Versus#58

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terríveis, de enorme desilusão e frustração como resultado da enorme injustiça e desonestidade que tantas vezes assola este meio. Mas “como os cães ladram e a caravana passa” nunca quebrámos, nunca nos vendemos e, acima de tudo, fomos ser coerentes connosco próprios e com os nossos fãs. São eles que mais merecem a nossa gratidão. Foram eles que nos proporcionaram os melhores momentos. JM - Em primeiro lugar, sintome privilegiado por ter tido a oportunidade de fazer parte desta maravilhosa família que são os Tarantula, de viver momentos únicos e inesquecíveis, de partilhar o palco com grandes músicos, de sentir o carinho e o apoio dos fãs e toda a magia de estar em palco. Enfim, faltam-me as palavras para

dizer o quão grato me sinto. Não me esqueço dos bons e dos maus momentos por que passámos. Nunca nos deslumbrámos com o sucesso e tentámos sempre lutar contra as adversidades, de forma digna. Não foi fácil chegar até aqui, mas há aquele sentimento de que fizemos o nosso melhor, com defeitos e virtudes, mas sempre com toda a honestidade, paixão e entrega. Dico - Querem referir dois aspetos particularmente marcantes da vossa carreira, um pela positiva e outro pela negativa? PB - De positivo as primeiras partes dos concertos dos Deep Purple, de negativo o atrofio da Polygram portuguesa para não promover nem querer internacionalizar o

Kingdom of Lusitania depois de uma editora alemã ter manifestado interesse na banda. Eduardo - Que conselhos dão às bandas e aos músicos que estão a começar a aprender a tocar? PB - Sigam o vosso caminho a fazer aquilo de que mais gostam, estudem bem o vosso instrumento e façam-no ao mais alto nível, porque não faltam por aí grandes músicos. Tenham o espírito aberto para albergar tudo o que de bom e de mau vem pela frente. Se ganharem 100 gastem só 10. Não desbaratem. Tenham humildade, mas não canina, respeitem quem trabalha e, acima de tudo, DIVIRTAM-SE!!!!! Facebook Youtube

Voz ao fã Nuno Dawn Psytrance [NDP] - Tendo em conta o panorama mundial, conseguirá uma banda viver apenas da sua música em Portugal, o que já antes da pandemia era difícil? JM - Sinceramente, não sei. O cenário não é nada animador, sejamos músicos ou outra coisa qualquer. Esta situação é global e afeta todos os setores da sociedade a uma escala sem precedentes, o que torna tudo ainda mais complicado e imprevisível. Nunca foi, nem nunca será fácil viver da música em Portugal, e estes tempos que atravessamos só pioram as coisas. Mas devemos ter esperança. Quero acreditar que melhores dias virão. Espero que, dentro do possível, haja um um regresso à normalidade. NDP - Além da resiliência, que mais trunfos deve uma banda possuir para se manter ativa tantos anos como os Tarantula? PB - Ter alguma sorte e haver muita amizade entre os elementos. Amar a música mais do que tudo, ter um estilo de vida saudável, compor de forma inteligente, reagir bem às críticas negativas e aprender com isso, ter uma imagem muito cuidada…há tanta coisa…Criar um estilo próprio, fazer uma boa gestão financeira, cuidar bem do corpo e da mente, estudar bem o instrumento e ser humilde. Sim, devemos perceber quando ultrapassamos os limites e começamos a “meter nojo”. Essa é a altura certa para enfiar a cabeça debaixo de água. Além disso, devemos compreender os defeitos de cada membro da banda e, acima de tudo, respeitar quem trabalha na nossa área.

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