Versus#58

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CRITICAS VERSUS ASPHYX

«Necroceros» (Century Media) Vou começar por assumir que não conheço a fundo o catálogo dos holandeses Asphyx. Apesar disso, tenho noção que dentro do death metal europeu são actualmente uma referência de topo. Seja pelo impacto do carismático vocalista Martin Van Drunen, ou pelas boas indicações que a história nos tem vindo a dar sobre eles, o quarteto lança «Necroceros», um disco gravado em pleno período de confinamento. Este é um trabalho extremamente competente e interessante, levando os próprios a afirmar que é o seu registo mais intenso, lançado até à data. E pode-se dizer que o é, sem margem para dúvidas, tanto no ataque devastador de “Botox implosion”, assim como em temas mais arrastados, onde podemos tomar “Molten black earth” como exemplo. Esta dicotomia patente em «Necroceros» é valor acrescentado. Confere dinamismo, profundidade e por isso este disco poderá cativar a atenção de qualquer fã do estilo, e não só, acredito eu. A coleção de riffs que aqui encontramos é digna de observação atenta. Sugiro que dêem uma primeira escuta no tema de abertura, “The sole cure is death”, que encerra todas estas dimensões. [8/10] EMANUEL RORIZ

AUTARKH

«Form in Motion» (Season of Mist) «Form in Motion» é a estreia dos Autarkh, formados por Michel Nienhuis, guitarrista dos óptimos Dodecahedron, e constitui uma aposta da Season of Mist, que continua a não brincar em serviço quando o assunto é sonoridades desafiantes e fora dos eixos. O que fazem os Autarkh, então?! “Metal meshuggástico” (vamos todos presumir que isto não necessita de mais explicações…) poderia ser uma fiel descrição, sobejamente evidente através de faixas como “Cyclic terror”, “Alignment” ou “Lost to sight”, que muito bebem do influente colectivo sueco nas suas dissonâncias. Mas desengane-se quem pense que os Autarkh são só isto. Não são. Feitas as contas, o quarteto holandês lança em «Form in Motion» sementes que, bem nutridas, podem fazer desta uma força a ter em conta no underground durante os próximos anos, isto, claro, partindo do princípio que Nienhuis se mostra interessado em fazer crescer este projecto em lugar de o abandonar à sombra dos Dodecahedron. Veremos o que o futuro reserva. Para já, o que temos aqui está bem cozinhado e executado, dentro dos exigentes parâmetros vanguardistas, extremos e exploratórios, resultando em (pouco mais de) três quartos de hora estimulantes para os canais auditivos. Nem tudo é ouro, porém: por vezes a caixa de ritmos desata a debitar maquinaria que nem sempre assenta da melhor maneira na música dos Autarkh e esse é um pormenor que vem retirar algum brilho a esta estreia. Exageros dos quais se espera uma correcção em trabalhos posteriores. [7.5/10] HELDER MENDES

CARCOLH

«The Life and Works of Death» (Sleeping Church Records) Quem tem saudades de um bom disco de doom metal? Daqueles que nos faz estremecer o equilíbrio, tal é a sentença que apregoa. Para todos esses, sirvam-se. Tomem este segundo disco dos Carcolh. «The Life and Works of Death» começa de forma pesada e arrastada, mas é ainda no primeiro tema, intitulado “From dark ages they came”, que o grupo francês expõe uma das suas maiores virtudes. Esse valor é a importância do poder do riff e a forma como a sua música transita de estados de maior suspensão para momentos com um groove agitado. Tudo isto guarnecido por uma exploração de melodias, que aqui e ali, irão certamente ficar coladas no nosso ouvido. Pode até ser um pouco saudosista, mas o prazer que é possível atingir ao ouvir este trabalho, confirma que os Carcolh são, actualmente, uma proposta interessantíssima dentro do espectro heavy/doom, capazes de aguçarem o apetite, mesmo a quem não morre de amores por esta vertente musical. [8.5/10] EMANUEL RORIZ

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