Revista PRÉMIO | Edição Junho 2022

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E S P E C I A L C U LT U R A

E N T R E V I S TA

“O contributo do sector cultural e criativo para a economia é enorme” S A I D O M I N I S T É R I O D A C U LT U R A C O M A N O Ç Ã O D O T R A B A L H O F E I T O . A C R E D I T A Q U E D E U F O R M A À S R E F O R M A S M A I S U R G E N T E S , D O E S TAT U T O P R O F I S S I O N A L D O A R T I S TA A T O DA A P O L Í T I C A DA A R T E C O N T E M P O R Â N E A , PA S S A N D O P E L A R E D E P O R T U G U E S A D E T E AT R O S E C I N E T E AT R O S . C O N S I D E R A Q U E A C U LT U R A É F U N D A M E N T A L P A R A A Q U I L O Q U E É A C O M P E T I T I V I D A D E E C O N Ó M I C A D O P A Í S E PA R A A C O E S Ã O E C O N Ó M I C A E S O C I A L . D E P O I S D E Q U A S E Q U AT R O A N O S À F R E N T E DA PA S TA , G R A Ç A F O N S E C A O L H A PA R A O S E C T O R C O M O U T R O S O L H O S . M A I S AT E N TA E N Q U A N T O C I DA DÃ , T E M O D E S E J O D E Q U E O S P O R T U G U E S E S T E N H A M C O N S C I Ê N C I A DAQ U E L E S Q U E T R A B A L H A M PA R A Q U E A C U LT U R A E X I S T A .

Com que estado de espírito deixou o Ministério da Cultura, saiu aliviada, com o sentido do dever cumprido, a contragosto, satisfeita? Saí por decisão própria. Acho que estes lugares ganham com novos protagonistas, as políticas públicas ganham com novos protagonistas. Saí com a consciência de que devia haver uma mudança, com a consciência plena de que era o momento para o fazer. E com a noção do trabalho feito também. Nunca saímos com a sensação de termos feito tudo o que queríamos fazer. No entanto, deixámos feito um conjunto de reformas, o estatuto profissional do artista, a rede portuguesa de cineteatros, toda a política da arte contemporânea, o novo modelo de apoio sustentado. Era um conjunto de reformas que para nós era muito importante que ficassem aprovadas, consolidadas, os concursos abertos e a decorrer. Deixámos isso estruturado e de uma forma, julgo eu, diferente do que encontrámos. Sendo que tudo se fez durante um tempo em

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ALEXANDRA CARITA

que também tivemos que acorrer a necessidades absolutamente imediatas. No fundo, o que tentei sempre fazer foi olhar para o passado para perceber quais eram as reformas necessárias para o futuro, mas nunca deixar de dar resposta no tempo presente. Qual foi o seu maior cavalo de batalha? Terá sido o estatuto profissional do artista? Diria que houve vários. Mas sim, o estatuto profissional do artista foi um cavalo de batalha. É daquelas reformas que sabemos sempre que se não tivéssemos feito teríamos mantido uma situação que já há muitos anos podia ter sido alterada. Tínhamos mesmo que a fazer, portanto. Foi difícil, atravessou a pandemia,

e decidimos abrir um processo complicado que foi trazer muitos interlocutores e muitas associações para a mesa de trabalhos. Foi arriscado, mas não estou de todo arrependida. Aprendi em políticas públicas uma coisa fundamental, a melhor garantia que temos de que aquilo que estamos a fazer agora manterse-á no futuro independentemente dos ciclos políticos ou das pessoas, é conseguirmos que externamente ao Governo hajam entidades e pessoas que absorvam a importância do que está a acontecer. São elas os guardadores para o futuro daquilo que


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