TELMA SCHERER (1979)
Poeta gaúcha, é mestra em literatura e graduada em filosofia. Atua nas áreas de formação de escritores, criação literária e performance com adultos e crianças. Coordenou o Espaço Educativo da 6ª Bienal do Mercosul. Com o grupo Teia de Poesia, realiza saraus e oficinas de literatura. Publicou Desconjunto (2002), Rumor da Casa(2008) e Metro Poa (2014).Vive em Florianópolis.
Onisciente quer dizer: aquele que sabe a ciência de olhar no escuro. Escuro de brumas divisórias, escuro da sombra. Seta que reluz pra dentro. O gozo de se ver nesse espelho turvo. E ser sem saber, porque é tateando que se conhece um nascer para saber ter sido. Então clareira. Onisciente quer dizer; nunca esbarrar com uma porta. Abri-la. NÃO SOU CATÓLICA Minha alma vem de outros ancestrais. E são tais, os meus companheiros, que não nos dizemos nada. Nem ais, nem mágoas, nem vaidades e nem anseios. Entendemo-nos. Bater portas, fazer gritos, verter brita no fundo dos olhos, isso não é comigo. Não sou católica, mas minha alma é cheia de Palavras. São elas que brilham depois da escavação. Estar certo não adianta nada. Escavem o certo e o errado, mesquinhos aos olhos de Deus. Deus esquece das mágoas vãs. Porque Deus é maior que o mundo, e menor. Ele sabe de toda a história. Não precisa contar piadas. Deus não precisa levantar a voz.
70
AS MULHERES POETAS NA LITERATURA BRASILEIRA