MICHELE FERRET (1979)
Poeta potiguar, é mestra e doutora em ciências sociais, e possui graduação em educação artística. É jornalista e professora na UFRN. Tem publicado poemas em diversas coletâneas. Atuou no grupo Poesias e Flores em Caixas e atualmente é componente dos Insurgentes, movimento que une poesia, dança, teatro, artes visuais, música e economia criativa para insurgir e criar espaços de fluxo e trânsito para artistas e produtores do Nordeste. Participou da banda potiguar Rosa de Pedra e integrou a banda do cantor e compositor paulista Renato Braz.
PÁSSARO FEITO DE EFÊMERO Vivo para inventar planos de fuga E todas as noites Gaiolas inteiras se abrem por dentro A matéria prima Escolhida ao acaso Une silêncio, dorzinhas, arames cortados e um pouco de solidão Disso tudo se faz portinhas infinitas A passagem é o lugar O vôo consequencia Asas pequenas ou grandes Miragens Feito desertos inteiros dentro da gente Não se apagam nunca Vive-se para inventar planos de fuga E todas as noites as janelas se fecham para a vida São pequenas as mortes de dentro Imagens deitadas de inventos Vivemos para desenhar planos de fuga E todos os dias A passagem é o passageiro Entre o ir e vir de grades grandes ou pequenas Ficar é apenas consequência… CASA vivo pra morrer de saudade e todas as noites parecem pardas quase incendiárias com seus ocres e mel escorridos pelas paredes das calçadas Adoçam o céu invertem as incertezas desnuda vulcões e trazem as erupções para dentro do outro lado Quase sempre a mesma calçada na beira dessa casa em que ninguém se muda AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA
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