Seafood Brasil #49

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SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 1 seafood brasil www.seafoodbrasil.com.br #49 - Mai/Jun 2023 ISSN 2319-0450 À luz da queda Recuperação Judicial da GeneSeas mexe com o setor, mas já atrai novos donos e não inibe investimentos nos Grandes Lagos de SP e MS MKT & INVESTIMENTOS Aquicultura, pesca e varejo: fomos à 12ª Aquishow, à nova ExpoMar e à 37ª Apas Show ESPECIAL Compra da Komdelli pela Frumar reabre discussão sobre consolidação de empresas 10 anos

O sonho de uma nação peixeira

Há um sentimento de pena no setor pela derrocada da GeneSeas. Um lamento pelo esforço dos fundadores, Tito Lívio Capobianco Jr. e Nelson Cury, que converteram o esforço de duas décadas na principal marca de tilápia do Brasil. Um lamento pelas centenas de credores que se sentiram desamparados com a Recuperação Judicial (RJ) anunciada em setembro de 2022. Um lamento pela interrupção de um grande sonho coletivo, que se tornou o primeiro grande projeto aquícola do País.

A situação da GeneSeas, no entanto, não significa o fim do projeto ou a falência da empresa. Como mostramos na reportagem de Capa desta edição (pág. 48), a RJ é um recurso previsto na legislação brasileira que permite ao fundo Aqua Capital manter parte da companhia funcionando, enquanto renegocia suas dívidas astronômicas e busca novos compradores que assumam o passivo. A tarefa é árdua, mas os ativos - frigorífico, fábrica de ração, centros produtivos e a própria marcacontinuam a atrair interessados.

Por outro lado, nós levantamos na mesma reportagem ao menos três exemplos de grandes projetos na mesa região que só crescem, projetam expansão e mantêm de pé uma cadeia produtiva que já não depende exclusivamente da GeneSeas para funcionar. O clima positivo dos negócios gerados com a Aquishow (pág. 22) é uma prova disso, enquanto os inúmeros fornecedores de tilápia na Apas (pág. 12) e o apetite crescente dos EUA pelo produto (leia mais na seção Cinco Perguntas, na pág. 06) nos fazem ver o copo meio cheio. Para completar, chefs que amam pescado estão se tornando verdadeiros embaixadores do produto (pág. 74), enviando a mensagem do incentivo ao consumo diretamente às telas de todos os brasileiros.

A queda da GeneSeas é um revés importante, mas nem de longe sinaliza a inviabilidade do pescado no Brasil. Afinal, o processo que nos converte em potência é irreversível.

Boa leitura!

Redação

redacao@seafoodbrasil.com.br

Publishers: Julio Torre e Ricardo Torres

Editor-chefe: Ricardo Torres

Editor-executivo: Léo Martins

Repórter: Fabi Fonseca

Diagramação: Emerson Freire

Crédito da foto de capa: LK Drone

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Editorial
Na Água 10 Caiu na Rede 44 Especial 66 Capa 48 Na Planta 46 Na Gôndola 62 Personagem 82 Na Cozinha 74 MKT & Investimentos 12 5 Perguntas 06 Expediente Comercial comercial@seafoodbrasil.com.br Tiago Oliveira Bueno Sede – Brasil R. Serranos, 232 São Paulo - SP - CEP 04147-030 Tel.: (+55 11) 2361-6000 Escritório comercial na Argentina Av. Boedo, 646. Piso 6. Oficina C (1218)Buenos Aires julio@seafoodbrasil.com.br Impressão Máxi Gráfica A Seafood Brasil é uma publicação da Seafood Brasil Editora Ltda. ME CNPJ 18.554.556/0001-95
Índice
Ricardo Torres - Editor-chefe
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AL cresce na desaceleração da China

Angel Rubio, analista sênior da Urner Barry Consulting, considera que a América Latina já é um hub de pescado com preços competitivos em relação aos chineses

Onome de Angel Rubio é frequente em eventos internacionais de peso como Global Seafood Market Conference, Aqua India, Aqua Expo Equador e Global Protein Summit. Em breve, este especialista em proteínas animais, com ênfase em pescado, também estará no Brasil para a Seafood Show Latin America, em outubro. Durante as discussões para a apresentação, Rubio nos concedeu esta entrevista em que discute a ascensão da tilápia sul-americana no mercado norte-americano e a crescente competitividade dos produtos latinoamericanos em relação aos asiáticos.

Rubio destaca que a América Latina não está mais em desvantagem em termos de mão de obra e outros custos, tornando-se competitiva em algumas categorias. Um exemplo disso, segundo ele, é o aumento do fluxo de tilápia fresca e congelada da região para o mercado dos EUA, com a Colômbia e o Brasil liderando esse movimento. Embora a China e Taiwan ainda dominem o mercado devido ao baixo custo, o Brasil tem conseguido embarcar tilápias inteiras congeladas a preços competitivos.

Para ele, os brasileiros ainda são vistos pelos norte-americanos como um mercado muito mais dedicado ao consumo interno do que em relação à exportação. Enquanto isso, a Colômbia já se credenciou como um fornecedor constante de filés frescos de tilápia e o Equador incrementou muito os volumes de camarão vannamei. O desafio

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5 Perguntas
a Angel Rubio, analista sênior da Urner Barry Consulting
Entrevista

como bloco latino-americano, segundo Rubio, é que os produtores reajam na mesma velocidade à desaceleração do crescimento de produção na China e consigam rapidamente satisfazer o mercado dos EUA, cujo apetite por pescado é crescente.

1 Você é um especialista sênior em proteínas animais. Quais são os maiores desafios atuais que você enxerga no negócio global das proteínas, especialmente no contexto do pescado?

Cada mercado é diferente e cada espécie de pescado tem sua própria dinâmica. Portanto, responder a essa pergunta no contexto da categoria “pescado” pode se tornar complexo. Além disso, a dinâmica da ingestão de proteínas depende muito das mudanças nos hábitos do consumidor.

A pandemia causou perturbações significativas em todo o mundo. Por exemplo, devido ao estímulo do governo e setores contraídos como entretenimento, food service e turismo, entre outros fatores, a renda em muitos países cresceu rapidamente. Nesse contexto, se tomarmos o caso dos EUA, podemos supor com segurança que tais aumentos de renda foram um dos principais impulsionadores dos preços fortes de itens de “luxo” como lagosta e caranguejo. No entanto, como resultado de níveis de inflação persistentemente altos, notamos uma rápida correção de preços, já que os consumidores evitam esses itens. Tais tendências de preços podem não ter sido as mesmas para todos os mercados, onde o consumo de pescado é mais significativo do que o que existe nos EUA.

O desafio está na percepção do consumidor de pescado como uma categoria, em comparação com outras proteínas, dependendo da saúde da economia. Em outras palavras, se o sentimento geral for positivo, podemos esperar que o pescado tenha um bom

desempenho. Se houver incerteza, juntamente com tempos de recessão, podemos esperar que o pescado não tenha um desempenho tão bom quanto outras proteínas de preço mais baixo, como frango ou ovos. Mais uma vez, é importante observar que é difícil analisar o pescado como uma categoria em função dos diferentes preços de diferentes espécies e a dinâmica de cada mercado.

2 Você poderia comparar o desempenho de diferentes proteínas animais nos últimos anos, incluindo pescado? Houve alguma tendência ou mudança notável nas preferências do consumidor ou na dinâmica do mercado?

Sim. A pandemia causou uma forte demanda por itens de preço mais alto em relação às proteínas de preço mais baixo. Nos EUA, por exemplo, vimos aumento de preços de carne bovina, lagosta e caranguejo. Enquanto isso, os preços dos ovos e do frango permaneceram estáveis. Avançando para o final de 2021 e ao longo de 2022, os consumidores se afastaram de muitos desses itens, principalmente lagosta e caranguejo; a demanda por carne bovina tem se mostrado mais resiliente. Durante 2023, continuamos a ver correções de preços para baixo em muitas proteínas, à medida que os consumidores se adaptam aos tempos econômicos em mudança; de níveis de inflação mais baixos e aumentos salariais moderados. Vemos alguns segmentos de consumidores voltando aos níveis pré-pandêmicos de consumo de proteínas, mas ainda não chegamos lá. Podemos ver mudanças estruturais causadas pela pandemia, como consumidores comendo mais em casa e aderindo a alguns dos novos itens de cozinha testados nos últimos anos.

3 O consumo de pescado tem aumentado nos Estados Unidos. A que fatores você atribui esse aumento e como você vê essa

tendência evoluindo no futuro?

A percepção sobre o pescado em geral nos EUA é que tem valor médio a alto. Novamente, é difícil comparar um filé de salmão norueguês de preço mais alto com um filé de pangasius congelado. Ainda assim, esse aumento de consumo também é uma função de maior disponibilidade e acessibilidade. O camarão, por exemplo, tornou-se uma proteína acessível em valor real –ajustado pela inflação – e o suprimento tem sido prontamente disponível. Juntamente com o aumento da renda, alguma percepção “premium” atribuída ao pescado pode ter diminuído, o que pode ser positivo a longo prazo.

Por outro lado, a demanda por salmão continua forte, com os preços pairando em níveis recordes em meio ao aumento da oferta. Em outras palavras, o salmão é menos acessível e a oferta é maior, o que nos leva a acreditar que muitos consumidores estão dispostos a pagar um prêmio pelo que consideram mais valioso. Naturalmente, esses preços são em função de uma redução na produção fora do Canadá, mas muitos consumidores não se afastaram dessa espécie. Vemos, novamente, uma possível correção para níveis mais “normais” de consumo histórico de pescado, com algumas exceções, como o salmão, por exemplo.

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A América Latina é conhecida por suas diversas ofertas de peixe e frutos do mar. Qual é a importância da região como fornecedora de pescado no mercado internacional e quais são as vantagens ou desafios que ela enfrenta nesse papel?

A América Latina tem a vantagem de oferecer produtos de qualidade e se posiciona logisticamente entre os três maiores mercados, China, Estados Unidos e Europa. Duas das espécies mais importantes produzidas no mundo são o camarão e o salmão,

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IMPORTAÇÕES DE TILÁPIA INTEIRA PELOS EUA

onde o Equador e o Chile estão na vanguarda – ou em um segundo lugar muito próximo do primeiro – na produção e, portanto, no crescimento [destes itens]. Novamente, depende das espécies e da dinâmica envolvida em cada mercado. Ainda assim, por exemplo, no caso do Equador, os embarques de camarão para mercados como os EUA e a Europa podem chegar ao seu destino dentro de duas a três semanas. Essa é uma vantagem significativa em comparação com os embarques asiáticos para esses mercados.

PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NA IMPORTAÇÃO DE TILÁPIA INTEIRA PELOS EUA (2023)

Um desafio que precisamos considerar é que o crescimento da China como mercado desacelerou consideravelmente. Tamanha desaceleração precisa corresponder às taxas de crescimento da produção, caso contrário, os preços tendem a cair. A América Latina gerou seu próprio mercado interno para muitas espécies, o que tem sido positivo para a indústria de pescado. Ainda assim, devemos reconhecer que, para os grandes produtores, os mercados de exportação têm sido cruciais para o crescimento de muitas dessas indústrias, como salmão, camarão e tilápia. O Brasil, no entanto, tem sido uma enorme exceção para a maioria das espécies.

5 Qual será o papel que o Brasil ocupará nesta expansão da América Latina como provedora global de pescado?

Do ponto de vista do comprador dos EUA, a visão é a de que, em geral, o Brasil tem sido muito mais focado em seu mercado interno - a lagosta e algumas espécies de peixes marinhos têm sido a exceção. O Brasil é grande produtor da maioria das espécies dominantes, mas relativamente falando, pouco é exportado; grande parte da produção atende à demanda interna. Isso diz muito [sobre o perfil do mercado]

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(US$/LIBRA) (JAN-ABR 2023)
Preços oscilando em US$ 0,92 por libra
China 67% Taiwan 22% Brasil 7% Tailândia 2% Vietnã 1% Outros 1%
$0,00 2019 2020 2021 2022 2023 China Brasil Total Tailândia Taiwan $0,20 $0,40 $0,60 $0,80 $1,00 $1,20 $1,40 $1,60
67% 22% 7% 1% 1% 2% 5 Perguntas
“A dinâmica atual acelerada pela pandemia tem maior probabilidade de se normalizar em 2023. No entanto, mudanças estruturais podem estar à frente e são difíceis de prever. Finalmente, se o pescado satisfizer os requisitos mais rigorosos dos mercados maiores, a sustentabilidade e a responsabilidade social estarão no centro das atenções.”

porque os produtores e indústrias vendem seus produtos em mercados onde os preços são mais atraentes, e o fato de grande parte da produção permanecer no mercado interno implica que não há necessidade de procurar em outro lugar se os preços domésticos forem atraentes.

Uma mudança significativa nos últimos anos é que, em termos de preço, os produtos latino-americanos, principalmente no caso do valor agregado, tornaram-se competitivos em relação aos de origem asiática. Essa diferença relativa de preço é verdadeira para algumas formas de valor agregado – não todas – nas quais

a América Latina não está mais em desvantagem distante em termos de mão de obra e outros custos envolvidos.

Um exemplo foi o aumento do volume de camarão descascado congelado em mercados de exportação com preços competitivos em comparação com seus equivalentes asiáticos, como Índia ou Vietnã. A América Latina ainda está atrasada no caso de produtos cozidos ou outros de valor agregado extra, mas não me surpreenderia se houvesse crescimento nesse setor.

Outra mudança que notamos foi o aumento do fluxo da tilápia inteira

fresca e congelada da América Latina para o mercado dos EUA. A produção de tilápia da Colômbia cresceu tremendamente nos últimos anos e seus embarques para os EUA dispararam - a maioria dos produtos embarcados são filés frescos e inteiros. O Brasil também tem se aprofundado nesse mercado e, surpreendentemente, embarcando tilápias inteiras congeladas. Esse mercado continua dominado pela China e Taiwan, principalmente devido ao baixo custo desses produtos. No entanto, o Brasil também tem conseguido embarcar a preços competitivos.

“A América Latina já é um hub de pescado, mas atende amplamente aos mercados internos ou externos já estabelecidos. (...) Do ponto de vista do comprador dos EUA, a visão é a de que o Brasil tem sido muito mais focado em seu mercado interno – em geral.”

Na Água

Tecnologia para pesca e criação

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Produtos apresentados durante a AQUISHOW 2023

Nadando pelas águas da biotecnologia

Aproveitando a onda da biotecnologia, a Guabi Nutrição apresentou durante a Aquishow 2023 sua linha completa de rações de alta performance com aditivos naturais Aqua para peixes e camarões. Contando com as tecnologias de microminerais orgânicos, nutrigenômica e QS (Quorum Sensing), as soluções da linha Aqua utilizam minerais orgânicos em seus produtos desde 2005 - em 2020, os produtos completaram a Tecnologia de Reposição

Total, com 100% de minerais orgânicos nas formulações

Pra não perder o fôlego

A TATILFish desenvolveu uma solução que promete sanar um dos grandes problemas de criadores de peixe: a oxigenação da água. Trata-se do Controle Automático de Aeração, primeiro produto desenvolvido pela startup paranaense. Feita para ser

usada em tanques para manejo de peixes, a solução promove o monitoramento do oxigênio dissolvido e ativação automática do funcionamento dos aeradores, proporcionando economia de energia elétrica e maior ganho de peso dos peixes.

Mergulhando na tecnologia da informação

Buscando democratizar o conhecimento e promover mais facilidade no acesso de informações que tragam novos horizontes à cadeia, a MSD Saúde Animal lançou na Aquishow 2023 duas plataformas de aprendizagem e desenvolvimento para piscicultores. A Aqua Care365 promove capacitação on-line para educar os manejadores sobre o comportamento das tilápias, as técnicas de cuidado e o manejo adequado da espécie antes, durante e após o processo de vacinação. Já a Fish Health App é o primeiro aplicativo de auditoria de vacinação de tilápia que ajuda a garantir que as boas práticas de vacinação de peixes sejam realizadas.

PVC a todo vapor

A Cipatex aproveitou a Aquishow 2023 para apresentar suas soluções em PVC para sistemas de produção e cultivo de peixes e camarões em água doce e salgada como bolsões em tela e comedouros. Além disso, a empresa apresentou ao público as geomembranas Cipageo para impermeabilização de tanques

escavados e circulares. Ideais para produção comercial de peixes em áreas reduzidas, essas soluções que podem ser utilizadas em qualquer tipo de superfície, bem como tolerantes a diversos tipos de ácidos, sais e bases.

Inverno com animais fortes

A chegada dos dias mais frios do ano motivou a Raguife a lançar a linha Pro Health Inverno. Desenvolvida com pesquisas científicas, a nova ração promete ser uma alternativa segura e funcional para contribuir frente aos diferentes desafios enfrentados no período de transições de temperaturas da água em diferentes sistemas de produções e espécies de peixes. Entre os diferenciais do produto está a elevada inclusão de diferentes ácidos orgânicos de cadeia curta e média, que garantem a ação bacteriostática. Já a Vitamina C, E e selênio orgânico prometem maior resistência e imunidade contra patógenos. Enquanto os níveis elevados de aminoácidos, vitaminas e minerais asseguram a saúde e prevenção no fortalecimento da imunidade dos peixes contra patógenos.

Dando linha ao automático

Lançada na Aquishow 2023, a linha de alimentadores automáticos aplicados à aquicultura da Nuter foi o destaque da empresa no evento. Com um sistema tecnológico e versátil, podendo ser aplicado em diversos métodos de produção animal, a novidade pretende proporcionar mais tempo para a gestão da produção. A solução ainda consegue iniciar o trato automatizado desde a alevinagem por trabalhar, inclusive, com rações em pó, melhorando o desenvolvimento e saudabilidade da criação de peixes e camarões.

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Marketing & Investimentos

Na constelação do varejo

Apas Show 2023 reúne quase 140 mil pessoas em quatro dias de evento com presença menor do pescado, mas ainda relevante entre os mais de 800 expositores

Texto: Fabi Fonseca e Ricardo Torres | Fotos: Seafood Brasil

Ocenário estelar que a Apas Show adotou como tema de seu congresso nesta 37ª edição capta bem o clima do que foi o evento, do qual se pode dizer que o pescado participou como

um coadjuvante de luxo. Os números foram tão superlativos quanto o número de estrelas da Via Láctea: 137.487 visitas, uma frequência 23,3% maior que em 2022 - quando a presença do expresidente Jair Bolsonaro congestionou

as entradas. Entre 15 e 18 de maio, quatro pavilhões e mais um anexo do Expo Center Norte abrigaram mais de 850 expositores, dos quais cerca de 30 empresas ofereceram peixes, moluscos e crustáceos no portfólio

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SEAFOOD BRASIL
MAI/JUN

Além dos tradicionais satélites que já navegam na órbita do pescado - as empresas consagradas do segmento -, indústrias consolidadas no frango, carne bovina e distribuidores especializados em outros itens aproveitaram a Apas para divulgar as opções em alimentos aquáticos (veja mais detalhes no decorrer da matéria) Valéria Rossi, CEO da Shopper Experience, explica que esse movimento está associado à busca do consumidor por um “consumo sem culpa”. “Nessa onda da saudabilidade e na busca de produtos que tragam um consumo sem culpa daquele alimento, o pescado entra muito bem porque vai se posicionar como mais saudável frente, por exemplo, a carne vermelha.”

Na pesquisa exclusiva que Rossi apresentou durante a Apas, 55% dos entrevistados querem manter uma alimentação saudável, com produtos naturais, orgânicos e pouco industrializados - o que ela vê como trunfo para os fornecedores de pescado. “O pescado é ‘privilegiado’ na mente das pessoas como um produto totalmente saudável.”

Outras categorias, como o frango, têm se saído melhor no pujante comércio varejista nacional. “O pescado não chega a cair, mas fica estável no consumo e muito impactado pela percepção de preço”, sublinha Rossi. Com suas 94.706 lojas em território nacional, os supermercados faturaram em 2022 uma cifra equivalente a 7%

do PIB - R$ 695,7 bilhões. No último ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a peixaria fresca correspondeu a 0,9% do faturamento, o que corresponde a R$ 6,26 bilhões - o estudo não detalha o pescado congelado da categoria de perecíveis industrializados (8,7%), bem como não esmiúça conservas de pescado dentro da categoria de mercearia líquida (12,6%).

Apesar do apoio da saudabilidade, fazer-se notar na constelação de produtos do varejo é uma tarefa árdua.

O cenário fica ainda mais complexo com a hipersegmentação do varejo, conceito criado pelo norte-americano Lee Peterson, um dos palestrantes do evento do congresso da Apas - batizado de “Supernova: expanda o seu futuro”, uma analogia dessa tendência varejista à explosão de uma estrela em milhares de pedaços, que precipita o surgimento de novas estrelas e galáxias. Em um mercado tão variado quanto o pescado, dá para dizer que de fato, a explosão começou há anos e ainda não parou de gerar novos corpos celestes - e nem dá previsões de que isso vai cessar.

Edu Guedes, Julio Antonio e Fabricia Roweder (Mar & Rio): cortes de peixes amazônicos para churrasco da linha Peixe na Brasa e a presença do chef e estrela da TV foram chamarizes para um estande sempre lotado Seafood Brasil

Marketing & Investimentos

Com estandes bem posicionados em todos os pavilhões, além da presença da Associação Brasileira do Fomento ao Pescado (Abrapes), mesmo com porcentagem reduzida no evento, o peixe fez barulho.

E o ruído veio também de onde não se esperava, com empresas que voltaram a priorizar o pescado em suas estratégias de expansão nas proteínas animais. É o caso da GT Foods, tradicional processadora de frango, que revelou à nossa reportagem através de Carlos Eduardo de Grossi Pereira, vice-presidente de proteínas do grupo, um ambicioso projeto: a ideia é chegar a processar 40 toneladas diárias de tilápia e vender com a marca Canção Alimentos.

O modelo é similar ao das cooperativas paranaenses, como a C.Vale, que enxergaram na tilápia um item complementar ao mix do varejo. “É difícil você fazer um cadastro tendo um item só para oferecer para o supermercado. Quando você tem o frango, você tem todos os cortes, então você consegue levar uma gama de produtos nesse cadastro”, conta Pereira. “Então, pensamos: a gente consegue encaixar a tilápia com essa com essas proteínas que já produzimos.” Depois de arrendar um frigorífico perto da matriz, em Maringá (PR), a empresa iniciou o abate de tilápia de terceiros em janeiro de 2022 e hoje, já processa 10 toneladas/dia.

Com a conversão de uma fazenda própria de arroz em viveiros de tilápia, a empresa pretende ter em breve toda a tilápia para produção própria - o aumento da produção irá forçar uma expansão da capacidade de abate. “Como nosso frigorífico atual só comporta dez, construiremos um frigorífico novo para abatermos inicialmente 30 toneladas, que é a capacidade da nossa própria fazenda, já com uma fábrica de ração própria e uma fábrica de farinha e óleo própria também para tratar o subproduto do peixe”, diz Pereira. O investimento total é de até R$ 80 milhões para um faturamento de R$ 200 milhões.

A busca por maiores volumes de tilápia também norteia os investimentos da Brazilian Fish. “Nós sabemos que falta peixe no mercado. Por isso, nós aumentamos nossa capacidade de abate em 55%”, revela Ramon Amaral, diretor do Grupo Ambar Amaral para os negócios de pescado e biofertilizantes. Para isso, a empresa adquiriu recentemente uma planta frigorífica na região – a Fish Farm, em Santa Albertina (SP) – para ampliar para 25%

esta capacidade. “Em breve, aumentaremos em 30% por meio de outra aquisição.”

A empresa ainda estreou na Apas com novidades: o filé de tilápia em atmosfera modificada com 22 dias de shelflife e a carne moída de tilápia, que tem nova formulação. “O filé em ATM tem o maior shelf-life do mercado, o que aumenta muito as possibilidades de explorar o filé de tilápia fresco no ponto de venda. E a carne moída de tilápia é mais barata, saudável e gostava que a carne moída tradicional”, indica Amaral.

Valdemir Paulino dos Santos, superintendente comercial da Copacol, acredita que a escassez de produto pode tornar a ressaca pós-Quaresma menos complexa, bem como favorecer a campeã nacional. “Para nós que produzimos a tilápia, nosso carro-chefe, acho que está bem competitivo. A cada ano, o consumidor fica mais fiel.” Segundo ele, a cooperativa também tem planos de expansão. “Temos um caminho para aumentar ainda mais a produção, com mais um turno na indústria que ampliamos recentemente.”

A Korin, que também atua na tilápia, se direcionou a consumidores que buscam na filosofia da agricultura natural uma forma de consumir os alimentos e diminuir a pegada no meio ambiente. Luiz Carlos Demattê, CEO da Korin Alimentos, considera o pescado uma vertente em crescimento. “Encontramos uma série de processos que podem ser melhorados com base no nosso conceito de agricultura natural e produção natural de alimentos”. A expectativa é que aumente a fatia de clientes sensibilizados pelo esforço da empresa - por enquanto, ela atua com a tilápia e a truta naturais, sem uso de hormônios ou de qualquer antibiótico.

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 14
Tilápia: a estrela d’alva Equipes da C.Vale, Brazilian Fish, GT Foods, Bello Alimentos e Korin : planos de expansão pretendem superar escassez da tilápia

e salmão

Apenas um estande de pescado para cada país. Este foi o saldo da participação de Argentina e Chile na Apas. O surgimento e consolidação da Seafood Show Latin America como feira especializada do setor é um dos fatores apontados pelos programas de promoção de exportação destes países para a debandada da Apas, fato comprovado na conversa com alguns dos tradicionais expositores. No entanto, também é um período turbulento no acesso a recursos públicos para financiar ações de promoção comercial em diversos países sul-americanos que tradicionalmente participavam da feira, como Peru e Equador - ausentes neste ano.

Ainda assim, algumas empresas fizeram questão de marcar presença. No caso argentino, a representante foi a marplatense Congelados Ártico. “Participamos [da Apas] em todos os anos, com a ideia de trabalhar no Brasil o conhecimento de que usamos 100% de matéria-prima argentina”, diz Nicolás Papazian, diretor da empresa. Para ele, a vinculação com o Mercosul também é um diferencial competitivo para a introdução destes produtos, pelos acordos tarifários que tornam os produtos processados mais baratos na venda ao Brasil.

Outros representantes argentinos não estiveram com estande na feira, mas ficaram abrigados em outros parceiros. Esse foi o caso de Pablo Basso, gerente comercial do Grupo Iberconsa, que fortaleceu a divulgação do camarão vermelho como parte do portfólio de produtos importados da Opergel. “Nossa intenção é fortalecer cada vez mais a presença deste produto entre os restaurantes japoneses”, ressaltou.

Já o camarão vannamei teve como representante exclusivo e focado a Qualimar, que centrou seus esforços de marketing em eventos neste ano na feira Apas, de modo a aumentar a capilaridade do produto no varejo nacional. A estrela do estande foi o aquário com exemplares vivos de vannamei, mas também houve espaço para os pacotes de tilápia, atum e dourado, entre outros produtos.

O segmento de filés brancos segue como o favorito no peixe congelado, o que força as empresas a desenvolverem soluções específicas na área. É o caso da Oceani, marca da Opergel para o varejo, que investiu no lançamento de um produto oriundo da pesca extrativa brasileira. “Estamos lançando o filé de pescada sem pele, uma novidade interessante porque a Opergel é uma empresa com foco muito grande na importação. Este é o primeiro produto oriundo da pesca que nós estamos lançando na marca Oceani”, comenta o gerente de negócios Pedro Pereira.

A empresa ainda lançou um kit paella reformuladodepois da troca do fornecedor anterior – e também anunciou a chegada ao mercado dos anéis de lula de origem peruana, que serão finalmente lançados depois de dois anos de testes em pouches de 400 g. O suprimento de produtos importados enfrentou uma situação caótica na pandemia, ao passo que a demanda crescia. No caso do Alasca, os volumes de captura diminuíram ao longo de 2020 e 2021, mas começaram a voltar à normalidade em 2022. “Nos últimos dois anos a gente viu preços muito fortes no Alasca e por diversas razões ligadas ao custo da operação durante a Covid-19”, explica Carolina Nascimento, sócia da River Global, responsável pelo programa do Alaska Seafood Marketing Institute (ASMI) na América Latina. “Não significa que será uma pechincha, uma super queima de estoque, mas vai voltar a preços mais normais que a gente viu uns cinco anos atrás”, projeta a especialista. Durante a Apas, uma delegação composta por seis empresas do Alasca fez uma escala em São Paulo (SP) e depois partiu para Bogotá e Cartagena (Colômbia), fechando em Lima e Piura (Peru).

A estratégia é distinta para cada um destes países, como ilustrou a gerente da ASMI para Latam e Leste Europeu, Nicole Alba - em uma entrevista direto da casa do cônsul dos EUA em São Paulo, que ocorreu na manhã do segundo dia da Apas. “Os mercados consumidores de Brasil e Colômbia são essenciais para nós por abrirem as portas para o mercado latino-americano. Já o Peru é um grande potencial para trabalhar com as plantas processadoras.”

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Marketing & Investimentos
Tríade celestial: filés brancos, camarão
Congelados Artico, Alaska Seafood, Qualimar: polaca e camarão tiveram menos presença, mas com lançamentos

Com apenas um estande chileno focado no salmão - da Invermar, abrigado no ProChile -, o pescado só não ficou mais ofuscado na Apas por conta do lançamento das porções individuais entre 200 g e 250 g da Bom Peixe, além das conservas da Robinson Crusoe (leia mais a seguir)

A feira serviu como palco de demonstração ao público, para testar a proposta de se ajustar ao bolso do amante de salmão. “O salmão tem um preço mais elevado e, porcionando, todos podem ter acesso”, comentou Phelipe Souza, gerente de logística da Bom Peixe.

Souza suspeita que os preços não devem refluir em um futuro breve. Com a produção mais controlada nas águas chilenas, não há perspectiva de aumento de fluxo de matéria-prima, mas ele espera ao menos uma

estabilização. “A partir de agora, a produção tende a ficar mais estável e a oferta mais linear, o que garante um abastecimento mais tranquilo.”

Na linha de novas apresentações com salmão, a Robinson Crusoe apresentou uma opção de filés em conserva, dentro da nova linha Gourmet - que contempla ainda atum em filés e ventrecha, além dos filés de sardinha, todos em azeite de oliva extravirgem. “Somos a única empresa de pescado aqui no Brasil hoje que atua com salmão. O produto é importado diretamente do Chile com uma aparência mais premium”, crava Juliana Antunes, gerente de Trade e marketing da Robinson Crusoe. Ainda no segmento de conservas, mas no atum, ela destacou os bons resultados da linha MyProtein, lançada no ano passado. “Ele tem 31 g de proteína, mais do que o dobro do que uma lata de atum normal, o que o torna ideal para pessoas que praticam esporte ou regimes.” Essa tecnologia foi criada no Brasil e exportada para outras unidades do grupo espanhol Jealsa-Rianxeira, ao qual pertence a Robinson Crusoe.

Nas constelações do pescado na Apas, o bacalhau brilha como a aurora boreal. As já tradicionais Bom Porto, Ferraz & Ferreira, Riberalves e Soguima estavam lá novamente, mas a novata Caxamar chamou a atenção com a segunda participação na feira com uma linha ampla de itens de bacalhau. O presidente do conselho de administração da Caxamar, Gonçalo Bastos, esteve no Expo Center Norte e cravou: o Brasil se tornou prioridade. “Começamos a fazer um alinhamento da gama de produtos de acordo com a necessidade do mercado brasileiro.” O otimismo do executivo português é flagrante: “2023 é um ano que ficará marcado por grandes indicadores no consumo. Estamos preparados para isso e viemos para ficar.”

A categoria também atraiu a Copacol, que estabeleceu parceria com a Riberalves e destacou na feira uma linha de lombos, postas, bolinhos e bacalhau desfiado. “O lançamento foi no pré-Quaresma, mas o produto está com boa aceitação dos nossos parceiros e estamos com nível de cadastramento muito bom nas grandes redes”, projeta Valdemir Paulino dos Santos. A capilaridade da Copacol

facilita o projeto de expansão: “Temos uma estrutura bem grande com relação à logística, importação e o armazenamento com várias filiais de vendas. Vamos chegar em praticamente todos os pontos de vendas de médio para grande.”

O desafio dos que operam com bacalhau é expandir o seu consumo em um cenário de pressão inflacionária já na origem. Com cotas de captura em

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Marketing & Investimentos
Robinson Crusoe e Bom Peixe: salmão teve presença menos numerosa, mas ainda assim com lançamentos Bacalhau Boreal

redução desde o ano passado - a cota para 2023 foi recentemente reduzida em 20% -, o cenário é de carestia. “O valor da matéria-prima tem subido ao longo dos anos e precisamos nos ajustar para não termos produtos caros para o consumidor”, aponta Bastos, da Caxamar. Na prática, a empresa desenvolveu mais produtos diferenciados com pesos e caixas menores.

Enquanto a Opergel também modificou recentemente as embalagens de bacalhau da linha Oceani, a Bom Porto também se mostra atenta à tendência. Lançou na Apas as

Estrelas embaladas

Depois de participar recentemente da Anufood, a gaúcha Letto Seafood escolheu a Apas, no estande do Sebrae-RS, para apresentar as soluções de petiscos e pratos prontos com pescado. A diretora de marketing da empresa, Aline Novelletto, explicou que a proposta de introduzir produtos premium de peixes e frutos do mar no Rio Grande do Sul chamou a atenção de outras praças. “A partir daí, a gente também

pataniscas, prato tradicional da culinária portuguesa com bacalhau empanado. Para Angélica Seiblitz, gerente de marketing da Bom Porto, é uma alternativa aos bolinhos que não estejam na preferência do consumidor.

está vendo uma necessidade em nível Brasil desses pratos elaborados pelo nosso chef e sócio, Maurício Fernandes .” As opções variam de receitas como robalo com camarão e arroz com polvo, até casquinha de siri e camarão à milanesa.

A distribuição ficará a cargo da Golden Foods, que também participou da Apas com um viés de destaque ao pescado. Além dos produtos da Letto que passará a distribuir, a empresa já tem há anos uma linha própria de itens de alimentos aquáticos que agora volta a estar em evidência. “Estamos voltando com muita força no mercado, com panga, merluza e tilápia”, cravou Vitor Longue, gerente comercial

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Marcio Fernandes e João Victor Longue, da Golden Foods: retomada da linha de pescado com itens importados e distribuição de pratos prontos e petiscos da Letto Seafood marcaram a participação Bacalhau foi uma constelação própria dentro da Apas, com produtos da Caxamar, Copacol, Bom Porto, Ferraz & Ferreira, Soguima e Riberalves

Ummergulho estelar no pescado

Com um apelo visual irresistível e uma vasta oferta de produtos frescos e de qualidade, os expositores de pescado conquistaram os visitantes da Apas 2023 e promoveram o encontro de muitas constelações de clientes e fornecedores.

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Marketing & Investimentos
Crédito das fotos: Seafood Brasil
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Rosa Malavacci (Abrapes), Andréa Moura (Mapa/SP), Stela Conte (Verum), Marcelo Lara (Abrapes) e Ricardo Torres (Seafood Brasil)

Diego Christen, Elielson Souza e Lucas Schlipake (Caxamar)

José Roberto Prado e Caíto Prado (Itaueira)

Hugo Corales (ProChile), Ricardo Torres (Seafood Brasil), Álvaro Camargo (ProChile) e Fernando Ruas (Francal)

Julio Hayashi (Ocean Trade), Luis Palmeira (New Fish) e Gustavo Palmeira (New Fish)

Julio Antonio Roweder (Mar & Rio), Fernando Lopes Farinha Jr. (Proença Supermercados) e Fábio Gusman (Mar & Rio)

Álvaro Sagardia e Jorge Pavez (Multi-X)

Eduardo Frasson, Gustavo Gutierres e Carlos Aragon (Bom Peixe) e Fernando Vieira (Carrefour)

Rodrigo Joaquim Gomes (Grupo5), James Loureiro e Robson Alves da Silva (Potiporã)

Ramon Amaral (Brazilian Fish), Nikolai Vereiski e Nicolas Landolt (Tilabras)

Henrique Browne, Jhony Oliveira e Antonio Santana (ServiceKleen)

Afonso Antunes (Trade Vector), Rodolfo Assis, Igor Andrade e Flávia Menezes (Soguima)

Marcio Ortega e Dalton Ortega (Fênix Alimentos)

Mauricio Bortoleto, Enio Lima e Denise Pessoa (Masterboi)

Carlos Coutinho (Ferraz & Ferreira) e Izabella Rosa (Carrefour)

Carlos Aragon (Bom Peixe), Ricardo Pedroza e Rafael Pedroza (Camarões do Brasil)

Felipe Scartezzini (Opergel), Ignacio Fernandez e Pablo Basso (Iberconsa)

Ligia Holanda (Officia) e Anastasia Kasyanyuk (Pacific Rim Group)

Mauro Sena (Cotia Trading), Zeno Junior (Midas) e Welcio Mendes

Milena Figueiredo (Noronha) e Marê Araújo (Alaska Seafood)

Taynã Alfano e Marcílio Alfano (DiSalerno)

Ronaldo Monteiro (Frescatto Company), Celso Peretti Alves de Souza (Manu Alimentos), Tony de Luca (Frescatto Company) e Rafael Barata (Frescatto Company)

Anamelia Cury e Samir Cury (Tres Barras)

Ivy Oliveira e Juliana Conti (Camil)

Carlos Pereira (Canção Alimentos) e Maria Priscila (Mapa 360)

Tiago Dreher, José Ricardo Soler (Frumar), Ederson Krummenauer (Frumar), Convidado, e Vitor Pierri (Frumar)

Karina Exner Ribeiro Mendes e Randi Bolstad (Seafood From Norway), Stela Conte (Verum) e Tom Mario Ringseth (DNB)

Roberto Imai (Sipesp/Fiesp) e Javier Dufourquet (Adido Agrícola da Argentina)

Rafael Camacho (Campêche), Pablo Basso (Iberconsa), Rafael Barata (Frescatto Company) e Ronaldo Monteiro (Frescatto Company)

Ivan Lasaro (Opergel), Wellington Lima (GPA), Marcos Galvão (GPA), Patricia Thomaz (Opergel), Pedro (GPA), Pedro Pereira (Opergel) e Welton Luiz (GPA)

Pedro Fonseca (Bem Fresco), convidado e João Machado (Soguima)

Fabi Fonseca (Seafood Brasil) e Marcos Queiroz (MQ Pack)

Douglas Rodrigues dos Santos, Manuel Ramon Gago e Fernando Botelho (Robinson Crusoe)

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Aquicultura oxigenada

Articulação do setor torna 12ª Aquishow palco para diversas reivindicações ao poder público, mas clima entre os expositores é de pragmatismo, retomada de investimentos na modernização e cuidados extras com os desafios sanitários

Oprotocolo foi seguido: as autoridades estavam lá, elogiaram-se mutuamente, sublinharam a importância e o potencial da atividade aquícola no Brasil e reconheceram os méritos dos organizadores da 12ª Aquishow, que ocorreu pela segunda vez nas dependências do Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental, em São José do

Rio Preto (SP), pertencente ao IP-APTA (Instituto de Pesca) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do governo paulista.

A cerimônia institucional do primeiro dia do evento, 23/05, transcorria em um clima de amena cordialidade, até que Marilsa Fernandes, presidente da Aquishow e presidente executiva da Associação

de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP), resolveu trazer ao palco as principais reivindicações dos aquicultores. Dirigindo-se ao ministro da pesca e aquicultura, André de Paula, disse, respeitosamente: “O senhor precisa mostrar a que veio, ministro. Espero que o senhor volte no ano que vem para anunciar novidades importantes que nos beneficiem.”

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Espaço de demonstração durante a Aquishow 2023 com aerador da Nuter: 12ª edição refletiu mais confiança do setor em tempos de melhor remuneração Texto: Ricardo Torres | Apuração: Fabi Fonseca

Dois pontos principais marcaram as reivindicações de Fernandes: a contrariedade do segmento aquícola com a gestão compartilhada do MPA com o Ibama e a isonomia tributária com outras proteínas. “A falta de licenciamento ambiental é o que mais atrapalha a atividade hoje. Na questão tributária, até o ovo de codorna não paga PIS/Cofins na ração; a produção de organismos aquáticos não pode ficar de fora disso.”

O ministro não comentou sobre a gestão compartilhada, mas defendeu ainda na Aquishow a condução do tema via Congresso Nacional, por meio do projeto apresentado pelo deputado Luiz Nishimori (PSD-PR), presidente da Frente Parlamentar Mista da Pesca e Aquicultura. O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde terá relatoria da

Delegada Katarina (PSD-SE). Ambos são do mesmo partido do ministro, o PSD. Em estudo recente apresentado diretamente a André de Paula e Nishimori em audiência convocada pela Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), o pesquisador Manoel Pedroza, da Embrapa Pesca e Aquicultura, apresentou cálculos sobre o tema. Com a isenção do PIS e Cofins na ração brasileira, o preço do pescado cairá quase 5% ao consumidor final e estimulará uma produção extra de mais 16 mil toneladas, segundo a Embrapa.

Para um acompanhamento mais estrito destas e outras questões, Marilsa Fernandes liderou durante a feira a criação da Frente Nacional de Aquicultura (Fenaqua). O grupo é composto por representantes das cadeias produtivas de piscicultura continental, piscicultura marinha,

aquariofilia, ranicultura, jacaricultura, algicultura, malacocultura, aquaponia e carcinicultura. “Resolvemos unir essas entidades para fortalecer ainda mais a nossa aquicultura nacional”, reforça Fernandes.

Foco no que o produtor pode controlar

Se a feira foi fundamental para vocalizar as demandas dos produtores, ao mesmo tempo funcionou como uma vitrine do atual momento mais otimista da cadeia, passada a crise hídrica e a baixa remuneração dos produtores. A busca por maior representatividade aos pleitos setoriais é vista com bons olhos por especialistas, mas esta é apenas uma das frentes que farão o setor avançar de forma efetiva.

O pesquisador Thiago Bernardino, do Cepea/USP defende que os

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Pleitos institucionais marcaram o primeiro dia, que culminou na criação da Frente Nacional de Aquicultura, um conglomerado de instituições representativas na aquicultura Seafood Brasil

produtores de tilápia têm de priorizar o controle do que está sob sua responsabilidade. “A economia, o nível de consumo, os preços. Não controlamos nenhum desses itens. Mas podemos melhorar a gestão do negócio, a qualidade dos serviços, a administração das despesas, o nível de tecnologia que utilizamos.” Bernardino foi um dos palestrantes de um seminário organizado paralelamente à Aquishow pela Phibro.

No mesmo evento, o consultor Osler Desouzart estabeleceu um comparativo com a cadeia do frango, principalmente no que diz respeito às instabilidades de preço, oferta e demanda - que

tanto prejudicam a cadeia aquícola. “Um grande mérito da indústria avícola foi a organização da atividade, administrando bem a oferta mesmo em momentos de instabilidade de preços.”

Tais dificuldades são inerentes ao crescimento da atividade, que segue impressionante. Se considerarmos apenas a tilápia, a produção brasileira aumentou 83% entre 2014 e 2022, saltando de 300 mil toneladas para 550 mil toneladas - a previsão para 2023 é superar 575 mil toneladas. O reflexo na feira foi flagrante, com mais de R$ 160 milhões em negócios estimados, cálculo esse de Emerson Esteves, presidente do Conselho Deliberativo da Associação

de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP) e um dos organizadores do evento. “No ano passado, geramos R$ 130 milhões em negociações e, desta vez, superamos a expectativa inicial, que era de R$ 150 milhões.” Esteves acredita que 2023 será um ano de oferta reduzida, mas ressalta que em 2024 deve ser um ano mais estável.

Em torno de 7 mil visitantes participaram desta, que foi a maior edição da Aquishow - ao todo, o evento contou com 93 empresas expositoras. Confira a seguir as principais tendências apresentadas em diferentes áreas do aquanegócio.

Processamento modernizado: filés, porcionados e controle de dados

Depois de quatro anos com a máquina de evisceração e corte para a produção da tilápia H/ON (head-on, na sigla em inglês), a Brusinox incrementou a velocidade de trabalho. “Fazíamos 40 peixes por minuto e agora, podemos chegar a 60 com rendimento”, diz Marcelo Serpa, gerente de negócios Latam da Brusinox, acrescentando que a linha foi desenvolvida em parceria com a Copacol para atender exatamente à necessidade deles.

Serpa avalia que a mecanização com automação continua a ser o foco dos fabricantes de maquinário para processamento de tilápia. As vantagens são claras no próprio processo mecânico da filetagem, com ganho de tempo, mas posteriormente no controle dos parâmetros. É a mesma linha de trabalho da MQ Pack, que também esteve na feira com estande ao lado da Brusinox. De acordo com o diretor, Marcos Queiroz, um dos focos da empresa é

a implementação de sistemas de inspeção produtiva nas máquinas existentes. “Assim, além de trabalhar automaticamente, o equipamento já inspeciona o que sai no final da linha de produção.”

Na Aquishow, a novidade foi a nova funcionalidade da máquina inspecionadora de peso: o novo sistema já vincula o produto ao código de barra da caixa e, caso tenha os parâmetros produtivos aprovados, já efetiva a caixa no sistema. Na Seafood Show Latin America, o objetivo é apresentar equipamentos 100% automáticos com robôs alimentando pescado.

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 24 Marketing & Investimentos
MQ Pack e Brusinox: controle de parâmetros e expansão da automatização são tendências Seafood Brasil

Nutrição: foco no aumento da imunidade

A feira marcou a tendência de fazer a nutrição e a sanidade caminharem juntos para potencializar o crescimento dos animais aquáticos. Elisandro Bauer, coordenador técnico comercial de aquacultura na Guabi, destacou o movimento de enriquecer as rações com aditivos nutricionais para aumentar a imunidade. “Assim, conseguimos lotes com maior resistência e sobrevivência, com digestibilidade potencializada pelo maior aproveitamento dos nutrientes da ração.”

Para contemplar a necessidade de aumentar os índices de sobrevivência, a solução tem sido incorporar à ração minerais orgânicos e enzimas digestivas. “Com base na nutrição, ajudamos toda a cadeia aumentando essa imunidade dos animais.” A ADM e seus lançamentos também se inserem neste contexto, como sublinham Ricardo Khatchadourian, diretor de nutrição animal, e Eduardo Urbinati, gerente de produtos aquícolas no Brasil da empresa. “Recentemente, lançamos um blend de nove aditivos para reduzir o uso de antibióticos. Algumas grandes empresas estão tirando certificação para exportar e um dos pré-requisitos é a redução do uso do antibiótico, utilizando-o somente como curativo”, ressalta Urbinati. A ideia é aproveitar de forma efetiva as sinergias entre cada um dos aditivos para substituir o uso de antibiótico prémanejo e pré-estresse.

Outro produto já em linha com foco similar, mas para formas jovens, são as rações com micropellets de 1 mm da Supra. De acordo com Sérgio Malavazi, gerente técnico de aquicultura da empresa, o objetivo é concentrar na parte interna da ração o maior percentual de proteína e gordura energética. “Assim, o peixe come o alimento equilibrado e os nutrientes não se perdem.”

O segmento das rações para fases iniciais é muito promissor no Brasil, segundo Malavazi, mas na piscicultura superintensiva. “Hoje, o camarão tem um custo muito alto para se trabalhar como superintensivo, e vemos que se partiu para o lado extensivo, porque o camarão não está remunerando.” Por isso, a empresa tem focado mais nos produtos para a estruturação de alevinos para incremento

de resultados no crescimento e terminação. O principal lançamento foi a expansão da linha para alevinos com a ração 0.6-0.8 mm.

No mesmo segmento, esta foi a aposta da Fosfish, que apresentou a linha Acqua Start, com a mesma gramatura da Supra. Na visão de Marina Valdo, vendedora técnica da empresa, o objetivo de operar com a ração “enriquecida” é gerar economias ao produtor sobre o quilo de peixe produzido. “Os subprodutos digestíveis para alevinos e juvenis melhoram o resultado do produtor. Por isso, só trabalhamos com ações de alta performance, além de proteínas menores, que melhoram a qualidade de água e oferecem um produto mais barato.”

O desafio para entregar resultados aos produtores com preços mais baixos é o alto custo das matérias-primas destas indústrias, agravado pela guerra na Ucrânia. A Adisseo, uma gigante europeia líder no segmento de metionina, enzimas, vitaminas e especialidades, sofre o impacto direto. “Tem sido um ano muito difícil por conta do alto custo de matérias-primas. Como uma empresa europeia, sofremos mais ainda - alguns dos insumos vêm do leste europeu, região muito afetada pela guerra”, indica o gerente do negócio aquacultura para a América Latina, Thiago Ushizima.

No entanto, a empresa continua colecionando recordes. A divisão de aquacultura na Adisseo cresce duas casas todos os anos desde que a empresa entrou no negócio, com a compra da Nutriad, então parte da Inve, em 2018. “A América Latina teve o maior faturamento do mundo em aquacultura, especialmente por conta da tilápia no Brasil, o camarão no Equador e no México e a tilápia na Colômbia”, conta Ushizima. “Quando mostramos máquinas de vacinação e fish pump sendo utilizados, padrão de corte e frescor, nossos gerentes de área de outros países ficam boquiabertos”, completa.

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 26 Marketing & Investimentos
Thiago Ushizima, da Adisseo, e linha de rações iniciais da Fosfish: rações e aditivos já não caminham mais de forma separada Seafood Brasil

Equipamentos e serviços para cultivo

Na beira dos viveiros, o foco dos fabricantes também é na otimização dos equipamentos para redução de custos e aumento da produtividade. O engenheiro de aquicultura na Trevisan João Bordignon anunciou como lançamento da empresa na feira um sistema de automação cuja finalidade é fazer o controle e o monitoramento dos aeradores, alimentadores, sistemas de alarme e qualquer tipo de equipamento que possa ser automatizado.

“O sistema tem a capacidade de controlar até 32 tanques por meio de integração via rádio. Pelo estudo das especificações dadas pelo produtor ou pelo técnico da propriedade, a gente consegue estipular e fazer com que o sistema entenda qual é o momento ótimo de acionar ou desacionar os equipamentos”, conta o especialista.

Dentro do competitivo mercado dos equipamentos, aos poucos vão surgindo novos players. Foi o caso da novata Nuter, que chegou à Aquishow com a proposta de apresentar o primeiro um alimentador automático de animais. “Decidimos que iríamos imprimir em 3D a parte principal do equipamento, mas para isso tivemos de desenvolver a impressora e um plástico adequado ao contato alimentício e resistência aos raios UV”, descreve o CEO, João Benetti. O desenvolvimento da inovação determinou a criação de um método de produção que exigiu a certificação do equipamento no Inmetro.

Alimentar os animais de forma automático pode gerar como benefício uma homogeneidade do lote. “Quando se arraçoa manualmente o grande come e fica cada vez maior, enquanto pequeno não consegue comer. Se eu solto várias vezes por dia a ração, o grande comeu primeiro e já está satisfeito e o pequeno tem mais oportunidades de comer.” A flexibilidade do sistema ajuda: “Esse é o único alimentador automático animal a soltar rações desde pó até 25 mm”, defende o CEO.

Alfredo Freire, diretor da distribuidora IAqua, também tem notado a busca crescente por sistemas automáticos. “Automatização das despescas, da alimentação, da medição de parâmetros etc. Há uma busca por redução de mão de obra e na melhoria nos controles dos processos.” A empresa também tem visto um crescente interesse por produtos para correção, monitoramento e melhoramento da qualidade de água com controle de matéria orgânica,

controle de dejeto, de sólidos e correção de parâmetros.

Outra preocupação latente dos produtores é em cuidar melhor do produto final da aquicultura: o alimento aquático. Para o gerente de vendas da Engepesca, Marcelo Conolly, a demanda crescente por redes anti-pássaros é um bom exemplo. “O produtor tem procurado produtos que não agridam muito o peixe para ter depois também um produto mais bonito para a venda”, diz.

Além do peixe, produtos como microalgas também despontam, que começou há pouco tempo no Brasil, mas está tendo um crescimento forte à medida que os Estados vão liberando o cultivo. As encomendas vêm de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente, mas Conolly estima para breve a entrada de outros Estados. “Tem muita gente procurando na fase de projeto, na expectativa de iniciar ou esperando liberação.”

Com a forte movimentação dos tanques-rede nos reservatórios, cresce também a demanda por tecnologias de estabilização. Leandro Dourado, sócio-diretor da Fesma, apresentou na Aquishow um bracket (abraçadeira) para sustentar flutuadores de tanques-redes. “É uma estrutura para atender de média a alta produção - mas para o pequeno produtor, o produto é acima daquilo que eles necessitam hoje. Então, já pensamos em retornar para o ano que vem com um produto de preço muito mais inferior e reduzido para atender a essa demanda.”

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 28 Marketing & Investimentos
Sistema de automação da Trevisan permite monitoramento e controle remoto de outros equipamentos em funcionamento nos centros de produção Seafood Brasil

Sanidade: problemas intensificados

Há muito a se fazer sobre a sanidade na produção brasileira, como resultado da própria expansão da atividade. “A produção de tilápia tem se intensificado, assim como os problemas sanitários”, menciona Thiago Ushizima, da Adisseo. “Se compararmos com o camarão do Equador e o salmão no Chile, ainda pecamos na biosseguridade, embora nosso sistema produtivo já tenha sustentabilidade. Falta agregar mais valor aos nossos produtos e ao nosso resíduo.” No caso dos peixes nativos, os sistemas são mais extensivos, o que diminui a incidência de problemas bacterianos.

Se por um lado os desafios sanitários aumentam, do outro, isso pode ser visto como oportunidade de negócio. É o caso da Zoetis, que atua desde 2015 no segmento a partir da aquisição da gigante norueguesa de vacinação Pharmaq. Depois de se aprofundar na salmonicultura, a empresa passou a desenvolver soluções específicas para a tilapicultura. “Entendemos que essa proteína vai explodir e dentro de muito pouco tempo, o Brasil estará em uma posição de protagonismo ainda maior”, projeta Renato Verdi, diretor da unidade de avicultura, suínos e aquicultura da Zoetis.

Ainda com portfólio reduzido, a empresa lançou uma primeira vacina autógena contra Streptococcus agalactiae 1b e uma máquina de vacinação semiautomática, que mede, conta e classifica os animais. “Nosso modelo de automação não é só uma máquina de vacinar peixe, mas é a garantia de um sistema confiável que entrega produtividade”, defende Verdi.

Da mesma forma como a Zoetis, a Vaxxinova aproveitou a feira para incrementar a divulgação das vacinas contra a lactococose desenvolvida a partir de uma pesquisa conjunta de Santiago Pádua, gerente de produtos aqua da empresa, com a Universidade Federal de Minas Gerais.

“Disponibilizamos essa vacina no final de maio do ano passado e completamos um ano de mercado com mais de 25 milhões de animais imunizados com o produto”, comemora Pádua.

O médico-veterinário ressalta a capacidade técnica e agilidade da empresa em desenvolver produtos e inovações para a tilapicultura brasileira, que vive um momento de crises sanitárias. “A sanidade é um ponto fundamental para o sucesso da piscicultura brasileira.” Pádua afirma que o Brasil é referência em controle sanitário para todas as espécies animais e com peixe, não deve ser diferente. “Tanto é que hoje, o mercado brasileiro é o que mais vacina tilápia no mundo.”

No campo da ambiência, a Superbac aposta no adubo orgânico mineral bioestimulante. Segundo Jorge Alab,

analista técnico da Superbac, o diferencial é estimular a produção de fitoplâncton no início da produção dos peixes, inoculando bactérias benéficas no tanque. Depois de encher o viveiro, é hora de cuidar da biodegradação da matéria orgânica. “Melhorando a ambiência das pisciculturas, se tem melhor controle da qualidade de água, prevenção de doenças, desempenho zootécnico, diminuição do ciclo de produção e lucratividade.” Alab insiste que a regeneração do solo e da água de ambientes aquáticos é essencial para o sucesso da piscicultura.

Com a preocupação cada vez maior do consumidor quanto aos sistemas de cultivo, soluções alternativas e produtos orgânicos ganham terreno. Daniel Fuziki, gestor de negócios aqua da Phibro, deposita as fichas nos medicamentos terapêuticos, aditivos nutricionais, probióticos e biorremediadores. “Nossos produtos vêm ganhando cada vez mais espaço, não somente com fábricas de ração, mas também através da geração de demanda fazemos no campo.”

As cooperativas e grandes produtores são os que mais estão se beneficiando, diz ele, porque mensuram os resultados. “Os produtores com maior nível de gestão são mais tecnificados e já vem fazendo a adoção do uso desses produtos, o que faz toda a diferença aos negócios deles através da redução de custo e melhor performance, rentabilidade, competitividade e acabamento.”

Além do acompanhamento estrito, nota-se uma necessidade maior do produtor de fazer acompanhamentos de desafios sanitários em tempo real, para evitar maior contaminação ou problemas mais sérios. José Dias Neto, gerente da Prevet, percebeu que os produtores pediam o diagnóstico de eventuais enfermidades e depois engavetavam o laudo, sem tomar providências. “Hoje, temos uma plataforma onde é possível fazer essa avaliação online e ter informações sobre as possíveis enfermidades para entrar com o tratamento precoce.”

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 29
Equipe da Zoetis na Aquishow: soluções com vacinas autógenas e máquinas de vacinação, com programa sanitário de brinde, viraram tendência Seafood Brasil

Marketing & Investimentos

Maricultura e ranicultura presentes

A Associação dos Maricultores do Estado de São Paulo (Amesp) montou uma maquete para demonstrar como funcionam os cinco sistemas de cultivo da maricultura no litoral paulista: algas, ostras, vieiras, mexilhões e peixes marinhos. Juliano Mathion, zootecnista e presidente da Amesp, reforçou que “o intuito da participação foi aproximar a criação de organismos aquáticos no mar do público tradicional da aquicultura.”

As rãs-touro da Ranitta também chamaram a atenção dos visitantes da feira, mais habituados aos produtos tradicionais da aquicultura. O diretor, Danilo Ferraz, contou que a empresa está sediada em Goiás, mas opera outro criatório em São Roque (SP). “A Aquishow é uma vitrine para o mercado de organismos aquáticos e a rã não deixa de ser uma proteína criada na água.” A demanda, segundo Ferraz, é intensa. “O mercado atual no Brasil está em expansão. Hoje, faltam produtores de rã para atender o que é pedido.”

Eventos paralelos: premiações e incentivo transformador

A já tradicional programação paralela da Aquishow teve em um de seus momentos mais emocionantes, o Prêmio Personalidades Brasileiras da Aquicultura, que na categoria feminina, teve como vencedora a oceanógrafa Fernanda Queiróz e Silva, que atua em Joinville/SC prestando assistência técnica e extensão rural para pequenos piscicultores há 12 anos. Já na masculina, o economista Evandro Schimidt foi agraciado com o prêmio por sua atuação há 26 anos com alevinos de tilápia e na representação de empresas do segmento.

A Aquishow também recebeu o Agrifutura Pescado, spin-off do Agrifutura dealizado pelo Instituto de Pesca (IPApta) em parceria com o Instituto de Inovação Israelense (INNA) e apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e Itaipu Binacional. “O evento tem a proposta de trazer a inovação para perto da cadeia do pescado com showcases de startups, maratonas de inovação com estudantes, mentoria, aceleração e muito mais”, detalha Marcelo Ricardo de Souza, pesquisador científico e diretor do núcleo de inovação tecnológica do IP-Apta Foram 13 startups que participaram da competição Startup Race, vencida pela AQUi9.

A programação incluiu ainda a terceira realização do Prêmio Inovação Aquícola, criado em parceria pela Aquishow, Aquaculture Brasil, Canal Vai Aqua e Seafood Brasil e hoje, operado exclusivamente pela organização da feira. As categorias foram “Academia”, “Produção”, “Beneficiamento e Produto Final” e “Políticas Institucionais” - os três melhores cases de cada segmento foram premiados.

Já o AquaQuiz, competição de conhecimentos, foi vencido pelo aluno do sétimo período de zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Rodolfo Batista Vieira Maia, de 21 anos. Por fim, a estreia do prêmio Tarrafeador de Ouro, competição de arremesso de tarrafa - rede usada em despescas e biometrias -, teve a piscicultora Marli Pires, de Casimiro de Abreu (RJ), como campeã na categoria feminina e o zootecnista e produtor rural Calixto Neto, de Cuiabá (MT), na masculina.

Vencedores do Prêmio Personalidades Brasileiras da Aquicultura: Fernanda Queiróz e Silva e Evandro Schimidt

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 30
Divulgação/Aquishow

Colômbia e Chile de olho no intercâmbio tecnológico

A Aquishow reforçou neste ano a vocação de feira internacional, com a participação de mais de 20 nacionalidadesentre os expositores, estavam empresas chilenas e colombianas. O ProChile veio com foco no fornecimento de serviços, soluções e tecnologias orientadas à indústria aquícola, com cinco empresas.

Já no caso da Colômbia, o foco foi no aprendizado dos produtores de tilápia. Concentrados na represa de Betânia, no sudoeste do país, os tilapicultores enfrentam desafios sanitários que ameaçam o protagonismo do país no mercado norte-americano com filés frescos. Cesar Pinzón, diretor executivo da Federação Colombiana de Aquicultores (Fedeacua), confirmou que episódios de mortalidade foram registrados em março e acenderam um alerta. “Estávamos com muito pouca chuva e o nível do reservatório baixou para 50%. Duas semanas depois, choveu e ele foi a 90%. Isso gerou uma troca de água muito grande, alterando os padrões físico-químicos da água.”

O impacto das mortalidades se atenuou com os protocolos de biosseguridade determinados pelas certificações que a indústria local alcançou para atuar no mercado externo - em torno de 17% do que a Colômbia produz de tilápia vai para exportação, o que no ano passado representou 19 mil toneladas. Um dia antes de a feira começar, os colombianos visitaram as instalações do Grupo Ambar Amaral e constataram pequenas diferenças produtivas associadas à topografia e à qualidade de água. “Vocês têm águas límpidas e transparentes, nossa água é mais turva”, disse.

Delegação colombiana: busca por intercâmbio tecnológico entre potências regionais como Chile e Colômbia se consolida na Aquishow

Marketing & Investimentos

Uma celebração aquática

Os sorrisos não desmentem: o clima positivo no reencontro do povo da aquicultura marcou a 12ª Aquishow, a maior feira aquícola do País, que serviu de termômetro para a retomada dos negócios do setor após anos de dificuldades acumuladas e incertezas que assombraram as perspectivas para o futuro.

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Crédito das fotos: Seafood Brasil
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Marcelo Lara (Abrapes) e Eduardo Ono (CNA)

Moshiko Frenkel (Inna) e Marcelo Ricardo Souza (IP-Apta)

Roberto Imai (Fiesp), Fernanda Queiróz e Silva (Pref. Joinville) e Rui

Donizete Teixeira (MPA)

Leonardo Romano (PeixeMG), Marcelino Tilli (PeixeMG), Eduardo Rasguido (PeixeMG), Mateus Colpani (Colpani Pescados), Frederico Ozanam (Secretaria de Agricultura de MG), Jorge Barbosa (PeixeMG), Thiago Colpani (Vereador-Mococa-SP), Martinho

Colpani (Colpani) e Vanderlei

Jerônimo (Terra Forte)

Marco de Luca (Tilápias Mangaratiba)

Juliano Mathion, Rhani Ducatti, Gabriela Bergamo e Lucas Navarro (Amesp)

Jéssica Lima (Têxtil Sauter), Eder

Pinheiro (Têxtil Sauter) e Marise

Suzuke (Ikigai)

João Scorvo e Célia Scorvo

Marcos Queiroz (MQ Pack) e Daiane Scareli (Atak Sistemas)

Marcelo Lara (Abrapes) e Marcos Elias-Jeca (ExpoPesca)

Bruna Fernandes e Maite Costa (Fenacam / ABCC)

Amanda Miyuki, Dayana Pereira, Caroline Melotto e Domiedson Santos (Korin Agricultura e Meio Ambiente)

Delton Pereira (Elanco), Michelle Melo e Alfredo Freire (iAqua)

Francisco Altimari e Filipe Chagas (RealFish)

Wagner Camis (Abracoa), Vanderlei de Paula (Intaba), Daniela Nomura (Vidara) e José Dias Neto (Prevet)

Antônio Ramon Amaral (BrazilianFish), Micaele Sales (Benchmark Genetics) e Evandro Moro (Senar/MS)

Isabela Matos e Salomão Yen (Y3K Health)

Casari e Danilo Miyazaki (Cipatex)

Eniel Klein, Nedyr Chiesa, João Bordingnon e Luiz Dysarz (Trevisan)

Frederico Ozanam, Marcelino Tilli, Leonardo Romano e Jorge Vieira (Peixe MG)]

Ricardo Da Fonte (DaFonte Aquicultura) e Lucas Granuzzo (Adisseo)

Lucas Piva (ABASE), Danielle Damasceno (Zoetis) e Renato Morandi (QualyFish)

David Nawa (Biosfera Bioinsumos), Luana Cassia, Carlos Ishikawa (APTA-SP), Evandro Penha e Luiz Kohler (BRX Aeradores)

Miguel Alarcon e Marco Serri (Pathovet)

Rômulo Fiorucci e Luis Schutz (Safeeds)

Hugo Molina (AHV e FAV), Anna Pizarro (ProChile), Joel Leal (AquaBench) e Álvaro Camargo (ProChile)

Erik Diaz, Flávia Saad e João Moutinho (Hipra)

Ricardo Silva, André Novaes (Epagri), Juliana Lopes (MPA), Everton DellaGiustina (Epagri) e Lucas Navarro (Amesp)

Lizandro Bauer (Guabi), João Manoel (Aquabusiness Consulting) e Diego Viana (Guabi)

Nicholas Feiden, Irineu Feiden, Leia Feiden e Juliana Misiak (Multipesca)

Liliam Catunda (Abipesca) e Fabi Fonseca (Seafood Brasil)

Esteban Patroni, Eduardo Chi (Green Aqua) e Martin Olea (KRAN)

Gabriel Sanitá, João Barbosa, Vinícius Alves e Bruno Pereira (Raguife)

Marco, André Blanch e Talita Morgenstern (MSD)

Equipe do estande AquaGenetics Brasil / Genomar

Thalita Palanedi, Petra Ewald, Bruna Gindre e Suelen Andrade (AquaGenetics Brasil / Genomar)

João Benetti e Gilberto Castor (Nuter)

Aline Oliveira, Camila Paz e Jaqueline Bicudo (Buchi)

Paulo Marangoni e Ofélia Maria (Marangoni Aquicultura)

Luiz Ayroza (APTA-SP) e Marilsa Fernandes (Aquishow e PeixeSP)

Tiago Bueno (Seafood Brasil) e Kaká Ambrosio (DuPeixe)

Eduardo Conte (AmmcoPharma), Nilton Ishikawa, Thomas Ishikawa e Natália Ishikawa (AquaIn)

Francisco Medeiros (PeixeBR), Marcelo Lara, Júlio Cesar e Kleber Bueno (ABRAPES / Mar & Rio)

Igor Gambarato, Fabricio Mota, Carolina e Erick Silva (Patense)

Equipe do estande ADM

Equipe do estande Imeve Equipe do estande MPA

Assis Castellan, Emerson Esteves e Assis Castellan (Global Peixe)

Giovanni Melo (Aquaculture Brasil) e Jorge Weydmann (AmmcoPharma)

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Começa uma nova história de pescador

ExpoMar estreia no maior pólo pesqueiro do Brasil e ocupa espaço inexplorado com um evento comercial para a pesca e maricultura

Sem a parte folclórica, a ExpoMAR – pesca, maricultura e logística - pode ser sim uma história de pescador. Afinal, o evento estreou estrategicamente em 29 de julho, quando se celebrou o Dia do Pescador, em um dos principais polos da atividade no Brasil: a cidade de Itajaí (SC).

No centro da cidade, o espaço aguardava mais de 1.500 participantes entre pescadores, armadores, maricultores e empresários dos setores da pesca e da maricultura, universidades, entidades e governo. Já na cerimônia de abertura, Altemir

Gregolin, presidente do IFC e da ExpoMar, destacou os propósitos que motivaram a criação do evento. “Protagonismo. Nós sabemos que a pesca tem muitos problemas no dia a dia, mas precisamos pensar grande para construirmos uma nova narrativa no setor para a pesca ser conhecida por suas virtudes”, pontua.

A diretora executiva da ExpoMar e do IFC, Eliana Panty, também aproveitou a ocasião para destacar que o evento é fruto do apoio de diversas pessoas. “Nosso propósito e de contribuir e dar o nosso melhor

para que esse setor amadureça, cresça e seja cada vez mais importante no fornecimento de proteína saudável”. Agnaldo Hilton dos Santos, presidente do Sindipi, pontuou que Itajaí tem o seu porte como polo pesqueiro do Brasil e que é ligado sobretudo pela união. “A união dos nossos armadores e da nossa indústria”, fala. Conforme ele, foi um desafio organizar um evento em três meses e já antecipou as expectativas para o que será realizado no próximo ano: “será ainda melhor”.

Os demais discursos no palco da cerimônia e nos corredores também

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 34
Texto: Fabi Fonseca | Edição: Léo Martins
Marketing & Investimentos
Organização A ExpoMar surge para se tornar um encontro anual das cadeias da pesca e da maricultura capaz de discutir gargalos e desafios para os próximos 30 anos

Promovida pelo IFC Brasil e com correalização da Fundep, Sindipi e da Univali, o evento teve apoio de diversas empresas, como o Sebrae e o BRDE e instituições como o MPA e a ONU.

celebraram a realização do evento. Entretanto , não deixaram de refletir o quanto a pesca no Brasil tem assuntos urgentes que necessitam passar do âmbito do debate para soluções práticas.

O secretário-executivo de Pesca e Aquicultura de Santa Catarina, Tiago Frigo, representando o governador do Estado, Jorginho Melo, destacou a importância do setor para o Estado. “Nós geramos praticamente R$ 4 bilhões de faturamento na indústria da pesca e mais de 8 mil embarcações estão em Santa Catarina, o que representa mais de 30% da frota”, diz.

Atento aos discursos dos que o antecederam, André de Paula, ministro do MPA, aproveitou a cerimônia para anunciar a criação, por meio da Portaria Mpa Nº 101, de 28 de junho de 2023, do Grupo de Trabalho (GT) com a finalidade de subsidiar a gestão da atividade pesqueira da tainha (Mugil liza) para 2024 no litoral Sul/Sudeste.

Do mar à terra

As empresas do setor aproveitaram o encontro para reforçar seus laços comerciais e apresentarem suas soluções de produtos e serviços. Além disso, os expositores também fizeram suas reflexões sobre o atual momento do segmento e a importância do evento aos negócios.

A Marine Equipment levou suas sondas de alta tecnologia para performance e medição de oxigênio, além de sistemas de automatização que, juntos com as sondas, podem controlar outros equipamentos da indústria na água e na terra. “Essa é a primeira edição de uma iniciativa que vejo nova e que o mercado merece”, destaca Fabio Rossi, sócio-diretor da empresa.

Adriano Marcos, gerente-geral do Grupo Marquinhos, comenta que é necessário ter uma feira para linkar todo o setor, com o governo e especialistas nacionais e internacionais trocando ideias. “Unidos discutindo

problemas, todos podem trazer soluções para o setor.”

Já o Grupo 100%, que tem hoje com a pesca uma representação importante de 30% do faturamento, entende que “o evento é importante para agregarmos cada vez mais nesse ramo da pesca”, pontua Carlos Kohler, gerente de soluções da empresa.

Passagem do ministro por Itajaí ainda foi marcada por mais queixas e demandas do setor, em uma agenda extra com pescadores e pescadoras do litoral catarinense. A revisão da cota da tainha e a volta do subsídio para o óleo diesel foram as principais reivindicações

A feira de produtos e serviços congregou mais de 50 empresas do setor Seafood Brasil Seafood Brasil Bolivar Salermo

Conhecimento em forma de palestras e debates

A Mazzaferro Pesca distribui para o Brasil inteiro e mais de 57 países soluções para pesca industrial, artesanal e esportiva. Neste contexto, Cristiane Balestrin, gerente de negócios da empresa, destaca que “o setor precisava de uma feira desse porte para unir colaboradores e fornecedores de suprimentos.”

Com menos tempo de atuação no setor, a Black Marine tem enxergado oportunidades de fornecer para o civil soluções náuticas com a robustez e o DNA militar. “O pessoal acaba não enxergando por conta da tradição na pesca. Então, novas tecnologias acabam entrando e trazendo benefícios para todo mundo”, diz João Pedro Pio, sócio-proprietário e engenheiro naval da empresa.

“Economia do Mar e a Pesca no Brasil, Plano espacial marinho, sinergias e conflitos”, os “Desafios e estratégias para a pesca e maricultura no Brasil” e os “Desafios e estratégias para elevar a competitividade e sustentabilidade da indústria de processamento de pescado” foram alguns dos temas abordados pelos 53 conferencistas no Fórum Internacional da Pesca e Seminário da Maricultura, ambos realizados nos dias 29 e 30 de junho.

Já o painel que debateu as Mudanças Climáticas e os efeitos sobre a disponibilidade e o comportamento dos estoques pesqueiros e na maricultura foi um dos mais aguardados. Na ocasião, a especialista Doris Soto, consultora internacional Chile e José Angel Alvarez Perez, pesquisador e professor da Univali, pontuaram pesquisas com base em dados que mostram o aumento da temperatura da terra.

Assim, a mudança climática que é abordada ainda pelo IPCC (relatório sobre mudanças climáticas da ONU) mostra alguns dos efeitos mais importantes como consequência desses gases do efeito estufa no mar, como aquecimento, aumento do nível e redução de oxigênio.

A ZKS Equipamentos e ZKS Engrenagens foram à feira para apresentarem soluções para a melhora do processo produtivo, principalmente da tilápia. Arnaldo Kostanecki, diretor das empresas , opina que a pesca está evoluindo, mas faz um alert a. “ O que tem que ser trabalhado no peixe é a redução de custos em todos os sentidos.”

A percepção mais positiva do segmento faz parte da visão de Narcelio Queiroz, gerente comercial da Central de Embalagens, para quem a empresa passa por um bom cenário. “A gente vem numa crescente dentro desse mercado e neste ano, esperamos crescer algo em torno de 20 a 25%”, diz.

Já Nicholas Jarussi, sócio-diretor da BKT Pesca, diz que é possível ver que a pesca extrativa no Brasil não apresentou crescimento nos últimos anos. Para ele, o alto custo em comparação à aquicultura é um dos entraves da atividade. “É preciso um estímulo a uma taxação menor, principalmente na área de combustível”, fala.

A necessidade de atuação governamental mais efetiva também foi destacada por Magno Francisco Medeiros, proprietário da Magno Redes. “Precisamos ter leis com mais eficácias e estudos”, fala. Para o evento, a empresa apresentou cabos vindos da Espanha com

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 36
Marketing & Investimentos
Evento possibilitou a aproximação do setor com diversas empresas e algumas até recém-chegadas no segmento como a Black Marine Doris Soto reforçou o alerta sobre os efeitos do aquecimento da Terra sobre os mares e suas consequências sobre a pesca industrial, artesanal e também para a maricultura Seafood Brasil Seafood Brasil A programação abriu com a palestra Magna proferida por Marcio Castro, da FAO Roma, sobre “Tendências e desafios do mercado mundial de pescado e o desenvolvimento sustentável da atividade” Seafood Brasil

polistil e aço no meio e, da Argentina, panagens de redes com cabos sintéticos sem ferragem no meio.

José Luiz de Andrade, comercial das LZX Equipamentos, reforça o discurso de que o momento atual do setor requer cautela e acompanhamento das ações do governo. “Existem mudanças muito grandes acontecendo. Ou seja, se um investimento grande é feito em certos produtos, tudo pode ser invalidado se alguma mudança vier.”

Para Leandro Barbosa de Oliveira, sales manager da Volvo, o segmento no País é realmente desafiador. “A gente entende que historicamente, a questão de ‘motores de pescado’ vem sendo cada vez mais difícil de obter.

Os operadores e armadores precisam se especializar cada vez mais para otimizar essa operação porque eles estão com um custo operacional muito mais alto.”

Tina Rodrigues, comercial da empresa da Radionaval Eletrônica fornec, que também está situada em

Itajaí, destaca que as reclamações entre os clientes são em torno do valor baixo do peixe e das limitações das pescarias. Porém, ela analisa que apesar dos desafios, o segmento no Estado ainda está bem. “Está forte, mas a parte da pesca precisa de mais união e desde o pescador até a venda.”

Pescados de Qualidade para

o tipo de Varejo e Atacado

Grupo 100% já vê na pesca um importante segmento Grandes empresas já conhecidas do setor também participaram do evento, como a Camil Seafood
@millenium_pescados | +55 11 99642-7860 | Ro.Millenium@uol.com.br Comercio de Pescados em Geral | Entregas somente na Grande São Paulo
Brasil Seafood Brasil
todo

A primeira impressão é a que fica A1ª

Expormar faz sua estreia em grande estilo ao dar voz aos principais atores da cadeia de pesca e da maricultura para entender os reais problemas do setor e apresentar novas soluções em dois dias de evento.

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Roberto Imai (FIESP / DEAGRO), Meg Felippe (Carrefour), Erika Furlan (IPesca / APTA), Sarah de Oliveira e Gustavo Faria (Lex Experts)

Carlos Melo (MPA) e César Calzavara

Silvania Briganó (MF Couros), Fabi Fonseca (Seafood Brasil),Luiz Carlos Figueiredo e Katia Mastroto (MF Couros)

Altair da Siva Joaquim, Mario José, Michelle Moraes e Adriano Marcos (Grupo Marquinhos)

Amanda Alcantara, Narcelo Queiroz e Murilo Pádua (Central de Embalagens)

Carlos Alberto Kohler, Thomas Gomes e Phelipe Piacentini (100% Metal)

Enrico Jarussi e Nicholas Jarussi (BKT Pesca)

Ling Zhengxiang, Julia Felicio e José Luiz de Andrade (LZX Equipamentos)

Elane Correia e John Lopes

Lorene e Magno Medeiros (Magno Redes)

Pedro Springmann e João Pedro Matos Pio (Black Marine)

Rafael Piaz, Milvo Branco e Joaquim Ferreira (Branco Máquinas)

Roberto Imai (FIESP / DEAGRO), Sandra Midori Takahashi Nonaka (Nordsee) e Meg Felippe (Carrefour)

Gustavo dos Santos, Cristiane Balestrin, Claon Garceze e Gilmar Alberto (Mazzaferro Pesca)

Arnaldo Kostanecki (ZKS Equipamentos e ZKS Engrenagens) e Fabio Rossi (Marine Equipment)

Rodrigo Monteiro, Tina Rodrigues e Diego da Cruz (Radionaval)

Eduardo Chaves (Camil Alimentos), Cadu Villaça (Conepe), Agnaldo Hilton dos Santos (Sindipi), André Zília (Camil Alimentos) Jonathan Morais (GDC), Maurício Conceição (Camil Alimentos), Roberto Imai, Willian dos Santos (Governo de Porto Belo).

Agnaldo Hilton dos Santos (Sindipi), Eliana Panty (ExpoMar), Evandro Neiva (Secretário de turismo de SC), Altemir Gregolin (ExpoMar).

Marcell Castro, Daniel Kuhnen, Vinícius Oliveira, Sarah Carvalho, Tiago Oliveira, Joares Albuquerque, Édson Fernandes.

Senador Esperidião Amin, Lorene e Magno Medeiros (Magno Redes).

Fernando Pinto das Neves (Sindipi), Jules

Marcelo Rosa Soto (Univali), Agnaldo Hiltons dos Santos (Sindipi), Esperidião Amin (Senador), Francisco Assis Coura (Sindipi), Eduardo Chaves (Camil Alimentos).

Guilhermina Rodrigues (Sindipi)

Delcy Batista, Marcos Manoel Domingos (APPAECSC), André de Paula (MPA), Agnaldo Hilton dos Santos (Sindipi)

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Créditos: Bolivar Salerno (a partir da foto 17)

Peixeiros-mor em festa: os 30 anos da Opergel

parceiros argentinos, brasileiros, chineses, chilenos, peruanos e portugueses

“Sei que muitos de vocês experimentaram inconvenientes geográficos e financeiros para estarem aqui, mas é formidável estarmos juntos nesta celebração que a Rossana organizou. Tenho certeza que esta noite será memorável”. Assim começou o discurso de Ivan Lasaro, sócio-fundador da Opergel, na noite de 27 de maio, em São Paulo (SP). Os “inconvenientes” a que ele se referiu eram os voos saídos de ao menos cinco países diferentes, com parceiros de negócios que marcaram a trajetória da empresa, para participarem do evento. Juntaram-se aos representantes da Argentina, China, Chile, Peru e Portugal inúmeros brasileiros, entre fornecedores, parceiros, clientes, agentes comerciais e integrantes do governo.

Nitidamente emocionados com a forte adesão ao evento e com a carga emocional de 30 anos de atuação, os sócios Rossana Pancorvo e Lasaro reuniram também a família para rememorar as principais etapas dessa trajetória e agradecer aos presentes. “Todos, juntos e unidos, atravessamos esta formidável jornada de 30 anos. Mas, quero ressaltar que a Opergel ainda é jovem, recém iniciando a sua fase adulta”, disse Lasaro. O empresário ainda parafreaseou Steve Jobs: “Devemos ter em mente que, apesar de celebrar 30 anos, estamos celebrando principalmente o futuro, e caberá a todos nos empenharmos para dar continuidade a uma história que vai merecer ser contada muito depois de não estarmos mais aqui.”

A Opergel nasceu em 1993 com o intuito de tornar viável aqui no Brasil uma oferta de peixes e frutos do mar com qualidade e variedade, provenientes das mais variadas origens às quais o País não tinha acesso. Ainda assim, Lasaro relutou em operar com alguns produtos sazonais, como o bacalhau, apesar de ser filho de português e comer sempre no Natal e na Páscoa. “Hoje, somos uma das principais distribuidoras deste produto proveniente da Noruega”, ressalta.

Isso ocorreu também com o salmão. Rossana e Lasaro foram os pioneiros na construção de fornecedores chilenos e na importação do produto, que faz parte do portfólio de quase todas as empresas de pescado. “O setor, que

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 40 Marketing & Investimentos
A empresa celebra três décadas com festa para mais de 1.000 convidados em São Paulo (SP) com

estava na versão 1.0 há décadas, foi evoluindo com a Opergel na vanguarda. Eu me atrevo a dizer que ainda estamos na versão 2.0 e existe um enorme potencial de crescimento para chegar à versão 4.0, e a revista Seafood Brasil, que está aqui presente, é prova disso”, declarou Lasaro.

Finalizando, o empresário ressaltou ainda que o desafio é incutir nas novas gerações a paixão que o pescado despertou nos corações dos veteranos. “Muita coisa mudou nestes 30 anos e estamos orgulhosos de nossa contribuição para o desenvolvimento da cadeia

de pescados e para que a nova geração tenha orgulho de trabalhar no setor, inclusive poder agregar mentes modernas e brilhantes para modernizar um negócio tão antigo quanto o milagre da distribuição de peixes”, concluiu o auto-declarado peixeiro-mor do setor.

Ivan Lasaro (Opergel) e Rossana Pancorvo (Opergel)

Ivan Lasaro (Opergel), Silvia Seperack (Esc. Com. Peru), Luis Armando Monteagudo Pacheco (Cônsul Geral do Peru em SP), Rossana Pancorvo (Opergel), Fatima Magally Ley, Cielo Cano Gallardo Dechimara (Cônsul Adjunta Geral do Peru em SP) e Percy Sánchez (PromPeru)

Ivan Lasaro (Opergel), Julio Pimentel (Mosaico Mix), André Lara, Marcelo Nasser (Riberalves), Alanka Nasser e Flávia Dallalana

Igor Andrade, Marcel Simões (LM Pescados), Rossana Pancorvo e Andressa Penteado Simões.

Nelson Oliveira (J.A. Oliveira), Meg Felippe (Carrefour), Ivan Lasaro e Rossana Pancorvo

João Machado (Soguima), Ivan Lasaro

Jr. e Ivan Lasaro (Opergel), Antonio Guimaraes (Soguima) e Rossana Pancorvo

Ivan Lasaro, Rossana Pancorvo e Samuel Candido da Silva (Oceanus Pescados)

Marciano (Santo Peixe), Ignacio E. Fernandez (trader Opergel Argentina),

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Thiago (Santo Peixe) Ivan Lasaro (Opergel), Rossana Pancorvo e José Souza (Trovão Pescados)
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Equipe de vendas da Opergel junto a Rossana Pancorvo

As notícias mais importantes de nosso site no último bimestre

Reforma tributária passa com redução de 60% de impostos para o setor

Com inclusão de última hora da palavra “aquícolas”, o novo texto da Reforma Tributária foi aprovado com expressiva maioria em 06 de julho. Os itens VI e VII do parágrafo 1º do artigo 9º do texto, que tratam dos tributos a serem criados para substituir os extintos PIS e Cofins, devem beneficiar o setor. O texto ainda passará pelo Senado. O parágrafo diz que uma “lei complementar definirá as operações com bens ou serviços sobre os quais as alíquotas (…) serão reduzidas em 60% (sessenta por cento)”. E passa a enumerá-las. O item seis lista “produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura” e seus insumos. A PeixeBR saudou o esforço do ministro André de Paula na inclusão do termo. A isonomia na cobrança do PIS e Cofins era um dos principais pleitos do setor.

Exportações do pescado para países da África crescem 114%

O continente africano tem se tornado um dos principais destinos das exportações brasileiras de pescado. Dentre os dez principais importadores de pescado brasileiro em volume, quatro são países africanos: Camarões, Costa do Marfim, Gabão e Togo. Juntos, importaram 4.252 toneladas, somando um valor total de US$ 5,4 milhões, um crescimento, em volume, de 114% nos cinco primeiros meses de 2023 em comparação ao mesmo período de 2022. As exportações para os países africanos se diferenciam das operações com os Estados Unidos e com a China, para onde o Brasil exporta pargos, tilápias, lagostas e atuns, ou com a Argentina, que costuma comprar produtos em conserva. Os países da África têm comprado espécies capturadas em grandes volumes, mas com menor valor como corvinas e cavalinhas.

Pescado tem estabilidade em meio a queda no consumo de proteínas

Devido à inflação e aos altos preços, o consumo de proteínas durante as refeições nos lares brasileiros registrou uma queda de -9%. Mas, neste cenário, o pescado demonstrou estabilidade de 2022 para 2023, apesar de ter sofrido uma queda entre 2021 e 2022. Os dados fazem parte duas pesquisas: a do Painel de Uso e Consumo da Kantar que contemplou 4.000 indivíduos, que representa 58 milhões de brasileiros, em sete Regiões Metropolitanas de todas as classes sociais e faixas etárias; e do relatório trimestral Consumer Insights da Kantar, que contempla 11.300 lares brasileiros de todas as regiões e classes sociais do País, representando 59 milhões de lares do Brasil.

Novos membros da Abipesca tomam posse

Os novos membros da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) tomaram posse no dia 20 de junho, em Brasília. Entre os destaques está Jairo Gund, ex-secretário nacional de Aquicultura e Pesca (SAP), agora CEO da associação e também Eduardo Lobo, que se mantém presidente do Conselho Deliberativo. “Somos imprescindíveis para a economia do Brasil e temos força para crescer ainda mais, dentro e fora do País. E foi pensando nisso que promovemos essa mudança estatutária e trouxemos Gund para o nosso cardume. Nossos associados precisam de uma associação forte, que possa representá-los. E nós temos essa força com esses profissionais”, declarou Lobo.

Após mais uma temporada de polêmicas, MPA anuncia GT da tainha

Após diversas polêmicas em torno da pesca da tainha, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) informou a criação, por meio da Portaria Mpa Nº 101, de 28 de junho de 2023, do Grupo de Trabalho (GT) com a finalidade de subsidiar a gestão da atividade pesqueira da espécie (Mugil liza). A notícia foi dada em primeira mão pelo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, na abertura da ExpoMar, que aconteceu em Itajaí (SC), entre os dias 29 e 30 de julho. Segundo o governo, com o Grupo de Trabalho, espera-se evitar o que aconteceu na temporada deste ano, em que a cota de 460 toneladas para a pesca artesanal e a cota zero para a pesca industrial provocou protestos, sobretudo entre os catarinenses - o setor pesqueiro queria autorização maior para a pescaria da tainha.

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Caiu na Rede
Canva

Com dívida de R$ 33,3 bi, Casino pretende vender GPA

Em um esforço para reduzir sua dívida e garantir a sustentabilidade econômica, a empresa francesa Casino anunciou no último dia 26 de junho que pretende vender suas filiais sul-americanas, o brasileiro Grupo Pão de Açúcar (GPA) e o colombiano Éxito. Segundo o UOL, o grupo Casino já havia anunciado a venda de sua participação de 11,7% na rede atacadista brasileira Assaí por 403 milhões de euros (2,11 bilhões de reais), mas não divulgou uma data precisa para as vendas do GPA e do Éxito. No final de 2022, o grupo tinha quase 1.000 lojas no Brasil e mais de 2.100 na Colômbia, além de 33 na Argentina e 96 no Uruguai - quase 75% dos 200.000 funcionários do Casino trabalham na América do Sul. O grupo luta há vários anos para superar as dificuldades e espera agora reduzir as dívidas pela metade.

Consumo fora do lar apresenta recuperação a níveis prépandemia global

O consumo fora do lar mostra fôlego ao redor do mundo. Prova disso é que, pela primeira vez, houve recuperação em relação a níveis pré-pandêmicos. A alta de 10% no primeiro trimestre de 2023 é o ápice de uma sequência de oito trimestres consecutivos de crescimento. As informações são do OOH Barômetro 2023, relatório produzido pela Kantar. O bom desempenho global é impulsionado pelas estatísticas da Europa e da América Latina, com destaques para o Brasil (alta de 26%), Reino Unido (23%) e México (14%). Em números gerais, a modalidade cresceu 11% em valor no mundo.

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Divulgação

Na Planta

Tecnologia em processamento de pescado

Frio mais rápido que o The Flash

A JBT destaca para os frigoríficos a JBT Frigoscandia ADVANTEC, tecnologia para realizar congelamento ou resfriamento rápido. A empresa explica que o funcionamento da solução direciona jatos de ar de alta velocidade no produto, eliminando a camada de ar que retém o calor no mesmo. Sendo assim, de acordo com a companhia, o produto acaba oferecendo aos frigoríficos diferenciais como: congelamento rápido (-18oC ou mais baixo) de produtos com até 25 mm de espessura, como filés de peixe, frutos do mar e hambúrgueres, com o mínimo de perda de peso; resfriamento (até 0oC) de produtos de até 190 mm de espessura; e formação de crosta de congelamento e estabilização de produtos antes do processo de fatiamento ou do corte em si.

determinando picos de consumo. O equipamento é um tanque isotérmico de chapas de aço, reforçado com perfis laminados e uma divisão vertical que permite a circulação de água. A solução realiza a produção de gelo durante todo o dia, que, por sua vez, é armazenado em tanques isotérmicos misturados com água gelada permanecendo a uma temperatura média de +1°C a +2°C. Depois, essa água é bombeada para o sistema consumidor e retorna ao tanque numa temperatura mais elevada, provocando assim o derretimento do gelo acumulado até então.

Vapor barato

Criada para oferecer mais agilidade aos operadores, o desconchador de ostras modelo DO 30 L da Engmaq é um equipamento construído com aço inox AISI 304. Com capacidade de 30 litros, a solução possui o diferencial de usar vapor d’água para realizar a abertura de ostras, além de um acabamento em jateamento com microesfera de vidro. Por fim, a empresa comenta que a tecnologia possui potência instalada de 12 kW, peso aproximado de 25 kg e também exige água potável e esgoto para ser instalada.

promover controle de produção e fortalecer a rastreabilidade de toda cadeia produtiva do cliente. Dentre os benefícios da solução, a empresa destaca: integração total com balanças, leitores, impressoras etc.; controle de rendimento e de custos; apontamento online do estoque com dados diretamente ligados ao processo produtivo; e habilitação para exportação, atendendo as exigências legais.

Para eviscerar muito

Se você procura capacidade, flexibilidade e estabilidade na hora de eviscerar seus peixes, a Kroma AS lançou a Gutmaster 1200 que promete oferecer todos esses benefícios a sua produção. Projetada para alta capacidade e com um sistema único de 16 passos, o equipamento possui capacidade de eviscerar 65 peixes por minuto (com velocidade ajustável) em peixes como truta, cavala, robalo, dourada e tilápia.

Mais que um balde de água fria

Os tanques de água gelada compactos de NH3 são a saída desenvolvida pela Engefril para instalações onde a carga térmica é muito variável e concentrada em curtos períodos de tempo,

Frigorífico na palma da mão

Uma solução indicada para frigoríficos de todos os segmentos com capacidade de atender às exigências do mercado nacional e internacional. É assim que a Atak Sistemas define o Frigosoft, software que promete

Seladora remota

A Multivac trouxe uma solução portátil que com certeza vai ajudar muitas indústrias de pescado. Trata-se da Baseline P460, seladora a vácuo sobre rodas que oferece performance, mobilidade e liberdade ao usuário. Segundo a empresa, a solução combina uma bomba de vácuo (60 m³/h) para desempenho máximo de evacuação, além de proporcionar a oportunidade de vedação dupla de costura e corte. O equipamento ainda conta com duas barras de vedação com 460 mm cada, permitindo aplicações diferentes ao alcançar pequenos produtos com uma maior produção por ciclo.

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 46
Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

O caminho do revés

Caldo de fatores externos e internos fez a GeneSeas sucumbir e decretar Recuperação Judicial (RJ), mas o plano dá fôlego para renegociar dívidas de R$ 330 milhões e buscar novos sócios

Areportagem que você vai ler a seguir não tem a participação do sóciofundador da GeneSeas, Tito Lívio Capobianco Jr . Em janeiro de 2023, mais de duas décadas depois de ter começado o negócio ao lado de Nelson Cury em Promissão (SP), ele saiu definitivamente da sociedade com a venda de suas cotas pelo valor simbólico de R$ 1. Foi sua segunda venda - a primeira, por R$ 25 milhões, ocorreu em 2015, quando o fundo de capital privado Aqua Capital assumiu o controle do negócio.

No ano seguinte à venda, quatro conquistas importantes: certificação BAP, inauguração do frigorífico em Aparecida do Taboado (MS) para 20 mil toneladas/ano, a aquisição da Dell Mare e a entrada em operação da fábrica de rações Aquafeed para 60 mil toneladas/ano. Depois de assumir a liderança nacional em exportação de filés frescos aos EUA, em 2017, projetou aumento de volumes de abate diário de 50 toneladas/dia para 90 toneladas/dia. Na água, a capacidade produtiva das outorgas concedidas chegava à marca de 36 mil toneladas/ano.

A segunda década de vida da empresa terminou de maneira bastante promissora, com a aquisição da distribuidora norteamericana Tropical. Tanta notícia boa trouxe o fundador de volta por meio da recompra de ações. “O Tito estava bastante entusiasmado com o negócio. Se ele não confiasse [no plano de expansão], por que então iria querer recomprar?”, pondera Roberto Imai, presidente do Sindicato das Indústrias da Pesca no Estado de São Paulo (Sipesp) e amigo do empresário.

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Texto: Ricardo Torres | Edição: Léo Martins
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O plano do fundo era tão claro quanto ambicioso: internamente, ganhar escalabilidade e melhorar a eficiência na produção e no frigorífico; do ponto de vista externo, liderar o mercado norte-americano entre os fornecedores globais de filé de tilápia

fresco com forte presença no food service, consolidar as já tradicionais marcas do grupo no grande varejo nacional, fazer frente à expansão das cooperativas paranaenses e preparar a venda do grupo a um grande player da proteína animal. O custo da

alavancagem do negócio era alto, mas os ganhos pareciam superar os riscos calculados pelos executivos que o Aqua Capital colocou no negócio.

Aos poucos, no entanto, o plano começou a desmoronar.

As razões

Em meados dos anos 2000, a atividade atraiu diversos novos entrantes. Muitos, inspirados pelo próprio modelo da GeneSeas e pela imagem de que a produção de peixe podia ser extremamente rentável, iniciaram a produção sem sequer saber onde as venderiam. Na virada da década, grandes empreendimentos foram anunciados, como foi o caso da Zippy e da Royal Fish, e as cooperativas paranaenses Copacol e C.Vale começaram a construir um consistente modelo de integração para o peixe em viveiro escavado que cativou diversos produtores oriundos de outras culturas.

O volume produtivo não parou de crescer. Desde que começou a divulgar dados de produção, em 2014, a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) calcula uma evolução de 48,6% na tilápia até chegarmos às 550,4 mil toneladas de 2022. Mas os efeitos desta expansão chegaram rapidamente. Em 2019, os preços ficaram abaixo da remuneração mínima e deixaram claro que não havia espaço para todos. “Existia essa pecha de que o setor era muito rentável e não era à toa, porque o mercado era muito menos consolidado. Mas o ciclo é nítido: começa a haver margem, muita gente nova entra e os

LK Drone Produções/Seafood Brasil Unidade de produção de juvenis em Santa Fé do Sul: produção de ração e atividades no campo foram suspensas de forma escalonada desde o ano passado até maio de 2023

A imagem da GeneSeas

Os 22 anos de atuação da GeneSeas deixaram inúmeros legados. Com comportamento vanguardista, foi a primeira empresa a desbravar os mercados europeu e norte-americanos para o filé de tilápia produzido no Brasil. Foi a pioneira na adoção de uma estratégia de verticalização, com fábrica de ração, engorda e frigorífico. Criou marcas fortes e vendeu produtos de qualidade, que reverteram a imagem negativa que a espécie tinha no imaginário do consumidor brasileiro e dentro do food service

Aspectos antes negligenciados por empresas do ramo passaram a se tornar o padrão a partir da GeneSeas, como a biosseguridade nas fazendas e os programas de vacinação. “Eles sempre trabalharam muito com programas de vacinação, sempre foi uma empresa referência nisso”, conta Pádua, da Vaxxinova. Para Thiago Ushizima, gerente para a América Latina da Adisseo, a empresa era uma “âncora desenvolvedora de tecnologia”. “Foi a primeira vez que eu passei em um arco sanitário dentro de uma piscicultura. Sempre foram muito criteriosos em controle, talvez uma das primeiras empresas a passar a utilizar software na produção.”

Ushizima também ressalta que a empresa funcionou como uma espécie de escola para muitos dos profissionais que hoje migraram para a concorrência ou abriram seus próprios negócios. “Você tinha bons profissionais lá. Não à toa, todo o corpo técnico da Geneseas está trabalhando”, aponta Emerson Esteves, da Global Peixe.

produtores estabelecidos aumentam o alojamento de forma jovem. Isso se reflete em uma super oferta, os preços começam a cair e chegam abaixo do custo de produção. Aí começa a filtrar os que ficam e muitos começam a sair”, descreve Felipe Junqueira, sóciodiretor da BTJ Aqua.

Na mesma época, as cooperativas entraram com preços mais agressivos no varejo para aumentar a fatia de participação nos congelados, o que motivou empresas como a GeneSeas a operarem no mesmo patamar. “No final de 2018, a linha [de preços] despenca

como um avião e aí a empresa teve de praticar precificação, porque tinha presença em todos os varejos grandes e regionais do País”, diz uma fonte com conhecimento do assunto. A política mudou logo na sequência, mas provavelmente vem desta época a visão de concorrentes de que a GeneSeas praticava preços abaixo do custo de produção, o que a empresa refuta de forma categórica.

Segundo a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), o lucro bruto das vendas aumentou 19,1% em 2019. As cifras constam de um dos relatórios da Alvarez & Marsal, consultoria nomeada como administradora judicial do processo de Recuperação Judicial (RJ). O documento a que a Seafood Brasil teve acesso e a conversa com uma fonte com conhecimento do assunto mostra que a operação foi muito mais afetada por fatores externos que surpreenderam a empresa em um momento de forte expansão de investimentos para suportar o ciclo de expansão.

Frigorífico continua operando com peixe de terceiros e a marca permanece nos principais varejos, mas o volume de filés de tilápia é 80% menor do que antes

A sequência de acontecimentos foi impiedosa. Em 2020, a pandemia de Covid-19 demoliu os planos de expansão no mercado externo, dobrando o custo do frete aos EUA e estrangulando o food service. No mercado interno, a empresa não conseguiu repassar os custos e manteve uma precificação no limite do resultado para manter os volumes. Os combustíveis também subiram e toda a conjuntura disruptiva elevou consigo os preços dos grãos. Ainda assim, em função da carona da tilápia na expansão do consumo de produtos saudáveis no varejo brasileiro, o lucro bruto com as vendas aumentou 49%.

Em 2020, o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização - indicador muito usado para medir o resultado de empresas investidas) foi 4,1% maior que em 2019 - que havia caído 12,1% ante o ano anterior. Com a execução do que estava previsto no plano mesmo com a pandemia, os resultados operacionais deram mais tranquilidade para o início de 2021. Só que o caldo de problemas persistia, com um agravante: o ano começou com a taxa básica de juros da economia em 2%; em dezembro, a Selic já havia chegado a 9,25%. Resultado: a GeneSeas Aquacultura registrou em 2021 seu maior grau de alavancagem, totalizando 41,9 vezes o EBITDA ajustado

Nesta época, os resultados não eram públicos e o que mais se falava sobre a GeneSeas era a possibilidade de ser vendida para a JBS, que havia entrado de cabeça no segmento a partir do lançamento de uma ampla linha de pescado com a marca Seara. De fato, houve avanço nas negociações, mas as partes não chegaram a um consenso sobre o valuation - grosso modo, uma avaliação do desempenho financeiro da empresa e o retorno a partir de um determinado investimento. Uma fonte com participação nas negociações nega que a situação em que a empresa se encontrava tenha sido um impeditivo. “Era muito mais uma pauta de negociação do que problemas operacionais em si.”

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Arquivo/Seafood Brasil

No segundo semestre de 2021, novas externalidades não planejadas: o Brasil começa a sentir os efeitos daquela que seria a pior crise hídrica do Brasil em 90 anos. Mesmo com o reposicionamento dos tanques-redes nos reservatórios, as mortalidades começam a aumentar, com o relatório da administradora falando em “perda significativa de biomassa entre 15% e 20%”. Tudo isso desaguou na Páscoa de 2022, com oferta extremamente reduzida. Mesmo com a abertura ao B2B, processando peixe de terceiros, toda a operação da GeneSeas sentiu o duríssimo golpe.

A partir de então, ocorre uma sequência de interrupções. Em junho de 2022, a empresa parou as atividades de uma das quatro engordas - a de Rio Grandinho, em Aparecida do Taboado (MS) - diminuindo o abate diário do frigorífico em 35%. Em julho, a empresa entra com liminar pedindo suspensão das medidas de execução judiciais ou

extrajudiciais. Em agosto, a fábrica de rações Aquafeed suspende a produção. Por fim, em setembro, a empresa entra definitivamente com o Pedido de Recuperação Judicial com dívidas superiores a R$ 250 milhões.

Os sinais e os impactos

“Eu já tinha visto sinais de fumaça”, diz o fundador e CEO da Tilabras, Nicolas Landolt. “Atraso de pagamento, dificuldade de falar com financeiro, depois pedido para rolar dívida.” Ainda em 2021, o executivo diz ter visto estas dificuldades ao cobrar por um volume considerável de peixe gordo vendido à empresa. “Fomos várias vezes ao escritório para encontrar uma solução e ela foi dada, eles honraram o compromisso. Mas todos os sinais estavam ali.”

Os sinais foram mais tardios para Emerson Esteves, diretor da Global Peixe, que operava em regime de semi-integração na unidade de

Aparecida do Taboado. “Entrávamos com o juvenil, mão de obra e estrutura para vendermos 100% do peixe gordo para eles. A unidade produzia 130 toneladas/mês, com 12 funcionários.” No final de maio de 2022, justamente em tempo de um novo ciclo de produção, Esteves recebe uma ligação com um pedido para suspender o povoamento.

Classifica, Mistura, Pesa e Embala Vários Tipos de Pescados

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Arquivo/Seafood Brasil www.mqpack.com
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Expansão do preço dos grãos pós-pandemia pressionou intensamente os custos com ração, acentuando os prejuízos da empresa
“Não Seja Refém do Fabricante da Máquina”

A GeneSeas era uma mola propulsora da região dos Grandes Lagos, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, em torno do reservatório de Ilha Solteira. “Implodir uma empresa que movimenta milhões na região deixou todo mundo assustado em um primeiro momento”, relembra Esteves. Para Santiago Pádua, gerente de produtos Aqua da Vaxxinova, “todo o mercado ficou bastante apreensivo e preocupado com o receio de isso gerar um efeito cascata”.

Apesar da lista de credores do grupo contemplar mais de 380 CPFs e CNPJs, com dívidas atualizadas em mais de R$ 330 milhões, o tal efeito cascata não veio com o impacto esperado. A saída da GeneSeas foi drástica, mas não ocorreu da noite para o dia, o que provocou uma diminuição gradual dos volumes de

peixe disponíveis no mercado. Esteves calcula que o desarranjo foi de 30%, o que sinaliza uma absorção de parte desta oferta pelos demais players da tilápia dos Grandes Lagos. Um novo cenário de preços se estabeleceu: da estiagem de 2021 à RJ da GeneSeas, os preços da tilápia na região dos Grandes Lagos saíram de R$ 7,60 para R$ 8,15, atingindo um pico de R$ 9,84 na Quinta-Feira Santa de 2023.

Francisco Medeiros, diretorpresidente da PeixeBR, enxerga dois fenômenos a partir do baque inicial: “Por um lado, houve uma recuperação dos preços pagos ao produtor: foram nove meses de recomposição de preços. Por outro lado, a Tilabras recebeu um aporte de investimento no mesmo local. Se o setor estivesse ruim, este investidor não estaria colocando dinheiro.” Além do exemplo da Tilabras, Medeiros

O futuro a quem pertence?

diz que a expansão do Grupo Pluma, que comprou a Mar & Terra e uma fábrica de ração, os investimentos do grupo Ambar Amaral em ampliações e aquisições e o crescimento orgânico da BTJ ajudaram a reduzir em grande medida o impacto na imagem do setor. “Na região, uma empresa entrou em RJ, porém, outras quatro empresas só cresceram com esse efeito.”

Mas os impactos negativos não podem ser relativizados. “Um grande empreendimento que quebra prejudica o setor de uma forma irreversível: o dinheiro fica mais caro ao produtor, cobram-se mais garantias reais. Se uma Geneseas quebrou, como é que você garante ao gerente do banco que não vai quebrar?”, provoca Marilsa Patrício Fernandes, presidente-executiva da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (PeixeSP).

O pedido de RJ - uma alternativa à falência - foi feito, segundo a empresa, justamente para preservar os ativos, a estrutura, funcionários, a marca e a instituição GeneSeas. As medidas de recuperação envolvem a renegociação de prazos e condições com os credores, venda de ativos e a manutenção de investimentos essenciais para a continuação das atividades. O plano está em execução e envolve assembleias com os credores para que estes saibam como irão receber aquilo a que têm direito.

Os grandes fornecedores de insumos e serviços que constam como credores são empresas estruturadas, com mais recursos para suportar a dívida e pleitear o pagamento, mas os pequenos produtores ficam desprotegidos e ansiosos por uma resolução. O prazo máximo para o encerramento da RJ é de dois anos a partir da concessão, que ocorreu em outubro de 2022.

O fundo AquaCapital tem até lá para encontrar compradores que assumam todo o passivo. A última assembleia de credores ocorreu em 20 de junho, quando foi anunciado que, dos quatro players tidos como potenciais investidores, dois permanecem interessados, mas não estão prontos a apresentar uma proposta de pagamento. Diante do exposto, foi proposta uma suspensão até 29 de agosto de 2023. Diversas empresas se interessaram, inclusive os concorrentes diretos, mas apenas estes dois players evoluíram com o interesse - uma fonte com trânsito no fundo confirmou a informação e sustenta que ambos são do setor da proteína animal e considerados relevantes, mas não revelou os nomes. “São movimentos relevantes, caras de impacto para o setor.”

Como se viu, as atividades de cultivo foram suspensas, mas o frigorífico em Aparecida do Taboado continua operando, enquanto a operação da Dell Mare - apoiada em camarão de terceiros - sofreu menor impacto. A empresa hoje fornece em torno de 50% do camarão que fornecia no pico da atividade, enquanto na tilápia hoje fornece em torno de 20% em produto acabado. “Não é uma tragédia tão grande no desposicionamento do varejo, há um esforço para atender os principais clientes”, conclui uma fonte da empresa.

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Divulgação/Arquivo pessoal
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Participação em Boston, em 2019; no detalhe, Roberto Imai (Sipesp) e Tito Lívio Capobianco Jr. no estande da Tropical - hoje em Chapter-7, como é conhecida a falência nos EUA

Empresas “de dono”

“Existiam duas GeneSeas: a de Aparecida do Taboado e a da Faria Lima.” A frase virou um chavão no setor e poderia ser creditada a muita gente que, de fora, interpretou a derrocada da empresa como resultado de uma administração feita por um fundo de investimentos private equity. “O fundo não entrou na GeneSeas para financiar capital de giro, é um fundo que entrou para valorizar a empresa e depois vender”, avalia Roberto Imai, do Sipesp.

No modelo, o capital privado investido precisa dar retorno breve - em média sete anos -, o que pode motivar ciclos de expansão mais acelerados e consumidores de grande volume de recursos, em geral contratados junto a instituições financeiras. Se os fatores externos previstos não corroboram com o plano de expansão, a empresa fica mais desprotegida. Mas se dá certo, dá muito certo e a própria Aqua Capital é prova disso em outros negócios. Só um deles - a empresa de insumos naturais Biotrop - pode ser vendida em breve por R$ 2 bilhões, segundo o AgFeed.

Em uma administração familiar, os movimentos de expansão em geral são executados de maneira mais lenta, com ritmo definido pela disponibilidade de capital próprio ou acesso ao de terceiros e pela leitura cautelosa de cenários do setor. No caso da piscicultura, é comum uma empresa tirar o pé e acelerar em momentos distintos do mesmo ano fiscal. Ambar Amaral, BTJ Aqua e Grupo Pluma são bons exemplos de “empresas de dono”, mas com uma gestão orientada à inovação.

BTJ Aqua: números, planilhas e sistemas

Felipe Torquato Junqueira Franco é engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USP com grande conhecimento em pecuária de corte, confinamento e integração lavoura-pecuária. Entre 2014 e 2019, ele desenvolveu um programa de venda de gado baseado em indicador referencial de preços da arroba bovina no mercado. Os resultados foram muito importantes para aprimorar contratos de venda para os frigoríficos, com preços préajustados e um planejamento amplo do campo ao abate.

A preocupação com indicadores vem de berço. Quando Celso Torquato Junqueira Franco entrou no negócio da piscicultura, em 2012, ele quis entender o negócio a fundo. A Fish Company, de Sud Menucci (SP), tinha três sócios que operavam com outra forma de gestão - em sete anos, a produção cresceu de 20 toneladas para 200 toneladas. Celso transmitiu o aprendizado aos filhos, que desenharam um plano de negócios para a família ingressar na aquicultura.

Em 2018, o grupo criou a BTJ Aqua, uma holding à qual seriam adicionadas mais três fazendas de produção e um frigorífico localizado em Ilha Solteira. Felipe e o irmão, Henrique, tocam a operação da planta frigorífica e das fazendas com uma certa obsessão pelos dados. “Hoje temos tantos dados que nem analisamos tudo, mas se quisermos analisar no futuro, teríamos de construir isso no presente”, diz Henrique.

Foi por isso que Felipe foi em busca do indicador do Cepea para a tilápia, hoje uma referência a todo o setor. “Como eu faço um combinado com

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Colapso da GeneSeas e ascensão de projetos familiares nos Grandes Lagos fortalece interpretação corrente de que uma administração da aquicultura “na beira do tanque” tem melhores resultados que uma gestão executiva remota
Divulgação/BTJ Aqua

frigorífico sem saber qual é o valor de mercado do meu produto?” A pergunta para quem ninguém tinha resposta o fez procurar os principais atores da cadeia e, com o apoio e respaldo da PeixeBR, fechou um acordo com o Cepea. “Juntamos 20 empresas que rateiam o custo entre si e bancam o

Família Torquato Junqueira Franco: obsessão por dados que fundamentem a gestão para alcançar 10 mil toneladas por ano em 3 unidades produtivas e um frigorífico para 28 toneladas/dia, além de um CD em Americana (SP)

projeto, via PeixeBR.” No início o projeto monitorou três praças (Grandes Lagos, Norte e Oeste do Paraná) e agora, com uma articulação dos produtores de Morada Nova, também apura o preço daquela região.

Internamente, Felipe admite ter um preciosismo com a informação. Recentemente a empresa integrou o sistema ERP (gestão financeira) com um sistema de gestão da piscicultura. No frigorífico, o rendimento dos operadores é calculado individualmente, com bônus por produtividade. Grosso modo, com o indicador de mercado do Cepea somados aos indicadores internos, a BTJ Aqua sabe se está competitiva no mercado e consegue negociar melhor.

Felipe acha que a gestão familiar foi fundamental para a evolução da empresa, mas porque sempre

Pescados

acompanharam de perto os indicadores que o campo traz. “Os últimos anos foram muito desafiadores. A gestão precisa ser muito em cima e o know-how é muito importante”. O ritmo também foi fundamental, diz o executivo. “Fomos crescendo e conquistando mercado muito devagar.” Para o futuro breve, nenhum plano impactante. “Nosso timing agora é validar o modelo: precisamos deixar a escala estável, para um aumento seguro. Estamos cruzando as informações para ter uma gestão 100% na mão e valorizar as pessoas. Nosso foco é construir nossa cultura.”

Ambar Amaral: o ativo está debaixo d’água

Um dos maiores legados que o patriarca Antonio Carlos Lopes do Amaral deixou aos filhos antes de falecer foi olhar de perto todos os

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negócios do grupo. Quando o negócio da piscicultura começou a tomar corpo, pouco depois da fundação da GeneSeas, Ramon e Felipe literalmente mergulharam no setor, com acompanhamento estreito da mãe, Sônia Amaral. “A nossa atividade exige uma sensibilidade para conhecer todo o negócio. Até hoje, eu passo nas pisciculturas e olho atentamente o que está acontecendo”, diz Ramon.

Na divisão dos negócios de aquicultura da família, Ramon e Felipe tocam, respectivamente, as pisciculturas e o frigorífico Brazilian Fish e a indústria de rações Raguife. Ramon garante que os negócios funcionam de maneira independente. “A Brazilian Fish é uma cliente da Raguife e ambos os negócios precisam ser sustentáveis financeiramente.”

Na prática, isso evita que um negócio cresça artificialmente apoiado por outro menos rentável, mas estimula sinergias de desenvolvimento e inovação que ampliam a competitividade e as margens obtidas em ambos os negócios de forma efetiva.

A verticalização é a marca da empresa que hoje, atua do alevino ao filé. Mas isso não ocorreu com o intuito de prosperar sozinho na atividade, como sustenta Ramon. “Nunca tivemos segredo no nosso negócio. Acredito que quanto mais pessoas produzindo na mesma região, mais forte eu fico.”

Ele disse que apoiava a operação da GeneSeas quando estava com os fundadores, mas depois perdeu a fé no negócio. “Quando temos concorrentes bons e estamos em um mercado tão concorrido, isso é positivo. No pescado, diferentemente de qualquer outra atividade, teu bem está debaixo d’água e você precisa saber o que está fazendo. Tudo neste negócio eu já fiz.”

Para aumentar ainda mais o conhecimento do negócio, o grupo Ambar Amaral incorporou alguns dos talentos da GeneSeas - a qualificação do time dá mais subsídios para a fase de expansão da atividade aquícola do grupo. O plano principal é aumentar a capacidade de abate em 55%, plano que já foi colocado em marcha com ampliações da planta original, em Santa Fé do Sul (SP) e a aquisição de uma planta frigorífica em Santa Albertina (SP). O grpo já diversificou negócios com a tilápia e em breve lançará no mercado um biofertilizante com resultados incomparáveis no campo. Sem detalhar, Ramon já projeta outra aquisição - mas ele garante que não é do frigorífico da ex-concorrente em Aparecida do Taboado.

Mar & Terra agora é Pluma

Quem tem mais de dez anos de atuação no setor sabe o que representou o projeto da Mar & Terra, uma das pioneiras na produção, processamento, comercialização

e exportação de peixes nativos no Brasil. Em 2019, depois de alguns anos sucessivos de dificuldades produtivas associadas à disponibilidade de matéria-prima, o negócio foi arrendado pela paranense Paturi Piscicultura Agroindustrial, para na sequência, ser adquirida por um grupo familiar sulmato-grossense com forte atuação na cadeia avícola: Pluma, dono da Bello Alimentos. Mas talvez poucos saibam que este não foi o primeiro negócio da empresa com proteína aquática.

O frigorífico paraense Coprimar, com foco na exportação de itens da pesca extrativa, já havia sido incorporado e a tilápia já fazia parte do portfólio de itens em distribuição por meio de uma parceria com a Cooperativa dos Piscicultores de Mundo Novo (Coopisc). “Vendíamos um volume considerável de tilápia, até que apareceu a oportunidade de entrar na Mar & Terra para adquirir a fazenda e o frigorífico”, indica Marcos Paludo, gerente corporativo para o mercado interno da empresa.

A produção foi completamente convertida para a tilápia, o que rendeu desafios técnicos mas também na busca por integrados regionais dispostos a fazer parte do projeto Mar & Terra. Outro desafio, a compra de ração, foi superado com a aquisição da fábrica de ração Douramix, em Dourados (MS), com capacidade para 10 toneladas/

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Família Paludo, do grupo Pluma: irmãos e filhos integram o negócio nascido da avicultura e que absorveu a Mar & Terra para chegar a 120 mil peixes/dia Divulgação/Pluma

hora. O frigorífico, em Itaporã (MS), foi modernizado com a reforma completa da sala de máquinas e a instalação de um girofreezer, que nada mais é que um túnel helicoidal que realiza o congelamento de produtos individuais.

O investimento total nas aquisições e modernizações superou os R$ 50

milhões e os resultados já estão em marcha. A empresa está abatendo 35 mil peixes por dia, com meta de expandir para 40 mil até o final do ano. Para meados de 2024, a Mar & Terra deverá chegar a 60 mil peixes por dia e o indicador pode dobrar dois anos depois. O plano ambicioso vem de um aprendizado

paulatino do negócio, escorado em décadas de experiência com a avicultura. “No frango o volume é muito grande e todo mundo que tem frigorífico tem fábrica de ração. No peixe, investimos muito no aprendizado do negócio, estamos em um nível melhor e o mercado está receptivo”, avalia Paludo.

Família Ambar Amaral: olho na beira do tanque para ter eficiência e capital próprio para aumentar a capacidade de abate atual de 80 toneladas em 55% em dois frigoríficos; em breve, outro frigorífico será adquirirdo Divulgação/Ambar Amaral

Tilabras: com um fundo especializado

Aporte de recursos do fundo viabiliza plano de expandir gradativamente a produção; as outorgas da empresa permitem uma produção superior a 100 mil toneladas

Apremissa está alinhada com o 14º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: “buscar elevados retornos de capital, melhorar a saúde dos oceanos, garantir fontes de alimentação sustentáveis e fornecer ferramentas escaláveis de mitigação das mudanças climáticas”. É com essa orientação que o fundo inglês de private equity Ocean 14 busca fazer seus investimentos em empresas da chamada Blue Economy, cujo faturamento global é estimado em US$ 3 trilhões.

Em 10 de outubro de 2022, o fundo anunciou um aporte superior a 10 milhões de euros na Tilabras para suportar o plano de expansão da empresa, que envolve expandir a engorda em Selvíria (MS) - cuja concessão permite produzir 100 mil toneladas - e colocar em pleno funcionamento o frigorífico de Buritama (SP), adquirido em maio de 2021. Atualmente, a empresa produz 8.600 toneladas anuais e pretende chegar a 25 mil toneladas em 2024 - o processamento está em 22 toneladas diárias.

O plano já estava desenhado antes da pandemia, conforme garante o fundador e CEO, Nicolas Landolt. “Eu andava com este livreto [ele mostra um prospecto impresso em alta qualidade] pela feira de Boston e fiz mais de 20 reuniões para potenciais investidores”, conta. A lista encolheu para algumas poucas opções e Landolt achou que a empresa teria na Ocean 14 um bom parceiro, o que não foi unanimidade na Tilabras. “Como a Ocean 14 é muito especializada no setor, eles investem menos do que outros fundos com menos conhecimento. Então tive um debate internamente: queremos ter um sócio que trará algo para a mesa ou será só um financeiro. Acabei optando pela Ocean 14.”

Além de especialistas em Fusões & Aquisições (M&As), a equipe do fundo reúne cientistas e biólogos marinhos como consultores especializados para qualificar as análises financeiras. “No meu caso, tenho a sorte de sentar numa mesa de pessoas que têm know-how do setor, com uma abordagem diferente da minha”, sustenta Landolt. “A ideia deles através da Tilabras é transformá-la em uma consolidadora da proteína branca,

mas eu não participo ativamente nisso. Sei que eles estão ávidos por novos investimentos na América Central e do Sul.”

Com larga experiência internacional, Landolt tem convicção de que o Brasil se tornará o líder no mercado norte-americano na tilápia. E, segundo seu desejo, a Tilabras será protagonista deste processo a partir da nova injeção de capital. “Nossa intenção é crescer. Ainda mais agora que o mercado norte-americano não está sendo atendido pelo mercado centroamericano e sul-americano.” O governo hondurenho quer suspender a tilapicultura em um de seus principais reservatórios e a Colômbia enfrenta episódios de mortalidade massiva que reduzirão muito os volumes para este ano. “Além disso, os norte-americanos querem reduzir a exposição aos asiáticos, dentro dos conceitos nearshoring e friendshoring [atuação regional fortalecida e sinergia com países de valores similares].”

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Aporte do fundo Ocean 14 vai suportar plano de expansão traçado em 2019 e pode ser o ponto de partida para uma consolidação da proteína branca na América Latina, diz Nicolas Landolt, fundador e CEO da Tilabras Divulgação/Tilabras

No caminho da GeneSeas?

De tão recente, a experiência da RJ da GeneSeas deixa o setor com pé atrás em relação a uma transação apoiada em investimento de um fundo, como é o caso do novo aporte da Ocean 14 na Tilabras. Fontes ouvidas pela reportagem dizem temer que a empresa “vá pelo mesmo caminho”, em alusão à expansão mais acelerada a partir de capital externo. Landolt afirma, porém, que o clima interno é o melhor possível depois das discussões que ratificaram a importância de um perfil técnico a um perfil financista de investidores. “Esse investimento foi para o melhor. A equipe inteira está com muita vontade, não levou um balde de água fria como às vezes acontece em transações do gênero.”

O português Francisco Saraiva Gomes, sócio fundador e diretor de investimentos do Ocean 14, é um dos quadros técnicos elencados por Landolt. Com mais de 23 anos de atuação em empresas da cadeia aquícola, em cargos-chave, ele é um dos interlocutores que a Tilabras pretende ter na mesa para tornar a expansão cada vez mais factível. “Nossa parceria com a Tilabras dá continuidade ao foco da Ocean 14 Capital na interseção de sustentabilidade e finanças, criando plataformas industriais impactantes que permitem

o crescimento medido e sustentável de uma das formas mais eficientes de produção de proteínas do planeta”, disse Gomes em um comunicado à imprensa na época da transação.

O executivo avalia que a tilápia cultivada no modelo continental em grandes reservatórios com alta capacidade produtiva em pouca área “é a alternativa mais sustentável ao peixe branco capturado no oceano”.

“O investimento do fundo na Tilabras apoia a visão da empresa de se tornar a produtora em escala de peixe

branco de menor ‘custo natural’ do mundo”, avalia Gomes. Um dos sóciosfundadores do Ocean 14, Chris Gorell Barnes, endossa a interpretação.

“Nossa parceria com a Tilabras visa viabilizar essa transição dos setor para a piscicultura de grande escala e baixo impacto, aproveitando o melhor da tecnologia moderna. A tilápia deve crescer para uma indústria de US$ 9,2 bilhões até 2027 - é realmente o futuro em termos de como podemos alimentar o mundo”. Se tudo sair conforme o planejado, o negócio terá saído barato.

Linha de filetagem no frigorífico de Buritama (SP): com fundo, Tilabras quer chegar a 25 mil toneladas anuais de produção em 2024 Divulgação/Tilabras

Na Gôndola

A oferta de peixes, crustáceos e moluscos

Crédito das fotos: Divulgação/Empresas

Cabo do bom empanado

Uma pescada do Cabo preparada de um jeito inusitado. Essa é a aposta da espanhola Pescanova e que foi apresentada durante a última Seafood Expo Global. O produto é oferecido ao público de forma empanada e temperado com limão, alho e salsa, tudo para oferecer uma experiência gastronômica diferenciada com a pescada do Cabo. O consumidor encontra o produto em embalagens de 360 g com quatro unidades de empanados que pode ser preparados no forno em até 20 min.

Mamma mia... Lagosta?

Durante a Seafood Expo North America, a empresa americana East Coast Seafood apresentou ao público o Lobster Mac & Cheese, o macarrão com queijo e lagosta. Segundo a empresa, o produto é cremoso justamente por contar com um molho de três queijos e se destaca por ter como protagonista a lagosta. Vendido congelado, a novidade é disponibilizada em embalagens de 680 g.

A isca para comer tilápia

Os amantes de tilápia ganharam uma nova opção de degustar esse pescado: trata-se de isca de filé de pescada empanada da Copacol. A novidade, que foi apresentada durante a Apas 2023, vem em embalagens de 300 g e pode ser preparado de forma frita ou assada no forno.

Segundo a empresa, a isca de filé de tilápia empanada

foi desenvolvida especialmente para ser servida em forma de petisco, mas também pode acompanhar outros tipos de refeições tranquilamente.

O anel do Dom Salmone

A empresa canadense DOM International trouxe com exclusividade para a Seafood Expo North America o anel de salmão defumado steelhead da linha DOM Reserve. Segundo a própria companhia, o produto que pode ser definido como o equilíbrio entre elegância e conveniência, utiliza o clássico salmão defumado recheado com recheio de queijo cremoso, raspas de limão e ervas frescas. Indicado para abrilhantar refeições, a novidade tem pescado de procedência norueguesa e é disponibilizado em embalagens de 340 g.

Hambúrguer dos vikings

Durante a Seafood Expo Global, a finlandesa Hätälä Oy trouxe para o evento o seu Nordic Burguer com carne de salmão. Desenvolvido para agradar os amantes de lanches, o produto de 200 g foi desenvolvido com pescado de procedência nórdica e

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Produtos apresentados durante a AQUISHOW 2023

é ideal para quem procura uma opção que pode ser preparada rápida, porém, sem abrir mão do sabor.

O puro molho do atum

Feito à base de pedaços nobres de atum, o molho de tomate com atum Coqueiro foi apresentado durante a Apas 2023 como o produto ideal para quem gosta de cozinhar usar em suas receitas, em especial o macarrão. Segundo a própria empresa, o produto pode ser descrito como prático, fácil e saboroso, características essas disponibilizadas em embalagens de 170 g.

A nova onda do camarão

Nugget de camarão? Essa foi a proposta da Wholey durante a Seafood Expo North America. A empresa americana

destacou durante o evento que o produto é feito com camarões selecionados e são pré-fritos para trazer ao consumidor mais conveniência na hora do preparo. Cobertos com um molho secreto feito com temperos selecionados, os nuggets de camarão são disponibilizados em embalagens de 324 g e são indicados para serem servidos, principalmente, em forma de petiscos.

Camarão com toque de milho e coco

E o camarão também esteve em alta com a Fisher Farms Afinal, a empresa filipina apresentou na Seafood Expo Global o camarão empanado com milho e coco, novidade essa que promete fazer a cabeça (e o paladar) de quem é amante desse crustáceo. O produto é vendido em

embalagens de 220 g com 10 unidades cada, onde cada camarão é disponibilizado em forma congelada. Ainda conforme a empresa, a novidade é pronta para fritar.

Arroz do polvo

Desenvolvido para quem gosta de alta gastronomia, mas não quer abrir mão da praticidade. Essa foi a ideia para o arroz de polvo da Letto Seafood. Apresentado ao público na Apas 2023, o produto utiliza arroz parboilizado e ingredientes selecionados. Pronto para o consumo, o produto pode ser preparado no microondas ou no fogão.

Especial Um mar de oportunidades (e algumas incertezas)

A compra da Komdelli pela Frumar, anunciada em abril, reabre a discussão sobre o potencial de consolidação das empresas de pescado. Afinal, o que podemos esperar para o segundo semestre de 2023?

Texto: Guilherme Bourroul | Edição: Léo Martins

Éconsenso entre especialistas que 2023 seguirá um ano com muitos desafios para os empresários. Isso porque estamos vivendo no mundo uma série de eventos de impacto global, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o conflito comercial entre Estados Unidos e China e a persistente pandemia da Covid-19.

Este cenário faz com que os investidores estejam mais cautelosos na

hora da tomada de decisões e também com que os financiamentos fiquem mais caros. De acordo com a consultoria Dealogic, o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil, teve em 2023 seu pior início de ano desde 2020, quando foi afetado pelo choque do início da pandemia. Conforme o levantamento, feito a pedido do jornal Valor Econômico, o volume financeiro das transações de janeiro a maio deste ano somou US$ 6,1

bilhões, o que representa uma queda de 73% em relação ao mesmo período de 2022. O valor movimentado nos cinco meses iniciais de 2020 foi de US$ 5,7 bilhões, 67% menor em relação mesmo período de 2019.

Ainda segundo a consultoria, apesar do início de ano considerado “morno”, a expectativa é de melhora nos próximos meses – nesse cenário, o setor de M&A já dá sinais de reação. Soma-se a isso

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o fato de que o investidor estrangeiro continua vendo o Brasil como um importante destino para novos aportes. Para 2023, é esperado que o País continue sendo um dos principais países

a receber capital estrangeiro, atrás somente de Estados Unidos e China.

“O nível de complexidade está tão elevado que, de fato, os investidores estão mais cautelosos na tomada de decisão. Isso tem motivos claros: o fluxo de informação é gigantesco, a complexidade é alta, o risco sistêmico está elevado e, embora haja liquidez elevada, o medo de errar é grande”, aponta o economista Gilberto Gonçalves, sócio da GL3 Consultoria, que acompanha o setor de pescado há mais de uma década. Segundo ele, diante deste desafio, a saída para as empresas está em reforçar a governança e diversificar o portfólio, o que às vezes pode significar mais complexidade e dificuldade de controle. “Ser menos ousado e adotar estratégias mais conservadoras é uma postura mais inteligente. Além disso, manter uma estrutura de capital menos alavancada também é uma atitude responsável, em épocas de muita incerteza e volatilidade”, recomenda.

Um caminho para crescer e enfrentar o cenário

Simplicidade e eficiência podem ser adotadas por organizações de qualquer porte e, embora empresas maiores acessem melhor e com mais visibilidade

os mercados locais e internacionais, aquelas de pequeno porte nacionais também podem adotar estratégias mais conservadoras e alavancar menos suas operações e, em função disto, ficarem mais resilientes a crises políticas, econômicas, financeiras e de demanda. Conforme explica Gonçalves, há oportunidades para todos os tipos de apetite. Tudo vai depender da estratégia do investidor e do que ele está buscando. “Cada investidor pode ter interesses distintos em um mesmo momento, ou mesmo interesses distintos e cenários diferentes. Isto muda muito. A cada hora ele pode querer priorizar uma estratégia.”

A compra da Komdelli pela Frumar, anunciada em abril deste ano, trouxe de volta a possibilidade de maior consolidação das empresas de pescado. Na ocasião, a empresa gaúcha confirmou ter pago R$ 50 milhões para absorver a Komdelli, que enfrenta um processo de recuperação judicial desde 2017, num negócio com bastante potencial, que multiplica a capacidade produtiva da Frumar por 10, atualmente em 80 toneladas por mês. “O volume estimado para 2023 poderá chegar a 10.000 toneladas e o faturamento do grupo somado deverá ultrapassar

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Gilberto Gonçalves diz que para driblar a crises financeiras, políticas, econômicas ou de demanda, empresas podem reforçar a governança e diversificar o portfólio, o que às vezes pode significar mais complexidade e dificuldade de controle

R$ 670 milhões em 2023, 66% mais do que no ano passado”, disse o diretor da Frumar, Éderson Krummenauer, quando o negócio foi concretizado.

Hoje muito focada em importações, a Komdelli poderá dar suporte a um plano da Frumar de expandir a atuação para além das fronteiras brasileiras. “Com uma área industrial de 28 mil m2 e área frigorífica de 7,2 mil m2, a empresa catarinense tem posição logística estratégica, pois fica próxima dos principais portos de cargas e do maior polo pesqueiro do Brasil: Itajaí, o que favorece ainda mais as operações no mercado internacional”, afirmou Krummenauer. Sendo assim, a unidade

da Komdelli soma-se a outras cinco da Frumar: em Porto Alegre/RS, São Leopoldo/RS, Passo Fundo/RS, Itapema/ SC e São Paulo/SP.

Parcerias como

alternativas a fusão ou aquisição

Fusões e aquisições não são o único caminho possível para as empresas do setor de pescado seguirem o caminho de crescimento ou enfrentamento de crise econômica global. Em 2022, por exemplo, observaram-se algumas movimentações de parcerias estratégicas, comerciais ou industriais.

Uma delas foi firmada entre a Bio Pescados da Amazônia e a Zaltana, principal indústria de tambaqui do Brasil. “Como temos intenção de ser uma empresa com foco na sustentabilidade, sempre pensando em proteger os rios, temos essa iniciativa com a Zaltana para o fonrecimento de tambaqui em cativeiro, reduzindo o impacto sobre o tambaqui selvagem e somando forças de comercialização, produção e distribuição”, conta o diretor comercial Armando Corrêa A parceria também envolve a parte comercial e de vendas. “Estamos atuando juntos, extraindo o melhor de cada empresa.” Segundo ele, a companhia ainda possui parcerias similares com outros criadores de tambaqui de cativeiro.

A estratégia parece estar surtindo um efeito positivo nas vendas da Bio

Armando Corrêa, diretor comercial da Bio Pescados da Amazônia, comenta que a parceria com a Zaltana visa extrair o melhor de cada uma para as duas somarem forças de comercialização, produção e distribuição

Pescado, que vem trabalhando para abertura do mercado internacional e já comercializa banda de tambaqui na Colômbia, Peru e, mais recentemente, começou também a embarcar produtos para os Estados Unidos. “A aceitação está muito boa. Estamos trabalhando massivamente no marketing e abertura de pontos de distribuição”, destaca.

Ele confirma que existe a intenção de abrir novos mercados. “Nosso foco é cada vez mais tornar nosso produto conhecido e de forma sustentável, uma vez que sabemos que o segmento de proteína animal, principalmente o do pescado, tem um grande potencial de crescimento.” A expectativa da companhia é fechar 2023 com um faturamento de R$ 40 milhões, crescimento superior a 20% em relação ao ano passado, quando atingiu R$ 32 milhões.

A Bio Pescados conta com uma estrutura de três frigoríficos, com capacidade de produção de 100 toneladas por dia, com a estratégia de diversificação de produção entre as plantas produtivas e maior capacidade

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Especial
Divulgação Divulgação/Bio Pescado

De olho em outros nichos

A Frescatto mostra-se atenta também a caminhos alternativos. No ano passado, a companhia fez um aporte na Sustineri Piscis, uma foodtech brasileira de peixe cultivado que produz em laboratório, sem o abate de animais. O valor do negócio não foi revelado.

Conforme informa a Sustineri Piscis em seu site, o objetivo da empresa é “revolucionar o modelo tradicional de consumo de frutos do mar, há séculos viabilizado pela pesca selvagem, e propor a aquicultura celular como uma solução inovadora escalável, uma alternativa ecologicamente correta de consumo mais saudável, mais seguro e mais sustentável.” Dentro deste cenário, Thiago De Luca explica que a decisão de investir neste projeto tem a ver com o propósito da Frescatto, com a preocupação de reduzir o impacto ambiental sempre. “Depois de quase três anos de P&D, a Sustineri Piscis, de forma inédita no Brasil, obteve sucesso na produção de massa proteica de carne de robalo por cultivo celular em biorreator, ou seja, carne genuína de pescado.” Segundo o executivo, muito em breve a empresa apresentará ao público seu primeiro bolinho de peixe como prova de conceito.

As três unidades da Bio Pescados somam juntas, a capacidade de produção de 100 toneladas por dia; a intenção é ampliar a capacidade produtiva para fazer frente aos novos desafios que vêm surgindo

Outro case que movimentou o setor no último ano veio da Frescatto, uma das principais indústrias de pescado do Brasil, que produz 20 mil toneladas de peixe por ano. A companhia sediada no Rio de Janeiro/RJ firmou parceria de co-branding com a norueguesa Mowi.

“É a maior produtora de salmão no mundo, nosso parceiro de longa data que, assim como a Frescatto Company, tem em seu DNA o cuidado com a qualidade e práticas sustentáveis de cultivo. Entre as ações realizadas em parceria com a Mowi, está o desenvolvimento de embalagens e relacionamento com clientes”, relata Thiago De Luca, diretor geral na Frescatto.

de captação do pescado direto com o pescador. E a empresa não deve parar por aí: Corrêa confirmou à reportagem que existe a intenção de ampliar a capacidade produtiva para fazer frente aos novos desafios que vêm surgindo.

“Estamos avaliando a necessidade para que possamos crescer de forma segura e consistente. Temos a intenção de já nesse ano, começar a construir uma nova planta moderna e eficiente.”

Conforme ele explica, a Mowi traz para o negócio toda a sua expertise adquirida no mundo, por meio de muita pesquisa com consumidores, com base em hábitos de consumo. O próprio time da Frescatto segue também sempre avaliando o mercado, com o objetivo de trazer novidades e melhorar a experiência

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Thiago De Luca, diretor geral da Frescatto, acredita que com a formalização do setor e com controles e fiscalização, o pescado vai se consolidar e, consequentemente, o consumidor vai sentir mais confiança e consumir mais Stefano Aguiar/Divulgação Frescatto Divulgação/Bio Pescado

Dicas para os empresários de todos os portes

A pedido da reportagem da Seafood Brasil, o consultor Gilberto Gonçalves detalhou o que imagina para o restante do ano de 2023. Na avaliação dele, fusões podem entrar no radar das grandes empresas, enquanto aquisições devem ser avaliadas por pequenas – como target – e médias empresas. “O importante é observar a tendência de conglomeração do setor de proteína animal. Vejo tanto empresas de fora buscando oportunidades aqui quanto empresas nacionais olhando fusões.” O especialista alerta, no entanto, que embora muitas vezes a negociação ocorra de forma séria e bem-intencionada, em outras ocasiões, funciona uma como forma de chamarem atenção para si ou fazerem espionagem, o que pode ser perigoso.

Para as pequenas empresas, Gonçalves diz que a saída para garantir a sobrevivência é a completa formalização do negócio, conjugada com leitura e entendimento da cadeia produtiva e conhecimento mais a fundo quais são os concorrentes mais diretos. “Não do mercado como um todo, mas daqueles que disputam com o mercado, seja supermercado, food service, etc.” Na opinião dele, todo o resto não é possível ter controle. Então, é fundamental treinar bem os funcionários, formalizar o negócio e olhar diariamente para produtividade e riscos.

Paras as empresas médias, governança e produtividade também precisam ser observadas com atenção. Mas o consultor recomenda alguma ousadia na diversificação de mercado (clientes) e de portfólio de produtos. “Sempre com pé no chão e sem devaneios, sendo sempre humilde e atento, e sem ter medo de impostos e do varejo.”

Já as grandes empresas podem pensar em compras e fusões, pois têm mais acesso a informação e capital, além de melhor poder de barganha com varejo e food service Neste caso, os principais desafios elencados por Gonçalvez

do consumidor com o pescado, democratizando esse consumo.

De acordo com o executivo, a parceria vem rendendo bons frutos. “Apesar de 2023 ser um ano ainda com desafios econômicos, alto desemprego e alta inflação nos pescados, estamos aumentando o número de clientes com os produtos e nos solidificando com os

são: controle gerencial, funcionários, filiais e risco de fraudes. “Elas têm acesso a oportunidades que as pequenas e médias não conseguem”, acrescenta.

Negociar uma empresa é complexo e envolve planejamento e uma série de cuidados para mitigar os riscos. “Se o grau de governança for baixo e a informalidade – inclusive sonegação – for alta, a possibilidade de uma venda ser bem sucedida é baixa, o que é frustrante. Às vezes não sai negócio, ou sai negócio e logo em seguida ele é desfeito, que é o que temos visto”, opina Gonçalves. A recomendação dele é formalizar o negócio, ter um nível de governança bom, pagar impostos, ter balanços e DREs (Demonstrações do Resultado do Exercício) críveis, treinar funcionários, manter fornecedores parceiros e ser transparente na hora de negociar.

Rodrigo

Tendência no setor de proteína animal é de conglomeração: fusões podem entrar no radar das grandes empresas, enquanto aquisições devem ser avaliadas por pequenas e médias empresas

pescados frescos, seguros, sem cheiro e cada vez mais práticos.”

Novos horizontes, novos descobrimentos

Na avaliação da Frescatto, o mercado brasileiro ainda tem muitas oportunidades de expansão, em várias direções. “Ainda existem muitos desafios no mercado de pescado

no Brasil, que precisa de um marco regulatório mais atual, inclusive com novos parâmetros ambientais”, avalia De Luca. Ele acredita que com a formalização do setor e com controles e fiscalização, o pescado vai se consolidar e, consequentemente, o consumidor vai sentir mais confiança para consumir mais. “Ele [o consumidor] está mais preocupado com a saúde e, por isso,

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Azevedo/Divulgação Frescatto

A Frescatto firmou parceria de co-branding com a norueguesa Mowi, maior produtora de salmão do mundo para o desenvolvimento de embalagens e relacionamento com clientes

buscando incluir mais pescados na rotina de alimentação”, completa.

Em 2022, a companhia obteve uma receita recorde superior a R$ 1 bilhão. Já o ano de 2023, começou de forma positiva, com conquistas que denotam o avanço da governança da companhia. “O primeiro trimestre foi bastante feliz: conquistamos o Selo Mais Integridade em fevereiro, uma chancela do Ministério da Agricultura e Pecuária que avalia fatores de governança, sustentabilidade e responsabilidade social. É o segundo ano consecutivo que conquistamos essa certificação, que reforça nosso compromisso com o mercado”, relata o diretor da Frescatto.

Em 2024, a empresa completa 80 anos de atuação. “Estamos trabalhando para comemorar este marco tão expressivo, não somente para o setor de pescados, mas para o País como um todo”, projeta.

Fabricadores de Gelo de 10 a 72 toneladas

Evaporadores para Túneis de Congelamento

Condensadores Evaporativos

Reservatórios para Amônia e Freon

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Transportadores e Sopradores de Gelo

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Influenciando mentes e pratos

Influenciadores, chefs e restaurantes dedicados a falar sobre pescado na internet têm atuação importante para levar essa proteína ao conhecimento - e prato - de um número crescente de pessoas

Há muito tempo caiu em desuso recorrer aos bons e velhos livros de receitas para descobrir o melhor pescado e receita para uma refeição em família. Hoje basta um celular na mão e qualquer um tem acesso às informações sobre o produto, da origem da espécie aos cortes, ingredientes que harmonizam melhor com o preparo.

Esse movimento nasce com a expansão tecnológica, o acesso à internet, a popularização das redes sociais pelo mundo e o número cada vez mais crescente de influenciadores digitais que possuem um significativo impacto nas pessoas e na sociedade. Neste cenário, esses influenciadores como chefs, restaurantes dedicados e pessoas que gostam de falar sobre

o segmento de pescado também têm desempenhado um papel crucial na popularização e no consumo de pescado no Brasil.

Uma Pesquisa Global do Consumidor, disponível no site Statista, mostrou que o Brasil é o País onde as pessoas mais realizaram compras após um influenciador digital anunciar

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O papel do influenciador digital tem se tornado cada vez mais decisivo nos dias atuais, o que exige ainda mais desse profissional conhecimento e responsabilidade Texto: Fabi Fonseca | Edição: Léo Martins

o produto. O estudo, inicialmente realizado em 2019 e posteriormente em 2022, indica como essa influência segue ganhando força no País. Em 2019, cerca de 36% dos entrevistados afirmaram de forma categórica que compraram algum produto após ter sido indicado por um influencer. Já em 2022, esse número subiu para cerca de 44%.

Rafael Moraes, chef de cozinha e idealizador do Peixe No Prato, é um destes exemplos e produz conteúdo diário há mais de cinco anos sobre pescado. Com uma extensa trajetória em restaurantes e grande amor por pescado, o chef viu nas redes sociais a possibilidade de desenvolver um novo trabalho. “Eu queria trazer toda a minha experiência e conhecimento para as pessoas, só que não era fácil quebrar essa barreira da comunicação técnica para falar com o consumidor final”, conta.

Das necessidades feitas a partir da compreensão dos seus seguidores, Moraes começou a elaborar um conteúdo mais direcionado que possibilitou o crescimento do perfil que, atualmente, tem cerca de 135 mil seguidores interessados nas dicas e receitas sobre pescado. Em paralelo ao seu trabalho nas redes sociais, Moraes continua atuando em cozinha profissional. Atualmente ele é quem comanda os festivais da Ceagesp. ”Além da minha atuação na internet, também estou trabalhando com pessoas reais interessadas em peixes e frutos do mar. E vou trazendo tudo isso para o meu dia a dia e para a minha produção de conteúdo”, relata.

Levando o barco do pescado longe com o mar da internet

Também consciente da grande influência das redes sociais nas vidas das pessoas e vendo a possibilidade

Com Rafael Moraes, o perfil Peixe no Prato já apresentou mais de 50 espécies diferentes de pescado. Agora, além de receitas no dia a dia, ele criou a Escola Peixe no Prato, para capacitar outros talentos peixeiros na gastronomia

Arquivo pessoal

Brasil, um país influenciável

Sabia que nosso País é campeão mundial em número de influenciadores digitais na categoria Instagram? Uma pesquisa realizada pela Ninlsen que contabilizou postagens feitas entre novembro de 2021 e abril de 2022 nas plataformas Instagram, TikTok e YouTube constatou que ao todo, o Brasil possui 10,5 milhões de influenciadores com ao menos 1 mil seguidores.

Conforme a mesma pesquisa, consideradas as três redes, o Brasil fica em segundo lugar no ranking, atrás apenas dos EUA, que conta com 13,5 milhões de influenciadores. A China, com outras plataformas, não entrou no estudo.

A crescente influência da internet na vida das pessoas levou o médico veterinário André Medeiros a iniciar uma trajetória de influenciador na internet, buscando, conforme ele, difundir a informação técnica de confiança acerca da cadeia produtiva do pescado e um maior entendimento do grande público sobre seu funcionamento adequado. Assim, o consumidor pode obter um produto com qualidade e segurança. “A ideia é promover de modo facilitado a extensão aquícola e pesqueira e alavancar o consumo consciente dessa proteína animal, que traz inúmeros benefícios à saúde humana”, diz.

Conforme o Influencer Marketing Hub, o mercado global de influenciadores digitais movimentou cerca de US$ 16,4 bilhões (R$ 87,36 bilhões) em 2022, em um crescimento de 19% em relação ao ano anterior

de ajudá-las a comerem melhor, o chef Thiago Sodré também dedica boa parte do seu tempo diário à produção de conteúdos para o Instagram, Youtube, TikTok e Facebook. “O meu maior objetivo nas redes sociais é incentivar as pessoas a cozinharem mais. Quero tirar o medo que muita gente tem da cozinha e mostrar que as coisas podem ser muito mais simples e fáceis de fazer do que elas imaginam”, diz. Com essa missão, Sodré faz todos os tipos de receitas nas redes sociais, das mais simples às mais elaboradas. Já o pescado começou a aparecer com mais frequência em suas redes após fechar parceria com a Frescatto. “Já usava muito os produtos deles em casa e nos restaurantes que trabalhei, justamente por serem uma das melhores empresas do segmento”, explica.

Ele estabeleceu uma parceria entre sua empresa de consultoria Food Consultancy com o Restaurante Ocyá para criar a série Do Mar, disponibilizada no seu Instagram @soyandremedeiros. A série retrata informações técnicas sobre anatomia, captura e suas restrições, sustentabilidade e características nutritivas de espécies de peixes utilizados nos pratos de alta gastronomia no Ocyá. “Já falamos do Olho de Cão e da Tainha, e vem mais por aí”, revela empolgado. Além da série com o restaurante de pescado, Medeiros atua junto à Coordenação de Mídias da Campanha Semana do Pescado no auxílio à construção das postagens da Campanha.

Com um caminho mais longo nas redes sociais, o também médicoveterinário César Calzavara da Nóbrega é mestre em recursos pesqueiros e aquicultura e atua nas redes sociais para a pesca ser mais valorizada. “Mostro que fazendo a manipulação correta do pescado, teremos um valor agregado maior, melhor aproveitamento e diminuição de desperdícios. Dessa forma, o consumidor final recebe em sua mesa um produto com sabor mais agradável, interferindo positivamente em toda cadeia e melhorando receita sem necessariamente ter que pescar volumes maiores de peixes”. É isso que ele vem fazendo através do seu perfil no Instagram e seu canal no Youtube: mostrando aos pescadores, peixeiros, restaurantes e consumidores como trabalhar melhor o peixe.

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O médico veterinário André Medeiros iniciou recentemente a sua trajetória de influenciador na internet. No momento, ele desenvolve um projeto em parceria com o Restaurante Ocyá Neemias Gonzaga de Souza

Influenciando (mas com responsabilidade)

Foi usando toda sua experiência de chef e conhecimento que Thiago Sodré, em 2014, estreou no YouTube o canal Cookfork, no qual ensina receitas do dia a dia, de forma didática e descomplicada. Em sua conta no Instagram, durante a pandemia, o chef também começou a criar short videos para ajudar a nova geração de cozinheiros caseiros com receitas rápidas, dicas e muito mais. Hoje, a conta do chef já tem mais de 150 mil seguidores e diversos vídeos que ultrapassaram a marca de 1.000.000 de visualizações. “Nós, criadores de conteúdo, temos essa responsabilidade de passar informações verdadeiras e difundir o conhecimento de ingredientes que muitas vezes, as pessoas não conhecem ou não têm acesso. Tenho usado muito o reels do Instagram para ter um bom alcance de novas pessoas e poder passar para elas ideias e formas de preparo dos ingredientes”, fala.

Sodré tem experiências com eventos, jantares particulares, consultorias e aulas de gastronomia –atualmente, assumiu a chefia executiva do grupo Turn The Table, que conta com as marcas Pasquim, Vero, Ventana e Saideira, somando oito casas sob sua gestão diária. Agora, ele está de mudança para São Paulo, onde fica a sede do grupo, para construir sua nova cozinha estúdio, mirando num crescimento ainda maior de suas redes nessa nova fase.

Moraes, do Peixe no Prato, lembra que no início do canal, diante de muitos desafios impostos pela comunicação, a criação do perfil no Instagram obrigou o chef a adquirir novos conhecimentos. “Fui estudar marketing para aplicar em tudo o que eu sei”, lembra. Assim, a trajetória nas redes sociais do Peixe no Prato começou com a preocupação de entregar um conteúdo responsável e que de fato, auxiliasse as pessoas. “Comecei a conversar um por um com todos eles. Fazia diversas perguntas e investigava tudo, como a pessoa que adora peixe, mas que não faz em casa porque o marido ou esposa não gostam”, completa.

O chef continua a levar conteúdo sobre espécies não convencionais inúmeras formas de preparo, mas agora o Peixe no Prato dá um novo passo: está virando uma escola. “Através de tudo isso, comecei a desenvolver meus cursos porque havia pessoas que queriam dar o passo a mais, sair da mesmice e ter um conhecimento maior e técnico.”

Diante da identificação de uma nova mudança de necessidade de seus seguidores, o primeiro passo de Moraes foi a criação de um livro de receitas focado na variação de espécies de pescado e preparo. Na sequência, veio a criação dos minicursos e,

Para entender as principais dificuldades em torno do pescado, o chef Rafael Moraes começou na internet “entrevistando” os seguidores em um processo que durou os dois primeiros anos do perfil Peixe no Prato

recentemente, um curso oficial com mais de 30 horas de conteúdo.

Além de influenciador e chef, Moraes, que agora acumula o papel de professor, destaca que foi necessário mudar um pouco a sua abordagem. “Para que eu possa aprofundar mais o conteúdo, entregar e trazer muito mais informações, a gente viu que o melhor caminho era criar a escolas”, explica. Para ele, receitas são muito legais e, de fato, as pessoas adoram. Só que Moraes destaca que o trabalho proposto por ele vai além. “Nosso trabalho é para que as pessoas tenham um nível de consciência e consumo melhores, tudo para que possam aplicar comprar com segurança e fazer do pescado o alimento principal de suas casas”, diz.

Já César Calzavara também explica que produzir conteúdo sobre pescado de qualidade e com responsabilidade não é uma tarefa tão simples como parece. “Muitas vezes, tenho que estudar horas para responder uma única pergunta em uma caixinha de perguntas do Instagram, por exemplo”, revela. Logo, para ele, a produção de conteúdo necessita ver as coisas com uma visão mais ampla. “Procuro informações mais técnicas, em livros e em artigos científicos. Mas também converso bastante com pescadores e peixeiros que têm um conhecimento empírico muito grande. Normalmente, procuro em fontes diferentes e repasso através de postagens com uma linguagem mais fácil e às vezes, até divertida”, pontua. As referências técnico-científicas para um conteúdo de qualidade e confiança, além da linguagem acessível e didática,

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Na Cozinha
César Calzavara se tornou uma das maiores referências na rede para a área de qualidade de pescado, dos barcos aos restaurantes. Atua como classificador de atuns e afins por meio de análise sensorial e ministra cursos e treinamentos para pescadores, indústrias e restaurantes O canal no YouTube no qual o chef Thiago Sodré começou sua carreira de criador de conteúdo já acumula mais de 120 mil inscritos. Atualmente, ele é também um influenciador de pescado e tem patrocínio da Frescatto Tiago Lima Divulgação

também são fundamentais para Medeiros. “Trato a temática de forma divertida e orientativa. Busco sempre em minhas redes abordar variados tópicos relevantes sobre os organismos aquáticos. Posto curiosidades, oportunidades de eventos e trabalhos, textos de relevância… é necessária a popularização da ciência!”, enaltece.

Influenciando nos pratos

Se o número crescente de influenciadores, chefs e restaurantes dedicados a falar sobre o segmento de pescado na internet tem gerado sucesso e retornos pessoais, para a promoção do consumo de pescado no Brasil essas iniciativas também passam a ser fundamentais. “Como qualquer outro assunto, quanto mais gente fala dele, melhor ele vai ser difundido e conhecido. A costa brasileira é muito rica e temos uma diversidade muito grande de peixes e frutos do mar. Peixes de que muitos nunca nem ouviram falar. Dependendo do tipo de carne, você tem diferentes métodos de preparo”, comenta o chef Thiago Sodré.

“Costumo falar que não se pode dizer que não se gosta de uma coisa sem antes provar pelo menos 10 vezes. E vemos muito isso em pescado”, contextualiza. Ele comenta que nesse contexto, se pode ter diferentes sabores da mesma espécie de peixe, dependendo se ele foi pescado em época ou locais distintos. “Porém, quando se tem várias pessoas falando sobre, ensinando receitas ou mesmo comendo, estimula o consumo e gera a dúvida: ‘Será que fazendo dessa forma eu vou gostar?’ E é nessa dúvida que temos uma nova oportunidade de colocar mais pescado na mesa do brasileiro”, diz Calzavara.

Concorrência, qualidade do conteúdo e combate às fake news

Se o aumento de concorrência em muitas áreas é visto como algo ruim, nas redes sociais parece ter espaço para todos. “Cada um contribuindo com suas expertises e vivências. Juntos, o cardume é mais forte, e a cadeia produtiva só agradece”, fala André Medeiros.

ressalta que, aliás, é ótimo ter muita gente falando sobre pescado. “Vejo como colegas que fazem o mesmo que faço, cada um a sua forma e com seu ponto de vista, o que gera boas discussões, e uma série de ideias para novas postagens”, defende.

Já Moraes também argumenta que esse número crescente de pessoas “influenciando” nas redes não pode ser visto como concorrência. “Falo com toda propriedade que não tenho concorrência. A internet tem espaço para todo mundo e o que vai definir a sua trajetória é você ter consistência.”

Logo, se a “concorrência” não é problema, os influenciadores digitais, os chefs e restaurantes dedicados a falar sobre o segmento de pescado na internet têm muitas outras coisas com o que se preocupar. “Passar falando todo dia sobre a minha rotina real tem suas dificuldades. Afinal, preciso conciliar com a realidade da minha vida pessoal. Ou seja, o que é material e o que é a minha vida para fazer de conteúdo?”, reflete Moraes.

Por outro lado, a falta de informações sobre o pescado no Brasil também é um desafio para eles. “Temos produtos de alta qualidade, peixes super frescos, mas às vezes, por conta de valor ou falta de conhecimento de como preparar, as pessoas acabam ficando com medo de comprar”, conta o chef Sodré.

bibliográfica, trazendo a informação com boa qualidade, e não acabar lançando uma fake news”, defende o médico-veterinário.

Neste contexto, Calzavara lembra que algumas pessoas “replicam” coisas que leem na internet sem ao menos checar as informações. “Nesse mundo digital uma informação negativa viraliza muito mais fácil do que uma positiva. Por isso, passar uma informação de forma incorreta pode prejudicar um setor inteiro. É ótimo falar sobre pescado, mas com responsabilidade do que se está falando.”

Outro ponto de destaque nos tempos atuais são os famosos haters, que prejudicam das mais variadas formas. E nessas horas, é preciso

Siga os influenciadores dessa matéria nas redes sociais

está acabando com o mundo se consumir. O que mais me deixa triste é quando vejo esses ataques vindos do próprio setor”, desabafa.

Já para Medeiros combater essa série de inverdades que são ditas ao longo dos anos e reverter essas informações é um dos maiores desafios de quem é influenciador. “Muitas vezes, elas [as informações] já estão incrustadas na cabeça dos consumidores. Por isso, a oratória precisa ser de fácil compreensão e o conteúdo divulgado, de confiança e qualidade”, pontua. Além disso, ele lembra que ainda é importante pensar em direcionar a informação para todas as idades. “Até porque a criança de hoje, é o consumidor de amanhã”, finaliza.

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Chef Rafael Moraes @peixenoprato Chef Thiago Sodré @ CookforkBrasil @thiagosodre André Medeiros @ocya.rio @soyandremedeiros César Calzavara da Nóbrega @cesarcalzavara @cesar_calzavara

Personagem Herançasda Peixaria do Chico

Com carisma e muitas brincadeiras, o peixeiro Marcelo Jacques vai seguindo os passos do pai e mantém a Peixaria do Chico como símbolo da cidade e do Mercado Municipal de Florianópolis

Texto: Fabi Fonseca

Pouco importa a época do ano, o dia ou o horário: se você passar pela entrada do Mercado Público Municipal de Florianópolis, provavelmente vai se surpreender com a quantidade de pessoas no boxe da Peixaria do Chico. Atualmente comandada por Marcelo Jacques, a peixaria carrega um legado de tradição e amor ao pescado que permeia gerações e justifica a fama que tem na ilha.

Casado e pai de três filhas, Marcelo é um dos nove filhos de Francisco Martiniano Jacques, o Chico, fundador da Peixaria do Chico, que faleceu em 2013, deixando o empreendimento como um dos símbolos do comércio no Mercado Municipal de Florianópolis. Chico começou a sua história com o pescado na década de 50, época onde as vendas aconteciam em bancas sorteadas. Somente quando veio a primeira reforma do local, alguns anos depois, foi que ele adquiriu seu box fixo.

Além de pai protetor, Chico foi adquirindo amigos e clientes fiéis ao longo das décadas como um peixeiro de alma simples e brincalhona. E é essa mesma personalidade herdada pelo pai que ajuda Marcelo a manter a Peixaria do Chico entre as mais populares e queridas da cidade. “Venho para cá às 6h da manhã e saio às 20h. Só falta a cama e o fogão não, é?”, brinca Marcelo.

Apesar do cotidiano intenso, o peixeiro faz questão de frisar o orgulho

do trabalho e do amor herdado ao Mercado Público de Florianópolis. “É especial trabalhar no Mercado Público. Aqui, vem todo o tipo de gente, de todas as classes sociais, de todos os jeitos. Vem também os manezinhos que depois do clássico entre Avaí e Figueirense, quem perde vem só para debochar do outro”, explica.

Com toda essa movimentação de pessoas e de histórias no mercado Municipal, Marcelo destaca que adquiriu muito conhecimento e reconhecimento, tanto que, em 2022, ele recebeu da Câmara de Vereadores de Florianópolis a medalha “Manezinho da Ilha Aldírio Simões”, que é entregue anualmente à “Personalidades da Capital”. “Na hora, levantei as mãos e ofereci para meu pai porque ele sempre foi merecedor dessa medalha”, conta o peixeiro.

Do carinho e brincadeiras com os fregueses, Marcelo foi ampliando o público da peixaria e conquistando reconhecimento até dos demais colegas peixeiros nos outros boxes. “Eu brinco muito com o freguês: dou abraços, igual o meu pai e me sinto bem fazendo isso. Me apelidaram de ‘McDonald’s’ porque estamos sempre cheios!”

A fama e a conquista dos clientes fiéis também tiveram uma contribuição importante dos demais peixeiros da Peixaria do Chico, onde atualmente trabalham 11 funcionários que compartilham diariamente os 26 m2. “Cada um tem seu próprio cliente. Tem gente que trabalha aqui comigo já faz uns 19 anos.”

Marcelo destaca outro diferencial da Peixaria do Chico: o mix de pescado estratégico que é oferecido. “São 18 pescadores de madrugada todos os dias. Aqui, você não vai encontrar garoupa e salmão aqui porque não vende 10 quilos por dia. Vendo o peixe do povo, que circula”, finaliza.

Com todo esse sucesso, existe uma grande certeza: a de que o seu Chico deve estar muito orgulhoso do sinônimo que seu nome ganhou e que, a cada ano, fica mais forte com a forma como Marcelo vem honrando seu legado.

SEAFOOD BRASIL • MAI/JUN 2023 • 82
A Peixaria do Chico faz parte da história do mercado de pesca de Florianópolis Acervo pessoal

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