A POLÍTICA E OS POETAS:1 AS DUAS FACES DA REVISTA RENOVAÇÃO, DE VICENTE DO REGO MONTEIRO / VALÉRIA LAMEGO
I Uma pretensão que o pesquisador deve sempre buscar é revelar novos sentidos para a história social da literatura a partir de documentos, livros ou periódicos jamais vistos ou lidos e, a princípio, considerados irrelevantes. Porém, em algum lugar de suas anotações, esse crítico precisa estar atento à frase de Hannah Arendt à qual recorro ao iniciar este trabalho com viés histórico: “A convicção de que tudo que acontece no mundo deve ser compreensível, pode levar-nos a interpretar a história por meio de lugares-comuns” (ARENDT, 2012, p. 12). Vicente do Rego Monteiro é um personagem quase inexistente para o cânone da literatura brasileira. A busca pela sua atuação nesse campo surgiu a partir do conhecimento de que, além de pintor modernista, ele foi poeta, com quase duas dezenas de livros publicados no Brasil e na França. Essas obras, escritas majoritariamente em francês, foram ignoradas pelos críticos e editores; não tiveram outra edição além da primeira, feita de forma quase 1 Parafraseando o título do livro de Jacques Ranciére, La politique des poetes.