ECONOMIA
ANTÓNIO CASANOVA, CEO UNILEVER FIMA E GALLO WORLDWIDE CEO UNILEVER FIMA AND GALLO WORLDWIDE
SUSTENTABILIDADE E PROPÓSITO S U S TA I N A B I L I T Y A N D P U R P O S E
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capitalismo é uma máquina de inovação, e por isso as empresas podem e devem ser o catalisador das alterações necessárias no mundo. Devemos revisitar o capitalismo, e não entendê-lo apenas como um mecanismo para gerar riqueza financeira. É um sistema que equilibra dimensões como a ambiental e a justiça social, com respeito pelas organizações democráticas. Se colocarmos a sustentabilidade no topo das agendas e fizermos as questões certas, as empresas encontrarão as respostas. As empresas impactam e são impactadas pela envolvente externa. Problemas como alterações climáticas, desgaste de recursos naturais, clivagens sociais e, mais recentemente, uma pandemia global, afetam o mundo e a forma como vivemos. Perante este contexto, faz pouco sentido continuar a considerar o lucro como o último e único objetivo. Para Rebecca Henderson, economista e professora da Harvard Business School, “é necessário repensar o papel das empresas”. As empresas têm a enorme capacidade de inovar e ter um impacto positivo no planeta e na sociedade. Com essa capacidade, vem a responsabilidade de entregar “valor social”, para além do “valor para o acionista”. O “valor social” implica adotar uma abordagem agregadora de múltiplas partes interessadas. Os gestores já não podem responder exclusivamente aos acionistas. Devem, sim, responder ao conjunto de partes interessadas que rodeiam o negócio – colaboradores, consumidores, clientes, parceiros de negócio, planeta e sociedade. Desta lógica surge o conceito de “Propósito”, intrinsecamente ligado à sustentabilidade ambiental e social – um objetivo concreto que vai para além da maximização do lucro. Se a missão, a visão e os valores são três pilares fundamentais para qualquer negócio existir, o propósito é fulcral para subsistir no médio-longo prazo. O propósito tem de estar no cerne da estratégia de negócio.
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apitalism is an innovation machine, and that is why companies can and should be a catalyst for the must-needed changes in the world. We must reassess capitalism beyond being a mechanism to just generate financial wealth. It is a system that draws the balance between dimensions such as environmental and social justice, with respect for democratic organizations. Capitalism on its own is not the answer to all problems of society. However, if we put sustainability at the top of the agenda and ask the right questions, companies will be able to find the right answers. Companies impact and are impacted by the external surrounding environment. Problems such as climate change, erosion of natural resources, social divides and, more recently, a global pandemic, affect the world and the way we live. It thus makes little sense to keep considering profit as the definite and only goal. According to Rebecca Henderson, an economist and professor at the Harvard Business School, "we need to rethink the role of companies". Companies have a huge capacity to innovate and to generate a positive impact on the planet and society. With this ability, comes the responsibility to deliver “social value”, in addition to “shareholder value”. “Social value” means adopting a multi-stakeholder approach. Managers can no longer respond exclusively to shareholders. Rather, they must respond to all stakeholders surrounding the business - employees, consumers, customers, business partners, the planet and society. And the resulting concept is thus "Purpose", intrinsically linked to environmental and social sustainability - a concrete objective that goes beyond profit maximization. (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)