E S P E C I A L C U LT U R A
INSTITUIÇÕES
“Achamos que temos coisas que valem a pena mostrar” SALVATO TELES DE MENEZES É O HOMEM QUE ESTÁ AO COMANDO DA FUNDAÇÃO D. LUÍS I, ENTIDADE GESTORA DA CULTURA EM CASCAIS HÁ QUASE 30 ANOS. EM ENTREVISTA À PRÉMIO, O EX-PROFESSOR, ESCRITOR E TRADUTOR, FAZ QUESTÃO DE MENCIONAR QUE SÓ COM UMA ESTRATÉGIA TURÍSTICOCULTURAL CONCERTADA COM CARLOS CARREIRAS (PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAIS), SE TEM CONSEGUIDO UMA AFIRMAÇÃO CRESCENTE DE CASCAIS ENQUANTO REFERÊNCIA CULTURAL. FALA-NOS, AINDA, DO PROJECTO DA NOVA VILA DAS ARTES E DA PRÓXIMA GRANDE EXPOSIÇÃO DEDICADA A GOYA, NO CENTRO CULTURAL DE CASCAIS.
O Professor Salvato Teles é actualmente Presidente da Fundação D. Luís I, mas já desempenhou muitos outros papéis ao longo da vida: professor, ensaísta, escritor, tradutor, cinéfilo. Qual a “cola” que une tudo isto? O que cola tudo é a minha ideia de que não há áreas estanques na nossa actividade de gestores culturais. Os gestores culturais, não sei se feliz ou infelizmente, têm obrigação de dominar várias áreas para poder responder às múltiplas questões que se lhes colocam em termos da gestão. Não é que a gestão cultural seja uma transcendência – não é – é uma gestão como as outras que existem, mas tem algumas especificidades. A bagagem da sua experiência profissional contribuiu, portanto, para “preencher” estas características da gestão cultural que refere?
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CATARINA DA PONTE
Sim, foi um processo evolutivo e, ao longo do tempo, vamos adquirindo essas competências que depois nos permitem, efectivamente, conduzir da melhor maneira possível esse desidrato último que é sermos capazes de fazer com que as entidades culturais que estão sobre a nossa gestão tenham um comportamento adequado às disponibilidades financeiras e humanas que temos. Portanto, esta conjugação de factores distintos é que compõem, no fundo, a verdadeira actividade de um gestor cultural. O que é preciso é ter um espírito aberto à aquisição dessas novas competências ao longo da vida. Para mim foi assim.
Actualmente considera-se apenas um gestor cultural? Sim, até poderei ter sido um intelectual razoável, há quem diga que sim, mas há bastante tempo que estou dedicado a estas tarefas – que algumas pessoas julgam mais banais – de gerir a Fundação D. Luís I, tendo atribuições muito vastas, que se traduzem numa gestão com alguma complexidade. Costumo dizer que mantenho esse lado porque, como sabe, continuo a traduzir coisas, mas agora o núcleo central da minha actividade é, efectivamente, a gestão da Fundação D. Luís I. Conseguiu transformar estes seus interesses noutros formatos na Fundação D. Luís, por exemplo, com as residências literárias ou os ciclos de cinema que aqui promovem, contribuindo para uma actuação mais ampla e transdisciplinar da Fundação?