#45 | abr. mai. jun. 2022
REVISTA RUMINANTES
BOVINOS DE LEITE
INVESTIGAÇÃO LEITEIRA O QUE HÁ DE NOVO? NESTA RUBRICA APRESENTAMOS RESUMOS DOS TRABALHOS MAIS RECENTES PUBLICADOS NO JOURNAL OF DAIRY SCIENCE. Traduzido e adaptado por Pedro Nogueira, Engº zootécnico, Trouw Nutrition/Shur-Gain, e-mail: Pedro.Nogueira@trouwnutritioncom
“FATORES RELACIONADOS COM O MANEIO DAS VACAS SECAS E SUAS ASSOCIAÇÕES COM A QUANTIDADE E QUALIDADE DO COLOSTRO NUMA GRANDE EXPLORAÇÃO LEITEIRA COMERCIAL” Journal of Dairy Science Vol. 105 nº 2, 2022
O objetivo deste estudo, realizado por investigadores da Universidade Freie de Berlim, foi avaliar a associação de fatores relacionados com o maneio de vacas secas e a quantidade (kg) e qualidade do colostro (% brix) em vacas Holstein, numa grande exploração leiteira comercial (2500 vacas Holstein, média de 11500 kg leite/ vaca), durante um período de 3 anos. Os empregados da exploração registaram a quantidade de colostro (n = 7567) e avaliaram a qualidade do colostro numa subamostra de animais (n = 2600) usando um refratómetro digital Brix. Os autores explicam que a produção de colostro ocorre durante as últimas semanas de gestação. A nutrição materna pré-parto e o maneio nutricional podem afetar a produção de colostro. Vacas leiteiras no pré-parto têm uma maior necessidade de energia e proteína em resposta à síntese de tecido mamário e colostro, bem como exigências para o desenvolvimento uterino e fetal. Além da composição da ração, o maneio nutricional, como o tempo de exposição às dietas pré-parto, pode afetar a produção de colostro. Vários estudos relataram que a concentração de IgG no colostro é semelhante para vacas com períodos secos curtos em comparação com vacas com períodos secos convencionais. Vacas sem períodos secos, no entanto, tiveram menor qualidade de colostro comparativamente a períodos secos
convencionais. Isto indica que o período de colostrogénese não foi suficiente para a acumulação de gamaglobulinas nessas vacas. Neste estudo, a quantidade média de colostro foi de 4,0 kg, 5,1 kg e 5,5 kg para vacas na 1ª, 2ª e ≥ 3ª lactações, respetivamente. Na primeira lactação, a quantidade de colostro das novilhas foi afetada pelo mês de parto, sexo do vitelo e mortalidade perinatal (geralmente definida como a morte do vitelo antes, durante ou até 48 horas após o parto). A idade ao primeiro parto e a facilidade de parto tenderam a afetar a quantidade de colostro. A duração da gestação e os dias no parque de pré-parto não foram associados à quantidade de colostro. A quantidade de colostro em vacas primíparas foi maior em abril (4,1 kg) e menor em novembro (3,2 kg). O sexo do vitelo foi associado à quantidade de colostro (vitela= 3,50 ± 0,26 kg; vitelo = 3,76 ± 0,27 kg; gêmeos = 2,97 ± 0,66 kg). A mortalidade perinatal foi associada à redução da quantidade de colostro em vacas primíparas. Uma associação positiva tendeu a ocorrer entre a idade ao primeiro parto e a quantidade de colostro (+ 0,07 ± 0,04 kg para cada mês de aumento na idade ao primeiro parto). Em vacas multíparas, a quantidade de colostro foi afetada pelo mês de parto, facilidade de parto, sexo do vitelo, mortalidade perinatal, produção de leite na lactação anterior e duração do tempo passado no parque de vacas secas e de préparto, embora isso tenha desempenhado um papel menor. A duração da gestação não foi associada à quantidade de colostro. A quantidade de colostro em vacas multíparas foi maior em maio (5,5 kg) e menor em outubro (3,8 kg). Houve um aumento linear na quantidade de colostro com a dificuldade de parto ( facilidade de
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parto 0 = 4,23 ± 0,26 kg; nível 1 = 4,77 ± 0,21 kg; nível 2 = 4,98 ± 0,22 kg; nível 3 = 5,30 ± 0,22 kg). O sexo do vitelo foi associado à quantidade de colostro (vitela = 4,42 ± 0,21 kg; vitelo = 5,00 ± 0,21 kg; gêmeos = 5,03 ± 0,30 kg). A mortalidade perinatal foi associada à redução da quantidade de colostro em vacas multíparas. Houve uma associação positiva entre a produção de leite na lactação anterior e a quantidade de colostro. Um aumento na produção de leite na lactação anterior de 1000 kg foi associado a um aumento na quantidade de colostro de 0,1 kg. Vacas que permaneceram mais tempo no parque de vacas secas (0,05 ± 0,003 kg por dia) e de pré-parto (0,06 ± 0,010 kg por dia) tiveram um aumento linear na quantidade de colostro produzido. Os autores concluem dizendo que a variação na produção de colostro ao longo do ano pode ter o potencial de afetar a morbilidade e a mortalidade dos vitelos devido ao fornecimento inadequado de colostro. O armazenamento de colostro de alta qualidade pode ser uma opção para lidar com estas flutuações.
“INSTALAÇÕES, NUTRIÇÃO E PRÁTICAS DE MANEIO PARA VACAS SECAS, VACAS EM PRÉ-PARTO E VACAS RECÉMPARIDAS EM EXPLORAÇÕES LEITEIRAS CANADIANAS – UM ESTUDO DESCRITIVO RETROSPETIVO” Journal of Dairy Science Vol. 105 No. 2, 2022
Este artigo, de investigadores da Universidade de Guelph e Elanco Animal Health, teve como objetivo descrever as práticas de maneio das explorações leiteiras canadianas usando uma ferramenta de avaliação de risco