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SEMIÓTICA APLICADA À EDUCAÇÃO CIENTÍFICA signos de tipo indicações circunstanciais emitidos pelo professor em atividade discursiva
SIMON, 2006, p. 1818), e por reunir todas as referidas habilidades é necessária à racionalidade lógica em geral e, em particular, à racionalidade científica (OSBORNE, 2004, p. 995). Assim, a argumentação concorre para o aprimoramento do pensamento crítico, lógico e de respeito às posições divergentes dentro de um ambiente de livre construção de ideias e proposições (SIEGEL, 1980).
Papel das circunstâncias na comunicação O conceito central para entender e situar o mecanismo da indicação circunstancial na comunicação é o de circunstâncias. Para ter sua mensagem compreendida um sinal emitido necessita estar inserido em certo contexto. Localizado em uma malha de relações, o contexto fornece ao sinal determinado sentido e não outro. Esse é o modo pelo qual se explica por que alguém chega a entender o que um particular ato linguístico significa. A corrente filosófica pragmatista iniciada por Peirce prestou especial atenção à relação entre os signos e seus utilizadores. O pragmatismo peirceano entende que para além das dimensões sintática e semântica da análise do processo sígnico, existe uma dimensão conjuntural de utilização. Isto quer dizer que fora de um contexto o signo é inoperante. As regras pragmáticas estabelecem as condições sob as quais o intérprete deve estar sujeito para que a mensagem de um sinal obtenha um sentido único dentre vários. Em suma, o significado dos elementos sígnicos passa não só pela análise sintática e pela consideração dos valores semânticos, mas pelas condições contextuais e situacionais de seu emprego (FIDALGO; GRADIM, 2005, p. 99). A importância dessas condições para a comunicação é capaz de ser verificada quando se compreende a natureza de sua dinâmica abarcada pelos aspectos de completeza tácita, parcimônia e de falha comunicativa. Tal tríade de aspectos permanece inerente a toda comunicação e necessita ser levada em conta quando dos atos sêmicos. Passemos agora a apresentar os fundamentos desses aspectos, dado que os mesmos permanecem subjacentes ao mecanismo da indicação circunstancial. Dentro do que interessa destacar em relação ao conceito central trabalhado de indicação circunstancial, o primeiro aspecto, de completeza tácita, tem como fundamento assinalar e reforçar que não existe significado finalizado e completo atribuído ao signo em si, nem ele ocorre isoladamente, mas