Coletânea Mulherio das Letras para Elas
VALÉRIA PISAURO MOVEDIÇAS Seguem anônimas, semivivas,
Mulheres sentinelas sem saída,
A criança, a moça, a velha.
Sagradas, profanas, escravas,
Da espera tem-se a miséria,
Despidas de prosa, poesia.
São mulheres predestinadas,
Uma entre muitas repartidas,
Encarceradas na ilha do corpo.
Cativas sem idade, sem rosto,
Silhuetas sombrias alegorias,
Cartas marcadas do nada.
São mulheres amordaçadas,
A dilacerar um sonho inteiro,
Que o futuro embaça o olhar.
Voz calada, ventre raiz,
Na pele tatuam desejos
Guardados para outros e para si.
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