Coletânea Mulherio das Letras para Elas
ELISABETE PEREIRA AGRURAS DE UMA AFEGÃ Meu clamor de dor, ouvir, só eu posso
No oprimido silêncio da minha solidão
A mim, apenas pertence o amor-próprio
E a vil sentença arbitrária da rejeição
Sobre as ideias que perfazem meus sonhos
E tudo o quanto me atrevi arriscar em ser
Numa realidade a que elmente me oponho
E conceitos primitivos, nunca hei de entender
Pois, cobrem meu rosto e despem meu corpo
Como uma das muitas formas de reverenciar
O tirano e austero pensamento do sexo oposto
Cuja a vida dei, mas, jamais soube me amar
E como as estrelas do rmamento intocável
Sou chama acesa que se apaga lentamente
Sobre um chão onde a penúria é suportável
Mas, estigmatizada na alma profundamente
Porquanto, se choro, agonizo e me entristeço
Também reconheço, em viver minhas mazelas
Que em cada face feminina que sofre desprezo
Indubitavelmente, existe uma afegã dentro delas
E de pesar, meu temeroso coração latente
Como quimera, paira seus olhos no futuro
Sedentos por gozar um dia, vida diferente
Em que ser mulher, vença a utopia de júbilo
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