MARILIA GARCIA (1979)
Poeta carioca, escritora, tradutora e editora. Estreou em livro em 2001, com a plaquete Encontro às cegas. Publicou 20 poemas para o seu walkman ( 2007). traduzido para o espanhol e publicado na Argentina; Engano geográfico (2012); Um teste de resistores (2014) e Câmera lenta (2017) que reúne poemas marcados pelo ensaísmo e pela oralidade. A poeta participou do Festival de Poesia Latino-Americana Salida al Mar, em Buenos Aires e do Festival Europalia,na Bélgica(2011). Com seu último livro, Câmera Lenta, ela tornou-se a primeira mulher brasileira a ganhar o prêmio Oceanos de literatura.
NUM DIA BRANCO segura a borda da mesa com o cabelo vermelho vamos para a polônia
ver a neve andava tão dispersa assim ele nunca conheceu a família com ganas de frio. sempre aquele movimento preciso ler outras coisas a frase cortada no mesmo ponto fresta de luz onde fala uma gargalhada assomada à janela quando o vê do outro lado da rua procurando o castelo. cabelo curto, segura a ponta da mesa e mastiga as sílabas em sua língua. A GAROTA aquela que tem na voz o timbre que você quer a que fica um pouco confusa a que anda no meio fio a que por um triz a que acorda sorrindo, fazendo inventários de um céu sem astro. a que diz desastre aquela com as imagens gravadas. medindo as distâncias em parsec passando pela roleta sem olhar aquela que liga o walkman para não ouvir a que não ouve o que os olhos vêm dizer a que desce do táxi quando chega. quando o vir, vai saber. do alto do pico, ela vai dizer _____. quando o vir estará de verde escondendo a cara, mas sorrindo. quando o vir vai saber. o encontro será no subterrâneo de uma galeria AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA 67 para contar as tartarugas.