Inverno Estás disposto a ser suprimido, apagado, extinto, transformado em nada? Estás disposto a transformar-se em nada? Se não estiveres, nunca mudarás de fato. De Phoenix Há quem sinta que sua vida é um inverno. Alguns, porque não têm ninguém para lhes aquecer. Outros, por não sentir o seu próprio calor. A maioria, por não saber pedir ou receber carinho. A natureza somos nós. Quando ela chora, é hora de liberar emoções. É tempo de sentir, sem censura ou reprovação, sem controle. Momento de refletir sobre desejos, sonhos e aspirações. Tempo de recolhimento. O inverno lembra faxina. O céu purifica a atmosfera terrestre com suas águas cristalinas, lava as ruas, telhados, janelas, diminui a luminosidade, com suas nuvens densas, deixa a vida na penumbra, para que nossos olhos cansados possam mirar o sol em busca de respostas. Assim são as nossas águas internas, limpam os recônditos mais escondidos e profundos do ser. Nesses momentos, ter alguém especial em quem possamos confiar os mais íntimos sentimentos e pensamentos é uma dádiva. Ouvir e ser ouvido, dar e receber carinho, distribuir e acolher compreensão. E o que nos impede de desfrutar momentos assim tão gratificantes? Insegurança, medo, vaidade, orgulho, egoísmo. Não estamos habituados a mostrar vulnerabilidade, por receio de não sermos respeitados ou nos sentirmos rejeitados e magoados. O nosso compromisso não é com as exigências que nos fazemos, mas com nosso eu verdadeiro. Revelar sensibilidade é um ato de coragem, e é na vulnerabilidade que mora a força. É preciso honrar a verdade, desapegados de ideias e crenças. Mas como nem sempre a verdade está clara em nossas mentes e corações, até porque ela sempre será relativa, evitamos nos expor. Então por que não expressar a dúvida? A vida não tem seguro, não quer de nós certezas, e sim coragem para viver, e na trajetória, que aqueçamos e sejamos aquecidos, que acolhamos e sejamos acolhidos, fazendo da chuva uma amiga, da natureza uma cúmplice de nossos anseios.
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