Revista PRÉMIO | Edição Abril 2021

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OPINIÃO

FRANCISCO VELEZ ROXO, ECONOMISTA/GESTOR, PROFESSOR NA UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA E P R E S I D E N T E DA A S S E M B L E I A M U N I C I PA L D E A LT E R D O C H ÃO ECONOMIST/MANAGER, PROFESSOR AT THE PORTUGUESE CATHOLIC U N I V E R S I T Y A N D P R E S I D E N T O F T H E M U N I C I PA L A S S E M B LY O F A LT E R D O C H ÃO

O MEU INTERIOR MY HINTERLAND

O

misto de reflexão sobre o que somos, queremos e temos é muitas vezes identificado em psicologia e ciências do comportamento, como “o nosso interior”. Nas linhas que se seguem falara muito “o meu interior”, mas sobre “o meu Interior geográfico”, o Interior em que nasci e vivo intensamente, e sobre o qual muitas vezes reflito tendo como eixo central de visão, um velho tema nacional: “Interior para que te quero?”. Fazer Portugal de Norte a Sul num eixo que se situa em média acima dos 50kms da costa, é fazer a única estrada que atravessa o país de norte a sul, pelo interior, a EN2, que proporciona o apreciar diferentes paisagens, tradições e muitas reflexões sobre como Portugal é belo, mas também, sentindo os ventos de Espanha, perguntar: “E até à fronteira que mais há?”. Sabendo-se que para o litoral há muito, variado e belo. Fresco e convivial com mar à vista. Partindo das montanhas em Trás-os-Montes, passando pelos socalcos do Douro, fazendo as curvas das Beiras e vogando depois pelas longas planícies e campos de cultivo no Alentejo até chegar ao barrocal algarvio, fazer a viagem na EN2 é dar um olhar por o que é Portugal, antes de entrar no “interior profundo” até à fronteira. Quando li Torga nos meus tempos de juventude sempre fiquei preso à sua definição comparativa de Trás-os-Montes com o Alentejo onde nasci: “Em Portugal, há duas coisas grandes, pela força e pelo tamanho: Trás-os-Montes e o Alentejo. Trás-os-Montes é o ímpeto, a convulsão; o Alentejo, o fôlego, a extensão do alento”. E, neste quadro de referência, fui sempre aprofundando um maior conhecimento comparativo destas duas regiões integrando também as Beiras (até por ter casado com uma Beirã) e tendo em determinado momento, sobretudo depois de 1974, aderido mais fortemente a uma paixão segmentada pelo Interior. Porque não mais podia conter

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T

he mix of reflections on what we are, what we want and what we have is often identified in psychology and behavioural sciences, as “our inner self”. In the following lines, “my inner self” will be covered extensively but rather “the inner part of us in geographical terms”, the hinterland where I was born and where I live intensely and I often reflect upon, based on the central vision, a recurring national theme: “What is the hinterland there for?” Crossing Portugal from North to South, drawing an axis of around 50 km away from the coast, is travelling the only road that crosses the country from the north to the south, through the hinterland, the National Highway 2, enjoying different landscapes, traditions inviting us to reflect on how beautiful Portugal is and to feel the winds of Spain and to ask: “And what is there in between, all the way to the border?”. And we know than when we head to the coast there is a lot to see, both varied and beautiful, fresh and convivial, overlooking the sea. Starting in the mountains in Trásos-Montes, through the slopes of Douro River, the curves of the Beira provinces and wandering through the long plains and the fields of the Alentejo until reaching the Algarve Barrocal, making the journey on the NH 2 is taking a look at what Portugal is, before entering the “deep hinterland” all the way up to the border. When I read Torga in my youth, I was always stuck with the manner how he compared Trás-os-Montes with the Alentejo where I was born: “In Portugal, there are two big things, in terms of both strength and size: Trás-os-Montes and the Alentejo. Trásos-Montes is the impetus, the upheaval; the Alentejo, the breath, the expanse of the will”. And, in this reference framework, I kept deepening my comparative knowledge of these two regions, integrating also the Beira provinces (all the more so as I married a woman from a Beira province) and after a certain point, and particularly after 1974, I developed a growing segmented passion

(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)


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