ENTREVISTA ENTREVISTA GESTOR
por Samuel Capucho
FOCO NO ESTUDO Nos últimos meses, David Afonso tem-se focado no estudo para o CFA Charter, mas também gosta de ir ao ginásio, de ler e de viajar. Jogar Fantasy Premier League também é um dos seus hobbies.
David Afonso GESTOR DO IMGA AÇÕES PORTUGAL, IM GESTÃO DE ATIVOS ENTREVISTAS
BIN SHI, UBS AM JOSH DUITZ, ABRDN LEGISLAÇÃO
AS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA DIMENSÃO PLANIFICAÇÃO
OS INVESTIDORES E A CRISE COM ESTILO
UM CONTRABAIXO A INVESTIR A GRANDE DESCONEXÃO
NÚMERO 44 MAIO E JUNHO 2022
.
SELECIONADORES FAVORITOS AS NUVENS NO HORIZONTE
Olhar para o futuro investindo em saúde
À NUVEM NEGRA DA PANDEMIA, QUE AINDA PAIROU DURANTE O ÚLTIMO ANO, JUNTARAM-SE OUTRAS COMO A DA INFLAÇÃO E A DA GUERRA. OBSTÁCULOS QUE DIFICULTARAM, MAS NÃO IMPEDIRAM OS SELECIONADORES DE FUNDOS NACIONAIS DE FAZER UM TRABALHO NOTÁVEL.
AB International Health Care Portfolio
LEVANTAR O VÉU DO IMGA AÇÕES PORTUGAL Quem deseja investir em ações nacionais encontra neste produto uma equipa de gestão experiente, com um processo de investimento muito seletivo e com um ponto de vista de investimento bastante interessante.
P
assaram-se anos sem uma boa performance do PSI, mas finalmente chegou. Em boa verdade, quando o tema se trata de ações portuguesas, o IMGA Ações Portugal, gerido por David Afonso e distinguido com Rating FundsPeople 2022, é um dos produtos de referência do mercado português. Só em 2021, foram mais de 83 milhões de euros que o fundo arrecadou, o que fez dele o fundo de ações portuguesas que mais captou no último ano. Mas este destaque, segundo David Afonso, só é possível devido a um trio de forças. Em primeiro lugar, diz que “a equipa de gestão é muito experiente e dá a segurança aos investidores de que o seu dinheiro está bem guardado e investido”. Em segundo, refere que “a equipa comercial também tem feito um esforço muito grande de dinamização do fundo junto dos investidores finais” e, por último, menciona “os bancos distribuidores que têm estado bastante dinâmicos”. Em suma, “os investidores veem que o fundo tem uma oferta do ponto de vista de investimento bastante interessante, e todos estes fatores ajudaram-no a ter este sucesso”, sublinhou. Contudo, David Afonso começou por assumir que o IMGA Ações Portugal sofre bastante com os constrangimentos de investir num mercado como o português, tais como o pequeno número de títulos existente e a liquidez de alguns deles ser também bastante reduzida. Desta forma, o gestor partilha que “a abordagem que se adequa 80 FUNDSPEOPLE I MAIO E JUNHO
mais a este fundo é uma abordagem top-picks”. “Tentamos a cada momento selecionar as quatro ou cinco empresas que julgamos que têm mais potencial de valorização, de forma a posicioná-las com um peso superior aos 5%”, explica. Por isso, há um processo muito seletivo por detrás de cada escolha de investimento. Já os títulos que se posicionam perto, mas que detêm um peso ligeiramente abaixo desses 5%, o gestor conta que o objetivo é “jogar muito com a liquidez e o potencial de valorização”. O gestor revela ainda que a equipa de gestão não tem uma necessidade de balanceamento periódica. Segundo o profissional, “é no momento e de forma muito tática” que facilmente retiram uma empresa desse top pick e trocam por outra. Quando se fala de ESG no mercado português, fala-se necessariamente de EDP Renováveis. De facto, essa é uma das grandes apostas de David Afonso, não só por ser, segundo o profissional, um “grande driver de valor para a EDP”, mas também pela “recente procura por energias renováveis”. “É a empresa que, de uma maneira mais direta, entra na questão, por exemplo, da mitigação e transição para uma economia mais sustentável”, sublinha. Ainda assim, vê que “a questão do ESG, nas suas três vertentes, entra praticamente em todas as empresas. Todas elas têm um esforço grande nos relatórios de sustentabilidade em desenvolver métricas mais tangíveis para atingir objetivos”, menciona.
MODERADAMENTE POSITIVOS
Já quando olhamos para o primeiro trimestre de 2022, o PSI tem sido um dos índices com melhor performance na Europa, devido ao facto de o setor das utilities ter um grande peso no índice nacional. Ou seja, “tem-se vindo a constatar que o problema de concentração que o PSI tem, por vezes, joga a favor do investidor em ações nacionais”, comenta o profissional. E, no que toca aos riscos que vê no horizonte, como é o caso da subida das taxas de juro, David Afonso não está muito preocupado. “As empresas nacionais têm feito um grande esforço de desalavancagem”, recorda. O desafio futuro, segundo o profissional, será perceber se os segmentos de utilities, banca e retalho alimentar se comportarão bem ou não. “Estamos expectantes de momento, mas moderadamente positivos. Daí termos exposição a utilities e também ao retalho alimentar”, conclui.