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N 129 ABRIL 2021
FUNDIÇÃO INJETADA: QUALIDADE DO PRODUTO FINAL SÓ É ASSEGURADA COM AÇOS DE EXCELÊNCIA 38
Helena Silva * * Revista MOLDE
Durabilidade. Maleabilidade. Elasticidade. Resistência. Condutividade térmica. Resistência à corrosão. Estas são as principais características do aço, fundamentais para os fabricantes de moldes de uma maneira geral, mas que se revestem de especial importância quando esses moldes são para fundição injetada. É que, advertem os fabricantes, o material a injetar mais agressivo que o plástico e a necessidade de manter a alta temperatura do molde são duas das exigências deste processo que obrigam a que as empresas tenham de optar por aços de excelência. Os responsáveis da Portumolde, são perentórios: “O aço, por si só, não é ‘o garante’ do processo de fundição injetada”. Contudo, a sua importância é inquestionável. Mas, como em qualquer processo, “o aço tem de ser o adequado às características do material a fundir”. De resto, sublinham, é necessário acautelar um conjunto de variáveis, de forma a “garantir a qualidade do processo de fundição injetada”. E o aço é uma delas. E neste aspeto, a escolha dos clientes e as tecnologias a utilizar têm um peso grande no bom desempenho do aço, quando o material a injetar se caracteriza por uma agressividade (ao aço) maior do que os polímeros. Salientando que, enquanto alguns clientes “preferem um tipo de aço associado a um tratamento térmico específico, acrescido de um tratamento de endurecimento superficial e ainda, de um revestimento PVD”, outros, por seu turno, “não podem dar-se ao luxo de investir tanto no molde, porque a quantidade de peças a injetar não o justifica”. Caso a caso, enfatizam, “é essencial ouvir o cliente, perceber exatamente o que é pretendido e, propor-lhe o molde ideal”.
“Comparativamente com os simuladores de injeção para material plástico, os resultados obtidos são ainda muito pobres, quer ao nível da forma dos canais de injeção, fugas de ar, dimensionamento, geometria do ataque e da quantidade de “masselotes”, etc. Há sempre necessidade de recorrer à experimentação, tentativa e erro, para alcançar os resultados pretendidos pelo cliente”, explicam, considerando que, por este motivo, “a nossa experiência (Portumolde e cliente) tem primordial importância”.
O FATOR PREÇO “O cliente não pretende correr riscos desnecessários” e, por isso, “prefere aços que ofereçam maior garantia de sucesso às suas ferramentas”. No entanto, ressalvam, “não há aços eternos”. Ainda para mais quando estamos perante um processo que é “muito agressivo, abrasivo e as temperaturas praticadas não se podem subestimar”. “O desgaste vai aparecer no aço”, destacam ainda, adiantando que “aparece tanto mais tarde quanto melhor for o aço, a adequabilidade dos tratamentos e o cuidado que o cliente devotar ao molde durante a produção. Num primeiro ensaio, o melhor molde do mundo (fabricado na Portumolde, se permitem o gracejo), no melhor aço do mundo, pode ser severamente danificado se for indevidamente aquecido”. Por vezes, contam ainda, “até o cliente mais exigente falha neste tipo de procedimentos”.
Um outro aspeto para o qual chamam a atenção é, nesta matéria, as empresas terem a preocupação de se fazerem rodear de “parceiros fiáveis, tanto ao nível da matéria-prima como dos tratamentos térmicos ou dos revestimentos técnicos”. “Quando não soubermos ou não tivermos uma resposta, temos estrutura para ir à procura, testar, propor, encontrar soluções e continuar a servir o cliente”, salientam, considerando que “este compromisso só é possível com uma relação muito próxima com o cliente, logo na fase de orçamentação e, obviamente, na fase de projeto do molde”. A ‘comunicação’ é, no seu entender, a palavra-chave para que “se consiga um bom produto final”. “Quanto mais fácil for a comunicação com o cliente, melhor conseguiremos otimizar tempos e custos de execução, não permitindo que pequenas questões/dúvidas originem erros de interpretação e tenham consequências desagradáveis nos moldes”, acentuam. Até porque uma condicionante que a fundição injetada ainda tem é a escassez de respostas no que diz respeito aos softwares de simulação de injeção.
Quando confrontados com o fator preço, defendem que este está longe de ser o adequado. “O cliente pretende sempre uma solução que lhe garanta o sucesso do seu processo, sem risco e ao menor custo”, explicam. “Na realidade esta comparação de preços de mercado global é a principal ameaça do momento. No imediato, um fabricante de moldes como nós é o primeiro a perder. Mas, na realidade, o cliente final acaba por ser o mais prejudicado, pois perde qualidade, reprodutibilidade e vê aumentados os seus custos de manutenção e de não qualidade”, frisando que “são os próprios clientes que nos transmitem esta dura realidade, mas ao mesmo tempo veem-se obrigados pelos seus