A CULTURA FRANCESA NA REVISTA TERRA ROXA E OUTRAS TERRAS / MARCIA ARRUDA FRANCO A cultura francesa há muitos séculos é modelizada na Ibéria e em seus antigos domínios americanos. Em diversas frentes discursivas e artísticas, a presença francesa será aqui pensada na cultura luso-brasileira modernista. Do lado português, o foco recai sobre a releitura de “O Francesismo”, de Eça de Queirós, na conferência de José Osório de Oliveira, “Uma cultura francesa”, proferida a convite do Instituto Francês de Lisboa, no ano de 1940. Esse crítico e historiador literário português foi o primeiro a reconhecer a autonomia intelectual da literatura brasileira em relação à europeia. Por isso, a sua correspondência com Mário de Andrade, os seus artigos sobre o fenômeno paulista, a sua obra em geral e sobretudo essa conferência em particular nos fornecem um modo de abordagem da questão. Do lado brasileiro, é analisada a presença da cultura francesa no quinzenário paulista dirigido por António de Alcântara Machado e A. Couto de Barros, entre janeiro e setembro de 1926, Terra roxa e outras terras.1
“Uma cultura francesa” A conferência “Uma cultura francesa”, de José Osório de Oliveira, pode ser lida no exemplar do Bulletin des études portugaises, que compõe o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da USP. Traz dedicatória manuscrita em Lisboa a Mário de Andrade, em 13 de junho do mesmo ano 1 Os números de Terra roxa e outras terras e da Revista antropofágica encontram-se reunidos, juntamente com outras revistas modernistas, em caixa organizada por Samuel Titan Jr. e Pedro Puntoni. O presente artigo recorre a essa coletânea; no entanto, as indicações bibliográficas feitas ao longo do texto (ano de publicação e número de página de cada citação) remetem aos originais.