Revista Ruminantes 45

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#45 | abr. mai. jun. 2022

REVISTA RUMINANTES

FOTO 1 Box individual, sem espaço exterior.

FOTO 3 Alojamento em grupos de 3 ou 4 vitelas com zona de recreio mais ampla.

FOTO 2 Box individual, com espaço exterior.

SAÚDE E BEM-ESTAR | BOVINOS DE LEITE

CRIAR VITELAS DE LEITE EM GRUPO OU ISOLADAS?

1ª PARTE: OS PRÓS - NA PRIMEIRA PARTE DESTE ARTIGO, IREMOS ABORDAR ESSENCIALMENTE AS DESVANTAGENS DA RECRIA DE VITELAS ISOLADAS DE OUTROS ANIMAIS E AS VANTAGENS DA ADOÇÃO DO SISTEMA EM PARES OU EM PEQUENOS GRUPOS.

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Por George Stilwell, Médico Veterinário, Faculdade Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, email: stilwell@fmv.ulisboa.pt Fotos FG

questão de criar vitelas de leite em grupo ou isoladamente, continua a despertar intensa discussão. Há vantagens em isolar os animais recém-nascidos ou o contacto social é útil ao seu desenvolvimento? Se for decidido criar em grupo, que cuidados adicionais deveremos ter? Qual a dimensão ideal para os grupos e a partir de que idade deveremos juntar as vitelas? Como sempre, vou tentar, dentro do possível, suportar as informações e as recomendações em evidências científicas robustas através da consulta daquilo que tem sido publicado ao longo dos últimos anos. Aliás, será dessa evidência científica que nascerão os regulamentos e as diretivas legislativas que se estão a preparar no âmbito da estratégia da UE “do Prado ao Prato” e que afetarão o sector leiteiro nos próximos anos. Nesta primeira parte da peça iremos abordar essencialmente as desvantagens da recria de vitelas isoladas de outros animais e as vantagens da adoção do sistema em pares ou em pequenos grupos. Num próximo número da revista Ruminantes, iremos falar sobre as potenciais desvantagens da utilização de grupos e ainda tecer algumas

considerações acerca da composição do grupo ideal… se é que isso existe. O QUE ACONTECE NA NATUREZA Pouco antes do parto, as fêmeas gestantes da maior parte dos ruminantes selvagens e também dos bovinos mantidos em regime extensivo, tendem a isolar-se para que o nascimento se faça numa área longe da interferência dos restantes membros da manada. Durante os primeiros dias após o parto, a mãe mantem o recém-nascido escondido entre arbustos ou vegetação alta enquanto pasta nas proximidades. A cria praticamente não se movimenta e é totalmente dependente do leite fornecido pela mãe, sendo alimentada aproximadamente 8 a 12 vezes por dia durante a primeira semana de vida, mamando por períodos de aproximadamente 10 minutos. Terminado este período de adaptação, o vitelo passa a seguir a vaca integrandose definitivamente na manada. Após a segunda semana de vida, começa a aumentar a distância de afastamento da vaca, a interagir com os pares e a formar pequenos grupos com outros

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vitelos, se existirem. A constatação deste comportamento na Natureza, desencadeou a vontade de se estudar e de se perceber até que ponto a perturbação desta sequência de acontecimentos, influenciava o desenvolvimento e o bemestar dos vitelos criados em condições mais intensivas (especialmente nas manadas produtoras de leite em que a cria é retirada da mãe pouco depois do nascimento). A par da razão zootécnica, uma outra incentivou a investigação científica – a crescente exigência dos consumidores para que sejam proporcionadas condições aos animais de produção para poderem expressar o seu comportamento natural. A SITUAÇÃO ATUAL NA PRODUÇÃO Todos sabemos o que tipicamente acontece nas vacarias de leite em regime intensivo: as crias são separadas da vaca logo após o nascimento (quase sempre dentro das primeiras 12 horas), alimentados com colostro pelo produtor e transferidas para compartimentos individuais, com ou sem acesso a uma pequena área de exercício ( fotos 1 e 2).


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