Creep feeding, ferramenta multiuso Técnica favorece desde desmama pesada até produção de boi-China a pasto 40 kg extras geram receita de R$ 360/cab. Assumindo-se um desembolso diário com ração de R$ 0,56 e 245 dias de consumo, tem-se um custo de R$ 138,67. Ou seja, sobram R$ 221,33 por cabeça, sem considerar outros custos e ponderações (veja mais números no quadro).
Instalação na Fazenda Barrinha, em Bocaina, SP: reforço para o Nelore de seleção.
“Creep é um caminho sem volta” Jorge Sidney Atalla Júnior, dono do Condomínio JSA
V
Moacir José
ale a pena fazer creep feeding? Muitos pecuaristas ainda se perguntam isso, ao pensar no custo da técnica de suplementação de bezerros durante a fase de aleitamento. A dúvida está, frequentemente, associada ao custo com instalações, suplementos e mão de obra, que, na ausência de uma estratégia bem definida, parecem altos. Técnicos ouvidos por DBO reforçam: quem investe em creep feeding deve ter objetivos claros, como desmamar bezerros mais pesados, para vendê-los a preços melhores; incrementar o índice de prenhez das vacas; antecipar a desmama; produzir tourinhos com melhor condição corporal ou acelerar o ciclo pecuário. Cada produtor pode definir seus objetivos, mas nunca trabalhar às cegas, pois isso torna a análise da técnica enviesada. O criador Jorge Sidney Atalla Júnior, de Bocaina, região central de São Paulo, tem duas propriedades e usa o creep há cinco anos, visando principalmente desmamar bezerros pesados. Na primeira fazenda, a Barraquinha, faz cruzamento industrial, produzindo 600-650 animais Angus/Nelore, que atingem média de 275 kg (machos) e 265 kg (fêmeas) à desmama. São números excelentes, que lhe permitem vender seus animais por preços até 10% acima dos de mercado, em função de sua qualidade. Isso já é uma grande vantagem, mas, considerando-se apenas a diferença de peso obtida com o creep (40 a 45 kg a mais em relação aos não tratados), conclui-se que a técnica que se paga. Com o quilo do bezerro cruzado a R$ 9, esses
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Tourinhos mais pesados “Para mim, o creep feeding é um caminho sem volta”, garante o criador, frisando, porém, que o bom resultado obtido não se deve apenas à suplementação, mas decorre do bom manejo de pastagens, com adubação, e da seleção genética das fêmeas Nelore, que ele seleciona há vários anos. Em sua segunda fazenda, a Barrinha, ele mantém um plantel de 1.000 matrizes registradas (PO e POI), para produção de 600 animais/ano. Nessa propriedade, ele támbém usa creep feeding, mas com outro objetivo: vender reprodutores, em leilão, com excelente condição corporal: 650 kg aos 22 meses de idade. Antes de usar a técnica, os animais só atingiam esse peso aos 36 meses. “Para ter um diferencial no mercado, eu precisava desmamá-los com mais de 240 kg. Hoje, minha média, nos machos Nelore, é de 265 kg”, comemora. A estratégia comercial deu certo. Segundo o Banco de Dados da DBO, os três últimos leilões anuais do Condomínio Jorge Sidney Atalla, realizados no mês de junho, vêm apresentando média crescente de preço, saindo de R$ 6.300 em 2017 (76 machos) para R$ 8.000 em 2019 (172 machos). Tanto no gado cruzado quanto no PO, o creep ajuda a aumentar a produtividade, fundamental em uma região de terras mais caras como Bocaina, cercada pela cana de açúcar. “A produção de minhas fazendas precisa ser competitiva”, explica Sidney. O manejo no creep feeding é idêntico para as duas fazendas: o suplemento começa a ser fornecido aos 60 dias de vida, prossegundo até a desamama; projeta-se um consumo médio na proporção de 0,3% do peso vivo, com limite de consumo de até 1 kg/dia. O produto é composto por farelos (soja e milho), núcleo mineral e ureia (total de 20% de PB). O cocho para os bezerros fica perto do cocho das mães, dentro da área de lazer dos módolos de rotacionado de 25 ha, formados com MG-5, Piatã e Aruanã. Jorge Atalla Júnior faz IATF (dois protocolos, com repasse com touros), mas diz não ter observado efeitos in-