Versus#56

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Enfrentando a vida Esta nova banda sul-africana fez deste tema o mote do seu álbum de estreia, agora reeditado pela Season of Mist para abrir o apetite dos fãs para o segundo. Entrevista: CSA

Saudações. Espero que estejam bem. Fiquei surpreendida por descobrir que Wildernessking acabou. Entrevistei a banda uma vez e adorei a sua música. Mas agora estás em Constellatia. Como encontraste o Gideon e fundaram a banda? Keenan – Olá! Bem me parecia que conhecia o nome da revista. Também fui eu que respondi da outra vez. O Gideon e eu já nos conhecemos há muito tempo. Encontrámo-nos lá por 2009. Em 2018, as nossas bandas não andavam muito ativas em termos de escrever música nova (Wildernessking até já tinha acabado) e eu estava ansioso por poder fazer música pesada novamente. Contactei o Gideon, porque realmente gostei muito do último álbum de Crow Black Sky e pensei que podíamos compor e trabalhar juntos muito bem. Pouco depois encontrámo-nos e começámos a escrever “All Nights Belong To You” e compreendemos que tínhamos criado algo especial. O que aconteceu até agora que valha a pena contar? Os momentos significativos até agora incluem o lançamento do nosso álbum de estreia, termos assinado contrato com a Season of Mist e feito um primeiro concerto verdadeiramente especial (e também termos encontrado os membros certos para a banda). Suponho que este é o vosso primeiro álbum. Tem um título muito intrigante. O que significa para vocês? Como estão as letras ligadas a este tópico central? Diz respeito ao encontro e separação de pessoas, como comunicar com os nossos corpos e através das nossas ações. É um título humano, ligado ao amor, ao triunfo e ao desespero. Esses temas aparecem em todas as canções, ao longo do álbum. Cada uma aborda-o de uma forma específica. “All Nights” é uma canção sobre partir a agarrar-se ao passado. Fala de nostalgia. “In Acclamation” é uma canção sobre obsessão, submissão

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e superação. “Empyrean” fala de prazeres da carne e da sua conversão numa experiência etérea, “The Garden” é um lamento que termina numa nota de esperança. É um tanto estranho ter um álbum sobre superação nestes tempos. Queres comentar esta ideia? Tem algo a ver com o que se passa no mundo agora e a base lírica do álbum. Contudo, as letras são mais pessoais e não dizem forçosamente respeito à abolição de algo superior ao humano. É algo que vem de um humano e se destina a outros humanos. Diz respeito à nossa relação com os outros, mais do que à nossa relação com o mundo. Contudo, as linhas tornarse-ão sempre difusas, quando se trata de dissecar e interpretar o significado. No que diz respeito à música, o álbum é notável pelos seus contrastes, nomeadamente entre a melodia produzida pelos instrumentos e a voz áspera e a bateria frenética. Qual é o objetivo deste uso dos instrumentos? Inspirámo-nos nos elementos tenebrosos e mais ligeiros da música de que gostamos e da música que gostamos de fazer. Estes tropos imitam ou tentam captar a vazante e o fluir da vida. Não é uma decisão consciente, apenas uma parte de um processo natural para nós. Por que convidaram artistas femininas para cantar no vosso álbum? Temos uma grande afinidade com o feminino. Há uma sensibilidade, uma ferocidade e uma melancolia presas nas vozes que combinam maravilhosamente com o sentimento global do álbum. Foi assim uma ideia que nos veio à cabeça. E como as persuadiram a participar? Não houve qualquer persuasão. Já conhecíamos as duas e pedimos-lhes para participarem nesta primeira criação.


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