELACIONADAS COM A ASMA OCORRE EM PAÍSES DE RENDIMENTO BAIXO E MÉDIO-BAIXO, ONDE A FALTA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO É UM PROBLEMA. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE ESTÁ, ASSIM, EMPENHADA EM MELHORAR O DIAGNÓSTICO, O TRATAMENTO E A VIGILÂNCIA DA ASMA, PARA REDUZIR A CARGA GLOBAL DAS DNTS E AVANÇAR PARA UMA COBERTURA UNIVERSAL DE SAÚDE.
Aasma é uma doença crónica que afecta crianças e adultos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se mesmo da doença crónica que mais afecta as crianças. As estimativas mais recentes apontam que 339 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofram desta condição, caracterizada pelo facto das vias que transportam o ar para os pulmões se estreitarem, devido à inflamação e compressão dos músculos que rodeiam as vias aéreas finas, o que causa os seus sintomas, como tosse, pieira, falta de ar e aperto no peito. Estes sintomas são intermitentes e, geralmente, agravam-se durante a noite ou o exercício. Mas outros gatilhos comuns podem agravar os sintomas da asma. Estes
O Dia Mundial da Asma é uma iniciativa organizada pela Global Initiative for Asthma (GINA), uma organização parceira da OMS fundada em 1993. Este dia assinala-se anualmente em Maio, na primeira Terça-Feira, para elevar a consciencialização para a problemática da asma, a nível mundial.
Este ano, o tema escolhido para assinalar o Dia Mundial da Asma foi “Cuidado para Todos”, de modo promover o desenvolvimento e implementação de programas de gestão da asma eficazes em todos os países, não obstante serem de rendimento baixo, médio ou elevado.
Esta doença caracteriza-se por crises recorrentes relacionadas com dificuldades respiratórias e, tal como as doenças alérgicas, o seu diagnóstico tem vindo a aumentar com o aquecimento global e os picos de poluição. Estimase que 339 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afectadas.
A ASMA É UMA DOENÇA CRÓNICA QUE AFECTA CRIANÇAS E ADULTOS. DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, TRATA-SE MESMO DA DOENÇA CRÓNICA QUE MAIS
AFECTA AS CRIANÇAS. AS ESTIMATIVAS MAIS RECENTES APONTAM QUE 339 MILHÕES DE PESSOAS, EM TODO O MUNDO, SOFRAM DESTA CONDIÇÃO, CARACTERIZADA PELO FACTO DAS VIAS QUE TRANSPORTAM O AR PARA OS PULMÕES SE ESTREITAREM, DEVIDO À INFLAMAÇÃO E COMPRESSÃO DOS
MÚSCULOS QUE RODEIAM AS VIAS
AÉREAS FINAS
variam de pessoa para pessoa e incluem infecções virais (resfriados), poeira, fumo, gases, mudanças climáticas, pólens, pele e penas de animais, sabonetes fortes e perfumes.
O grande desafio actualmente relacionado com a asma é que se trata de uma doença que é diagnosticada e tratada menos do que deveria, particularmente em países de rendimento baixo e médio-baixo. As pessoas que não recebem tratamento adequado podem sofrer de distúrbios do sono, cansaço durante o dia e problemas de concentração. Pacientes com asma e seus familiares podem ter de se ausentar da escola e do trabalho, o que tem repercussões económicas para a família e para a comunidade em geral. Quando os sintomas são graves, as pessoas com asma podem necessitar de cuidados urgentes e podem ter de ser internadas num hospital para tratamento e monitorização. Nos casos mais graves, a asma pode ser letal.
Causas da asma
Embora muitos factores diferentes tenham sido associados ao aumento do risco de asma, muitas vezes, é difícil encontrar uma única causa directa. A probabilidade de desenvolver asma é maior se outros membros da família também forem asmáticos, particularmente familiares próximos, como pais ou irmãos. Se um dos progenitores sofrer de asma, o risco do filho ter a doença é de 25%. Se ambos os progenitores sofrerem da doença, o risco sobe
O ÚLTIMO INQUÉRITO DA OMS
SOBRE A CAPACIDADE DAS DNTS POR PAÍS CONCLUIU QUE, NOS PAÍSES DE RENDIMENTO BAIXO E MÉDIO-BAIXO, OS INALADORES BRONCODILATADORES ESTÃO DISPONÍVEIS EM 60% DOS MESMOS E OS INALADORES DE ESTEROIDES ESTÃO DISPONÍVEIS EM 40%. PARA REDUZIR O NÚMERO DE MORTES
PREMATURAS EVITÁVEIS POR ASMA QUE OCORREM TODOS OS ANOS EM PAÍSES DE BAIXO E MÉDIO
RENDIMENTO – CERCA DE 185 MIL PESSOAS COM MENOS DE 70 ANOS -, É NECESSÁRIO RESOLVER ESTA DESIGUALDADE GLOBAL
para 50%. A asma é também mais comum em pessoas que têm outras alergias, como eczema ou rinite.
A urbanização também tem sido associada a um aumento na prevalência de asma, provavelmente, devido a vários factores de estilo de vida. Certos acontecimentos no início da vida podem afectar o desenvolvimento dos pulmões e aumentar o risco de asma. Esses factores incluem baixo peso ao nascer, prematuridade, exposição ao fumo do tabaco e outras fontes de poluição do ar, bem como infecções respiratórias virais.
Acredita-se também que a exposição a uma série de alérgenos e irritantes ambientais pode aumentar o risco de asma, como a poluição do ar interior e exterior, ácaros do pó doméstico, bolores e exposição ocupacional a produtos químicos, fumos ou poeiras. Crianças e adultos com excesso de peso ou obesos têm também um risco aumentado de asma.
Reduzir a carga Embora não haja cura para a asma, o tratamento adequado com medicamentos inalados pode ajudar a controlar a doença e tornar mais fácil para as
pessoas asmáticas levarem uma vida normal e activa.
Existem dois tipos principais de inaladores: broncodilatadores (como o salbutamol), que libertam as vias aéreas e aliviam os sintomas, e esteroides (como a beclometasona), que reduzem a inflamação nas vias respiratórias, melhorando os sintomas da asma e reduzindo o risco de ataques graves e de morte. As pessoas com asma podem ter de utilizar um inalador diariamente. O seu tratamento dependerá da frequência dos sintomas e dos diferentes tipos de inaladores disponíveis. Mas, em muitos países, o acesso aos inaladores continua a ser um problema. De acordo com a OMS, em 2019, em países de baixa renda, apenas metade das pessoas com asma tinha acesso a um broncodilatador e menos de uma em cada cinco tinha acesso a um inalador de esteroides em unidades básicas de saúde. As pessoas com asma e as suas famílias precisam de formação para compreender melhor a sua condição, o seu tratamento, os gatilhos a evitar e como tratar os seus sintomas em casa. Também é importante sensibilizar a comunidade para desfazer os mitos e estigmas associados à asma em alguns contextos.
A asma está listada no Plano de Acção Global da OMS para a Prevenção e Controlo das DNTs e na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
A OMS está a tomar medidas para melhorar o diagnóstico e o tratamento da asma. Por exemplo, o Conjunto de Intervenções Essenciais da OMS para Doenças Não Transmissíveis (NCSPs) foi desenvolvido para melhorar o tratamento de DNTs na atenção primária à saúde em ambientes com poucos recursos. Este pacote de intervenções inclui protocolos de avaliação, diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias crónicas (como a asma e a doença pulmonar
Por ocasião do Dia Mundial da Asma, a OMS partilhou cinco dicas para ajudar a melhor gerir esta doença crónica.
1. Estar atento aos sintomas
Tosse, pieira e dificuldade em respirar são sinais de que a asma não está bem controlada. Se sentir que os sintomas estão a piorar, deve seguir as instruções do seu médico. Deve utilizar um inalador (por exemplo, salbutamol) com um espaçador para abrir as suas vias respiratórias.
2. Identificar e evitar os factores desencadeantes
Os gatilhos comuns incluem fumo, infecções virais, pólen, mudanças no clima, peles e penas de animais e fragrâncias fortes. Cada paciente deve procurar saber o que o afecta e tentar evitar, se possível. Se não for possível, deve certificar-se de que tem o seu inalador prontamente disponível.
3. Conhecer os inaladores
Um inalador de alívio, também chamado de broncodilatador, abre as pequenas vias aéreas e melhora o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Deve ser utilizado quando tiver sintomas. Já um inalador esteroide ou preventivo reduz a inflamação nos pulmões e é parte essencial do tratamento da asma, a longo prazo. Usar um inalador de esteroides, conforme indicado pelo médico, irá melhorar os sintomas e reduzir o risco de um ataque grave. Os inaladores são o tratamento mais seguro e eficaz para a asma e permitem que as pessoas com asma tenham uma vida normal e activa.
4. Usar um espaçador
Um espaçador é uma câmara de plástico que liga o inalador numa extremidade à boca, através de um aplicador bucal, ou máscara na outra extremidade. Pode ajudar os medicamentos inalados a alcançarem as pequenas vias respiratórias dos pulmões e a funcionar melhor. O espaçador permite mais tempo para o medicamento ser inalado e significa que é necessária menos coordenação. Sem um espaçador, tem de se inspirar profundamente e pressionar o inalador ao mesmo tempo – o medicamento inalado acaba frequentemente na boca ou na garganta e é ineficaz. Alguns tipos de inalador (por exemplo, inaladores de pó seco) não necessitam de espaçador. A OMS aconselha a falar com o médico assistente em caso de dúvidas.
O conhecimento é poder. Os pacientes com asma devem pedir ao médico assistente que lhes explique como funcionam os seus medicamentos inalados e como os devem utilizar. E devem certificar-se de que os seus amigos e familiares também sabem o que fazer. Usar os inaladores precocemente, quando se nota que os sintomas estão a piorar, pode evitar um ataque grave.
obstrutiva crónica), bem como módulos de aconselhamento sobre estilos de vida saudáveis, como a cessação tabágica. A redução da exposição ao fumo do tabaco é importante tanto para a prevenção primária da asma, como para o tratamento da doença. A Convenção-Quadro para a Luta Anti-tabaco permite progressos neste domínio, bem como várias iniciativas da OMS, como o plano de acção MPOWER ou o programa mTobacco Cessation. A Aliança Global contra as Doenças Respiratórias Crónicas (GARD) contribui para o trabalho da OMS na prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas. É uma aliança voluntária de organizações e agências nacionais e internacionais de muitos países, comprometidas com a visão de um mundo em que todas as pessoas possam respirar livremente. “A asma não controlada tem consequências importantes para as pessoas que vivem com asma, para as suas famílias e comunidades, para os sistemas de saúde e para as economias nacionais. É chocante que, todos os dias, crianças e adultos sofram desnecessariamente de sintomas que poderiam ser evitados com medicamentos inalatórios essenciais”, diz o Dr. Bente Mikkelsen, director do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da Organização Mundial da Saúde. “É necessário um enorme esforço para acelerar a cobertura universal de saúde e cumprir os compromissos assumidos no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável” O último inquérito da OMS sobre a capacidade das DNTs por país concluiu que, nos países de rendimento baixo e médio-baixo, os inaladores broncodilatadores estão disponíveis em 60% dos mesmos e os inaladores de esteroides estão disponíveis em 40%. Para reduzir o número de mortes prematuras evitáveis por asma que ocorrem todos os anos em países de baixo e médio rendimento – cerca de 185 mil pessoas com menos de 70 anos -, é necessário resolver esta desigualdade global.
UM ESTUDO RECENTE PUBLICADO NA REVISTA THE LANCET EXPLOROU A CORRELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR) E O DESENVOLVIMENTO DE ASMA NA INFÂNCIA. DETERMINAR SE A PREVENÇÃO DA INFECÇÃO POR VSR NA INFÂNCIA PODE REDUZIR O RISCO DE ASMA INFANTIL É CRUCIAL PARA DESENVOLVER MÉTODOS EFICAZES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA, REDUZIR A MORBIDADE RESPIRATÓRIA E ESTABELECER POLÍTICAS DE SAÚDE.
OVSR é um vírus respiratório sazonal que afecta quase todas as crianças aos 2 anos de idade e repetidamente ao longo da vida. É a principal causa de bronquiolite, uma infecção do tracto respiratório inferior que se apresenta como tosse e sibilos em lactentes e crianças pequenas. Os sintomas são ligeiros, na maioria das crianças, e geralmente desaparecem em cerca de uma semana, mas podem levar a doença grave e morte, especialmente em bebés prematuros ou muito jovens e naqueles com doença pulmonar crónica ou doença cardíaca congénita. “É a causa mais comum de hospitalizações em todo o mundo devido a problemas respiratórios no primeiro ano de vida”, disse o Dr. Christian Rosas-Salazar, professor assistente de Pediatria na Divisão de Alergia, Imunologia e Medicina Pulmonar do Vanderbilt University Medical Center, autor do estudo. Em estudos observacionais, a bronquiolite por VSR tem sido consistentemente associada à asma infantil e a alergias. Mas ainda há muito que se desconhece sobre essa conexão, incluindo os factores de risco exactos que podem tornar as crianças mais susceptíveis a desenvolver asma após a infecção por VSR. Este novo estudo, conduzido por investigadores no Tennessee, foi projectado para analisar alguns desses factores. “Durante 60 anos, os investigadores identificaram repetidamente a ligação entre o VSR grave e a asma. No entanto, mostramos que essa ligação é explicada em parte pela hereditariedade partilhada tanto para o VSR grave quanto para a asma”, disse a investigadora principal do estudo, Dra. Tina Hartert, professora de Medicina e Pediatria.
O estudo “Infant Susceptibility to Pulmonary Infections and Asthma After RSV Exposure (INSPIRE)”, agora publicado na The Lancet, visou testar a hipótese de que a infecção por VSR durante a infância aumenta a probabilidade de asma infantil. Os investigadores acompanharam cerca de 1.700 crianças saudáveis nascidas no estado norteamericano do Tennessee, entre 2012 e 2013, até aos 5 anos. As crianças que preenchiam os critérios de elegibilidade foram inscritas no estudo nos primeiros quatro meses após o nascimento. O processo de recrutamento foi realizado em 11 consultórios pediátricos e os critérios de inclusão para o estudo
foram crianças saudáveis, sem doenças cardiovasculares, pulmonares ou neurológicas significativas, nascidas a termo, com peso ao nascer igual ou superior a 2.250 gramas. No geral, cerca de metade das crianças contraiu VSR no primeiro ano de vida e essas eram mais propensas a desenvolver asma quando completavam 5 anos. “No nosso estudo, entre crianças saudáveis nascidas a termo, não ser infectado pelo VSR no primeiro ano de vida foi associado a um risco substancialmente reduzido de desenvolver asma infantil, que afecta cerca de 8% das crianças nos Estados Unidos da América”, disse o Dr. Christian Rosas-Salazar. “Os nossos resultados mostram uma associação dependente da idade entre a infecção por VSR durante a infância e a asma infantil” Especificamente, as crianças que contraíram VRS na infância tiveram um risco 26% maior de ter asma do que aquelas que não contraíram tão cedo. “Concentrámo-nos no primeiro ano de vida porque pensamos que é um período muito importante de desenvolvimento pulmonar e imunológico. Acreditamos que, quando uma criança é infectada pelo VSR no primeiro ano de vida, quando os pulmões e o sistema imunológico ainda estão em desenvolvimento, isso pode levar a certas anormalidades que podem mais tarde causar asma”
Regresso dos vírus sinciciais Embora os primeiros anos da pandemia tenham visto um declínio de muitas infecções comuns, esses vírus regressaram em força. O impacto do VSR sobre os jovens e idosos há muito que os torna candidatos para a vacinação e outros tratamentos. Ainda não se sabe se alguma dessas vacinas pode fornecer protecção a longo prazo, mas devem reduzir substancialmente o risco de doença grave antes da época do VSR (normalmente, o Inverno), muito parecido com a vacina anual contra a gripe. “Esperamos que os resultados deste estudo motivem o acompanhamento a longo prazo de resultados respiratórios comuns entre crianças em ensaios clínicos em curso de produtos de prevenção do VSR, incluindo vacinas e anticorpos monoclonais que podem diminuir a gravidade da infecção”, acrescentou o Dr. Christian Rosas-Salazar.
A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA É UM
DOS MAIORES RISCOS AMBIENTAIS PARA A SAÚDE EXISTENTES. AO REDUZIR OS NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA, OS PAÍSES PODEM REDUZIR O PESO DAS DOENÇAS CAUSADAS POR ACIDENTES
VASCULARES CEREBRAIS, DOENÇAS CARDÍACAS, CANCRO DO PULMÃO E DOENÇAS PULMONARES CRÓNICAS E AGUDAS, INCLUINDO
A ASMA. EM 2019, 99% DA
POPULAÇÃO MUNDIAL VIVIA EM
LOCAIS ONDE AS DIRECTRIZES
DE QUALIDADE DO AR DA
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
NÃO ERAM RESPEITADAS.
Os efeitos combinados da poluição do ar ambiente e da poluição do ar doméstico estão associados a 6,7 milhões de mortes prematuras por ano, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). A poluição do ar exterior representa um grande risco ambiental para a saúde, que afecta todas as pessoas em países de baixo, médio e alto rendimento. De acordo com estimativas, a poluição do ar ambiente (ao ar livre) em cidades e áreas rurais em todo o mundo causa 4,2 milhões de mortes prematuras a cada ano, mortalidade que se deve à exposição a partículas finas que provocam doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como cancros.
A OMS estima que, em 2019, aproximadamente 37% das mortes prematuras relacionadas com a poluição do ar exterior deveu-se a doença cardíaca isquémica e acidente vascular cerebral, 18% e 23% das mortes a doença pulmonar obstrutiva crónica e infecções respiratórias agudas, respectivamente, e 11% das mortes a cancro das vias respiratórias. As pessoas que vivem em países de baixo e médio rendimento suportam desproporcionalmente o fardo da poluição atmosférica exterior, com 89% dos 4,2 milhões de mortes prematuras a ocorrer nestas áreas. O fardo é mais elevado nas regiões do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. As últimas estimativas do peso das doenças reflectem o importante papel da poluição atmosférica nas doenças cardiovasculares e na mortalidade associada.
OS EFEITOS COMBINADOS DA POLUIÇÃO DO AR AMBIENTE E DA POLUIÇÃO DO AR DOMÉSTICO ESTÃO ASSOCIADOS A 6,7 MILHÕES DE MORTES PREMATURAS POR ANO, ALERTA A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. A POLUIÇÃO DO AR EXTERIOR REPRESENTA UM GRANDE RISCO AMBIENTAL PARA A SAÚDE, QUE AFECTA TODAS AS PESSOAS
EM PAÍSES DE BAIXO, MÉDIO E ALTO RENDIMENTO. DE ACORDO COM ESTIMATIVAS, A POLUIÇÃO DO AR AMBIENTE (AO AR LIVRE)
EM CIDADES E ÁREAS RURAIS
EM TODO O MUNDO CAUSA 4,2
MILHÕES DE MORTES PREMATURAS
A CADA ANO, MORTALIDADE
QUE SE DEVE À EXPOSIÇÃO A
PARTÍCULAS FINAS, QUE PROVOCAM
DOENÇAS CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS, BEM COMO CANCROS
Qualidade do ar
Quase toda a população mundial (99%) respira ar que excede os limites de qualidade recomendados pela OMS e põe em perigo a sua saúde. Um número recorde de mais de seis mil cidades em 117 países está agora a monitorizar a qualidade do ar, mas as pessoas que nelas vivem continuam a respirar níveis insalubres de material particulado fino e dióxido de nitrogénio, com aqueles que vivem em países de baixa e média renda a sofrerem as maiores exposições.
Estes dados levaram a OMS a sublinhar a importância de reduzir a utilização de combustíveis fósseis e a tomar outras medidas tangíveis para reduzir os níveis de poluição atmosférica.
A actualização de 2022 da base de dados da OMS sobre a qualidade do ar introduziu, pela primeira vez, medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de azoto (NO2), um poluente urbano comum e precursor das partículas em suspensão e do ozono. Inclui também medições de partículas com diâmetros iguais ou inferiores a 10 μm (MP10) ou 2,5 μm (MP2,5). Ambos os grupos de poluentes provêm, principalmente, de actividades humanas relacionadas com a combustão de combustíveis fósseis.
“Os desafios energéticos actuais destacam a importância de acelerar a transição para sistemas energéticos mais limpos e saudáveis”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, director geral da OMS. “Os elevados preços dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os desafios gémeos da poluição atmosférica e das alterações climáticas em matéria de saúde realçam a necessidade urgente de avançar mais rapidamente para um mundo muito menos dependente dos combustíveis fósseis”
A base de evidências sobre os danos que a poluição do ar causa ao corpo humano tem também crescido rapidamente e aponta para danos significativos causados mesmo por baixos níveis de muitos poluentes atmosféricos. As partículas, especialmente as MP2,5, são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na
corrente sanguínea, afectando os sistemas cardiovascular, cerebrovascular (AVC) e respiratório. Mas há evidências crescentes de que o material particulado afecta outros órgãos e também causa outras doenças. O NO2, em particular, está associado a doenças respiratórias, especialmente asma, levando a sintomas respiratórios como tosse, pieira ou falta de ar.
“Após sobreviver a uma pandemia, é inaceitável que ainda existam sete milhões de mortes evitáveis e incontáveis anos de perda evitável de boa saúde devido à poluição do ar. É o que dizemos quando examinamos a montanha de dados, evidências e soluções disponíveis sobre poluição do ar. No entanto, ainda está a ser feito demasiado investimento num ambiente poluído e não em ar limpo e saudável”, disse a Dra. Maria Neira, directora do Departamento de Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde
A fim de ter em conta estas evidências, a OMS reviu as suas directrizes de qualidade do ar para as tornar mais rigorosas, especialmente no que diz respeito às MP e ao NO2, uma medida fortemente apoiada pela comunidade de saúde, associações médicas e organizações de doentes. A base de dados 2022 tem como objectivo monitorizar o estado do ar mundial e contribui para o acompanhamento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Tomar medidas contra a poluição atmosférica, que é o segundo factor de risco para as doenças não transmissíveis, é crucial para proteger a saúde pública. A maioria das fontes de poluição atmosférica exterior escapa ao controlo das pessoas, exigindo uma acção concertada por parte dos decisores políticos locais, nacionais e regionais que trabalham em sectores como a energia, os transportes, a gestão de resíduos, o planeamento urbano e a agricultura.
A DIVERSIDADE BIOLÓGICA OU BIODIVERSIDADE É COMPREENDIDA COMO A VARIEDADE DE FORMAS DE VIDA PRESENTES NUM LOCAL. DETÉM UM ENORME VALOR CIENTÍFICO, ESPIRITUAL E CULTURAL E AINDA APRESENTA VANTAGENS INCONTESTÁVEIS
PARA A MANUTENÇÃO DO BEM-ESTAR HUMANO, GARANTIA DE SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR, COMBATE ÀS DOENÇAS, CRESCIMENTO ECONÓMICO, FORNECIMENTO DE MEIOS DE SUBSISTÊNCIA, ENTRE OUTROS SERVIÇOS. PORÉM, A UTILIZAÇÃO NÃO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS ORIUNDOS DA BIODIVERSIDADE CONTRIBUI PARA O SURGIMENTO DE DIVERSOS PROBLEMAS AMBIENTAIS, ECONÓMICOS E SOCIAIS, COMPROMETENDO A MANUTENÇÃO DE VÁRIAS FORMAS DE VIDA E ATÉ A SOBREVIVÊNCIA DO HOMEM (FREITAS, 2011; PRIMACK & RODRIGUES, 2001; DAMINELI & DAMINELI, 2007). SENDO ASSIM, ESTE ARTIGO PRETENDE DESCREVER AS MAIORES AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE QUE DERIVAM DAS ACÇÕES HUMANAS, ENFATIZANDO CASOS QUE AMEAÇAM A BIODIVERSIDADE ANGOLANA.
Belmiro PascoalEstudante finalista do Curso de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto e Assistente de Coordenação da Campanha de Biodiversidade e Conservação da Ecoangola
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), toda ameaça leva danos à propriedade afectada, perturbação económica e social ou degradação ambiental, o que não difere quando se fala da biodiversidade.
A ameaça à biodiversidade consiste em toda actividade provocada por um evento natural ou antrópico, que tem o potencial de degradar a diversidade biológica local ou global.
Segundo Primack & Rodrigues (2001), as maiores ameaças à biodiversidade são:
• Destruição e fragmentação do habitat;
• Degradação do habitat (incluindo poluição);
• Sobre-exploração de espécies para uso humano;
• Introdução de espécies exóticas;
• Dispersão de doenças;
• Crescimento da população humana.
A destruição relacionada com a perda do habitat representa o principal factor
que ameaça a biodiversidade. Pode ocorrer como consequência de diversas actividades humanas, como a desflorestação, que é feita para a extracção de madeira, substituição de florestas para a agricultura ou áreas de pastagem e urbanização. A perda de habitat e da qualidade do habitat, por mudanças climáticas, poluição sonora, hídrica e do ar, redução da oferta de alimentos, surgimento de barreiras para os processos migratórios e de busca de parceiros reprodutivos (como as estradas, por exemplo), é impactante negativamente para a fauna e flora silvestre (FAUNANEWS, 2022).
Degradação do habitat (incluindo a poluição)
A degradação do habitat está relacionada às práticas humanas que afectam os componentes da biosfera. Devido ao grande avanço tecnológico, a litosfera, a hidrosfera e a atmosfera têm sofrido grande pressão e esta provoca a sua degradação (Junior, 2017).
A poluição da litosfera verifica-se nas queimadas de resíduos sólidos directamente no solo, na contaminação por pesticidas, na bioacumulação de substâncias, na cadeia trófica e na perda da vegetação própria do ambiente natural.
A degradação da hidrosfera é sinónimo de poluição das águas, que é verificada com inúmeras práticas como a deposição de resíduos nos oceanos e rios, os derrames nos mares por embarcações petrolíferas e depósito de materiais industriais em lagos e outros ecossistemas. Como consequência, os organismos aquáticos morrem por falta de alimento e por contaminação do meio.
A fragmentação do habitat é o processo pelo qual uma grande e contínua área de habitat é tanto reduzida na sua área, quanto dividida em dois ou mais fragmentos. Pode ser causada por fenómenos naturais (vulcanismo, queda de cosmos ou cometas, sismos e outros) como pela acção do homem. Na vertente antropogénica, a fragmentação tem como consequências a destruição significativa do habitat e dispersão das populações. Logo, as grandes fragmentações levam à separação dos efectivos de uma população, possibilitando a criação de populações menores, alterando o mecanismo de polinização e a cadeia alimentar dos ecossistemas.
A degradação da atmosfera contribui para as alterações climáticas, originando as chuvas ácidas, acelerando o aquecimento global e outras várias perturbações que dificultam a manutenção da vida. Com isso, várias espécies, que não se adaptaram às alterações causadas pela poluição atmosférica, vão sendo dizimadas e muitas delas chegam à extinção, principalmente aquelas que vivem nas regiões glaciais, pois estas zonas têm sido destruídas pelo degelo causado pelas elevadas temperaturas que o globo terrestre tem apresentado, devido o aumento do efeito estufa.
Sobre-exploração de espécies para uso humano
A exploração dos recursos da diversidade biológica de maneira insustentável, sem levar em consideração as taxas naturais de mortalidade e capacidade reprodutiva das espécies, é outro factor que pode levar à perda de biodiversidade. Como exemplo, podem ser mencionadas as seguintes práticas:
a caça furtiva, a pesca de arrasto, a extracção ilegal de madeira e o tráfico de animais e plantas.
reserva natural e não se conseguem dispersar numa área mais ampla. Os animais mantidos em cativeiro são particularmente propensos a doenças. Estas podem levar à morte de vários grupos de animais e à redução da biodiversidade.
Crescimento da população humana
A introdução de espécies em locais fora da sua área de distribuição natural pode ocorrer tanto de forma acidental como intencional, visando, por exemplo, o controle de pragas, produção de novos produtos agrícolas ou gerar oportunidades recreativas. Esta prática pode levar a consequências drásticas: em locais onde não ocorrem naturalmente, as espécies exóticas podem proliferar descontroladamente, pois frequentemente não encontram predadores ou competidores, além de levar a novas doenças, colocando em risco as espécies nativas e os seus ecossistemas (Pestana et al, 2017).
Um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) destacou que 70% das enfermidades que apareceram após a década de 1940 tem origem animal (Lusa, 2013). De acordo a FAO, a expansão agrícola e a interacção entre homens e animais fizeram com que novas doenças surgissem e se disseminassem rapidamente. Entre as doenças divulgadas no estudo estão o HIV-1, síndrome respiratória aguda grave (SARS) e diversos vírus da gripe (como o SARS-CoV-2). Os níveis de doença e de parasitas frequentemente aumentam quando os animais são confinados a uma
O exponencial crescimento populacional humano tem levado à aceleração da destruição de habitats de muitas espécies limitadas a determinado meio, e não só. Quanto maior o crescimento demográfico, maior será o consumo de energia, a ocupação de espaço e construções artificiais e maior será a exploração da natureza. Com isso, muitas espécies vão perdendo o seu espaço natural e ficam vulneráveis à extinção. Com a redução da biodiversidade, vários serviços dos ecossistemas são reduzidos ou eliminados e muitos organismos vão desaparecendo, no decorrer dos anos. Tendo em conta que a biodiversidade é fonte de valores económicos directos e indirectos, a sua redução afecta a economia dos países, enfraquece o sistema de saúde, favorece o surgimento de catástrofes ambientais e diversos problemas que podem ser irreversíveis.
No contexto angolano, a ameaça à biodiversidade tem vindo a registar casos e números alarmantes. Em Angola, temos visto a realização de queimadas como forma de tratamento dos resíduos sólidos e o fumo emitido pela queima contribui para a poluição do ar e contaminação dos cursos de água.
As embalagens plásticas e os resíduos electrónicos apresentam enormes riscos para a saúde, mas, ainda assim, grande parte desses resíduos vai parar aos rios e ao mar. A redução ou eliminação de resíduos é um dos maiores problemas ambientais de Angola. Por causa das queimadas, desflorestação e caça furtiva, que acontecem em áreas de conservação da biodiversidade (como parques e reservas nacionais), grande parte da fauna e flora angolana tem sido reduzida progressivamente a cada ano.
Muitos dos animais já não ocorrem nas áreas legalmente protegidas devido a estas práticas, como é o caso da pacaça (Syncerus caffer nanus) e da palancavermelha (Hippotragus equinus) (Jornal de Angola, 2019).
Referências bibliográficas:
Nos ecossistemas marinhos, a biodiversidade angolana tem sido muito afectada pela pesca de arrasto, captura de espécies protegidas nacional e internacionalmente, pesca com recursos explosivos e poluição dos ecossistemas costeiros.
• A materialização de programas como a Estratégia e Plano de Acção Nacional para a Biodiversidade do Ministério do Ambiente de Angola;
• Formação em educação ambiental para professores e palestras sobre a biodiversidade de Angola e os 5 Rs da sustentabilidade em parques nacionais e escolas, no âmbito do projecto Ecoeducando da Ecoangola;
• Projectos que visam proteger as tartarugas marinhas que ocorrem na costa angolana: Projecto Kitabanga e Cambeú;
• Acções para a protecção dos ecossistemas costeiros de mangais promovidas pela organização de protecção e conservação dos mangais em Angola “OTCHIVA”;
• Realização de campanhas de limpeza de praias pelas organizações da sociedade civil com o auxílio de empresas locais.
Os sistemas ecológicos, que levaram milhões de anos a evoluir, desenvolver e estabilizar, encontram-se em perigo iminente.
A ONU estima que cerca de um milhão de espécies estejam em risco de extinção e a comunidade científica global admite que nos encontramos no início de uma sexta extinção em massa, devido à perda massiva de biodiversidade. Ao contrário das extinções em massa no passado, causadas por erupções vulcânicas, asteroides e mudanças climáticas naturais, a crise actual é maioritariamente causada pelas actividades humanas.
Redução das ameaças à biodiversidade Em Angola, existem iniciativas que procuram promover diversas actividades e eventos com a finalidade de diminuir as acções que ameaçam a biodiversidade, mas ainda carecem de financiamentos para darem soluções mais eficazes na protecção e conservação da fauna e flora de Angola. Citando algumas dessas acções, podemos destacar:
A caça, o desmatamento e as queimadas em Angola põem em risco de extinção inúmeras espécies de animais e plantas, algumas das quais só existem em Angola e potencialmente algumas nunca descobertas. Devemos procurar agir imediatamente, a fim de reverter o quadro e possibilitar o bem-estar social e ambiental para as futuras gerações.
BARBIERI, J. C (2004). Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Editora Saraiva, p. 328
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NO PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA, A PREVALÊNCIA GLOBAL DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO AUMENTOU 25%, DE ACORDO COM UM RESUMO CIENTÍFICO DIVULGADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. AS PREOCUPAÇÕES COM POTENCIAIS AUMENTOS NAS CONDIÇÕES DE SAÚDE MENTAL JÁ
TINHAM LEVADO 90% DOS PAÍSES A INCLUIR A SAÚDE MENTAL E O APOIO PSICOSSOCIAL NOS SEUS PLANOS DE RESPOSTA À COVID-19, MAS PERSISTEM GRANDES LACUNAS E PREOCUPAÇÕES. “AS INFORMAÇÕES QUE TEMOS
AGORA SOBRE O IMPACTO DA COVID-19 NA SAÚDE MENTAL MUNDIAL SÃO APENAS A PONTA DO ICEBERGUE”, DISSE O DR. TEDROS ADHANOM GHEBREYESUS, DIRECTOR GERAL DA OMS. “ESTE É UM ALERTA PARA QUE TODOS OS PAÍSES PRESTEM MAIS ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL E FAÇAM UM MELHOR TRABALHO DE APOIO À SAÚDE MENTAL DAS SUAS POPULAÇÕES”.
Uma das principais explicações para o aumento reportado na prevalência de ansiedade e depressão foi o stress sem precedentes causado pelo isolamento social resultante da pandemia. Associado a isso estavam as restrições à capacidade de trabalhar, buscar o apoio de entes queridos e envolver-se nas comunidades. A solidão, o medo da infecção, do sofrimento e da morte, o luto e as preocupações financeiras também foram citados como factores que levaram à ansiedade e depressão. Entre os profissionais de saúde, a exaustão foi um grande gatilho para o pensamento suicida. O estudo mostra que a pandemia afectou a saúde mental dos jovens e que estes estão desproporcionalmente em risco de comportamentos suicidas e auto-lesivos. Indica também que as mulheres foram mais gravemente afectadas do que os homens e que as pessoas com condições de saúde pré-existentes, como asma, cancro e doenças cardíacas, têm maior probabilidade de desenvolver sintomas de perturbação mental.
Lacunas nos cuidados de saúde Este aumento da prevalência de problemas de saúde mental coincidiu com graves perturbações nos serviços de saúde, deixando enormes lacunas nos cuidados prestados àqueles que mais necessitavam. Durante grande parte da pandemia, os serviços para as condições mentais, neurológicas e de consumo de substâncias foram os mais perturbados entre todos os serviços de saúde essenciais comunicados pelos Estados-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). No final de 2021, a situação tinha melhorado, mas demasiadas pessoas continuaram a não conseguir obter os cuidados e o apoio de que necessitavam para condições de saúde mental pré-existentes e recentemente desenvolvidas. Os Estados-membros da OMS reconheceram o impacto da Covid-19 na saúde mental e estão a tomar medidas. No entanto, este compromisso tem de ser acompanhado por um aumento global do investimento e, infelizmente, a situação sublinha uma escassez global crónica de recursos. O mais recente Atlas da Saúde Mental da OMS mostra que, em 2020, os governos em todo o mundo gastaram, em média, pouco mais de 2% dos seus orçamentos de saúde em saúde mental e muitos países de baixo rendimento relataram ter menos de um profissional de saúde mental por cada 100 mil pessoas.
Assim, embora a pandemia tenha gerado interesse e preocupação com a saúde mental, também revelou um subinvestimento histórico. Por exemplo, nos países de baixa renda, apenas 12% das pessoas com psicose recebe cuidados (70% nos países de renda elevada). Para a depressão, as lacunas na cobertura dos serviços são grandes e, mesmo nos países de alta renda, apenas um terço recebe cuidados formais. Estima-se que o tratamento minimamente adequado para a depressão varie de 23% nos países de alta renda a 3% nos países de renda baixa e média-baixa.
Nos últimos anos, tem havido um reconhecimento crescente do importante papel que a saúde mental desempenha na consecução dos objectivos de desenvolvimento global, como ilustrado pela sua inclusão nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Basta atentar os factos: a depressão é uma das principais causas de incapacidade, o suicídio é a quarta causa de morte entre os jovens dos 15 aos 29 anos e pessoas
com problemas de saúde mental graves morrem prematuramente – até duas décadas antes – devido a condições físicas evitáveis.
Muitas condições de saúde mental podem ser eficazmente tratadas a um custo relativamente baixo, mas o fosso entre as pessoas que necessitam de cuidados e as que têm acesso aos mesmos continua a ser substancial. De acordo com a OMS, é necessário um maior investimento em todas as frentes: na sensibilização para a saúde mental, para aumentar a compreensão e reduzir o estigma, no acesso a cuidados de saúde mental de qualidade e a tratamentos eficazes e na investigação, para identificar novos tratamentos e melhorar os existentes.
A saúde mental é um estado de bemestar que permite às pessoas lidarem com o stress da vida, perceber as suas capacidades, aprender e trabalhar bem e contribuir para a comunidade. É uma componente integral da saúde e do bem-estar, que sustenta as capacidades individuais e colectivas para tomar decisões, construir relações e moldar o mundo em que vivemos. “A saúde mental é um direito humano básico. E é crucial para o desenvolvimento pessoal, comunitário e socioeconómico”, sustenta a OMS.
A saúde mental é mais do que a ausência de perturbações mentais. Existe num continuum complexo, que é vivido de forma diferente de uma pessoa para outra, com diferentes graus de dificuldade e resultados sociais e clínicos potencialmente distintos.
Ao longo da vida, múltiplos determinantes individuais, sociais e estruturais podem combinar-se para proteger ou minar a saúde mental. Factores psicológicos e biológicos individuais, como as habilidades emocionais, o uso de substâncias e a genética, podem tornar as pessoas mais vulneráveis a problemas de saúde mental.
A exposição a circunstâncias sociais, económicas, geopolíticas e ambientais desfavoráveis – incluindo a pobreza, a violência, a desigualdade e a privação ambiental – também aumenta o risco.
A reformulação dos factores determinantes da saúde mental exige frequentemente acções para além do sector da saúde, pelo que os programas de promoção e prevenção devem envolver também os sectores da educação, do trabalho, da justiça, dos transportes, do ambiente, da habitação e da assistência social.
Estima-se que 3,8% da população sofra de depressão, incluindo 5% dos adultos. Aproximadamente 280 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, condição que afecta mais mulheres do que homens e que pode levar ao suicídio, causa de morte de 700 mil pessoas todos os anos. O suicídio é a quarta principal causa de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. A depressão é diferente das mudanças regulares de humor. Pode afectar todos os aspectos da vida, incluindo as relações com a família, amigos e comunidade, e resultar ou conduzir a problemas na escola e no trabalho. Durante um episódio depressivo, uma pessoa experimenta um humor deprimido (sentirse triste, irritável, vazio) e sente perda de prazer ou interesse nas actividades. Outros sintomas também presentes são a falta de concentração, sentimentos de culpa excessiva ou de baixa auto-estima, desesperança em relação ao futuro, pensamentos sobre morte ou suicídio, sono interrompido, alterações no apetite ou no peso, sensação de muito cansaço ou falta de energia. Um episódio depressivo pode ser classificado como leve, moderado ou grave, dependendo do número e gravidade dos sintomas, bem como do impacto no funcionamento do indivíduo.
A depressão está intimamente relacionada e é afectada pela saúde física. Muitos dos factores que influenciam a depressão (como a inactividade física ou o consumo nocivo de álcool) são também factores de risco conhecidos para doenças como as cardiovasculares, o cancro, a diabetes e as doenças respiratórias. Por sua vez, as pessoas com estas doenças podem também sofrer de depressão devido às dificuldades associadas à gestão da sua condição.
Existem tratamentos eficazes para a depressão, que incluem tratamento psicológico e medicamentos. Procure atendimento se tiver sintomas de depressão.
Mas, no contexto dos esforços nacionais para reforçar a saúde mental, é vital não só proteger e promover o bem-estar mental de todos, como também dar resposta às necessidades das pessoas com problemas de saúde mental. E isto deve ser feito através de cuidados baseados na comunidade, que são mais acessíveis e aceitáveis do que os cuidados institucionais e proporcionam melhores resultados de recuperação.
“As ligações inextricáveis entre saúde mental e saúde pública, direitos humanos e desenvolvimento socioeconómico significam que transformar as políticas e práticas em saúde mental pode proporcionar benefícios reais e substantivos para indivíduos, comunidades e países em todo o mundo. O investimento na saúde mental é um investimento numa vida melhor e num futuro para todos”, defendeu o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Todos os 194 Estados-membros da OMS subscreveram o Plano de Acção Global para a Saúde Mental 2013-2030, que os compromete a cumprir metas globais para transformar a saúde mental. Os progressos alcançados na última década provam que a mudança é possível.
“A SAÚDE MENTAL É UM DIREITO HUMANO BÁSICO. E É CRUCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL, COMUNITÁRIO E SOCIOECONÓMICO”, SUSTENTA A OMS
O Serviço Penitenciário da República de Angola é o órgão do Ministério do Interior encarregue de garantir a execução das penas privativas de liberdade e medidas de segurança impostas pelos Tribunais, bem como o controlo dos sujeitos a prisão preventiva, garantindo a sua reabilitação multidimensional e reinserção na sociedade, bem como a prestação da assistência médico-sanitária, que corresponda às exigências indispensáveis de profilaxia, promoção e tratamento da saúde dos reclusos, sem descurar a assistência psicossocial, a luz da Lei Penitenciária (Lei n.º8/08 de 29 de Agosto).
A população penal angolana internada nos estabelecimentos prisionais ronda actualmente os 22.200 reclusos, sendo 10.300 preventivos e 11.900 condenados, apresentando uma média de 31 anos de idade.
A saúde mental é uma parte integrante do conceito geral de Saúde, ou seja, um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade.
Pode ser encarada como algo mais do que a ausência de doença mental, mas como elemento positivo, um recurso com valor intrínseco, um bem importante para a saúde física e para qualidade de vida, um fundamento universal de bem-estar individual e uma condição essencial ao funcionamento adequado da pessoa e da comunidade, independentemente de factores geográficos e culturais. Factores como condições de trabalho, rendimento salarial, o estatuto educacional e a qualidade das relações interpessoais constituem elementos essenciais à saúde mental positiva. A falta destes pressupostos no domínio da qualidade de vida dos cidadãos representa uma desestabilização da saúde mental e proporciona a perturbação mental, derivada de problemas sociais, culturais e/ou económicos.
A população penal angolana apresenta uma prevalência significativa de morbilidade psiquiátrica, destacandose os transtornos de personalidade, droga-adição (cannabis, álcool e crack), transtornos psicóticos, transtornos
afectivos, epilepsia e oligofrenias. Actualmente, no que tange a recursos humanos qualificados, contamos com médicos psiquiatras, psicólogos clínicos, assistentes sociais, bem como enfermeiros especializados, constituindo o corpo de profissionais de saúde mental que cobre a intervenção em promoção, psicodiagnóstico, terapêutica e reabilitação da população penal acometida por alterações comportamentais, psiquiátricas e psico-emocionais. Em Angola, existem estruturas de apoio à Saúde Pública que visam a assistência médica especializada, no domínio da saúde mental. O Hospital Penitenciário Psiquiátrico, inaugurado em 2013, representa, no âmbito da humanização dos Serviços Prisionais, um marco significativo, visando responder à elevada prevalência de perturbações mentais no seio da população penal. Torna-se preocupação para o Serviço Penitenciário a assistência psicossocial especializada, direccionada para a identificação e classificação causal do comportamento criminoso. Para além da assistência psiquiátrica e psicológica, o hospital produz perícias forenses para os órgãos judiciários e judiciais, realiza formação em saúde mental e é o núcleo embrionário de uma rede de cuidados de saúde mental que se pretende implementar ao nível do sistema penitenciário. Para além da capacidade especializada mobilizada para
responder aos desafios que se impõem, a Psiquiatria Penitenciária está equipada com meios de diagnóstico e terapêutica, como electroencefalograma, RX, terapia electroconvulsiva, laboratório de análises clínicas e estomatologia. Uma das principais tarefas dos profissionais de saúde mental está ligada à pesquisa activa para detectar precocemente os portadores de transtornos mentais e, por meio de mecanismos de referência e contra referência, processar-se o internamento e posterior acompanhamento em ambulatório. O crescente aumento de pedidos de perícias forense reflecte, na nossa modesta visão, uma maior sensibilidade social ao portador de transtorno psiquiátrico e a convicção judicial de que a perícia é uma ferramenta de prova para decisão do juiz e o perito, inevitavelmente, um agente auxiliar na administração da Justiça. A cooperação entre os profissionais de saúde mental e os órgãos de justiça (judiciário e judicial) tem contribuído significativamente na redução da criminalização do doente mental.
A psiquiatria no mundo contemporâneo procura compreender os aspectos peculiares do comportamento humano. Num país que viveu um longo conflito armado, são cada vez mais frequentes comportamentos anormais. A grave situação económica, com repercussões na condição social dos angolanos, também tem precipitado acções criminosas. Neste contexto, e com o objectivo de dar resposta aos desafios supracitados, perspectivamos:
• A instalação e funcionamento em pleno de um Centro de Estudo Psicodiagnóstico, de modo a promover e desenvolver acções na perspectiva das ciências humanas e comportamentais, para elaborar estudos de investigação científica que permitam a definição de estratégias de saúde mental, no seio da população reclusa.
• O treinamento em matéria de saúde mental para os oficiais da polícia e da magistratura, potenciando os agentes socializadores de ferramentas ligadas à higiene mental, bem como a intensificação dos cuidados em saúde mental nos estabelecimentos
prisionais são passos que devem ser dados no sentido de evitar o encarceramento de pessoas portadoras de doenças mentais graves.
Concluímos que constitui um imperativo urgente o alargamento dos cuidados de saúde mental nas vertentes de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, ao nível do Sistema Nacional de Saúde Penitenciária, com o objectivo de potenciar uma saúde integral positiva, não somente para a população reclusa, mas também para os operadores penitenciários. Actualmente, os media têm veiculado, de forma recorrente, comportamentos e atitudes pouco abonatórias de alguns agentes da nossa corporação policial em relação aos cidadãos. Por esse motivo, considerámos e recomendámos a inclusão de acções de saúde mental no rastreamento, acompanhamento, monitorização, tratamento e reabilitação de todos os efectivos do órgão portadores de conduta desviante. Os aspectos focalizados que visam a instabilidade na saúde mental dos cidadãos, incluindo reclusos, dependem em grande parte do contexto e da qualidade de vida destes. O meio social é que define o indivíduo e as carências influenciam as acções delituosas. Assim sendo, Angola deve continuar a envidar esforços para a garantia das necessidades básicas dos cidadãos, mas também a criação de autonomia para que as pessoas afectadas possam apreciar e alcançar uma melhor qualidade de vida, por forma a serem participantes activos no desenvolvimento do país.
A DEMISSÃO SILENCIOSA É UM FENÓMENO QUE SE
TORNOU VIRAL NALGUNS PAÍSES, GRAÇAS ÀS REDES SOCIAIS. O QUE REALMENTE SE FEZ FOI NOMEAR ALGO
QUE SEMPRE EXISTIU:
PESSOAS QUE, POUCO A
POUCO, DEIXAM DE DAR
100% NO TRABALHO. QUEM É O RESPONSÁVEL? A
EMPRESA OU OS PRÓPRIOS TRABALHADORES?
“Este comportamento não é algo novo, sempre houve trabalhadores desmotivados. No entanto, a maior preocupação é que a demissão silenciosa é cada vez mais um acto subconsciente alimentado por frustrações no local de trabalho”, afirma François-Pierre Puech, director da consultora Robert Walters Portugal. “É fácil para os gestores pressionarem os membros da equipa quando a produtividade diminui. Mas, se não conhecerem a razão desta desmotivação, a resignação silenciosa tornar-se-á num movimento silencioso que tem um efeito prejudicial na produtividade e viabilidade do negócio. Da mesma forma, a influência destas pessoas nos seus pares pode causar um efeito dominó perigoso”
Motores da resignação silenciosa
A síndrome do “burnout” ou a síndrome do trabalhador esgotado já faz parte da cultura global. Enquanto o profissional tenta escalar na carreira, é confrontado com mais mensagens que o incentivam a trabalhar mais horas e a ter mais empenho, gerando constante exaustão. Em Maio de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o “burnout” como um diagnóstico médico, com impactos na saúde mental e física e enormes perdas de produtividade. Outro motor é a diferença geracional. O local de trabalho médio é agora composto por quatro gerações diferentes, um fenómeno que nunca antes tinha ocorrido. Embora esta diversidade proporcione uma variedade de perspectivas, competências e origens, também desafia os líderes
empresariais a atraírem e incluírem diferentes faixas etárias no local de trabalho, sem melhorias práticas que possam ser seguidas. Os locais de trabalho com uma abordagem proactiva à saúde mental podem ter um impacto positivo na produtividade e nos resultados. De acordo com o estudo “A importância da estratégia de saúde mental para atrair os melhores talentos”, desenvolvido pela Robert Walters, 88% dos profissionais considera as políticas de saúde mental importantes quando procuram uma nova posição. Por conseguinte, as empresas com uma política de saúde mental forte e clara são mais propensas a atrair grupos mais amplos de talentos. De acordo com o inquérito, 62% disse que ter alguém numa função de liderança que fala abertamente sobre saúde mental faz com que se sintam pessoalmente mais confortáveis a também falar sobre isso.
É QUE A DEMISSÃO SILENCIOSA É CADA VEZ MAIS UM ACTO SUBCONSCIENTE ALIMENTADO POR FRUSTRAÇÕES NO LOCAL DE TRABALHO. É FÁCIL PARA OS GESTORES PRESSIONAREM OS MEMBROS DA EQUIPA QUANDO A PRODUTIVIDADE DIMINUI. MAS, SE NÃO CONHECEREM A RAZÃO DESTA DESMOTIVAÇÃO, A RESIGNAÇÃO SILENCIOSA TORNAR-SE-Á NUM MOVIMENTO SILENCIOSO QUE TEM UM EFEITO PREJUDICIAL NA PRODUTIVIDADE E VIABILIDADE DO NEGÓCIO. DA MESMA FORMA, A INFLUÊNCIA DESTAS PESSOAS NOS SEUS PARES PODE CAUSAR UM EFEITO DOMINÓ PERIGOSO”
“A MAIOR PREOCUPAÇÃO
Saúde mental no local de trabalho
Na era pós-Covid, muitas empresas adaptaram o trabalho remoto, ou o trabalho híbrido, o que pode aumentar os níveis de stress e a vulnerabilidade a problemas de saúde mental. Os empregadores precisam, assim, de ser proactivos e manterem-se atentos aos sinais de problemas de saúde mental, mesmo que os seus funcionários estejam a trabalhar remotamente. Por isso, a consultora listou as principias causas dos problemas de saúde mental e como solucioná-los:
• Isolamento no teletrabalho
Quando os colaboradores não conseguem comunicar no trabalho, podem sentir-se isolados ou excluídos. Os trabalhadores remotos são mais propensos a sofrer efeitos negativos no bem-estar mental devido à falta de conexão humana e à solidão de trabalhar remotamente.
• Falta de suporte
Os profissionais juniores de um escritório ou as novas contratações podem experimentar quadros de stress e de pressão de forma diferente dos colaboradores mais experientes. Trabalhar remotamente cria outro obstáculo no acesso ao suporte, especialmente quando os pontos de contacto ou mentores não foram formalizados. Ter um mentor é uma óptima maneira de reduzir a tensão sentida por profissionais mais vulneráveis.
• “Burnout” e carga de trabalho
De acordo com pesquisas realizadas durante a pandemia, as pessoas trabalharam, em média, 28 horas extra por mês em trabalho remoto. Para aqueles que sofrem de um problema de saúde mental, o stress crónico não tratado é um factor decisivo para a exaustão emocional. O fraco equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, o aumento da carga de trabalho e a pressão são factores que contribuem para o esgotamento emocional no local de trabalho, tornando os trabalhadores mais susceptíveis aos seus efeitos.
• Baixo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
No teletrabalho ou no trabalho presencial, as longas horas de trabalho podem afectar a capacidade de um colaborador de passar tempo com a sua família, usufruir de tempo livre e até mesmo
dormir. Alguns profissionais podem ter dificuldade em encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal sem a separação física entre o trabalho e a vida doméstica, especialmente profissionais com crianças em idade escolar.
• Estigma
Os colaboradores podem sentir-se confortáveis em tirar férias ou reduzir a sua carga de trabalho quando sofrem de um problema de saúde física. Mas muitos com distúrbios de saúde mental podem sofrer em silêncio por medo ou retaliação. 92% das pessoas com problemas de saúde mental acredita que admitir este problema no local de trabalho prejudicaria a sua carreira.
• Pouca auto-estima profissional
Os colaboradores com falta de confiança no trabalho são propensos à síndrome do impostor: a sensação esmagadora de que não merecem o sucesso ou não acreditam que devem pedir mais. Esta ansiedade pode tornar-se mais aguda em situações incertas e profissionalmente exigentes, onde os colaboradores precisam de assumir a responsabilidade e tomar decisões críticas de negócio, aumentando os níveis de stress.
• Falta de valor
Os empregados que se sentem subvalorizados no local de trabalho são provavelmente mais desmotivados. Isto pode acontecer devido à falta de voz dentro da equipa, pouca influência nas decisões que afectam directamente as suas actividades, ou a crença de que a sua remuneração não é um reflexo justo do seu trabalho.
É importante que os gestores estejam atentos aos sinais nas suas equipas, para que possam oferecer o apoio necessário, especialmente quando se assiste a uma fase em que ainda predomina o trabalho remoto em muitas empresas.
QUANDO FALAMOS SOBRE A ÁREA DA SAÚDE EM ANGOLA, TEMOS SEMPRE A NECESSIDADE DE FALAR UM POUCO SOBRE A SUA POPULAÇÃO. COM CERCA DE 31 MILHÕES DE HABITANTES, METADE TEM MENOS DE 18 ANOS DE IDADE. A MORTALIDADE INFANTIL TEM VINDO A DIMINUIR SATISFATORIAMENTE E, EM PROPORÇÃO, A ESPERANÇA DE VIDA MÉDIA ESTÁ A AUMENTAR. É INTERESSANTE VERIFICAR TAMBÉM QUE, EM TODO O MUNDO, 20% DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES APRESENTA UM OU MAIS DISTÚRBIOS MENTAIS. SE APLICARMOS A FÓRMULA ESTATÍSTICA, PODEMOS AFIRMAR QUE APROXIMADAMENTE TRÊS MILHÕES DE CRIANÇAS EM ANGOLA SOFREM DESTE GRUPO DE DOENÇAS.
Os distúrbios mentais infantis mais comuns podem ser divididos nas seguintes categorias:
• Transtornos da ansiedade;
• Transtornos relacionados com o stresse;
• Transtornos do humor;
• Obsessivo compulsivo;
• Comportamentos disruptivos (TDAH, desafiador);
• Perturbação do espectro do autismo.
Todos têm em comum o facto de serem transtornos da idade pediátrica, motivo pelo qual devem ser abordados nesta fase da vida e encarados com a responsabilidade que merecem, com o risco de poderem reflectir-se na fase adulta, fazendo com que haja uma maior dificuldade no seu manejo e levando, consequentemente, a um pior prognóstico. Hoje, fala-se muito da saúde mental e, cada vez mais, na área pediátrica, este grupo de doenças é diagnosticado quando ocorre qualquer tipo de transtorno de conduta que afecta o comportamento da criança. Muitas vezes, podem ter dificuldades para se expressarem e cuidarem adequadamente das suas emoções, justamente por estarem a vivenciar uma fase de desenvolvimento única, dificultando o seu diagnóstico comparativamente aos adultos. Motivo pelo qual pensa-se que muitas destas patologias estejam subdiagnosticadas.
A neuropediatria é uma especialidade relativamente nova, se comparada com as outras que já existem há milhares de anos, e tem cada vez mais razão de ser pelo aumento exponencial de crianças com necessidades não só nesta área, como noutras que também lidam com a saúde mental, tais como a pedopsiquiatria, os pediatras de neurodesenvolvimento e a psicologia infantil.
A neuropediatria tem dado os primeiros passos em Angola ainda com a necessidade de formação de mais profissionais em todas as subespecialidades,
porque a demanda de crianças nesta área é muito grande, com patologias muito diversificadas e com uma gravidade, em alguns casos, de extrema complexidade.
Actualmente, da grande diversidade de doenças do foro da saúde mental, o autismo tem uma incidência muito maior, embora fique por esclarecer a causa deste grande aumento em todo o mundo. Fala-se muito da relação com a Covid-19, devido à falta de socialização, ao isolamento, à mudança brusca do nosso modus vivendi, ao melhor conhecimento, por parte dos profissionais, das “guidelines” de diagnóstico e de toda a sociedade civil dos sinais de preocupação no desenvolvimento das crianças (sinais de alarme). Estudos recentes demonstram a grande relação desta perturbação ao exagerado número de horas de exposição a ecrãs (telefones, tablets, televisão). Algumas academias de pediatria passaram a definir menos de uma hora por dia de visualização em ecrãs para todas as crianças com menos de 5 a 6 anos de idade, sendo a fase mais perigosa entre o nascimento e os 2 anos de idade.
A nossa equipa do hospital pediátrico é hoje composta por três neuropediatras e vemos, em média, 3.500 a 4.000 crianças por ano com distúrbios neurológicos. Um dos nossos maiores desafios é assegurar a cura das patologias possíveis de serem curadas e melhorar a qualidade de vida das crianças com perturbações não tratáveis.
A maior parte destas crianças tem de ter uma abordagem multidisciplinar com terapeutas, fisioterapeutas, otorrinolaringologistas, ortopedistas, entre outros, havendo um grande investimento financeiro para cada criança com distúrbio mental, bem como a grande carga emocional a que estão sujeitas as famílias destes pacientes.
A melhoria da qualidade de vida das crianças com necessidades passa pelo aumento de profissionais envolventes, principalmente terapeutas da fala e ocupacionais (não se formam no país), pela melhor capacitação dos profissionais existentes, tanto profissionais de saúde como todos aqueles que lidam com estas crianças (empregadas domésticas, infantários, escolas e até os próprios pais) e também pela envolvência de toda a sociedade civil.
PAULA MORAIS, DIRECTORA DA FUNDAÇÃO ANA CAROLINA, ABORDA A MISSÃO E OBJECTIVOS DESTA INSTITUIÇÃO ANGOLANA SEM FINS LUCRATIVOS, DESDE 2015 DEDICADA AO APOIO E ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS CARENCIADAS PORTADORAS DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS E DAS SUAS FAMÍLIAS.
O que é a Fundação Ana Carolina?
A Fundação Ana Carolina é uma instituição angolana, sem fins lucrativos, em actividade desde 2015. Prestamos apoio e acompanhamento a crianças carenciadas portadoras de doenças neurológicas e às suas famílias. Paralelamente a essa actividade principal, desenvolvemos também projectos para a autosustentabilidade das famílias e de algumas comunidades vulneráveis na província de Luanda. Temos ainda o objectivo de expandir para outras províncias, no futuro.
Quais são a principal missão e objectivos da fundação?
Trabalhamos com famílias carentes prestando orientação e auxílio, pela importância da envolvência do contexto familiar no desenvolvimento, na melhoria da qualidade de vida e na inserção.
Os nossos objectivos são incluir (promovemos activamente a inclusão da criança na sociedade e ajudamos
a melhorar a sua qualidade de vida), reabilitar (oferecemos fisioterapia, terapia ocupacional e da fala, consultas de especialidade, ajudas técnicas, exames de diagnóstico, medicamentos, fraldas e outros bens de primeira necessidade) e capacitar (orientamos a família na vivência saudável com a patologia da criança, workshops e mini cursos em diversas áreas).
De que modo a fundação poderá fazer a diferença na vida das crianças angolanas?
A Fundação Ana Carolina poderá fazer a diferença na vida das crianças angolanas, contribuindo para a construção e manutenção da saúde física, mental e afectiva, bem como para o desenvolvimento da sua autonomia e inclusão social. Trabalhamos, igualmente,
para a consciencialização da sociedade em geral para a importância da prevenção, acompanhamento e tratamento de crianças com deficiência e a importância da família e da sociedade em geral nesse contexto.
O que já foi feito, até ao momento, pela fundação na vida destas crianças?
Para além dos serviços de fisioterapia e outras terapias, consultas de especialidade e exames de diagnóstico, ajudas técnicas e medicamentosas prestadas a cerca de 80 crianças, a Fundação Ana Carolina tem significado na vida não só das crianças, como dos seus familiares. Entregamos alimentos e outros bens de forma regular, apoiamos algumas famílias com a renda de casa, electrodomésticos e outros bens de primeira necessidade, com fundos da fundação e com as doações recebidas.
Na área de reabilitação física, temos muito bons resultados, e alguns extraordinários, que originam, muitas vezes, altas médicas e evoluções determinantes na criança. Igualmente, devolvemos, através de grupos de apoio terapêutico e com workshops dos mais variados assuntos, a auto-estima de muitas famílias que chegam até nós desoladas e sem esperança, o que tem permitido melhorar a convivência entre casal/família e o ambiente familiar, a rentabilidade financeira, a aceitação do filho deficiente e outros assuntos com que todos nos deparamos.
Já alimentámos mais de seis mil famílias e continuamos a querer expandir o nosso trabalho para que mais crianças e famílias possam ter uma vida digna e sustentável.
Como é constituída a equipa da Fundação Ana Carolina?
A equipa da Fundação Ana Carolina é constituída por fundadora, presidente, coordenadores de diferentes áreas, administrativos, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e da fala, todos quadros com experiência e que abraçam a missão de forma incansável.
Quais são as principais doenças do foro neurológico com as quais têm contacto?
As principais doenças são paralisia cerebral nas suas diversas manifestações clínicas, por critério topográfico, pacientes com hemiplegia, paraplegia, tetraplegia, que causam atraso no desenvolvimento psicomotor. Esses são acompanhados por sintomas como epilepsia, distúrbio sensorial, tanto auditivo quanto visual, transtorno comunicativo, comportamental e cognitivo.
Quais são os principais desafios no tratamento e acompanhamento de crianças com doenças do foro neurológico?
Embora com os tratamentos se possa melhorar o estado geral de saúde da criança, que depende da gravidade da sua condição, e onde a recuperação é lenta e a longo prazo, a envolvência, o estado emocional e a motivação dos cuidadores são cruciais e determinantes. Esse é, sem dúvida, o primeiro motivo que faz toda a diferença para a criança e familiares. Outros desafios são monetários e o acesso a bons profissionais, que tenham experiência nesta área. Os tratamentos são caros, específicos e, a longo prazo, torna-
“A PARALISIA CEREBRAL É UM PROBLEMA DE SAÚDE QUE AFECTA MAIS FREQUENTEMENTE A POPULAÇÃO INFANTIL, CAUSANDO INCAPACIDADE. ACTUALMENTE, ESTIMA-SE UMA PREVALÊNCIA GLOBAL DESTA PATOLOGIA EM 2-2,5 POR MIL NASCIDOS VIVOS NOS PAÍSES DESENVOLVIDOS, PELO QUE EM ANGOLA O VALOR É SUPERIOR, DEVIDO AO DIFÍCIL ATEMPADO ACESSO ÀS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE, O QUE FAZ COM QUE, POR VEZES, NÃO TENHAM ASSISTÊNCIA MÉDICA ADEQUADA E PRECOCE”
se pesado para a família. Por isso, actuamos nesta componente, assim como no acesso a cadeiras adaptadas ou de rodas e a outros materiais médicos e técnicos de que algumas crianças necessitam (andarilhos, próteses, órteses, entre outros).
No que toca à fundação, o nosso principal desafio é conseguir ter os fundos suficientes para melhorar e aumentar o nosso apoio e encontrar profissionais que tenham experiência nesta área para o acompanhamento, pois é necessária uma equipa multidisciplinar. Desta forma, as famílias são um enorme desafio, pois precisam de apoio permanente.
Quais são as principais limitações que sentem na realização do vosso trabalho?
Para além das descritas, as limitações para conseguirmos desenvolver o nosso trabalho, recorrendo a meios terapêuticos, assim como à fisioterapia, estão na obtenção do apoio do sistema de saúde para intervenções cirúrgicas de procedimentos ósseos e tendinosos, que podem comprometer o prognóstico da marcha
em algumas crianças com paralisia cerebral, acesso rápido e oportuno dos pacientes às próteses necessárias, para prevenir ou corrigir más formações ósseas, e consultas externas de especialidade, como pediatria, neurologia, otorrino, psicologia, oftalmologia, gastroenterologia, entre outras.
Sentem que o preconceito em torno destas doenças é ainda uma realidade?
A paralisia cerebral é um problema de saúde que afecta mais frequentemente a população infantil, causando incapacidade. Actualmente, estima-se uma prevalência global desta patologia em 2-2,5 por mil nascidos vivos nos países desenvolvidos, pelo que em Angola o valor é superior, devido ao difícil atempado acesso às instituições de saúde, o que faz com que, por vezes, não tenham assistência médica adequada e precoce, acompanhamento durante a gravidez e os partos são retardados, com maior risco de infecções.
O que sentem que ainda falta à fundação alcançar?
A Fundação Ana Carolina ainda precisa de mais apoio do Governo e de instituições de saúde, serviços e educação para ter não só os recursos humanos necessários para oferecer atendimentos especializados e adequados, mas também o apoio financeiro para comprar os equipamentos necessários para as terapias e transporte para facilitar o acesso sistemático de pacientes de baixa renda aos serviços que oferecemos.
Precisamos de unir o país para alcançar uma melhor inclusão educacional e social das nossas crianças.
SEGUNDO DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, O STRESS ATINGE MAIS DE 90% DA POPULAÇÃO MUNDIAL E JÁ É CONSIDERADO UMA EPIDEMIA. COMO RESPOSTA, O INTERESSE NA MEDITAÇÃO TEM VINDO A CRESCER, SOBRETUDO DESDE A PANDEMIA DE COVID-19. ESTA PRÁTICA, QUE ATÉ TEM UM DIA MUNDIAL DEDICADO, ASSINALADO A 21 DE MAIO, É UMA FORMA SIMPLES E ACESSÍVEL PARA RELAXAR E LIBERTAR A MENTE DE PREOCUPAÇÕES E DESCONFORTO. PRATICADA DE UM MODO CONSISTENTE, A MEDITAÇÃO TAMBÉM PODE PROPORCIONAR ALGUNS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE FÍSICA E SÃO VÁRIAS AS PESQUISAS QUE TÊM APONTADO NESSE SENTIDO.
Meditar não tem restrições, pode ser praticado por todos e nem tem de estar necessariamente associado a um acto de fé. Esta prática tem vindo a ganhar popularidade e é hoje adoptada por milhares e milhares de pessoas, inclusive por crianças. No universo das terapias alternativas, a meditação sempre fez parte das rotinas, mas tem vindo a expandir o seu raio de acção. Meditar não é mais do que conciliar uma respiração consciente com uma mente tranquila. Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de não pensar em nada, até porque quanto mais se ordena ao cérebro para não pensar, mais se produz o efeito contrário. São várias as técnicas de meditação que servem precisamente para conduzir a um estado de tranquilidade e clareza mentais, desde o silêncio e estado contemplativo, até métodos dinâmicos, onde se respira intensamente.
Benefícios
São associados cada vez mais benefícios à prática da meditação, desde o aumento da capacidade de concentração, à promoção do bem-estar, melhoria do humor e da qualidade do sono, diminuição do stress, da ansiedade e da depressão, apenas para citar alguns. Não é, por isso, de estranhar que, em plena pandemia, quando deparadas com uma situação de isolamento social e de mudança abrupta no seu estilo de vida, mais pessoas tenham querido experimentar os benefícios da medição. Em 2020, as buscas no Google pelos termos “meditação” ou “mindfulness” atingiram um valor recorde em 16 anos. Em relação a 2020, as pesquisas sobre “como fazer meditação para a ansiedade” cresceram uns impressionantes 4.000% e sobre os “benefícios da meditação”
200%.
Mas os benefícios da meditação não se restringem a aspectos relacionados com a saúde mental. O controlo da pressão arterial e das dores crónicas e a promoção do relaxamento muscular
também lhe estão associados e são cada vez mais os estudos que indicam outras vantagens. Recentemente, foram conhecidos os resultados de um estudo que associa a meditação à melhoria da saúde intestinal e do sistema imunitário. A investigação, liderada por cientistas do Centro de Saúde Mental de Xangai da Universidade de Medicina Jiao Tong, na China, analisou amostras de sangue de 37 monges tibetanos de três templos e de 19 pessoas “comuns” a viver na vizinhança. Os resultados, divulgados na General Psychiatry, publicada pelo British Medical Journal, dão conta de que a meditação profunda pode ter influência na regulação da flora intestinal. “A microbiota enriquecida nos monges estava associada a um risco menor de ansiedade, depressão e doenças cardiovasculares, potenciando o sistema imunitário”, indica o artigo científico. Nenhum dos monges tinha tomado quaisquer substâncias que pudessem alterar o volume ou a diversidade dos micróbios presentes na flora intestinal — como antibióticos, probióticos ou medicamentos antifúngicos — nos últimos três meses. As amostras de sangue recolhidas verificaram ainda que o risco de doenças cardiovasculares era significativamente mais baixo nos monges. Apesar dos resultados promissores, os cientistas lembram que a amostra é reduzida e que todos os participantes do estudo eram homens a viver em altitude, o que também poderá tornar mais difícil extrapolar conclusões para a população em geral. Ainda assim, restam cada vez menos dúvidas quanto aos benefícios da meditação. Um estudo de 2019 com meditadores não experientes descobriu que oito semanas de breves sessões diárias de meditação de 13 minutos ajudam a aliviar o estado de humor negativo e a aumentar a atenção e a memória. E as evidências também sugerem que a meditação pode ajudar a controlar a dor, alterando a percepção da dor no cérebro. Um estudo de 2018 sobre meditação, atenção plena e dor crónica observou que a meditação muda o cérebro, ao longo do tempo, alterações que podem tornar uma pessoa menos sensível à dor.
Uma das vantagens da meditação é que é fácil de começar, não requer equipamento especial e não demora muito tempo. Algumas dicas:
• Reserve 5 a 10 minutos por dia para meditar;
• Encontre um local calmo, para facilitar a concentração;
• Adopte uma posição confortável;
• Controle a respiração, utilizando os pulmões completamente;
• Foque a atenção.
MANTER A NATUREZA POR PERTO É UMA FORMA DE TERAPIA, PORQUE AS PLANTAS AJUDAM A CRIAR UMA AURA MAIS LEVE E NATURAL E ATÉ SERVEM PARA PURIFICAR O AR DA CASA. QUEM PRATICA JARDINAGEM COM FREQUÊNCIA SABE COMO FAZ BEM CRIAR ESSE CONTACTO COM A NATUREZA, ATRAVÉS DO CULTIVO DE PLANTAS, FLORES, HORTALIÇAS E ATÉ MESMO DE TEMPEROS.
Ao cuidar de uma planta ou de um jardim, voltamos a nossa atenção para o momento presente, desligando um pouco o fluxo constante de pensamentos e de preocupações.
Damos tempo ao nosso piloto automático para, simplesmente, observar como cada planta está e do que precisa para se desenvolver ainda mais e melhor. Assim, mais pacificados, libertamo-nos por alguns momentos das aflições vividas pelo fluxo constante de pensamentos que não pousam nunca no aqui e agora. Praticamos, ainda que sem consciência, uma espécie de meditação activa, que favorece muito uma prática voluntária e intencional da meditação propriamente dita. O simples passear pela sala ou varanda com um regador nas mãos e observar cada vaso no ambiente coloca-nos em posição de observadores e de cuidadores. Com o tempo, sabemos mais sobre cada planta: as folhas novas, as flores que surgem, os galhos que secam. Passamos, então, a ter uma relação de afecto com estas e contemplamos o seu estado de constante transformação pelo tempo. Paramos para vê-las, para contemplá-las. Aceitamos e damos tempo ao tempo.
Entrar e permanecer, por alguns minutos, num ambiente com jardim, uma pequena horta ou alguns vasos de plantas faz muito bem à saúde. Olhamos para as plantas e sentimos paz, um tipo de paz que diminui o nosso ritmo interno, que nos convida a respirar mais profundamente. As plantas chamam-nos para uma pausa, para um lugar de aconchego dentro de nós. E, assim, fechamos os olhos para sentir mais e pensar menos. Entramos em estado de meditação. Ao contrário do que a tecnologia faz, levando um excesso de informações ao nosso mundo interno, a conexão com as plantas possibilita-nos reinserir no nosso quotidiano todos os nossos sentidos. Quando ligamos os nossos sentidos para vivenciar cheiros, sabores, sons, paisagens e texturas, desligamos um pouco a nossa mente. Deixamos de sobrecarregá-la com informações.
Em vez disso, nutrimos todo o nosso corpo com experiências reais, sentidas na pele, com o corpo todo.
Quando cuidar das plantas, do jardim, do quintal, de alguns vasos, do que seja, se torna algo frequente, recondiciona-se todo o corpo e a mente. Ambos se habituam a momentos de paz e de tranquilidade.
Isso funciona como chave para a meditação. De repente, no meio do dia, entre um trabalho e outro, simplesmente pode-se ir até um ambiente com plantas, sentar-se e, em poucos minutos, entrar em meditação.
O corpo e a mente entendem que esse estado é meditativo, que atravessa a contemplação, que inclui afecto, amor ao próximo, autocuidado.
Dessa forma, problemas corriqueiros podem ser encarados com mais leveza, porque se sabe que há um refúgio interno, ao qual se pode aceder quando e sempre que se quiser.
Existem incontáveis espécies de plantas que podem ser levadas para dentro de casa. Os benefícios tornam-se ainda maiores quando as plantinhas podem ser utilizadas de forma terapêutica, na preparação de chás, pomadas, cremes e receitas que estimulam o metabolismo e aliviam problemas emocionais, por exemplo. Veja algumas opções:
• Também conhecida como babosa, a polpa da aloé vera pode ser utilizada para hidratar os cabelos e a pele ou como uma pomada natural para a cicatrização de queimaduras. A planta é rica em magnésio, potássio, vitamina C e iodo, além de possuir substâncias activas regeneradoras e anti-inflamatórias, como aloína, glucomanano e traquinona. Por se tratar de uma seiva, ainda possui antifúngicos poderosos que podem tratar a caspa ou a micose de unha.
• A arnica é uma planta medicinal rica em flavonoides e compostos fenólicos que têm propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antimicrobianas, antioxidantes e anticoagulantes. As suas flores podem ser utilizadas em chás, pomadas ou óleos de aplicação externa para o tratamento de vários problemas de saúde, como contusões, dores reumáticas, escoriações, dores musculares, dores de dentes e gengivite, varizes e hemorroidas, por exemplo. É importante destacar que a arnica não deve ser ingerida, pois pode causar intoxicação e provocar vários efeitos colaterais, como náuseas, vómitos, falta de ar, problemas cardíacos e até o aborto. Por isso, o seu uso deve ser orientado por um médico ou profissional de saúde com experiência no uso de plantas medicinais.
A AUSTRALPHARMA, EM PARCERIA COM A TRINITY BIOTECH, REALIZOU, NO DIA 29 DE MARÇO, NO INSTITUTO HEMATOLÓGICO PEDIÁTRICO DRA. VICTÓRIA DO ESPÍRITO SANTO, O PRIMEIRO AUSTRALPHARMA PARTNER DAY, COM O OBJECTIVO DE PROMOVER O ACESSO ÀS SOLUÇÕES DA TRINITY BIOTECH
QUE CONTRIBUEM SIGNIFICATIVAMENTE PARA A QUALIDADE DE DIAGNÓSTICO DE HIV EM ANGOLA.
Oevento, que contou com a organização da Tecnosaúde, acolheu mais de 80 profissionais do sector de diagnóstico, que reforçaram o seu conhecimento na área do HIV e das hemoglobinopatias, através de um painel de prelectores diversificado.
O workshop foi composto por palestrantes internacionais, com destaque para Dean Ludick, gerente de vendas, e Paul Ngone, especialista de suporte de vendas - África (HIV), que representaram a Trinity Biotech e abordaram as soluções que a empresa tem referentes ao diagnóstico de HIV em Angola.
O painel contou também com palestrantes nacionais, como a Dra. Tânia Chilumbo, coordenadora provincial do programa de luta contra o VIH/SIDA do Instituto Nacional de Luta contra a Sida de Luanda, que partilhou o seu conhecimento acerca do diagnóstico de HIV em Angola, enquanto o Dr. Feliciano Mangovo, especialista de hematologia no Instituto Hematológico Pediátrico, debateu o tema das hemoglobinopatias em Angola.
O evento teve uma grande adesão por parte dos profissionais de saúde, conseguindo preencher todos os lugares disponíveis no auditório do instituto. Os participantes fizeram uma avaliação positiva das apresentações dos palestrantes e manifestaram o desejo de participação em mais eventos desta natureza.
No final, foram entregues dois prémios de mérito aos dois parceiros que tornaram este evento possível, Trinity Biotech e Instituto Hematológico Pediátrico Dra. Victória do Espírito Santo. De realçar que a Australpharma é uma empresa angolana que actua no sector da saúde em Angola, há cerca de 15 anos, e a Trinity Biotech é especializada no desenvolvimento, fabricação e comercialização de kits de teste de diagnóstico para detectar doenças infecciosas, doenças sexualmente transmissíveis, doenças autoimunes, distúrbios de hemoglobina e detecção, monitoramento e controlo de diabetes. Já a Tecnosaúde Angola é uma empresa angolana de prestação de serviços na área da saúde, mais especificamente na área farmacêutica, com foco na formação, consultoria e apoio à indústria farmacêutica.
O DIA MUNDIAL DA SAÚDE OCULAR É CELEBRADO A 10 DE JULHO E TEM O INTUITO DE ALERTAR PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PACIENTES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS COM OS OLHOS. O OBJECTIVO É AINDA CHAMAR ATENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS OCULARES. ASSIM SENDO, TRATA-SE DE UM DIA QUE DEVE SER TRANSVERSAL A TODOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, VISTO TODOS PODEREM DESEMPENHAR UM PAPEL FUNDAMENTAL PARA TRAVAR A PROGRESSÃO ALARMANTE DE CASOS DE CEGUEIRA.
Dr. Djalme Fonseca
Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika
Amelhor forma para podermos tratar esta epidemia da diminuição da saúde ocular passa primordialmente pela prevenção e por permitir a todos os cidadãos o fácil acesso aos cuidados de saúde ocular e eliminar todas as barreiras e obstáculos a esse acesso. O recurso aos serviços de atendimento de saúde ocular é desigual e é determinado pela disponibilidade, acessibilidade, capacidade financeira e aceitabilidade desses serviços. A prevalência de doenças oculares e de deficiência visual é influenciada pelo recurso a serviços de atendimento de saúde ocular que previnem a deficiência visual, mantêm ou restauram a visão. As variações significativas existentes no recurso ao atendimento entre as populações contribuem para as variações na distribuição das doenças oculares e da deficiência visual.
Várias pesquisas nacionais e regionais relataram que o recurso aos serviços de oftalmologia é geralmente mais comum em países de rendimento alto do que em países de rendimento médio ou baixo. As taxas de cobertura da cirurgia da catarata (um indicador da prestação de serviços de atendimento oftalmológico nas populações) também mostram variações acentuadas por nível de rendimento. Normalmente, quanto mais baixo o nível de rendimento, menor é a taxa de cobertura. Infelizmente, Angola encontra-se nesta classificação, com uma taxa de cobertura muito reduzida, o que impacta directamente na qualidade de vida das populações e na respectiva economia do país. Mas, mais importante do que identificar dificuldades, barreiras ou outros entraves ao avanço e melhoramento da saúde ocular, são necessárias soluções eficazes. Dentro dessas alterações podemos abordar as seguintes:
• Integrar o atendimento oftalmológico na cobertura universal de saúde: para eliminar as desigualdades no acesso e na prestação de serviços de atendimento oftalmológico em toda a população, é essencial planear esses serviços com cuidado e de acordo com as melhores informações disponíveis sobre as necessidades da população, garantindo a qualidade. As acções recomendadas seriam do seguinte domínio:
1. Recolher e relatar informações sobre as necessidades atendidas e não atendidas da população nacional;
AS TAXAS DE COBERTURA DE CIRURGIA DA CATARATA MOSTRAM VARIAÇÕES ACENTUADAS POR NÍVEL DE RENDIMENTO. NORMALMENTE, QUANTO MAIS BAIXO O NÍVEL DE RENDIMENTO, MENOR É A TAXA DE COBERTURA. INFELIZMENTE, ANGOLA ENCONTRA-SE NESTA CLASSIFICAÇÃO, COM UMA TAXA DE COBERTURA MUITO REDUZIDA, O QUE IMPACTA DIRECTAMENTE NA QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES E NA RESPECTIVA ECONOMIA DO PAÍS
• Implementar um plano de saúde ocular em sistemas de saúde: o plano de saúde ocular pode ajudar a superar os desafios da disponibilização de serviços prioritários de oftalmologia (como a falta de pessoal de saúde capacitado, serviços fragmentados e, por vezes, resultados de qualidade abaixo do ideal), assim como garantir o acesso equitativo a todas as pessoas. É necessária uma perspectiva dos sistemas de saúde e o reconhecimento da necessidade de integrar os serviços e responder às necessidades e preferências das pessoas.
As acções recomendadas são:
1. Integrar o tratamento oftalmológico nos planos estratégicos nacionais de saúde;
2. Fortalecer o atendimento oftalmológico nos cuidados de saúde primários para melhorar o acesso, adaptar-se e responder às mudanças rápidas das necessidades da população, incluindo o crescimento projectado do número de pessoas com doenças oculares não transmissíveis;
3. Aumentar a cobertura efectiva da correcção do erro refractivo e da cirurgia da catarata, as principais causas tratáveis de comprometimento da visão e de cegueira;
4. Gestão e prestação de serviços de oftalmologia para que as pessoas recebam um continuum de intervenções voltadas para promoção, prevenção, tratamento e reabilitação nos diversos níveis e locais de prestação de serviços;
2. Desenvolver um pacote de intervenções oftalmológicas para responder às necessidades da população de inclusão estratégica no orçamento do Ministério da Saúde;
3. Melhorar o acesso com protecção contra riscos financeiros para intervenções prioritárias de atendimento oftalmológico, especialmente para grupos de baixo rendimento e outros grupos desfavorecidos;
4. Definir os resultados desejados das intervenções oftalmológicas, para garantir a qualidade, e informar a cobertura efectiva;
5. Definir indicadores de entrada e de resultados para monitorizar a qualidade do tratamento oftalmológico, a nível nacional, e fazer comparações entre países;
6. Garantir que indivíduos com deficiências visuais ou cegueira que não possam ser tratadas tenham acesso à reabilitação visual de alta qualidade para optimizar o seu funcionamento.
5. Reforçar a coordenação dos serviços de atendimento oftalmológico em programas (por exemplo, diabetes, saúde maternoinfantil, envelhecimento) e sectores (por exemplo, social, educação e trabalho) relevantes;
6. Garantir que o planeamento da força de trabalho oftalmológica seja parte integrante do planeamento da força de trabalho em saúde;
7. Garantir que os sistemas de informação em saúde incluam informações abrangentes sobre cuidados oftalmológicos para identificar necessidades, planear a prestação de serviços e monitorizar o progresso na implementação do AOICP e o seu impacto ao nível da população.
Precisamos de tomar também consciência para as principais patologias a nível ocular que podem levar à cegueira:
• Catarata: trata-se do embaçamento (opacidade) do cristalino, que provoca perda progressiva e indolor da visão. A catarata é a principal causa de cegueira em todo o mundo;
• Glaucoma: um conjunto de distúrbios oculares caracterizados pela lesão progressiva do nervo óptico (frequentemente, mas nem sempre, associada à pressão ocular elevada) que podem levar à perda irreversível da visão;
• Conjuntivite aguda bacteriana: como o nome sugere, pode ser causada por várias bactérias e é contagiosa. Entre os sintomas estão irritação, vermelhidão e secreção;
• Conjuntivite aguda viral: doença contagiosa causada por vírus. Entre os sintomas estão secreção e vermelhidão;
• Tracoma: um tipo específico de infecção bacteriana da conjuntiva capaz de levar à cegueira. Os sintomas, em geral, são vermelhidão ocular, fotofobia, lacrimejamento e irritação.
Poderíamos enumerar muitas outras, especialmente aquelas que estão directamente ligadas à nossa saúde em geral. Diabetes e hipertensão arterial são duas das patologias que mais contribuem para a deterioração da nossa saúde ocular em geral.
Como proteger os olhos?
Para proteger os olhos, orienta-se uma série de medidas, como evitar coçar os olhos e visitar com regularidade o profissional de saúde ocular (seja o optometrista ou o oftalmologista). Além disso, é indicado higienizar, ao menos uma vez por dia, a área em volta dos olhos, como pálpebras, cílios e cantos. Os cuidados abrangem ainda:
• Caso cair nos olhos qualquer substância, lavar com bastante água limpa;
• Remover os produtos de beleza dos olhos antes de dormir;
• Não usar maquilhagem fora do prazo de validade;
• Verificar o nível de glicose no sangue para evitar problemas oculares provocados pela diabetes;
• Usar óculos ou lentes de contacto somente quando o profissional de saúde ocular o prescrever;
• Piscar com mais frequência lubrifica as córneas e evita o ressecamento dos olhos;
• Práticas saudáveis como não fumar, ter boa alimentação e praticar exercícios físicos também contribuem para a saúde ocular.
No âmbito da contribuição da melhoria da saúde ocular em Angola, a Optica Optioptika desenvolveu o programa + VISÃO + EDUCAÇÃO, que visa a prevenção através da educação e instituições de ensino. Contempla a formação de professores e auxiliares de acção educativa sobre as doenças e patologias oculares mais comuns e como observar os sinais e sintomas, palestras para alunos sobre as patologias oculares mais comuns e sobre prevenção ocular e para os encarregados de educação sobre saúde ocular.
Para todos aqueles que desejem participar e contribuir neste programa, ficam os respectivos contactos:
E-mail: dfonseca@optioptika.com
Djalme Fonseca: 930030011
Conforme a minha análise, Angola ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os objectivos mínimos de saúde ocular de que a população necessita. Porém, com o esforço de todos, caminhando na mesma direcção, podemos chegar à excelência na prestação de cuidados de saúde ocular.
A ARTICULAÇÃO ENTRE O ENSINO
FARMACÊUTICO E OS PROFISSIONAIS É NECESSÁRIA PARA ADEQUAR A PROFISSÃO À REALIDADE, COLABORAR, NO ÂMBITO DAS SUAS COMPETÊNCIAS, COM AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
FARMACÊUTICO NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA, PÓS-GRADUADA E CONTÍNUA.
Aconstante actualização de conhecimentos e desenvolvimento de aptidões profissionais são fundamentais para o bom exercício da actividade farmacêutica. Ao acompanhar a evolução das ciências farmacêuticas e médicas, o farmacêutico aperfeiçoa os seus conhecimentos técnicos e científicos, onde a excelência profissional, em toda e qualquer área de actividade farmacêutica, se traduz na qualidade do seu exercício.
O exercício da actividade farmacêutica tem como objectivo essencial o ser humano, pelo que comporta um elevado grau de responsabilidade. O conjunto de princípios que fundamentam o papel e a responsabilidade profissional dos farmacêuticos está no Código Deontológico.
A profissão é caracterizada pela vontade dos seus profissionais em cumprirem determinados padrões éticos que ultrapassam os requisitos mínimos legais. Os farmacêuticos são profissionais de saúde ao serviço das populações, na promoção da saúde e na prevenção da doença e, mais especificamente, na produção, distribuição, dispensa e utilização racional e segura dos medicamentos.
Perante o acto farmacêutico, todos os doentes são iguais, ao ter respeito pela vida e pela dignidade humana, ao não discriminar, dispensando igual dedicação a todos os doentes. Deve o farmacêutico colocar a saúde e o bem-estar do doente acima de quaisquer interesses pessoais, comerciais ou de qualquer outra índole.
Podemos dividir os profissionais farmacêuticos em três grupos, que são a Assistência, a Indústria e as Análises Clínicas. Assim, as principais áreas de atuação do profissional farmacêutico são:
• Alimentos;
• Análises clinico-laboratoriais;
• Educação;
• Farmácia;
• Farmácia hospitalar e clínica;
• Farmácia industrial;
• Gestão
• Práticas integrativas e complementares.
As principais áreas de atuação na saúde pública são:
• Assistência farmacêutica;
• Vigilância em saúde (vigilância sanitária e vigilância epidemiológica);
• Atenção básica.
O farmacêutico de indústria deve assegurar a qualidade dos produtos fabricados. O farmacêutico de distribuição grossista deve assegurar a qualidade do armazenamento, conservação e distribuição de produtos farmacêuticos e zelar pela sua segurança e condições de higiene e manutenção. O farmacêutico de oficina ou hospitalar deve assegurar a qualidade dos serviços que presta e muito, muito mais.
O farmacêutico e os cuidados farmacêuticos só são, e serão sempre, mais eficazes com a colaboração de todos os profissionais de saúde, promovendo junto deles e do doente a utilização segura, eficaz e racional dos medicamentos.
O prestígio e dignidade da profissão farmacêutica são valores a preservar em toda e qualquer circunstância que o exija, como agente de saúde para a divulgação de conhecimentos de higiene e salubridade.
Sabia que a indústria de saúde portuguesa está enraizada numa dinâmica de inovação e investigação?
É verdade. A indústria portuguesa de dispositivos médicos e farmacêuticos tem crescido mais rapidamente do que a média nacional nos últimos anos, com as exportações para países como os Estados Unidos, a Alemanha, a Grã-Bretanha, Angola, Espanha e França a aumentarem significamente. Um aumento de 94% face a 2008, é verdade…
Sabia que o CIMETOX—Centro de Investigação Informação de Medicamentos e Toxicologia, da Universidade Lueji A`Nkonde, existe? É verdade. É o 13.º dos existentes no continente africano, com a peculiaridade de garantir informação toxicológica com carácter permanente, todos os dias do ano e durante 24 horas, no desafio para a saúde, defesa e segurança nacional.
No mundo, regista-se um crescimento desenfreado de produtos químicos que, apesar dos seus benefícios, podem estar associados a efeitos prejudiciais. Por tal motivo, a Organização Mundial da Saúde orienta a criação de centros antitóxicos para mitigar os efeitos indesejáveis destas substâncias. O continente africano é o que reporta o maior número de intoxicações por substâncias químicas, é verdade...
Atenção que o CIMETOX não presta atendimento a casos de intoxicação por e-mail ou redes sociais. Procure um serviço de saúde próximo e saiba mais dos privilégios que esperam por si nesta jornada.
Nano toxicologia, toxicologia militar, existem, sim, e já estão bem avançadas, é verdade...
Toxicologia, um Desafio para a Saúde, Defesa e Segurança Nacional.
ESTE ANO, O TEMA DO DIA MUNDIAL DA CONSCIENCIALIZAÇÃO
SOBRE O ALBINISMO, ASSINALADO A 13 DE JUNHO, FOI “INCLUSÃO É FORÇA”. PROCLAMADA PELA
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS (ONU) EM 2015, A DATA QUER ASSEGURAR QUE AS VOZES DO ALBINISMO ESTEJAM REPRESENTADAS EM TODOS OS SECTORES. PARA A ONU, IMPORTA INCLUIR QUEM VIVE COM ESTA CONDIÇÃO NO MOMENTO DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS.
Estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 20 mil pessoas tenha algum tipo de albinismo. Na América do Norte e na Europa, por exemplo, uma entre 17 mil tem esta condição, que é mais prevalente na África Subsaariana, tanto que, na Tanzânia, uma em cada 1,4 mil pessoas é albina.
Em Angola, segundo as projecções feitas pela Direcção Nacional de Saúde Pública, existem cerca de seis mil albinos. É na província do Cuanza-Sul que existe um maior número (107), seguindo-se a do Cuanza-Norte (97), de acordo com a campanha de rastreio realizada, há cinco anos, pelo Hospital Américo Boavida.
O albinismo é uma condição rara, não contagiosa e de natureza genética. Refere-se à deficiente produção de melanina, o que causa ausência parcial ou total de pigmentação no cabelo, na pele e nos olhos. Assim, a pele de um albino é geralmente branca, mais frágil e sensível ao sol, enquanto a cor dos olhos pode variar de azul muito claro, quase transparente, a castanho.
Os principais tipos de albinismo são o oculocutâneo (completo ou total), o ocular (somente os olhos) e o parcial (em algumas partes do corpo). Em quase todos os tipos de albinismo, mãe e pai precisam de ter o gene, mesmo que não sofram da condição. Esta é encontrada quer em homens como em mulheres, independentemente da etnia, em todos os países do mundo, e só se manifesta quando o gene é herdado de ambos os progenitores.
Não existe cura para a falta de melanina, que é central ao albinismo. Devido à ausência de pigmentação, os albinos têm elevada sensibilidade ao sol e à claridade forte. Por isso, quase todos têm problemas de visão, como estrabismo, miopia ou fotofobia, e são propensos a contrair cancro de pele e a sofrer de envelhecimento precoce, dada a ausência de melanina, que garante a protecção da pele contra os efeitos dos raios ultravioleta.
Mas tão ou mais preocupante é a estigmatização social de que os albinos são alvo. As Nações Unidas destacam que existem ainda mitos e superstições associadas à aparência dos albinos, aumentando a exclusão social. Somente na última década, há registo de centenas de ataques, e até de homicídios, de pessoas com albinismo em 28 países da África Subsaariana.
O dia 13 de Junho foi, assim, instituído, em 2015, pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial da Consciencialização sobre o Albinismo, com o objectivo de promover o combate ao preconceito e à discriminação contra pessoas albinas. Já em 2014, o Papa Francisco lançou no Vaticano a campanha “Help African Albinos”, uma iniciativa do escritor
Em alguns países, a maioria dos albinos morre jovem, com uma idade entre 30 e 40 anos, de cancro de pele. Por ser genético, o albinismo não tem tratamento, mas as suas complicações podem ser prevenidas. O acompanhamento por dermatologistas e oftalmologistas é particularmente importante para os albinos, que devem realizar consultas regulares. É, então, de extrema importância que os albinos usem protector solar antes de saírem de casa, para protegerem a pele. Devem usar roupas de mangas compridas e chapéu ou acessórios que protejam a cabeça e evitar a exposição ao sol. Além disso, como o problema afecta também a visão, devem usar óculos de sol apropriados. Paralelamente, e porque não é aconselhado que se exponham directamente ao sol, devem fazer uso de suplementos de vitamina D, importante para promover o bom funcionamento do sistema imunitário e a saúde dos ossos.
italiano Cristiano Gentili, que escreveu um romance intitulado “Sombra Branca”, para sensibilizar a opinião pública sobre o drama e a situação crítica e de abandono a que são submetidos milhares de albinos africanos, vítimas de superstição, rejeição e discriminação até por parte de instituições religiosas e pelos Estados. Para assinalar o Dia Mundial da Consciencialização sobre o Albinismo deste ano, a ONU escolheu o lema “Inclusão é Força”, na sequência do tema do ano passado, “Unidos para fazer ouvir a nossa voz”. O objectivo é garantir a inclusão das vozes das pessoas com albinismo em todos os sectores da vida.
COMPETÊNCIAS
Logística e Distribuição Farmacêutica
Soluções de Diagnóstico
Assistência Técnica
Gastáveis clínicos e hospitalares
Soluções de Point of Care
Procurement e Sourcing Internacional
Formação*
Representação Comercial*
*em parceria com Tecnosaúde
Consultoria
Assuntos Regulamentares
FALE CONNOSCO
O SEU DISTRIBUIDOR FARMACÊUTICO DE REFERÊNCIA
+ 3550 Produtos em portefólio
86,9% Nível de satisfação dos clientes
17 Províncias com clientes activos
2.500 m2 Armazém