SÓ QUERIA TE DIZER
Preciso te conhecer Denise Doro
Hoje fazem exatamente cem dias que me encontro isolada do convívio social. Seguindo as recomendações dadas para esse período de Pandemia, jamais imaginei que chegaria aos quarenta e cinco anos para vivenciar esse caos mundial. Sou Anita, estatura mediana, cabelos castanhos, sócia numa loja de produtos para beleza, que se encontra fechada por motivos óbvios. Desde que tudo começou, minha sócia por ter condições financeiras excelentes, preferiu parar com as atividades e somente retornarmos quando o evento terminar. Causou-me um grande temor, pois não sabemos quando terminará. No início pensei em dissolver a sociedade, mas ela preferiu resolver toda a parte jurídica, porque não tínhamos empregados, acertou acordos com nossos fornecedores, e assumiu as dívidas a serem pagas alegando que depois eu a ressarciria, já que a loja é dela. Essa atitude me tranquilizou um pouco. Hoje, passados tantos dias, começo a preocupar-me. Tendo um casamento desfeito e sem filhos, morando sozinha num apartamento minúsculo na cidade de Juiz de Fora, a solidão vem me afetando de todas as maneiras. Apesar de nada me faltar, porque tenho boas reservas, o fato de não poder ver meus familiares, que residem em outro Estado e sair para estar com amigos trouxe-me uma angústia sem medidas. Comecei a usar mais o smartphone e nessas horas de vida virtual instalei a conselho de uma amiga um aplicativo de relacionamentos. Confesso que nunca fui muito simpática a eles. Sei de histórias bizarras e outras muito desconcertantes ocorridas com pessoas que conheço. Porém, no ímpeto de me distrair, queria mesmo era brincar. E se me aborrecesse sairia da mesma maneira que entrei. 75