Revista PRÉMIO | Edição Junho 2022

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E S P E C I A L C U LT U R A

A PRÉMIO NO MUNDO

MOÇAMBIQUE

PEDRO CATIVELOS, DIRECTOR EXECUTIVO DA MEDIA4DEVELOPMENT

A E C O N O M I A C R I AT I VA N U M MERCADO POR CRIAR

A

ntes da pandemia, as indústrias criativas geravam anualmente, de forma agregada, a nível global, 8,5 biliões de dólares e geravam emprego para 144 milhões de pessoas. Se fossem um país, seriam a terceira economia mundial, só atrás dos EUA e da China. Após a pandemia, a tendência é crescer ainda mais, se lá colocarmos o advento dos NFT, o crescimento do mercado dos conteúdos nas plataformas de ‘streaming’ ou a exploração do metaverso, por exemplo, impelidos pela revolução digital que muitos de nós subscrevemos nos últimos dois anos e meio. Ajuda a perceber estes números, identificar de forma mais precisa o que é conceptualmente, a indústria criativa. Para as Nações Unidas, é o conjunto de “actividades do conhecimento e produção de bens tangíveis,

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intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor económico”. Na linguagem sectorial da economia, é composta por três grupos: um artístico, que congrega música, teatro, dança, literatura, cinema e artes plásticas, um outro, em que estão a arquitectura, o design (moda, gráfico, comunicação, produto e de equipamento) e um terceiro, no domínio das novas tecnologias, que engloba a criação de ‘software’, jogos, e serviços digitais (de ‘streaming’). Se olharmos a estes vários segmentos, percebemos a imensidão de assimetrias que há entre eles, a todos os níveis, diferenças que o são também se as olharmos sob o prisma dos mercados, ou países, onde são concebidas. Não é igual ser um artista num qualquer país da CPLP ou nos EUA, claro. Toda esta formulação, que já não é assim tão recente, nasceu na metade dos anos de 1990, e foi inicialmente difundida

pelo governo do Reino Unido, procurando encontrar uma resposta à necessidade de mudar os termos do debate sobre o valor real das artes e da cultura, e agregar a elas as novas fórmulas que então ganhavam terreno, como as múltiplas vertentes em que o design evoluía e os novos caminhos que se anteviam com a explosão da internet e a previsão de um suposto mundo digital virtual que viria a tornar-se real. Este conceito de indústria criativa concretiza então a visão mais ampla das artes convencionais, libertando-as da prisão dos subsídios a que muitas delas foram votadas, por exemplo em países europeus, e agrupando-as sob o guarda-chuva da exploração comercial. O momento-chave de toda essa nova visão aconteceu com a produção do primeiro “Mapa das indústrias Criativas”, em 1998, decisivo por ter sido o primeiro exercício sistemático de medição das indústrias criativas em todo o


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