O PRINCÍPIO DE PLURALIDADE NA POESIA CONTEMPORÂNEA: O CASO DA REVISTA INIMIGO RUMOR / MARCOS SISCAR
O princípio de pluralidade Uma das ideias mais decisivas para a poesia brasileira das últimas décadas é a ascensão de uma perspectiva não utópica e plural de projetos estéticos individuais, associada ao esgotamento das utopias dos movimentos coletivos de vanguarda. Tal situação, ao que tudo indica, não é exclusivamente brasileira. Na França, por exemplo, uma antologia de poesia buscava um “panorama o mais diversificado possível” a fim de reagir à “constatação com a qual todos concordam: a poesia francesa de hoje é feita menos de escolas exclusivas umas em relação às outras que da coexistência de personalidades singulares” (DEGUY et al., 2001, p. 45).1 A vida literária “contemporânea” é vista ali como um feixe de singularidades, um espaço de coexistência, de proximidade contígua. No Brasil, o paradigma crítico da pluralidade ganhou, ao longo dos anos, um aspecto cultural particularmente combativo. Liberto de palavras de ordem 1 “nous nous sommes efforcés de présenter un panorama aussi diversifié que possible. […] Nous ne l’avons pas fait par œcuménisme, mas selon un constat sur lequel tout le monde s’accorde: la poésie française est aujourd’hui moins fait d’écoles exclusives les unes des autres que de la coexistence de personnalités singulières.”