DBO Junho de 2020

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Boas práticas fazem a diferença Atenção a detalhes, nas várias etapas da suplementação, ajuda a reduzir perdas, cumprir metas produtivas e aumentar o lucro da fazenda.

Leitura de código de barras por meio de aplicativo ajuda a identificar produto e registrar a quantidade ofertada por piquete.

“H

Moacir José

oje, não basta suplementar na seca, tem de potencializar a produção nas águas para aumentar a produtividade por hectare, empurrar o carro na descida”, afirma o pecuarista Ricardo Silveira de Oliveira Lima, que conduz quatro fazendas de gado, três no centro-oeste mineiro e uma no Vale do Paraíba, região sudeste de São Paulo. À frente dos negócios da família desde 1989 e já com 10 anos de experiência em suplementação de bovinos de corte, ele sabe que bons resultados nessa área dependem do controle rigoroso de cada passo do processo – desde a aquisição do produto, sua chegada na fazenda e armazenamento, até sua distribuição no cocho. “Trata-se de uma tecnologia que permite giro rápido do gado, mas você tem de ficar em cima”, diz o produtor, sempre atento às boas práticas de suplementação (BPS). Onde ele melhor aplica esses conceitos é na Fazenda Liberdade do Mato Dentro, em São Luiz do Paraitinga, SP, pertencente a seus pais, Rubens Ferraz e Heloísa Helena de Oliveira Lima. Nessa propriedade, são recriados cerca de 2.500 machos Nelore e cruzados de Simental e Angus por ano. Os lotes que têm potencial para atingir o peso de entrada no confinamento (375-390 kg) em cinco meses de recria e recebem o equivalente a 1% do peso vivo em proteinado. Os de menor potencial têm direito a mais suplemento (2% a 3% do peso vivo). O objetivo é fazer com que todos sejam abatidos aos 24-30 meses de idade, pesando mais de 600 kg e apresentando rendimen-

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to de carcaça entre 55% e 57%. Atingir essas metas não é tarefa fácil. Lima reserva pelo menos duas horas por semana para analisar, junto com o gerente, os relatórios detalhados do processo de suplementação na fazanda, incluindo as operações de compra dos produtos, feita a cada 45 dias. Entre 12 e 18 toneladas/mês de proteinado chegam em bags à fazenda, em sacos de 30 kg, para facilitar a descarga. A partir desse momento, começa o monitoramento dos cinco pontos-chave do BPS: recebimento, armazenamento, distribuição, cochos e comportamento de consumo. “Os três primeiros são fundamentais para que os produtos atendam aos requisitos de segurança alimentar e bom desempenho do animal, com retorno econômico para o pecuarista”, salienta Fernando José Schalch Júnior, técnico da empresa de nutrição Minerthal. Para que os controles sejam efetivos, três funcionários, devidamente treinados, ficam responsáveis pelo recebimento. “Um saco de suplemento não é um saco de cimento. É um produto que precisa ser trasportado corretamente, para chegar intacto; ser descarregado direito, para não estragar a sacaria; e ser checado com calma, para se verificar se a fazenda está realmente recebendo o que comprou. Um nível menor de milho, compensado por polpa cítrica, por exemplo, torna o produto mais escuro. No recebimento, os funcionários checam tudo isso e questionam eventuais problemas com o fornecedor, antes de aceitar a carga”, explica Lima, lembrando que a nutrição é o segundo item de maior peso na fazenda, depois da mão de obra. Distribuição A armazenagem correta dos produtos também é importante (veja quadro), mas talvez o maior ponto crítico seja a distribuição, porque afeta diretamente o resultado financeiro da fazenda. “É fundamental fazer um roteiro de abastecimento, com boa logística, para reduzir custos e evitar falta ou sobra de suplemento no cocho”, explica Schalch Júnior. Outro ponto de atenção é a troca de produtos no cocho. Muitos produtores simplesmente fornecem o novo suplemento quando acaba o velho, mas o ideal é misturar os dois (50% cada), durante uma semana, para adaptar os bovinos, que são muito sensíveis. Qualquer mudança no olfato ou no paladar pode ocasionar rejeição. “Sem falar no risco de intoxicação por ureia, quan-


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