ANA ELISA RIBEIRO (1975)
Poeta mineira, é doutora em linguística aplicada e mestre em estudos linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais onde também se bacharelou e licenciou em Letras/ Português.Publicou Poesinha (1997), Perversa (2002), Anzol de pescar infernos (2013), além de minicontos e poemas em revistas e jornais, no Brasil e em Portugal. É cronista do site Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com).
ANTIGUIDADE D’ONDE VIEMOS Péricles disse que a maior virtude de uma mulher Era ficar calada. Péricles se fodeu. Péricles, hoje, levaria uma surra dada por mil mulheres como eu. TRÁGICA meu galego não conhecia minha ira era dono do meu corpo meu espírito de porco sabia minha ginga minha pletora, minha míngua conhecia cada fresta cada trinca, cada aresta cada vinco, furo, fissura, mau humor, amargura mas da minha ira condenada ira ira da maldita ira de mulher fêmea exata ana saliente uterina, enfezada ele não sabia nada (meu galego dorme esta noite num cemitério improvisado) AFINAL, sobrou-me uma casa com livros. Além disso, relva, vidros e um cachorro de patas curtas. Restou-me também um filho, mas isso já é luxo. 32
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA