DBO Junho de 2020

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Genética

Aposta no Angus nacional jardine comunicação

Embrapa e ABA firmam parceria para ampliar a genotipagem de animais da da raça, visando seleção para adaptabilidade e resiência ao carrapato.

Proposta é tornar o Angus nacional mais competitivo em relação ao importado, que ainda domina o mercado de sêmen no Brasil.

Carolina Rodrigues

M

Investimentos se intensificarão à medida que o criador puder utilizar touros com maior acurácia” Mateus Pivato, gerente de fomento da ABA

carol@revistadbo.com.br

uito em breve, o Brasil deve se tornar o único País do mundo a produzir um Angus rústico, adaptado aos trópicos e resistente a parasitas como o carrrapato. Esse é o objetivo do acordo assinado, em maio, pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e a Embrapa Pecuária Sul, para viabilizar a seleção genômica dos rebanhos Angus no Brasil nos próximos 36 meses. O projeto, que deve começar efetivamente em junho, promete aumentar o número de animais genotipados para características de adaptabilidade, visando publicação das primeiras DEPs genômicas ainda neste ano. “A Angus deve mobilizar rebanhos de seus associados e nós, da Embrapa, vamos ampliar os genótipos de animais com contagem de carrapato, por exemplo”, explica Fernando Flores Cardoso, pesquisador da Embrapa Bagé. “Vamos colocar o Angus definitivamente na era da genômica”, diz ele. O convênio contará com orçamento inicial de R$ 400.000, valor destinado às novas genotipagens e horas técnicas de trabalho, o que deverá aumentar o número de novos animais genotipados em curto espaço de tempo. Hoje, são cerca de 1.400 bovinos da raça com contagem de carrapato e material biológico coletado, mais genótipos obtidos por iniciativas privadas de alguns criadores, que devem somar aproximadamente 6.000 animais na população de referência. Essa etapa inicial, segundo Cardoso, é fundamental para se avaliar um animal sem que ele tenha a contagem propriamente

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dita, ou seja, sem a necessidade de expô-lo efetivamente ao ectoparasita. “Quando formamos uma população de referência, com uma simples amostra de pêlo, podemos estimar se um animal jovem ou recém-nascido transmitirá o grau de resistência esperado à sua progênie”, explica o pesquisador. Outro importante benefício será incorporar a genômica na rotina de programas de melhoramento genético de bovinos de corte, a começar pelo Promebo, da Herd Book Collares. De acordo com Mateus Pivato, gerente de fomento da Angus, é preciso viabilizar a seleção genômica em larga escala, tornando a tecnologia comercialmente acessível. “Os investimentos se intensificarão à medida que o criador puder utilizar touros com maior acurácia para características já selecionadas rotineiramente, como ganho de peso, conformação de carcaça, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea e marmoreio”, afirma. Pivato admite que, embora a qualidade da carne seja uma característica in-

Amostra de pêlos são coletadas para se fazer a genotipagem e predizer potencial genético do animal


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