Fundamentação teórica
perguntas e ordens uma determinada que precisa ser aquela que o emissor tenta comunicar. Mas a questão que permanece diz respeito à maneira pela qual o receptor é direcionado para selecionar e escolher a mensagem específica que o emissor quer atribuir ao sinal entre os significados. Para tanto, há em um determinado sinal transmitido certas mensagens que ele admite e outras que exclui e tal delimitação permite ser estabelecida pelo emissor mediante mecanismo da indicação das circunstâncias. Como ver-se-á, tal mecanismo de indicação de circunstâncias torna-se elemento semiótico fundamental para suplementar e precisar significados das mensagens admitidas pelos sinais. Por meio dele, o emissor tem a possibilidade de fornecer fatos (PRIETO, 1973, p. 48) com o objetivo de assessorar o entendimento do receptor a respeito da sua mensagem transmitida de modo a dissipar incertezas quanto à mensagem. Porém, antes de pormenorizar esse mecanismo, na seção seguinte retomamos o objeto discurso com foco na educação científica, posto ser uma componente basilar de toda a comunicação.
Discurso na educação científica A temática dos estudos discursivos no ensino das ciências da natureza deriva do interesse a partir do final dos anos setenta de pesquisas na área de educação científica que enfatizavam a importância da participação ativa dos aprendizes no ensino. De início, essa foi uma referência para a interação ou ação do aprendiz sobre os conceitos e objetos concretos com a finalidade de assimilá-los; uma visão baseada no que foi denominado construtivismo interacionista individual, de fundamento psicológico piagetiano (EDWARD; MERCER, 1993, p. 18). A partir da década seguinte ganhou destaque a proposição de que a aquisição dos conhecimentos se faz pela interação entre membros mais e menos competentes de uma comunidade social. Conhecida por socioconstrutivismo ou sociointeracionismo tal orientação pedagógica, de fundamento psicológico vygotskiano, estabeleceu a linguagem como dimensão constituinte intermediadora privilegiada dessa interação. A razão disto veio do entendimento de que a linguagem e o pensamento passaram a ser compreendidos como uma composição de mecanismos cognitivos indissociáveis. Desde então, a condição de um ser ativo significa a necessidade de o aprendiz participar da construção do conhecimento científico mediado pelo compartilhar
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