/ FORMAÇÃO NA INDÚSTRIA
N 129 ABRIL 2021
“PENSE INDÚSTRIA”: VERSÃO 4.0 RECUPERA PROGRAMA QUE ABRIU PORTAS DA INDÚSTRIA AOS JOVENS 24
Helena Silva * * Revista MOLDE
Sensibilizar, capacitar e, sobretudo, atrair jovens estudantes para um futuro profissional numa área industrial, é o objetivo do ‘Pense Indústria’. Criado em 1995 e unindo sete centros tecnológicos nacionais, este programa já acolheu diversas gerações de alunos, nas várias atividades que foi realizando. Tem agora a sua versão 4.0 que, até 2023, vai abrir as mentes das novas gerações para um mundo profissional mais digital. ‘Pense Indústria I4.0’. Assim se designa a nova geração do ‘Pense Indústria’ que, até 2023, vai integrar as atividades do CENTIMFE. A meta é sensibilizar e atrair os mais jovens para as áreas de saber e profissionais no âmbito da tecnologia e empreendedorismo, de forma a encontrarem na indústria uma possibilidade de futuro profissional. O CENTIMFE não está sozinho nesta ação. Todo o projeto decorre de forma coletiva, envolvendo outros seis centros tecnológicos, de várias áreas profissionais: CITEVE, CATIM, CTCV, CTIC, CTCP E CTCOR. Esta ligação não é, contudo, novidade. Desde a sua origem que o programa procura manter uma parceria entre os vários centros tecnológicos do país. Destinado aos jovens até ao 12º ano, o projeto prevê, entre outras atividades, manter dois concursos que, nas anteriores edições atraíram um número considerável de estudantes: ‘Fórmula 1 na Escola’ e ‘Isto é uma Ideia’. Estão ainda previstas sessões de sensibilização com demonstração de tecnologias, entre as quais o fabrico aditivo, robótica ou realidade aumentada.
LIGAÇÃO À INDÚSTRIA Cecília Vicente, do CENTIMFE, que tem estado na sua gestão desde a sua origem, há 25 anos, conta que o ‘Pense Indústria’ “nasceu de uma iniciativa israelita e que procurava sensibilizar os jovens para a importância da indústria”. Atendendo à sua relevância, a ideia foi adotada para o nosso país, reunindo, desde o início, o apoio dos sete centros tecnológicos que ainda hoje se mantêm nesta iniciativa. Mas esta é uma história contada a várias vozes. Para além de Cecília Vicente, Fernanda Marques, Ana Carreira, Liliana Ramos e Gil Pinheiro integram a equipa que, ao longo dos anos, foi trabalhando nas suas sucessivas alterações, de forma a manter conteúdos atualizados em relação à realidade da indústria, por um lado, e ao interesse dos jovens, por outro. Passado este tempo, a equipa acredita ter contribuído, efetivamente, para que uma parte das sucessivas gerações de estudantes alterassem a imagem que tinham da indústria, passando a encará-la como desafiante e tecnologicamente apelativa. Importante neste percurso foi, também, dar a conhecer aos jovens que “nem só o chão de fábrica é indústria: foi sendo demonstrado o valor de diversas áreas, como o marketing, recursos humanos, design ou inovação”. Isto implicou que, ao longo dos anos, fossem sendo realizados vários investimentos em tecnologias de demonstração, num esforço de constante atualização. A importância do ‘Pense Indústria’ foi sendo apoiada pelo Ministério da Economia e acarinhada pelo Ministério da Educação.
CAPACITAR JOVENS Os jogos foram uma das formas de atrair os jovens. Primeiro, começou o ‘Isto É Uma Ideia’, que exaltava o empreendedorismo e a criatividade dos estudantes que, agrupados em equipas, tinham de conceber produtos inovadores. E foram muitas as ideias que daí nasceram.
Rui Tocha, diretor geral do CENTIMFE, destaca que o programa tem tido, desde a sua origem, a capacidade de se adaptar àquilo que vão sendo os sucessivos desafios da indústria, as exigências do mercado e as tendências de futuro. “É um projeto de sensibilização, mas reforça a capacidade de os jovens olharem para o futuro com determinação”, considera, sublinhando que esta “é, provavelmente, das únicas iniciativas que temos na Europa a este nível e que, ao longo dos anos, perpassou tantos quadros comunitários”. “Tem, efetivamente, grande importância como estímulo às gerações mais jovens”, enfatiza.
Um outro jogo, de características ainda mais competitivas, foi o ‘Fórmula 1 nas Escolas’, criado no Reino Unido, mas que o ‘Pense Indústria’ adotou com muito sucesso. A criação de um modelo, em escala reduzida, de um carro de Fórmula 1 aliciou muitos jovens. Esta foi uma atividade multidisciplinar, que implicava o recurso a conceitos de várias matérias, como aerodinâmica, design, entre outras, dando aos jovens a possibilidade de trabalhar com softwares e tecnologias utilizados na indústria. Sublinhava ainda a importância do trabalho em equipa. Por estas características, estas duas atividades vão manter-se nesta mais recente versão do ‘Pense Indústria’, procurando, como no passado, aliciar e desafiar os jovens.