DBO Junho de 2020

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Mercado

Reposição fica mais difícil Piora na relação de troca dificulta negócios com bezerro e boi magro.

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Denis Cardoso

om a saída da boiada gorda das pastagens, recriadores e invernistas aumentaram a procura por reposição para fazer a convencional troca, fato comum para este período do ano. Porém, os pecuaristas que pretendem iniciar o processo de recomposição do gado se deparam com um cenário de forte queda no poder de compra, por conta do ritmo mais acentuado de altas nos preços dos animais mais jovens, em comparação com os ganhos registrados nas cotações do boi gordo, relata a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot Consultoria, de Bebedouro, SP. Além disso, ressalta a analista, o maior custo com a alimentação também vem diminuindo o ânimo do invernista para o primeiro giro do confinamento, o que colabora para a lentidão no mercado de reposição. Segundo apurou a Informa Economics FNP, consultoria da capital paulista, no início de junho, as expectativas de firmeza nas cotações da boiada gorda para o segundo semestre – principalmente nas praças com representatividade nas exportações de carne bovina –, podem gerar maior ânimo no mercado de reposição, bem como o movimento de queda gradativa nos preços do milho. No entanto, a escassa oferta de animais continua se mostrando como a principal responsável pela manutenção dos preços em patamares elevados. “Neste contexto, a relação de troca dos pecuaristas deve continuar achatada, prevalecendo a tendência de diminuição nos confinamentos neste ano, frente a 2019”, prevê a FNP. Segundo o médico veterinário Hyberville Neto, da Scot Consultoria, o preço do bezerro de ano subiu cerca de 40% nos últimos 12 meses, enquanto o valor do boi gordo aumentou cerca de 25%. Ainda de acordo com cálculos de Neto, atualmente, são necessárias 18,03 arrobas de boi gordo para comprar um boi magro e mais 700 quilos de milho (quantidade suficiente para um período de cerca de 100 dias de cocho). Há um ano, eram necessárias 17,02 arrobas para realizar a mesma troca. “Nesse intervalo de tempo, tivemos um acréscimo de uma arroba só para pagar os custos destes dois componentes”, diz Neto. Na avaliação de Thayná, embora

a oferta de boiadas tenha aumentado um pouco com a chegada do período seco, “ao que tudo indica estamos frente a um final de safra com incrementos mais modestos na oferta, que não foram suficientes para abalar os preços da arroba”. Lembrando que o preço do boi gordo seguiu bastante firme em maio, com tendência altista em grande parte das praças pecuárias. Somente em São Paulo, destaca Thayná, o preço do boi gordo apresentou alta de 23,5% nos últimos 12 meses, enquanto o bezerro desmamado (6@) e o boi magro (12@) valorizaram 37,7% e 31,8%, respectivamente. Com isso, em maio de 2019 eram necessárias 8,67 arrobas de boi para a compra de um bezerro desmamado anelorado (6@). Em maio desse ano, a mesma relação saltou para 9,85 arrobas, queda de 13,6% no poder de compra do recriador e invernista. Cotações regionais Em maio, o Mato Grosso esteve entre os Estados que mais registraram avanços nos preços da reposição, de acordo com a Scot. O bezerro desmamado fechou o período a R$ 1.750/cabeça, em média, 3% sobre o preço de abril. O garrote subiu 2,4%, para R$ 2.150/cabeça, em média. O boi magro também teve alta mensal de 2,4%, para R$ 2.510/cabeça. Ainda em Mato Grosso, o preço da novilha ficou estável, em R$ 1.650/cabeça. Em Goiás, o mercado de reposição registrou, em maio, elevações para os animais mais jovens. O bezerro de 6@ fechou o mês a R$ 1.750/cabeça, em média, 2,9% sobre abril, segundo a Scot. Nessa mesma praça, o garrote (9,5@) subiu 1,9% no mês passado, para R$ 2.200/cabeça, enquanto o boi magro (12@) teve leve recuo de 0,8%, atingindo R$ 2.530/cabeça. O preço da novilha (8,5@) ficou estável em maio, a R$ 1.500/cabeça. Em São Paulo, os preços do bezerro e do boi magro registraram movimento de baixa, de acordo com a Scot Consultoria. O bezerro desmamado registrou desvalorização de 5% no mês passado, para R$ 1.900/cabeça, e o valor do boi magro caiu 3,3%, para R$ 2.900/cabeça. Nessa mesma praça, o garrote teve alta de 2% em maio, ficando a R$ 2.550/cabeça, em média. A novilha registrou alta mensal de 8,6%, para R$ 1.900/cabeça. n nnn

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R$ 1.750

Valor médio, em maio, do bezerro desmamado em Mato Grosso. Alta de 3% sobre abril

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R$ 2.900

Valor médio do boi magro em São Paulo, em maio. Retração de 3,3% ante abril deste ano

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