XV Edição | Revista Diagnóstico

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DIAGNÓSTICO - DEZEMBRO 2021

DISCRIMINAÇÃO DE PESSOAS TRANS Texto de Rodrigo Martins

A

população trans é das principais comunidades alvo de discriminação, preconceito e estigma por parte da sociedade (1). É necessário um acesso a cuidados de saúde positivo e sem barreiras que vise colmatar as disparidades em saúde que esta população sofre (2). No entanto, a própria procura por tratamentos cirúrgicos, médicos e psicológicos específicos à sua condição, encontra-se altamente limitada. (1–3). Formas de discriminação a que pessoas trans são expostas regularmente incluem: desrespeito pelo seu nome e pronomes apropriados ao seu género, agressão, isolamento, marginalização e dificuldades económicas (1). Este estigma explica a maior prevalência de episódios depressivos, perturbações de ansiedade (4), perturbação de uso de substâncias, abusos psicológico, físico e sexual, e tentativas de suicídio nestes indivíduos (1). Num estudo que pretendeu avaliar a discriminação e barreiras ao acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) percecionado por pessoas trans, concluiu-se que cerca de metade dos inquiridos sofreram, pelo menos, um episódio de discriminação (1). Relativamente a estes episódios, os principais foram, por ordem decrescente: o uso de linguagem preconceituosa ou insultuosa, negação e o desencorajamento da exploração da identidade de género e, também a recusa de assistência ou término 16

de cuidados (1). Para além disto, quanto às barreiras de informação sobre a especificidade trans, 32,4% dos participantes referem que o profissional de saúde em causa não tinha conhecimento suficiente acerca da saúde de pessoas trans (ST), sendo por isso incapaz de aconselhar sobre a mesma, e que 69,1% dos inquiridos teve de ceder, pelo menos uma vez, informação sobre ST ao profissional (1). A abordagem de questões relacionadas com diversidade de género ainda se associa a preconceitos e emoções negativas, que resulta nos constrangimentos referidos (3). É necessário o respeito pelo direito à autodeterminação que se traduz pela despatologização do percurso transgénero e transexual (3). Torna-se imprescindível protocolar os atos médicos (3) e dar a conhecer essas guidelines aos profissionais de saúde, de modo a que não sejam as próprias pessoas trans a os informarem acerca das mesmas, contribuindo assim para a ajuda do clínico em explorar a identidade de género do indivíduo (1) e fornecer um acompanhamento personalizado com opções de tratamento individualizadas (1,4). A abordagem das questões relacionadas com o percurso da pessoa trans faz-se em vários passos (1). O diagnóstico requer profissionais experientes, principalmente no caso da transexualidade com ou sem disforia de género, sendo o médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) o fator mais importante para esta fase (3). Feito o diagnóstico, o MGF


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