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SEMIÓTICA APLICADA À EDUCAÇÃO CIENTÍFICA signos de tipo indicações circunstanciais emitidos pelo professor em atividade discursiva
No que toca ao raciocínio estimulado pela indicação circunstancial produzida se pode afirmar que a mesma exigiu inferência dedutiva. Ainda que o mencionado hábito seja adquirido de forma indutiva, pois nascem da generalização de casos particulares vivenciados que vão se dando na escola, todavia, em consolidado o hábito, o mesmo vira uma regra implícita e é empregada dedutivamente pelo estudante, pois segue o formato lógico: “(Premissa maior) Uma segunda ou mais perguntas imediatamente à resposta a uma primeira pergunta tende a significar que a resposta dada a esta última está incorreta”; (Premissa menor) Uma segunda pergunta imediata à resposta é feita; (Conclusão) Logo, a primeira resposta não é a desejada”. Em resumo, em vez de o professor emitir um sinal direto na forma de ato sêmico de ordem para o estudante A1 (p. ex.: “A resposta não está certa! O gráfico mostra que ao se aumentar a temperatura no intervalo o volume diminui”), preferiu o circunlóquio da análise da temperatura do gráfico no sentido de 4ºC a 0ºC, juntamente com o fenômeno da expansão do volume dos líquidos congelados em garrafas no freezer, fenômeno suposto pelo professor de conhecimento de seus alunos. O caso retratado possibilita observar que tanto para o estudante A2 quanto para A1 o estado final da mensagem foi de “compreensão”. Para este último, a mensagem passou do estado de “má compreensão” para de “compreensão”, registrada na sua afirmação categórica: “O volume vai para trás no eixo (dos volumes) quando a temperatura sobe, isso é diminuição do volume!”. Caso 7 – Problema do coeficiente de dilatação volumétrica 4
Emissão de indicação circunstancial semelhante à do caso 6 anterior deu-se na continuidade do experimento de dilatação volumétrica iniciado no caso 4. Quando da retirada de dados do experimento o professor notou que em um dos grupos o equipamento (figura 3) estava vazando devido a descuido de montagem. O problema mais comum surge em razão do insuficiente aperto da rolha contra o tubo de ensaio, procedimento fundamental para não entrar ar no tubo contendo água e não falsear as medições da dilatação. As medidas resultam errôneas porque o volume não estabiliza em um valor e retrai aos poucos devido ao vazamento. A orientação para esse e outros prováveis problemas fora advertida para a classe antes da realização do experimento.