ENTREVISTA 5 MINUTOS
por Samuel Capucho
João Gião CONSULTOR SÉNIOR DO EUROPEAN STABILITY MECHANISM E PRESIDENTE DO JÚRI DO PRÉMIO ÉTICA E ESG DA CFA SOCIETY PORTUGAL
ENTREVISTAS
BIN SHI, UBS AM JOSH DUITZ, ABRDN LEGISLAÇÃO
AS SOCIEDADES GESTORAS DE PEQUENA DIMENSÃO PLANIFICAÇÃO
OS INVESTIDORES E A CRISE COM ESTILO
UM CONTRABAIXO A INVESTIR A GRANDE DESCONEXÃO
NÚMERO 44 MAIO E JUNHO 2022
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SELECIONADORES FAVORITOS AS NUVENS NO HORIZONTE
Olhar para o futuro investindo em saúde
À NUVEM NEGRA DA PANDEMIA, QUE AINDA PAIROU DURANTE O ÚLTIMO ANO, JUNTARAM-SE OUTRAS COMO A DA INFLAÇÃO E A DA GUERRA. OBSTÁCULOS QUE DIFICULTARAM, MAS NÃO IMPEDIRAM OS SELECIONADORES DE FUNDOS NACIONAIS DE FAZER UM TRABALHO NOTÁVEL.
AB International Health Care Portfolio
“É IMPORTANTE CONTINUAR A DESENVOLVER O NOSSO ENTENDIMENTO SOBRE O IMPACTO DAS PRÁTICAS DE ESG NO DESEMPENHO FINANCEIRO DAS EMPRESAS” No âmbito da primeira edição do prémio Ética e ESG da CFA Society Portugal, em que o seu objetivo principal se prendeu com a promoção da investigação do movimento ESG e ética profissional, conheça com mais pormenor as teses vencedoras e a pertinência desta iniciativa para o mundo da gestão de ativos.
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e há algo em que os profissionais da gestão de ativos concordam é que se deve investigar mais os temas que envolvem o investimento responsável, sustentável e ética. É nesse sentido que a CFA Society Portugal surge com um papel preponderante. A organização introduziu, no ano passado, a primeira edição do Ethics and ESG Award, que tem como objetivo premiar as melhores teses de mestrado que incidam sobre estas temáticas. Foi neste contexto que a FundsPeople conversou com João Gião, consultor sénior do European Stability Mechanism e presidente do júri nesta edição. Procurámos saber mais sobre a sua opinião acerca desta iniciativa que, segundo o próprio, “superou as expectativas em termos de candidaturas e qualidade”, considerando previsível a participação de mais candidatos nas próximas edições. O profissional começa por esclarecer que não tem dúvidas acerca da importância desta iniciativa, quer para os jovens profissionais, quer para o mundo da gestão de ativos. Comenta que, na sua base, “o objetivo declarado deste prémio é, justamente, a promoção da investigação relacionada com comportamentos não alinhados com os padrões de ética profissional e com critérios ESG nas decisões de investimento e na gestão das organizações”. Partilha também que, apesar da chegada ao mainstream destes temas, acredita que “estamos todos bem cientes de que ainda há muito por fazer”. Isto é, por um lado reconhece que as iniciativas regulatórias têm apresentado uma grande fluidez, contudo, por outro lado, é da opinião de que “ainda estamos longe da existência de standards universalmente aceites e reconhecidos”. A acrescer, diz, “continua a observar-se alguma rigidez e mecanicidade na adesão aos diversos standards disponíveis por parte de todos os agentes económicos envolvidos nesta cadeia de valor, desde os emitentes até aos gestores de ativos, o que aumenta de forma significativa os riscos para o sistema”.
O PÓDIO
No que toca aos temas mais focados pelos participantes desta edição, o profissional começou por realçar que “uma quantidade significativa das teses a concurso versou a relação entre o grau de cumprimento de regras de ESG por parte de empresas e o seu desempenho financeiro, nas suas diferentes variantes”. De facto, entre o trio de teses que ocupam o pódio, podemos encontrar temas como a relação entre as práticas de sustentabilidade ESG e o custo de capital próprio, mas também uma tese que seguiu um outro caminho e investigou a qualidade do reporte de medidas não-financeiras de desempenho ESG por parte de 10 bancos europeus. De salientar que, nesta edição, de fora das principais áreas de investigação esteve o tema da ética profissional. Neste ponto, João Gião sublinhou que “não se pode perder de vista que o sistema financeiro assenta na confiança dos agentes económicos sobre o comportamento dos demais”. Desta forma, coloca que “é por isso essencial ter na indústria financeira