JULIANA KRAPP (1980)
Poeta carioca, é jornalista e mestre em comunicação social pela UERJ. Participa do grupo CAC (Comunicação, Arte e Cidade).Inédita em livro, tem poemas publicados em revistas como Inimigo Rumor, Germina e Poesia Sempre. O dossiê de poesia contemporânea brasileira publicado no Diário de Poesía de Buenos Aires traz quatro poemas seus, em tradução de Cristian De Nápoli. Foi também traduzida por Teresa Arijón e teve poemas incluídos na antologia espanhola Otra línea de fuego. Quince poetas brasileñas ultracontemporáneas, com organização de Heloísa Buarque de Hollanda.
PRETEXTO o olho da rua é seco, sarcástico do mesmo gênero das abotoaduras e toucadores de tudo resta sempre o seu mistério virgem a beleza de íris os ares encardidos a córnea tal qual um diadema espavorido sobre nossas cabeças então ele cruzou a pista sem qualquer melancolia e travou o zíper sobre a pele ATRIBUTOS Gostaria de ser uma mulher que soubesse identificar um brocado uma cerzidura um carmesim um adorno em matelassê No comércio a palavra aviamentos me lembra de que há todo um reino de malícias que desconheço – penso não em ilhós mas em aves aquáticas artefatos explosivos Gostaria de poder dizer: vamos desenlaçar o cordão do meu quimono vamos providenciar castanhas doces para o grande banquete e nos deitar sob o dossel à espreita das comissuras que ardem na pele Porém eu estou atada ao mundo da sonolência e das cintilações breves da louça quebradiça e da mixórdia – ao lugar das 80 mulheres e bichosPOETAS NA LITERATURA BRASILEIRA AS MULHERES que se espatifam n’água