Uma Liberdade diferente por White Louis
Fevereiro 2021 em Confinamento (outra vez). Teletrabalho (outra vez). Há dias melhores, outros nem por isso. Se fosse verão, o sol ajudava-nos com a alegria dos seus raios e pelos bons passeios no final do dia. Mas o tempo atual, chuva e céu cinzento, afeta-nos! Nós somos um povo de “Sol”. Em Fevereiro, tive que me deslocar à ilha da Madeira pois há tarefas que não são possíveis online. Levei comigo 4 pequenos fracos de álcool gel e umas 20 máscaras (nunca se sabe!). Para contextualizar cronologicamente foi na altura do Carnaval (lembram-se? Não aconteceu nada, não foi?) Sem pensar muito, ao logo da estadia fui verificando aos poucos que estava tudo aberto até às 17h00/18h00 – sim, o comércio estava todo aberto, as lojas, os restaurantes, as esplanadas... uau! No primeiro dia, já tinha ido a um dos Picos mais altos da ilha para ver os restos de neve (na Madeira além do sol constante também aparece a neve!). Lembro-me de um dia, ao final da tarde, depois de ter cumprido com as responsabilidades agendadas, estava eu numa esplanada (com muito poucas pessoas, de preferência) a beber uma cerveja e pensar – “Epá, há quanto tempo não fazia isto! Aqui é possível! Eles (os madeirenses) nem se apercebem da Liberdade que têm!”. Dias depois, com sol, ainda consegui ir à praia e dar um mergulho. Sim, em Fevereiro as praias estavam
abertas e a temperatura da água é mais quente do que em Portugal Continental (ainda bem!). Pensamento constante: “Como é possível, apanhei um avião e uma hora e meia depois tenho esta “Liberdade!”. Em conversas com os locais, eu terminava sempre com a mesma expressão: “Vocês nem sabem quanto vale esta Liberdade!” (parecia que estava num filme, gravado no dia seguinte após o 25 de Abril de 1974). Comecei a fazer algumas analogias com algumas memórias de quando eu era mais novo e viva em Angola (antes de 1975). Lá, também se falava a Língua de Camões e as mulheres tinham “Liberdade” – elas podiam usar saias curtas, camisas de alças, ir aos cafés sozinhas, fumar … na Metrópole era tudo diferente. Liberdade - por vezes temos algo precioso mas não o valorizamos e até desrespeitamos… Simbolicamente, costumamos dizer que é preciso ver a Escuridão da noite para dar valor à Luz do dia. Nestes tempos, é preciso conhecer as limitações do confinamento para dar sentido à amplitude da Liberdade.
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