“Pra matar preconceito eu renasci”: O samba como uma ferramenta de emancipação em Direitos Humanos.

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Quais direitos humanos?

Falar sobre o que são direitos humanos é complexo, bem como pensar porquê e para quê direitos humanos. Direitos humanos podem ser entendidos como os tratados internacionais que tem por objeto direitos humanos; como uma renda mínima, moradia, alimentação, serviços essenciais, e.g., saneamento básico, educação e água potável; podem ser usados como justificativa de incursões em prol da democracia no Oriente Médio; e ainda há quem entenda que “direitos humanos são para humanos direitos” (sic). “Daí que os direitos humanos não possam ser compreendidos fora dos contextos sociais, econômicos, políticos e territoriais nos quais e para os quais se dão” (HERRERA FLORES, 2009, p. 46), pois dependendo do contexto em que eles são discutidos, diferentes serão as abordagens dadas ao conceito, com diferentes objetivos, sejam eles a garantia das lutas sociais ou a manutenção da acumulação de riquezas pelos proprietários dos meios de produção. Em outras palavras: As formas da cultura, das quais os direitos humanos são uma parte incindível neste início de século, são sempre híbridas, mescladas e impuras. Não há formas culturais puras e neutras, ainda que essa seja a tendência ideológica de grande parte da investigação social. Nossas produções culturais e, em consequência, aquelas com transcendência jurídica e política são ficções culturais que aplicamos ao processo de construção social da realidade (HERRERA FLORES, 2009, p. 44).

Além disso, compreender o que são direitos humanos exige pensar também o direito, questionando a forma dominante para a qual ele é usado, em que se busca a manutenção das desigualdades sociais e opressões. Contudo “a força do direito manifesta-se basicamente na possibilidade de fugir das próprias constrições impostas pela forma dominante de considerar o labor jurídico, com o objetivo de criar novas formas de garantir os resultados das lutas sociais” (HERRERA FLORES, 2009, p. 59). Existem outras maneiras de pensarmos o direito e os direitos humanos, posto que ambos são produtos culturais da nossa sociedade. Desse modo: Quando nos introduzimos no estudo dos direitos humanos (tanto de um modo empírico como normativo), estamos entrando em um âmbito de ficções necessárias e de construções sociais, econômicas, políticas e culturais entrelaçadas e complexas. Os direitos humanos, como qualquer produto cultural que manejemos, são produções simbólicas que determinados grupos humanos criam para reagir frente ao entorno de relações em que vivem (HERRERA FLORES, 2009, p. 45).

Nesse contexto, direitos humanos e samba se relacionam quando ambos são tidos como produtos culturais de processos culturais emancipatórios, e o samba, através da criatividade da arte, pode apresentar outras formas de populações marginalizadas lutarem e


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ANEXO B – Transcrição da entrevista com Marina Iris

15min
pages 106-111

ANEXO A – Diretriz inicial e perguntas

1min
page 105

CONCLUSÃO

4min
pages 96-98

Referências bibliográficas

8min
pages 99-103

3.2. O samba como um processo cultural emancipatório feminista

19min
pages 87-95

3.1. Mulheres no samba

15min
pages 80-86

3 AS VOZES FEMINISTAS NO SAMBA

2min
page 79

2.3. O controle social informal da mulher como um processo cultural regulador

12min
pages 73-78

2.2.2. Indústria cultural e apropriação cultural capitalista

9min
pages 69-72

feminista

19min
pages 44-52

contra saúde pública

18min
pages 61-68

2.1. Cultural e processos culturais

16min
pages 54-60

x processos culturais reguladores

2min
page 53

1.2.2. O discurso das sambista do ÉPreta

13min
pages 38-43

INTRODUÇÃO

4min
pages 12-13

1.1. Direitos humanos como processos de luta

15min
pages 26-32

i.1 Prólogo: situando-me no mundo do samba

7min
pages 14-16

1.2. Direitos humanos para as mulheres sambistas

2min
page 33

1.2.1. Uma análise de discurso feminista

9min
pages 34-37

i.2. Caixa de ferramentas: para pensar os direitos humanos

6min
pages 17-19

1 QUAIS DIREITOS HUMANOS?

2min
page 25

i.3. Questões epistemológicas e metodológicas

10min
pages 20-24
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