E S P E C I A L C U LT U R A
PERFIL
herman josé
O Senhor Feliz das Inesquecíveis Personagens
Nasceu a 19 de Março de 1954, em Lisboa. Sem ele, o humor em Portugal não seria o que é hoje. Pratica, desde os anos 80, um humor culto, inovador e vernacular, ocupando um lugar ímpar no universo artístico nacional. Imortalizou várias personagens que continuam a fazer parte do imaginário colectivo há quase meio século. O Senhor Feliz (1975), Tony Silva (1982), José Estebes (1983), Serafim Saudade (1985), Diácono Remédios (1997), Super Tia (1997/98), Nelo (2000), Melga (1997) e a recente influencer “Tia Lecas” (2021), são apenas alguns dos “bonecos” que têm resistido ao tempo e ao esquecimento. Nasceram ao “ritmo” da sociedade portuguesa em programas de humor, concursos, ‘talk-shows’ e espectáculos ao vivo. Ao longo de 48 anos de carreira, o “pai” do humor português tem colocado o seu talento, a sua criatividade e a sua inesgotável capacidade de trabalho ao serviço da escrita humorística, da representação, da realização e da música. Os seus espectáculos conseguem cativar todos os estratos socioculturais e resultam em todos os palcos, dos mais populares aos mais eruditos. Construiu um
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CATARINA DA PONTE
reportório intergeracional, tanto em Portugal como na diáspora portuguesa. Considera que o humor são as cócegas da inteligência. É apreciador do humor do lendário comediante norte-americano, Don Rickles e da actriz, comediante e apresentadora norte-americana, Joan Rivers, conhecida como a “rainha da comédia americana” (ambos já falecidos). É também um grande fã do cineasta e actor norte-americano, Woody Allen. O humor e a capacidade de improviso fazem parte da vida de Herman José desde a infância, sobretudo como ferramentas desbloqueadoras de situações complicadas. Aos quatro anos, já protagonizava os filmes do pai (cineasta amador), que lhe deu a conhecer a parte mais técnica do audiovisual ao introduzi-los nas filmagens com a Super 8. Fazia também espectáculos de humor e música para as visitas lá de casa e chegou a ganhar cachês de cinco escudos, que uma amiga da mãe lhe oferecia após cada
actuação. Com 18 anos, em 1972, faz a sua primeira aparição em televisão num programa juvenil, como baixista de um trio chamado “Soft”. Dois anos depois, em Outubro de 1974, sobe ao palco do já inexistente Teatro ABC (no Parque Mayer, em Lisboa), estreando-se na peça “Uma no Cravo, Outra na Ditadura” ao lado de nomes como Ivone Silva, Nicolau Breyner, José de Castro, João Lagarto. Em 1977 lança o disco “Saca o Saca-Rolhas”, e, no ano seguinte, decide sair da capital e percorrer o país com o seu espetáculo “One Man Show”. Em 1978, junta-se a Raul Solnado e Rita Ribeiro no elenco da peça “Felizardo e Companhia, Modas e Confecções”. O seu primeiro grande êxito a solo deu-se com a interpretação da personagem Tony Silva, no programa da RTP, “Passeio dos Alegres”, em 1981. Em 1982 foi disco de ouro com o tema “Canção do Beijinho”. Nesse mesmo ano, estreia-se na Rádio Comercial com o programa “Rebéubéu Pardais ao Ninho”. Escreveu, protagonizou e dirigiu os programas da RTP “Tal Canal” (1983), que foi eleito, em 2007, o melhor programa de televisão dos últimos 50 anos, numa votação promovida pelo jornal Diário de Notícias e pela Time Out. Seguiuse o “Hermanias” (1985) e “Humor de Perdição” (1987). Este último ficou